domingo, 11 de janeiro de 2015

Sr. G - Capítulo 06


Carlos Tavares Junior...

Depois da maratona, de 2 meses viajando por todo o mundo, visitando nossos representantes e distribuidores, pude constatar que preciso urgente de uma reunião com os diretores de cada filial e com todos os mestres cervejeiros.
A alteração no paladar gustativo das cervejas está comprovada a cada país que visitei e, antes de tomar qualquer atitude cabível a uma solução, preciso entender o que pode estar acontecendo, mil possibilidades, já passaram pela minha cabeça, desde o processo de logística até uma possível forma errada de armazenamento do produto. O que não pode e não vou admitir, são falhas, preciso que todos bons apreciadores cervejeiros estejam satisfeitos com o nosso produto.

Venho dando o sangue por essa empresa, larguei minha vida pessoal, para me dedicar somente aos negócios da família.

Quando assumi a empresa renunciei meus sonhos e minha carreira, deixei tudo para trás, tinha consciência que a partir daquele momento, tudo o que eu almejava era o tudo, o meio termo ou a metade, nunca fizeram parte ao meu vocabulário. 

Até meu hobby desisti, depois de dois anos consecutivo campeão brasileiro de Stock Car. Em uma estratégia de equipe, quando anunciei que estava fora, que não poderia continuar com os treinos, pois meu trabalho estava exigindo demais de mim, decidimos em comum acordo, devido ao patrocínio que minha empresa vinha dando ao campeonato, a inventar um pneu estourado, causando sérios problemas à aerodinâmica do carro, sendo assim me tirando da liderança do campeonato e, assim a equipe não perderia os pontos e arrumaria um meio de me substituir no campeonato, um dos piores dias da minha vida.

E foi neste mesmo dia que reencontrei minha menina quimera, ali parada a 5 metros de mim, sem poder tocá-la. Uma noite! Uma única e insana noite foi suficiente para marcar a minha memória, o cheiro de uma mulher misteriosa... Uma desafiadora... Nunca um sobrenome foi tão importante... E tão fulgaz... Quando acordei pela manhã, ainda sentindo a fragrância sedutora de sua pele a sua marca registrada de uma mulher de viagem sem limites, em busca da liberdade de um sonho. Inspirei sentindo seu cheiro de orquídea a ponto de florescer, uma das flores mais sedutoras do mundo, me virei ao seu lado e tomei um choque, uma descarga elétrica alucinante, ela não estava mais lá e acho que essa frustação, bloqueou o seu sobrenome em minha memória, fiz de tudo para lembrar, precisava encontrar ela novamente, movi céu e terra em busca de informação. Como patrocinador principal do evento do rodeio, tinha meus meios de descobrir, mas não encontrei nada, a mulher era como um fruto mais lindo e delicioso da minha imaginação. Eu estava indo ao pódio, cumprimentar meu colega de equipe Magno Cunha, por sua vitória, quando ouvi o som de uma risada inesquecível, ressurgindo das minhas lembranças, onde minha memória falhou no passado, mas que naquele momento estava presente, como eu me lembrava de uma risada única, feliz, divertida, desafiadora e provocante, não precisava procurar na multidão, para saber que era ela. Bastou um movimento ocular para nossos olhos se encontrarem, um Dèjá Vu, veio junto com um arrepio que senti em minha espinha, o fato de eu estar sem a parte de cima do macacão, por estar sentindo um calor absurdo, do meu desgosto em abandonar a prova, fez cada pelo do meu corpo levantar, imaginando sentir novamente o cheiro de sua pele, não sei se foram segundos ou minutos que nos encaramos. 

Aquela pinta no seu rosto dizendo-me foda-me nocauteou-me. Como sonhei com aquela pinta naqueles movimentos sensuais que me atormentaram por meses. Num ímpeto de desespero totalmente hipnotizado com desejo de tomá-la em meus braços, dei o primeiro um passo em sua direção sem ao menos saber, se iria tomar um fora ou não. Tirando-me do transe, fui impedido pela Ana Bela filha do meu mecânico, que veio me dar forças, pois ela sabia a dor que eu estava sentindo por ter que abrir mão do meu sonho. Quando ia dizer a ela que estava bem e agradecer a sua solidariedade, minha menina quimera, olhou-me com desprezo, com a sua beleza sedutora e toda confiante e decidida, puxou pelas suas mãos uma amiga e um paspalho, que tive vontade de socar, por se atrever a tocar nela. Com raiva por sua negação a mim, mais uma vez a vi fugindo sem deixar rastro de pólvora. 

− Posso entrar – ouço uma voz melosa, pedindo permissão para adentrar minha sala. 

− Sr. Tavares – é assim que sou chamado, por todos na empresa − sei que chegou a pouco de viagem, mas o Claudio diretor do RH vem a dias, tentando agendar uma reunião urgente – dizia minha secretária Caroline, enquanto eu me recuperava da minha recordação do passado.

− Hoje não dá Caroline, como você mesma disse acabei de chegar de viagem e tenho assuntos com mais prioridades, para o momento – sou rude em minhas palavras, nunca gostei de deixar nada pendente em minha mente, o caso da exportação das cervejas, tem que ser resolvido em caráter de urgência. 

− Parece que envolve, um problema com a logística da empresa – na hora meu sexto sentido diz... Que ali pode estar à chave do início do problema.

− Manda ele subir agora para minha sala – desde que construímos a sede nova, separando a fábrica do escritório, decidi ficar no último andar, não por ficar longe de tudo e todos, mas porque sempre necessitei de total concentração aos negócios.

Do momento em que a Caroline saiu da minha sala, até o momento em que o Claudio entrou munido de papéis, não consegui focar em nenhum relatório a minha mesa, esse problema com as distribuidoras é algo que está me incomodando muito, sempre fui controlador de tudo a minha volta e deixar passar esse problema há meses, me tirou do eixo.

O Claudio me apresenta um dossiê sobre meu amigo e diretor de logística da empresa, o Luiz Fernando é meu amigo desde a infância, cresceu comigo, aproveitou a fase boa da adolescência ao meu lado e foi como um irmão quando aconteceu aquele fatídico acidente, onde minha vida se transformou em apoio e solidariedade, ele cresceu junto comigo e me ajudou a chamar a responsabilidade toda como um verdadeiro braço de ferro. Até quando fomos morar em Seattle na casa dos seus tios, para fazer nosso MBA, fomos cúmplices, seus tios era um casal maravilhoso que nos apresentou o BDSM, onde conheci e desenvolvi a prática, me tornei um mestre por anos e treinei várias meninas e alguns amigos dominadores, mas resolvi dar um tempo, pois não conseguia me dedicar a uma submissa como desejo e ela merece. Minha alma dominadora romântica me acompanha sempre, por outro lado o Nandão continuou com a prática, e domina-a com excelência, sua dedicação e dominação é digna de respeito, só não imaginava que ele, agora, estava conhecendo suas submissas por meio de redes sociais e ainda mais no horário de trabalho, onde ele deveria estar centrado em todo o sistema de logística da empresa, algumas coisas começam a fazer sentido, por sua distração, poderia estar sendo negligente no nosso sistema de exportação.

− Claudio, vou ficar com esse dossiê, quero analisar ele mais a fundo, seu trabalho foi perfeito, porém não gostei da forma como você lidou com isso, esses meios não são legais, não segue a ética e a metodologia da empresa – até a senha do face, ele conseguiu rastrear, achei uma invasão de privacidade absurda.

−Tavares, não teríamos conseguido reunir tantos documentos, se fosse dessa forma − comtemplou Claudio – precisa ser feito algo a respeito, já imaginou essa informação de um de diretor da Cervejaria Germânica cair na mão da nossa concorrência, isso poderia repercutir de forma bem negativa – hipocrisia penso comigo, ele prega tanto seu lado moralista e suas crenças em nossas reuniões, sobre a metodologia dos funcionários, e pelo que se escuta, pela rádio peão pelos corredores, é que ele, é o maior galã, das secretárias.

− Guarde sua opinião, esse assunto morre aqui, vou tomar minhas providencias – encerro o assunto, me despedindo dele.

Assim que o Claudio deixa minha sala, pego a senha do Tal Dom Leon, pseudônimo criado, pelo fanfarrão do Nandão, digito sua senha e começo a navegar. Que Dom Juan de uma figa, não é que a mulherada toda está encantada com suas palavras, também não é para menos, estudamos a liturgia com muita responsabilidade e respeito e nisso ponho minha mão no fogo, o cara sabe o que fala.

Os relatórios constatam que os horários de suas respostas no face, são de horário comercial e isso me deixa estressado, ele vem fazendo isso praticamente dia e noite. – Caralho! – dou um murro na mesa, sou grato a ele por todos esses anos, mas o seu vício, pode estar fudendo com os negócios. 

Navego por sua página, preciso saber mais, antes de ter uma conversa séria com ele, mas de um todo, não vejo ele pendurado o dia todo como relatou o dossiê, ele entrou sim em alguns horários de trabalho, mas nada que tenha comprometido sua carga horária, até porque o cara é de minha total confiança, tem hora para entrar, mas nunca teve hora para sair, viaja sempre, quando é necessário, sempre vestiu a camisa da empresa, quanto mais vou navegando mais percebo, que tudo isso, parece mais intriga e disputa de poder do que outra coisa e, quando vou dar o assunto por encerrado, vejo uma postagem e admirado com o seu respeito pelo o estilo de vida.

Dom Leon

Para todas aquelas meninas que desejam iniciarem o BDSM, aqui vai alguns conselhos. Informem-se, leiam, conheçam a liturgia, os ritos, saibam o significado de tudo. BDSM não é 50 Tons onde um bonito e rico vai te perseguir. Saiba exatamente onde estão entrando, como em tudo na vida requer cuidado. Antes de entregar-se a tipos, conversem muito, peça referências, façam uma longa negociação, isso te dará chance de saber se essa pessoa é quem diz ser. CUIDADO! Nem tudo que reluz é ouro!

Logo abaixo uma imagem linda de uma menina totalmente entregue ao seu dominador e quando vejo as pessoas que curtiram sua postagem, meu coração dispara, minhas mãos suam, linda como nos meus sonhos, sorrindo para câmera em sua foto, com o mesmo olhar desafiador e aquela pinta foda-me, esta ela, a minha menina quimera.

− Então você não gosta mesmo do real? Preferi despertar a imaginação e o virtual – digo feliz a tela do computador, o velho ditado a males que vem para bem, cai certinho neste momento da minha vida. Quando imaginei estar com um problema enorme em minhas mãos, eis que um grande presente caia ao meu colo.

− Te deixei fugir duas vezes minha menina, desisti as três vezes que me ignorou, agora será do meu jeito. Senti saudades... 



Nenhum comentário:

Postar um comentário