Patty...
Tive uma noite sem sonhos, dormindo
feito uma pedra, mas, o frio na barriga e a sensação de descer uma montanha
russa invadem-me assim que coloco o pé fora da cama. Seguindo meu ritual, ligo
minha música “Xô Preguiça”, All That She
Wants (http://www.vagalume.com.br/ace-of-base/all-that-she-wants-traducao.html) e começo a me preparar, dançando e rebolando, animada e receosa, ao mesmo
tempo, com essa sensação estranha. Estou pronta para mais um dia de trabalho e,
também, feliz por ter dois dias com os bambinos, na praia. Esta será a primeira
vez que estaremos juntos, no litoral.
− Será que vou conseguir não
morder as dobrinhas da Belinha? – pergunto a mim mesma, em voz alta, imaginando-a
toda suja de areia, parecendo uma coxinha empanada – Bem, que venha esse final
de semana e que seja bom – digo, em dúvida.
Tomando café, na mesinha da
cozinha, aproveito para ver se meu amigo fujão deixou alguma mensagem, ontem,
depois que eu dormi. Não dá outra, lá está ela. Batendo palminhas, abro a
mensagem.
Dom Leon:> Menina da pinta charmosa, minha conexão com a internet é movida a manivela e, quando chove, em minha região, acabo ficando incomunicável... desculpe-me por minha ausência abrupta, ontem. Ao mesmo tempo em que estou consternado por ter que ficar três dias sem comunicação com você, estou feliz por saber que estará descansando, ao lado de pessoas queridas. Cuide-se! Beijo grande.
P.S.: A vida presenteia-nos com coincidências que a nossa razão, às vezes, não é capaz de enxergar. Siga sempre o que seu corpo e coração mandarem. Sinta as emoções do momento.
− Bruxo!!! – grito, assim que
termino de ler sua observação – Esse homem é foda! Como é que ele manda uma mensagem
desta, sem saber o que está reservado para mim, neste final de semana, como o
fato de ter que conhecer mais um dos amigos do Marco e, ao mesmo tempo, a
possibilidade de encontrar com o Carlos Tavares Júnior? − caraca, tudo isso está mexendo com meus
sentidos!
Se eu já estava sentindo frios na
minha espinha, desde que acordei, a cada cinco minutos, imagina, agora, quando
me lembrar da mensagem dele, durante o dia todo!
Ainda visualizando o mural do
face, vejo outra mensagem de uma amiga, que me chama a atenção e vai apontando
na mesma direção do “conselho” do mago Leôncio...
Josi Josi:> Compromisso é permitir que o outro entre na nossa vida. É sonhar junto sem se sentir ameaçado, marcar um horário sem se sentir controlado, dividir o espaço sem se sentir invadido. Compromisso não é “falta” de liberdade. Compromisso é o “exercício” da liberdade de estar com alguém.
− O que o facebook
virou? Algum livrinho de meditação e reflexão? Cada postagem que você rolar
trará uma mensagem que serve como respostas às suas duvidas? – fecho a tela,
sem querer ler mais nada – Acorda, Alice, vamos trabalhar! – resmungo, sozinha.
Atrapalhada como
um elefante andando, delicadamente, de salto alto, pego minha mala, toda
desengonçada, por causa do peso e do tamanho dela.
− Para que levar
tanta coisa? – ralho comigo.
Depois de um
malabarismo com a mala, segurando-a, desajeitadamente, junto com a bolsa, a chave
do carro e a chave de casa, percebo que meu sacrifício foi inútil e
desnecessário, pois a mala tem rodinhas... estou tão avoada, que acabei
esquecendo desse detalhe e sofri à toa.
Preparada e
independente como sempre, passo no posto, abasteço o carro e peço ao frentista
para me ajudar a calibrar os pneus, apenas porque não quero correr o risco de sujar
as mãos de graxa, senão, teria feito como sempre, sozinha, pois acreditem, sei até
trocar pneu de carro. Além disso, hoje, coloquei uma saia lápis e, se me
abaixar, darei um show digno de cena de filme pornô, cujo nome seria: Garota
sexy que enche os pneus de cócoras...
Decido ir com meu
carro para Ilha Bela, por diversos motivos. Primeiro, porque gosto da minha
independência, pois, se algum lugar não me agradar, posso seguir meu rumo, sem
precisar de ninguém. Já passei por diversas situações em que senti, na pele, efeitos
do que o fato de estar de carona pode ocasionar. Segundo, por causa de a Babby
ser muito mais exagerada do que eu e, apesar de eles terem um carro enorme, ela
consegue entulhar até o porta-luvas de coisas que as crianças possam precisar.
Terceiro, por detestar incomodar os outros que, também, por estarem dando
carona, ficam obrigados a estabelecer alguns horários para posicionar o
caroneiro quanto ao itinerário. E, finalmente, porque adoro dirigir,
principalmente na estrada.
O dia passa mais rápido do que imagino e,
agora, estou aqui, na frente do prédio da família “Doriana”, esperando
terminarem de carregar o carro. Os dois pequenos estão dormindo, nas
respectivas cadeirinhas, no banco de trás do carro. Já discuti com o casal quando
informei que iria com meu carro e eles quiseram convencer-me a ir com eles. Expliquei-lhes
meus motivos e deixei claro que iria sozinha mesmo.
Todos a postos, em
seus devidos carros, sigo-os, feliz e cantando, partindo de São Paulo pela
Rodovia Ayrton Senna / Carvalho Pinto. Fala Sério, só o nome da estrada já diz
onde vou parar este final de semana... rio sozinha, animada com meus hormônios
aflorados. Descemos a serra Mogi-Bertioga e seguimos pela Rodovia Rio-Santos,
sentido Norte. Para alguns, o horário de verão é um porre, mas, para mim, é
tudo de bom! Adoro o fato de o dia escurecer mais tarde e, ao viajar após o
expediente, poder ver toda a paisagem da serra, conforme o carro desce... é lindo
de se apreciar!
Conforme o dia vai
passando, tomo a decisão de não fazer planos para este final de semana e não
levantar todas as minhas barreiras. Portanto, estou indo de coração aberto, porque
não deve ter sido à toa que me apareceram aquelas mensagens, de manhã, justamente
quando sentia o turbilhão de sensações, na barriga, que se prolongou até agora.
Chego à conclusão de que deve haver um significado importante nisso tudo o que
o Sr. Destino está preparando para mim.
Flash...
Fala sério! Isso
não foi um flash! Ou foi?!?!
Putz, mais um
para a minha coleção!!! Adoro ser fotografada, mas, não assim, quando a ocasião
não é para, definitivamente, trazer-me sorte! E isso aconteceu só porque me
perdi nesses pensamentos doidos e, ao tentar alcançar o carro do Marco, passei
do limite de velocidade permitido e a conclusão é mais uma multa! Além do que,
pode ser, também, mais uma dica do Sr. Destino, mas, desta vez, para me mostrar
que ele prefere cautela e não empolgação.
Comporto-me como
uma motorista prudente pelo resto da viagem, respeitando todos os códigos de
trânsito e velocidade permitida, mesmo admirando a paisagem de todas as praias por
que passamos, desde Caraguatatuba até
São Sebastião, onde vamos pegar a balsa que dá acesso à maior ilha marítima do
Brasil.
Sempre soube que
Ilhabela é um dos maiores redutos de velejadores do País e que seus campeonatos
de vela sempre ocorrem em Julho, porém pelo que a Babby contou-me, neste ano, o
período foi adiado devido à Copa do Mundo de Futebol. E é só por este motivo que
estou aqui, agora, louca para assistir uma das principais competições do
iatismo brasileiro, com barcos de todas as classes disputando as regatas, no
Canal de São Sebastião, que separa as duas cidades. Diante de toda a beleza e
excitação por ter chegado, fico admirada ao saber que a região comporta um
gigantesco porto petrolífero, o que leio em um folheto que um rapaz entrega na
fila extensa que aguarda para entrar na balsa que dá acesso a ilha.
Com os carros
parados, a Babby vem até a janela do meu carro perguntar se está tudo bem.
− Amiga, que bom
que correu tudo bem durante a viagem. Sei que você deve estar exausta – ela faz
uma pausa e, ao ver seus olhos brilhando, já sei que vem algum pedido –, mas,
enquanto estávamos na estrada, recebemos a ligação do amigo do Marco, que está
esperando a gente para um jantar, na casa de um amigo dele. Ele convidou-nos a
todos, mas, se estiver muito cansada, entenderei e ficarei com você – bandida,
penso comigo, ela quer mais é que eu aceite!
− Barbarela,
preciso de duas vezes mais os quilômetros que rodamos para começar a pensar em
ficar cansada! Vamos logo a esse tal jantar.
− Esta é a minha
amiga – vibra com a minha resposta − Esse jantar vai ser muito legal, você verá!
– sei bem o que ela quer que eu veja... – Tenho certeza de que, desta vez, não
me dirá que o amigo do Marco tem qualquer tipo de defeito! Prepare o coração,
porque ele vai acelerar.
− Sua santa
casamenteira, presta atenção! Sou como a mulher do Saci... se levar um pé na
bunda, quem cai é ele! Então, que venha mais um candidato para tentar
desencalhar esta baleia jubarte aqui – disparo, gargalhando, junto com ela.
Os carros começam
a se movimentar, na fila e, assim que a balsa chega, ela corre para o seu
carro, que está à frente do meu. Supreendentemente, meu celular apita, avisando
da chegada de uma mensagem. Olho para a tela e eis que vejo um recadinho do meu
amigo. Aproveito nova parada e leio.
Dom Leon:> Pequena, que seu final de semana seja movido a grandes emoções! Não encare a espera como um problema, o tempo não para enquanto você decide o melhor momento de ser feliz. Se for para esperar a hora certa chegar, que seja vivendo intensamente. Cuide-se!
Respondo, para variar, sem pensar.
Patrícia Alencar Rochetty:> Meu querido amigo, acabei de chegar e estou aguardando a balsa para poder chegar ao outro lado. Vou tentar seguir seus conselhos, mas, a única coisa que me deixa surpresa é que entendi, nas entrelinhas, que você está entregando-me, de bandeja, para qualquer galã que cruze meu caminho... Kkkkkkk... Isso é que é desprezar, elegantemente, uma mulher, hein?
Visualizado 20:22
Sou ousada mesmo!
Também, quem manda ficar enviando mensagens para eu transar com o primeiro cara
que me excitar?
Dom Leon:> Sempre provocadora! Quando me conhecer, vou mostrar-lhe o quanto adoro educar uma língua desafiadora. Aproveite, com moderação, e preste atenção no trânsito! Pelo que escreveu, está na fila, então, comporte-se como uma motorista prudente.
Mandão, vou
mostrar para você o que minha língua pode fazer.
Patrícia Alencar Rochetty:> Promessas!?!? Bem, na verdade, vou seguir seu conselho e mostrar para o primeiro que me aparecer pela frente o que minha língua é capaz de fazer. Se você dispensa, abre concorrência...
Os carros começam
a andar, novamente, e não consigo ler sua mensagem. Subo, na balsa, com toda a
emoção do mundo. Ao estacionar, sei que o tempo de travessia é de quinze
minutos. Desligo o carro e leio sua mensagem, que diz:
Dom Leon: Veremos como as promessas serão pagas, no seu devido momento. E não entreguei você, de mão beijada, para ninguém, apenas lhe aconselhei a viver o momento intensamente. Agora, preste atenção no trânsito! Não vou mais responder suas mensagens. Cuide-se.
− Intrigante, isto
sim é o que o senhor é!! − também não
vou responder...
Desço do carro
para dar um cheiro nas crianças que, assim que me veem, ficam animadas com a
minha aparição surpresa, ambos estendendo-me os bracinhos, querendo descer do
carro. Olho para os pais, pedindo autorização apenas com o olhar, sendo advertida
que não, no mesmo momento.
− A dinda vai
entrar um pouquinho com vocês, no carro – digo, assim que abro a porta – O que
vamos fazer neste final de semana? – eles ficam olhando para mim, claramente
esperando que eu fale algo – Vamos fazer coxinhas de bebês e de tia Patty, na
areia.
− Telo choxinha –
a pequena pede.
− A tia Patty vai
encontrar uma bem gostosa, amanhã, para você Bela, nem que ande a ilha toda
para encontrar, né, tia Patty? – a Babby adverte-me.
− Vou, sim, mamãe
– xingo-me, mentalmente, por ser tão desligada.
− E você, Biel, o
que vai pedir para a tia Patty encontrar, na ilha, amanhã? – o pai fala,
divertido, querendo torturar-me.
− Vou com ela
comprar a coxinha – esse menino é um lord! Além de falar direitinho para os
seus quase três aninhos, ainda por cima é gentil! Aperto-o, instantaneamente.
− Amiga, tem
certeza de que não prefere ir para o hotel? – conheço essa cara e sei qual é a
resposta que ela merece, mas, não vou estragar o início do final de semana.
− Por mim, sem
problemas! Tirando a roupa que estou trajando, que não acho apropriada para um
encontro com seus amigos, numa ilha, de resto, está tudo bem para mim. A única
coisa que penso é nas crianças! Será que elas não estão cansadas? – jogo a
bomba nas mãos dela, louca para ela repensar. No fundo, acho que estou com
receio de ir a esse encontro.
− Elas estão bem
e não estamos planejando ficar muito, no jantar de boas vindas. Aliás, Marco,
que gentileza do Luiz Fernando convidar-nos e, ainda por cima, dizer que
preparou um jantar especial para as crianças!
Senhor dos Homens
Prevenidos! O cara cuidou de tudo! Sr. G, amigo, quem vai dar-lhe fisgadas,
agora, sou eu! Acorda para a vida, menino! Se rolar uma química, vamos fazer arrebentar
a boca do balão ainda nesta madrugada! – penso comigo, ficando animada com o tal
Luiz Fernando.
− Verdade, ele
foi bem legal! Até tentei dar uma desculpa, mas, o cara foi impecável. Bom,
meninas, a animação e a festa vão começar! A balsa já está chegando.
Dou um cheiro nas
crianças, para descer do carro, mas, o circo de choradeira forma-se. Os pais
tentam acalmá-las, dizendo que já vamos estar todos juntos, mas, as crianças
não querem saber, elas querem que eu fique no carro delas. Animada com a possibilidade
de dirigir a nova Land Rover do Marco, dou a minha sugestão.
− Vamos lá,
Marco, libera a chave do carro e deixe-me levá-lo com as crianças. Você leva o
meu carro e eu dirijo o seu...
Mesmo a
contragosto vejo, pelo retrovisor, que ele cede diante do olhar da sua sereia
alada.
− Dinda, o carro
é todo seu, mas, fica sabendo que a senhorita vai seguir-me.
Jogo a chave do
meu carro para ele, toda animada.
Sentando diante do
volante do imponente carro, sigo o fluxo dos veículos quando a balsa aporta, no
trecho central da barra Velha, depois seguindo o Dr. Delicia pela única avenida
que corta a ilha, de norte a sul. Vamos animadas, cantando com as crianças músicas
infantis e a diversão é geral. Atenta às paisagens e ao comércio local, percebo
que chegamos, logo, a uma mansão, onde vários carros já estão estacionados.
Minha diversão é
tão grande ao identificar o meu carro popular sendo estacionado, pelo Marco, ao
lado de BMWs, Porsches, Camaros, Ferraris e sei lá mais que marcas de outros
carros que estão ali, que, automaticamente, disparo a ensinar uma música para
as crianças cantarem...
− Vamos lá,
meninos, aprendam uma música que a tia Patty vai ensinar e que vamos cantar
quando pararmos ao lado do papai.
Estacionei o calhambeque,
bip, bip... quero buzinar meu calhambeque... bi, bi...
Eu e a Babby
disparamos a gargalhar quando eles repetem o refrão, cantando bi... bi... bi...
Estaciono o carro
e meus sentidos começam a disparar um alarme que nunca mais havia feito parte
da minha vida. O cúmulo do luxo é a definição adequada para a mansão, com vista
para o mar, que vejo à minha frente. Esse tipo de coisa nunca me fascinou,
sempre fui simples e prefiro as coisas assim. E eis que, enquanto admiro tudo
isso, o que eu mais temo acontece, antes mesmo de eu cogitar a ideia de
inventar uma desculpa e fugir dali.
Uma voz, feito um
trovão, vem ao nosso encontro, saudando a todos, assim que estamos tirando as
crianças das cadeirinhas.
− Que bom que
chegaram, estávamos ansiosos aguardando-os.
Um arrepio percorre
minha espinha, minhas pernas fraquejam, os movimentos que estou fazendo para
abrir o cinto de segurança do Gabriel hesitam, por um instante, com a
tremedeira das minhas mãos. O ser dormente, dentro de mim, dá uma fisgada de
satisfação. Os meus sentidos sinalizam que, se eu virar-me para ver o dono
dessa voz, que marcou a minha vida, nunca mais serei a mesma, assim como uma
casa mal assombrada pelo proprietário morto ansiando por uma alma. Não consigo
mexer-me e o Gabriel, com sua alegre pressa de sair da cadeira, desperta-me do
transe que tomou conta do meu corpo, neste momento.
Crio forças
jamais imagináveis existentes em meu corpo e pego-o em meu colo. Meus olhos
ainda não querem desviar-se do pequeno bambino. Pelos movimentos de todos, à
minha volta, percebo que são dois homens cumprimentando e fazendo suas
apresentações.
− Marco, deixa eu
apresentar-lhe nosso anfitrião – diz uma voz rouca masculina.
− Prazer e bem
vindos – ouço a voz dizer, simpaticamente – Sou Carlos Tavares Júnior e fiquei
feliz quando o Nandão disse que um grande amigo estaria prestigiando-nos, hoje,
junto com sua família.
Aperto o Gabriel,
em meu colo, assim que ouço o nome que temi ouvir. O que há de errado comigo?
Normalmente, sou segura de mim! Vozes ecoam, por segundos ou minutos, não sei,
porque nem percebo o tempo correr, até que ouço a porta do carro ser fechada e
o som de uma voz, como uma brisa, sussurrar, próxima ao meu ouvido.
− Bem vinda,
Patrícia Alencar Rochetty – assim como da primeira vez em que o vi, estou
enraizada no chão, feito uma árvore decorativa em um cenário.
Tão louco quanto
real, não consigo piscar nem me impedir de reagir com bestialidade sexual.
– Sinto muito
prazer em revê-la.
− Hum... com
prazer, é mais caro! – putz! Que fora!
Olha só o que falo e faço todo mundo ficar olhando para minha cara! A Babby vai
matar-me pela cara que faz! Também, não é de se admirar que responda tão
prontamente! Duvido que haja uma mulher viva, na Terra, que não fique com a
língua solta diante de tanta beleza! Seus cabelos desgrenhadamente desarrumados
despertam memórias adormecidas, em minha cabeça... ora, minha vida sexual,
antes e depois dele, sempre foi a mesma, mas, o momento mais intenso e exaltado
dela foi vivido com ele! Momento este que fiz de tudo para esquecer, mas, que
volta, agora, como um foguete. Seu sorriso, com os dentes mais brancos que já
vi, está estampado em seu rosto receptivo, dando-me boas vindas, fazendo-o
parecer um anjo com auréola, mas, que minha razão diz para ter cuidado, pois o
diabo também veste Prada.
Assim como nos
meus sonhos, as sobrancelhas dele estão curvadas, como se mostrando que sua mão
estendida espera apenas que eu a toque.
Meus olhos estão hipnotizados pelo brilho de aço do azul dos seus, que
me fitam, endiabrados, do mesmo modo que um espelho reflete luz e magia. Os
músculos das maçãs de seu rosto estão tremendo, assim como a minha mão ao tocar
a sua, forte e grande. Seu aperto não é impessoal, é íntimo e acolhedor, a
ponto de eu sentir minhas calcinhas umedecerem... e cada vez mais, o cretino do
Sr. G pulsa, atrevidamente, com a aspereza do toque das mãos dele, mostrando-me
que meu corpo está totalmente em sintonia com os termos dele.
Um ar de
satisfação e cinismo cobrem suas feições, quando replica.
− Mesmo? Quanto a
mais seria? Pois estou disposto a pagar o que for necessário...
Ele vira para o
Gabriel, em meu colo, e muda de assunto.
− Belo garoto –
ele passa a mão no cabelo do bambino.
− Esse é o nosso
príncipe – diz a Babby ao homem que está dizendo, aos meus sentidos, que ele
pega o que quer, como quer e na hora que quer, sem nem mesmo pedir licença.
Ele não mudou
muito, desde quando o vi, pela última vez. Está apenas um pouco mais másculo e
viril, talvez, mais maduro. Meus anjos internos gritam aos céus enquanto minhas
safadinhas internas debandam para o inferno.
Sua boca carnuda,
que diz para a Babby e para o Marco que mandou preparar um lanche especial para
as crianças, é um banquete sensual, junto com o sorriso perverso que consigo
vislumbrar e que, prontamente, me faz fantasiar com ele a me pedir um sexo
quente e sem regras.
Ele está tão
próximo de mim que, apesar de eu fingir brincar com o Gabriel, não consigo
deixar de sentir a fragrância que seu corpo exala, gritando masculinidade e
testosterona. Disfarço minha comoção, tentando não demonstrar simpatia alguma
ao que sei que ele está tentando fazer... que é deixar-me completamente chocada com as
reações que me golpeiam, sem compaixão, como se o tempo tivesse parado e sua
vingança por nosso último encontro fosse esta punição que meu corpo está a me
aplicar.
O Sr. G, empolgado e ordinário, claro que dá o
ar de sua graça, neste reencontro, e não consigo disfarçar, para
mim mesma, o quanto senti falta do calor desse homem. Assustada com meus pensamentos
delirantes, afasto-me, um pouco, soltando o ar que está preso em meus pulmões,
há não sei quanto tempo. Entrego o Gabriel para o Marco, alegando que o menino
cresceu e está um pouco pesado e tento recuperar um pouco de sanidade.
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