Capítulo 6 - Um Encontro
Especial
Três dias depois...
O tom amarelado das folhas das árvores e o clima ameno do outono
pareciam desacelerar o ritmo frenético da metrópole. O vai e vem de pessoas na
Avenida Paulista, naquela tarde, aparentava estar menos agitado. As pessoas
caminhavam, em vez de correr.
Eva deixou a estação do metrô com passos tranquilos. Observar o
pulsar da vida na grande cidade sempre a fascinava. Ouvia a sinfonia em
movimento, nos passos, gestos, conversas e declarações. As notas presentes nos
sons das buzinas e no movimento incrivelmente rápido dos trens do metrô. A
música da vida, com suas chegadas e partidas. Tudo isso encantava sua alma de
artista. Ainda criaria uma música que refletisse toda a energia, mistério e
sedução que faziam de São Paulo, a maior cidade do país.
Sorriu ao parar diante da Floricultura Maria Flor. O imóvel de
arquitetura antiga destoava dos edifícios modernos que o circundavam. Em meio
ao apelo contemporâneo e urgente da Paulista, a charmosa floricultura convidava
a uma volta no tempo, quando a vida tinha outro ritmo e os homens e mulheres,
outros valores.
O som alegre dos sinos anunciou sua entrada. Imediatamente foi
cercada pela festa de cores, aromas e textura das flores, plantas e folhagens.
Ao se deparar com os rostos familiares, seu sorriso se ampliou.
- Hoje é dia de festa? – Perguntou divertida ao cumprimentar Maria
Flor, dona da floricultura e o noivo Miguel, advogado especializado em direito
corporativo.
A história de como aqueles dois se conheceram e se apaixonaram,
sempre provocava seu riso. Imaginar a expressão furiosa da amiga ao inquirir o
“pobre consumidor” que teve a “má sorte” de entrar em sua floricultura no “dia
errado”, sempre a divertia. Cumprimentou também Rafaela, sócia de Maria Flor e
seu noivo Henrique. O homem informou ter entrado menos de dois minutos antes
dela, para deixar uns documentos e já estava de saída. Mauricio, irmão de
Miguel e também advogado, porém, especializado na área de direito de família e
sua esposa, Sandra, a saudaram. A mulher trabalhara para o escritório de
advocacia Lins e Silva por oito anos e durante seis, fora secretária do
exigente e workaholic Doutor Maurício. Somente após a então secretária pedir
demissão e ambos passarem pelo trauma de um incêndio, o bem sucedido advogado
tomou coragem e lutou pela mulher pela qual era apaixonado há anos. Outra
história de amor que daria um livro, Eva pensou.
A pequena e linda, Yasmim Evaristo Medeiros Lins e Silva, de
apenas seis meses se remexia inquieta no colo do pai. Fazendo os encantadores
ruídos característicos dos bebês.
- Ela está tão linda! Uma princesa – Eva comentou ao se aproximar
do bebê que estendeu os braçinhos rechonchudos em sua direção.
Assim que recebeu o precioso pacotinho em seus braços, a menininha
aninhou a cabeçinha repleta de fios negros, como os do pai, em seu ombro.
Sentir o cheirinho delicado, acariciar o corpinho gordinho e frágil fez uma
emoção diferente nascer em seu coração.
- Me dê seu preço – Mauricio pronunciou as palavras com um falso ar
de desespero, provocando o riso das mulheres.
- Não ligue para ele Eva – Sandra se aproximou e com cuidado
próprio das mães, colocou um delicado protetor sob a cabeça da bebê, protegendo
a roupa da violoncelista. – Ela é agitada porque você a provoca o tempo todo –
retrucou com o marido – Ele está encantado por essa fase em que ela começa a
fazer gracinhas – Sandra proferiu a desnecessária explicação a “corujice” de
Maurício.
- Confesso. Sou apaixonado pela minha princesinha - declarou
acariciando o rostinho da filha que, com a cabeça no ombro de Eva, bocejou de
uma maneira nada delicada.
- Quero só ver se vai continuar apaixonado assim quando ela for
uma adolescente chata, teimosa e mimada – Sandra provocou disfarçando o
sorriso.
- Ou quando ela chegar com os namorados em casa – Henrique
provocou.
- Minha sobrinha só irá namorar aos trinta anos! – Miguel
interveio.
- Que trinta anos que nada! Minha filha será freira! – Mauricio
decretou.
- Quero só lembra-lo que como religiosa ela irá morar longe da
família – Henrique ponderou em um tom que era pura provocação.
Mauricio enviou um olhar assassino ao amigo de longa data.
- Que não seja freira então – o advogado retrucou desgostoso – Mas
nada de homens antes dos trinta, mocinha! – sussurrou para a menininha
adormecida.
A expressão sofrida, mais que a frase resignada, provocou o riso
que todos trataram de abafar, em respeito ao sono angelical.
Por alguns minutos eles conversaram animadamente sobre suas vidas
cotidianas e novidades.
Eva contou sobre Londres e recebeu as congratulações pela
conquista e pela excelente repercussão de sua apresentação dias entes no Teatro
Municipal. Surpresa descobriu que Henrique, Rafaela, Maria Flor e Miguel,
assistiram ao concerto.
Mauricio e Sandra divertiram a todos narrando algumas das
“peraltices” e manhas da bebê que aos seis meses, começava a engatinhar.
Com a bebê aninhada em seus braços, envolvida no bate papo
animado, Eva contemplava as pessoas que a vida e o tempo transformara em seus
amigos.
Apesar de descontraído e absorto na conversa, Miguel sempre
mantinha um discreto contato físico com Maria Flor. Consciente ou não, uma das
mãos ora repousava na cintura, ora estava apoiada a base das costas, ou como
naquele momento, acariciava o pulso esquerdo dela, em movimentos lentos.
Existia uma conexão profunda e uma tensão quase imperceptível entre o casal. A
última, Eva desconfiava ser pela insistência da amiga em postergar a marcar a
data do casamento. Em uma conversa dias antes, Maria Flor deixara escapar que
Miguel estava incomodado por sua falta de pressa em se tornar a senhora Miguel
Medeiros Lins e Silva.
Henrique, após consultar o relógio pela quinta vez, despediu-se
dos amigos e da noiva e apressadamente deixou a floricultura. Eva,
discretamente, observou a despedida entre os noivos. Não existia entre Rafaela
e Henrique a mesma química apaixonada que nos demais casais. Seria essa, uma
outra forma de amar? Perguntava-se, quando um comentário de Miguel sobre a
cidade de Londres a fez retornar a conversa.
Dos três casais de amigos, ela secretamente, sentia uma doce
inveja da familiaridade e intimidade quase escandalosa entre Mauricio e Sandra.
Um sempre parecia perceber a necessidade do outro, sem que palavras fossem
necessárias. Era algo absolutamente natural entre os dois e ela se descobriu
com saudades de algo que ainda não tinha vivido.
Um amor assim fazia a vida valer a pena, pensou.
Os olhos vagaram distraídos pela floricultura e ao pousarem sobre
o elegante e antigo relógio de pêndulo que ocupava um lugar de destaque junto
às flores, arregalaram-se surpreendidos pelo avançar da hora.
Estava muito atrasada! Pensou em lamento, por ter de entregar o
morno e delicado pacotinho que tinha em seus braços, aos cuidados da mãe.
Maria Flor, sempre atenta, já tinha em mãos, os dois vasos que
viera buscar. As duas se distanciaram do grupo e seguiram para a caixa
registradora.
- Um amigo nosso é botânico e me ensinou um novo método de plantio
que prolonga a vida das flores. Essas foram plantadas com esse novo método -
Maria Flor informou ao registrar a venda. Sabia o quanto a informação
acalentaria o coração da amiga. Eva passava pelo menos uma vez por mês na
floricultura. A mulher nunca falhava na sagrada missão de levar as flores
preferidas da mãe para enfeitar o jazigo onde Tereza Martins estava
sepultada.
Maria Flor já tivera diversas discussões com Eva sobre o fato de a
amiga fazer questão de pagar pelas flores com que ela a presentearia com o
maior prazer e ao final, o orgulho da musicista vencera o embate. Também já se
dispusera a criar um jardim no jazigo, mas a administração do cemitério onde a
mãe de Eva estava enterrada negara o pedido.
- Semana que vem venho comprar algumas vitaminas para minhas
flores - Eva comentou ao recolher o cartão, após a aprovação da compra.
- Quando estiver em Londres, fique tranquila, irei todos os meses
levar as flores para sua mãe - Maria Flor se comprometeu.
O gesto de carinho e amizade emocionou a musicista.
- Sei o quanto isso significa para você Eva - A florista revelou ao
perceber que deixara a amiga sem palavras.
- Obrigada, de verdade - Eva disse com a voz embargada.
Os olhos cor de avelã revelavam toda gratidão que transbordava em
seu peito.
- Agora é melhor correr ou não chegará a tempo! - Maria Flor disse
rompendo a atmosfera de emoção.
- Me deseje sorte! - Eva disse recolhendo o vaso e com despedidas
apressadas deixou o estabelecimento, porém, teve o cuidado de segurar o sino da
porta para não interromper o sono da bebê Yasmim.
Através da porta de vidro Maria Flor observou a amiga entrar
apressadamente na estação do metrô. Acabara de retornar ao grupo, ainda
envolvido em um bate papo animado, quando ouviu o sino anunciar, com energia,
que a porta fora aberta mais uma vez. Dirigiu-se à entrada sorrindo,
divertida por Eva sempre esquecer algo sobre o balcão, era quase um ritual
entre elas. Ouviu o gritinho alegre da sobrinha, despertada pelo som musical
dos sinos, seguido do gemido desgostoso da mãe.
O sorriso transformou-se em uma fingida expressão de advertência ao
se deparar com os dois rostos familiares.
- Está atrasado senhor Theodoro Santini! - declarou com os braços
cruzados e batendo o pé direito contra o piso.
O fingido olhar de brava não intimidou nenhum dos dois homens
parados diante dela. Trajados com jeans e camisetas, Theo e Bas a encaravam com
falsas e teatrais expressões de culpa.
- A culpa é dele! – Theo e Sebastian disseram em uníssono,
apontando um para o outro.
- Aquelas mudas deveriam ter sido acomodadas para aclimatização há
pelo menos cinco horas – Retrucou apontando em direção à estufa que ficava nos
fundos da floricultura.
- Nos perdoe – Theo disse com a mão direita sobre o peito – Mas
confio plenamente em seu talento e cuidado, sei que elas estão seguras –
Declarou em um tom dramático.
Sem nenhuma hesitação, aproximou-se e depositou um barulhento
beijo no rosto da florista. Gesto seguido por Sebastian.
- Sabemos que nos ama! – Bas disse com uma piscada charmosa.
- Charme não salvará a vida de nenhum dos dois! – retrucou corada
e divertida.
- Não adianta esse olhar assassino meu caro! Nós chegamos
primeiro! – Theo provocou Miguel, referindo-se ao tempo em que ele e Maria Flor
se conheciam, ao vê-lo se aproximar.
O advogado cumprimentou os recém-chegados.
- Que tal arrumar sua própria mulher para beijar? – Miguel ralhou,
escondendo o ciúme sob o bom humor.
- Ninguém me quer! – Theo retorquiu e piscou para a florista.
Um flash da mulher que há três noites, esperou pacientemente ele
retornar para casa, após o concerto e sua busca infrutífera por Eva, invadiu
sua mente. Ainda não conseguia acreditar que simplesmente dispensou uma noite
de sexo quente e sem compromisso, pelas lembranças de uma apresentação de três
canções. Simplesmente não conseguiu ir para cama com Alexia. Não quando sua
dama de olhos cor de whisky, tinha um nome, sobrenome e uma agenda digna de
chefes de estado. Ao ir procurá-la no conservatório de música, há dois dias,
recebeu a notícia que ela viajara com parte dos músicos do projeto social no
qual também era professora, para uma apresentação em Curitiba.
- Tratem de tirar aquelas mudas da minha estufa! – Maria Flor
admoestou, apontando para a porta de acesso ao coração da floricultura,
resgatando-o das lembranças.
- Sim senhora– Mais uma vez a dupla respondeu em uníssono.
Theo dera apenas três passos, quando um tentador e familiar aroma
assaltou seu olfato. Sob o perfume das inúmeras espécies de flores e plantas,
ele sentiu o suave perfume. O corpo reagiu a inesperada estimulação de seus
sentidos.
Morangos.
Ele sentia um sutil e discreto perfume de morangos silvestres.
Eva.
Cristo! Rogou em silêncio.
A mulher o estava levando a loucura! Pensou desnorteado.
- Esta plantando morangos Maria Flor? – Perguntou com esperança de
que o cheiro fosse real e não um fruto de sua imaginação.
Maria Flor sorriu ao perceber que Theo sentia o peculiar aroma do
hidratante da amiga que saíra há poucos instante. O homem sempre tivera um
olfato apurado.
- Nem que eu quisesse! As suas mudas estão tomando todo o espaço
da minha estufa! – Novamente fingiu ralhar com ele, enquanto caminhavam em
direção à estufa.
- Olha quem está aqui! – Maurício saudou os recém-chegados.
- Essa frase é minha – Theo retrucou surpreso ao ver a informal
reunião de família – Como a Sandra conseguiu arrastá-lo para fora de seu climatizado
escritório? – Provocou o amigo e advogado com reputação de workaholic.
- A Sandra pode tudo – Mauricio respondeu charmoso, olhando para a
esposa.
- Hum – Sandra fingiu bufar ao cumprimentar Theo – Acredita mesmo
nisso? A única mulher que consegue tirá-lo do escritório, em pleno horário
comercial, é a Yasmim - a menina fez barulhinhos alegres ao ouvir o próprio
nome.
Theo sorriu a contemplar a pequena menininha de olhos e cabelos
escuros. Em resposta os bracinhos delicados se estenderam em sua direção.
Surpreendendo os amigos, ele não hesitou em “roubar” Yasmim dos
braços da mãe. Agradecida pela calorosa recepção, Yasmim dava pulinhos e batia
palma para chamar a atenção dele. Rostos, com expressões não disfarçadas de
espanto o encararam ao vê-lo segurar o bebê como um pai experiente.
- Tenho dois sobrinhos, esqueceram? – Perguntou em tom realmente
ofendido.
- Ministra curso intensivo? – Miguel perguntou bem humorado.
Apesar de amar sua sobrinha, não tinha talento algum para segurar bebês. A
menininha acabava incomodada e estendendo os braços para o adulto mais próximo.
- Meu preço é caro! Mas por essa gracinha faço de graça! – Theo
brincou.
Yasmim colocou as mãozinhas e aproximou o rostinho do dele.
Morangos!
O bebê cheirava a morangos silvestres, assim como a mulher que
roubou sua paz, libido e sanidade.
- O que foi? – Sandra perguntou preocupada ao ver o rosto do
paisagista ganhar uma expressão séria – Oh, não me diga que ela golfou em você?
– Ela se aproximou com a face corada.
Constrangida, vasculhava a bolsa da bebê a procura dos lenços
umedecidos.
- O pediatra garantiu que essa fase já tinha passado – Mauricio
também se aproximou com uma expressão séria.
- Calma pais de primeira viagem. Ela é uma mocinha. E mocinhas
elegantes não fazem essas coisas! - Disse ao entregar Yasmim aos pais
preocupados – Foi somente o cheirinho dela que me chamou a atenção –
esclareceu.
Sandra cheirou a bebê preocupada com uma possível anormalidade no
cheiro da filha e sorriu aliviada, ao perceber o que chamou a atenção de Theo.
- Ela cheira a morangos – Sorrindo, olhou em direção a Maria Flor
– Esse é o perfume da Eva, não é? – perguntou aliviada por perceber que não
havia nada errado com seu bebê.
- Eva? – Theo perguntou em alerta.
Seria possível? – Perguntou a si mesmo em silêncio, incrédulo
sobre a possibilidade de possuírem amigos em comum e nunca terem se encontrado.
- Eva Martins? – Bas emendou a pergunta de Theo.
O homem mencionara que a dama com olhos cor de whisky cheirava a
morangos silvestres. Não poderiam existir duas “Evas” com perfume de morango em
São Paulo. Pensou.
- Conhecem a Eva? – Rafaela perguntou surpresa pela reação dos
recém-chegados a menção do nome da musicista.
Sebastian virou em direção da voz feminina, não havia notado a
presença de Rafaela até aquele momento. Ergueu a sobrancelha esquerda em uma
provocação muda à senhorita Cavalhero. A simples presença dela o irritava, não
entendia o porquê, mas acontecia.
A irritante mulher imitou seu gesto.
- Estamos falando da violoncelista Eva Martins? – Bas perguntou em
um tom seco.
- Esqueça Sebastian. Eva nunca se deixaria envolver por um tipo
como você – Rafaela retrucou incomodada pelo interesse do botânico pela
musicista.
Eva merecia coisa melhor! – retrucou em silêncio para si mesma.
- Eva Martins, a violoncelista, esteve aqui? – Theo interferiu no
que se transformaria em mais uma discussão velada entre Bas e Rafaela.
Por Cristo! Será mesmo que falavam da mesma mulher? Perguntou-se
mais uma vez.
- Na verdade ela acabou de sair – Maria Flor respondeu – Tinha
menos de três minutos que ela havia saído, quando vocês chegaram – comentou
olhando de um para o outro sem esconder a curiosidade.
Porra! O que acontecia para essa mulher sempre lhe escorregar
entre os dedos? Praguejou em silêncio.
- Para onde ela foi Maria Flor? – Theo perguntou sem rodeios –
Preciso muito falar com ela. Tenho tentado entrar em contato pelo celular, mas
só tem dado caixa postal.
- Eva mencionou algo sobre terem roubado o celular dela e não
conseguir reativar o mesmo número. Algo com o sistema da operadora, não aceitar
liberar o número bloqueado por roubo – Sandra comentou.
Ele não tinha mais dúvidas. Era a sua Eva. Ignorou o uso
totalmente inadequado, quanto absurdo, da palavra “sua”.
- Para onde ela foi? – Theo repetiu a pergunta determinado a
esquecer as mudas para o jardim da Pinacoteca e ir atrás da mulher que povoava
seus sonhos.
- Podemos falar em particular? – Maria Flor sugeriu.
O paisagista estava ciente dos olhares curiosos pousados sobre
ele.
- Me diz somente para onde ela foi Flor, por favor – Pediu mais
uma vez.
Maria Flor seguiu para o caixa e como esperava, Theo seguiu atrás
dela.
- Posso dizer onde ela foi, mas não acho que deva ir atrás dela.
Nesse momento estaria invadindo um momento privado e muito, muito pessoal.
O olhar do Theo era cortante.
Maria Flor respirou fundo. Seus olhos encontraram os olhos de
Miguel, que discretamente acenou com a cabeça, mostrando qual era sua opinião.
- Ela foi visitar e depositar flores no túmulo da mãe - Revelou
atenta a reação do homem a sua frente.
O conhecimento da perda de Eva fez seu peito encolher.
- Quando ela perdeu mãe? Alguma vez ela a viu tocar? - As
perguntas saíram antes que pudesse controlá-las.
Maria Flor ocultou o quanto a reação de Theo a agradou.
- Há três anos. Tereza foi vítima do câncer e sim ela viu a
filha tocar, muitas e muitas vezes e em todas as apresentações que assistiu,
chorou emocionada. Eva leva suas flores preferidas até o jazigo todos os meses.
A admiração e respeito que ele já sentia, cresceu ainda mais,
junto com um sentimento que poderia ser nomeado como orgulho.
- Preciso de um telefone, um endereço, qualquer coisa - Ele
sabia estar implorando, mas pouco se importava.
Maria Flor não deseja ser invasiva questionando as
intenções dele e qual era seu real interesse em Eva. Tampouco poderia dar o
endereço da amiga para alguém, sem a autorização dela. Após ponderar por
alguns momentos, rendeu-se a urgência que os olhos azuis transmitiam.
Ela respirou fundo novamente, pegou uma caneta e um pedaço de
papel e anotou um número de telefone.
- Esse é o telefone da casa dela - estendeu o papel em direção ao
paisagista, mas o puxou de volta – Mas aviso que ela tem uma vida bastante
agitada com as aulas e as apresentações.
- Obrigada Maria Flor – Theo agradeceu ao pegar o papel e
guardá-lo em um dos bolsos da calça.
- Um aviso - Maria Flor disse com uma expressão séria – Eu
não sei o que está acontecendo entre vocês, mas, se a magoar ou fizer ela
sofrer, eu mesma castro você Theodoro Santini!
Theo abriu um sorriso charmoso e confiante.
- Entendido senhora florista! Já compreendi que Eva é uma mulher
especial – comentou com sinceridade – Agora, que tal retirarmos aquelas
mudas da sua estufa?
Maria Flor o encarou com uma falsa expressão inocente.
- Mas logo agora que ia colocar a placa de fechado na loja, pedir
umas pizzas, vinhos e transformar minha floricultura em uma animada cantina
italiana?
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