Patrícia Alencar Rochetty...
Morar em uma república, composta por um quarto de 16 m², com
mais 4 meninas, foi uma grande arte no sentido de administrar divisão de
espaços e privacidade. O local em que se mora, no meu caso, a república, deve
ser,
teoricamente, um local de repouso. Mas, na verdade, a partir do dia em que você dá o primeiro passo e entra pela porta de uma república, entende que sua privacidade passa a ser quase nula. Não existem espaços individuais, não há mais silêncio nos momentos em que você precisa dele, não há possibilidade de muitos chiliques temperamentais.
teoricamente, um local de repouso. Mas, na verdade, a partir do dia em que você dá o primeiro passo e entra pela porta de uma república, entende que sua privacidade passa a ser quase nula. Não existem espaços individuais, não há mais silêncio nos momentos em que você precisa dele, não há possibilidade de muitos chiliques temperamentais.
Enfim, ou você adapta-se a essa realidade ou você sofre.
Eu decidi, depois do primeiro mês de convivência com quatro
amigas loucas, dividir o espaço com elas adotando o que eu passei a chamar de
“filosofia dos cinco dedos”, que significava dizer que, assim como meus cinco
dedos eram diferentes um do outro, mas, dividiam a mesma mão, sem nenhum
interferir no espaço do outro, nós cinco viveríamos da melhor forma possível,
sem invadir, ao menos, o espaço privado e individual de cada uma. E assim foi.
Desde o início até o fim daquela convivência, fiquei focada
nos meus estudos, enquanto as festeiras Simone, Tiane, Vanessa e Fernanda eram
totalmente desregradas e loucas por festas. Saíam todas as noites, ao passo que
eu ficava estudando tudo o que tinha aprendido durante as aulas daquele dia.
Elas saiam para se divertir e o resultado era sempre o mesmo, ou seja, quando
eu pegava no sono, elas chegavam rindo muito, falando de suas emoções e a
respeito do que tinha rolado com os caras que tinham ficado naquela noite.
Um belo dia, depois de as quatro insistirem muito, durante
todo primeiro mês, para eu acompanhá-las à festa “Do Bicho”, resolvi sair da
minha rotina e ir à primeira festa com minhas novas amigas da república.
Nesse dia, pude comprovar que tudo aquilo que ouvi da D.
Agnello, durante os últimos 2 anos, tinha fundamento.
Pela primeira vez na minha vida, despertei numa cama
completamente desconhecida, posicionada debaixo de um espelho fixado no teto. A
decoração do cômodo era composta por quadros sexys e um vídeo pornô passava na
TV. Mas, o que mais chamou minha atenção foi ter, ao mesmo tempo, a consciência
de um cheiro forte de desinfetante, no ar, e a de uma dor e ardência
insuportáveis em minha, até então, pura “menina”.
Ainda sonolenta, consegui ouvir o barulho de uma torneira
sendo fechada e o cessar de água caindo e foi, nesse momento, que minha ficha
caiu!
Olhei para mim mesma, flagrando-me nua debaixo do lençol!
Desespero, angústia e irritação foram os sentimentos predominantes nos minutos
em que o “tico e teco” processavam as informações que minha mente captava.
Filhos da mãe daqueles malditos veteranos!
Era o único pensamento que me dominava ao perceber que me
fizeram beber, a guisa de trote, a noite toda, coquetéis de bebidas alcoólicas!
Burra, burra e mil vezes burra! Não cansava de me
recriminar.
Sem perder muito tempo em inúteis considerações, segui o
impulso de levantar, rapidinho, da cama e procurar minha roupa.
Ora, o que menos desejava, naquele momento, era olhar para o
tamanho do “trote” que tive que pagar, como se fosse sair do banheiro um
Curupira ou algo fantasioso assim!
Arrepiada, tentava
vestir-me velozmente, quando ouvi a porta do banheiro abrindo-se, o que,
automaticamente, detonou em mim o impulso de correr para a outra única porta
que vi, acreditando que fosse a saída dali.
Podem chamar-me de covarde, mas, sinceramente, se o tamanho
da dor fosse indicativo do tamanho do que a causou, o homem devia ser um
jegue!!
Só de pensar nele tocando, de novo, em mim, fazia com que minhas
terminações nervosas gritassem.
Para completar minha infelicidade, a tal porta dava acesso a
um corredor gigante. Com sapatos na mão, correndo como uma louca, fui passando,
de porta em porta. Umas estavam abertas e tinham a decoração semelhante a que
eu estava, outras estavam fechadas, mas, era possível ouvir gemidos e sussurros
por detrás delas.
Onde eu fui parar?
O que fui fazer?
A “insensatez” parecida ter dado de 10 a 0 na “lucidez”.
Flashes e lampejos vinham a minha mente, enquanto tentava sair
daquele labirinto fedido. Uma coisa que martelava minha mente, era a firme
decisão de jamais comprar qualquer desinfetante que pudesse lembrar-me uma
determinada cena que, por uma vozinha, dentro de mim, começava a ser
relatada...
E a primeira lembrança foi de um beijo trocado com aquele
gatinho, depois da minha terceira Tequila dos infernos (tequila vermelha,
flambada com licor de laranja)! E, neste ponto, devo admitir que, ao ver as
minhas amigas de quarto felizes e gritando INFERNO, todas as vezes que tomava a
tal bebida, encorajou-me a tomar não só uma primeira dose, mas, todas as
seguintes, claro, também com a ajuda da voz sedutora do tal gatinho.
− A novata vai tomar o inferninho − gritos e assobios soaram
por todo o ambiente.
O gatinho ia narrando todo o trajeto da bebida até chegar a
mim, quando, então, encarava-me e falava.
− Aí vem ela, novata – dois veteranos seguravam uma bandeja,
trazendo a Tequila vermelha com fogo.
DELIREI. Julguei que uma bebida tão bonita não podia fazer
mal.
− Aí, linda! Tem que colocar o canudo e puxar de uma vez,
senão derrete! − ele dizia, sedutoramente, mexendo com os meus sentidos.
Não pensei duas vezes, tomei a bebida, que desceu super
quente. A sensação, na hora, foi incrível! Como não fiz careta e, imitando as meninas,
gritei “INFERNO”, uma ovação de incentivo começou a se repetir, junto com as
palavras do gatinho.
− Esta vai ser minha garota, hoje − essa frase revirou meu
estômago e meu desespero veio junto. Meu Deus do céu, será que ele usou
camisinha? Do mesmo jeito que corri, fugindo do desconhecido, voltei àquele
quarto, com os mesmos passos apressados. Isso não podia ficar assim, pois
aquele infeliz gatinho aproveitou-se de mim e, agora, ele iria conhecer a
novata aqui.
Porém, os flashes vinham mais nítidos, a cada passo que eu
dava.
− E aí, novata, qual o seu nome? – até a lembrança do seu
perfume amadeirado veio a minha mente.
− Patrícia – lampejos de como minha língua estava enrolada
vieram a minha mente.
Os passos rápidos, agora, davam lugar a passos mais lentos –
5 a 2 de lucidez sobre insensatez...
Minha cabeça parecia que ia explodir, a dor não me permitia
ver mais claramente como cheguei àquele lugar, mas, as lembranças vagas vinham
desconexas.
− Seu cheiro de baunilha está acabando comigo – até um arrepio
eu senti, quando me lembrei do cheiro mentolado dos lábios dele, sussurrando
próximo ao meu ouvido, enquanto dançávamos uma música... Nossa! Que música era
mesmo? Xingando-me, internamente, penso comigo qual a importância de saber que
música era, numa situação dessas, em que me encontrava num lugar assim, sem
explicação nenhuma.
A fúria que sentia era tanta, que invadi o quarto, exigindo
explicações.
− Você pode dizer-me como vim parar aqui? – cuspi pergunta,
sem olhar na cara do indivíduo.
− O que é isso? Um interrogatório? Fizemos alguma coisa de
ilegal, Tequila? – como assim, Tequila?
Pensei comigo mesma.
− Meu nome é Patrícia. E que história é essa de tequila?
− Qual é, Tequila? Fiz somente aquilo que você me pediu,
depois que te expliquei que a tequila é originada da planta Agave Azul e que
demora 12 anos para ficar madurinha − ele diz, debochando de mim − Você disse
que tinha 19 anos e que queria ser minha Tequila, que já estava mais do que
madurinha para mim.
− Eu não fiz isso! Não é possível!
− Fez, sim! E, ainda, a cada estocada minha, você gritava
para que eu fizesse de você a tequila mais quente do que até mesmo aquele
coquetel – pelado, de pau duro, ele teve a cara deslavada de me dizer isso,
como se estivesse lembrando de algo.
− Ouça muito bem o que vou te falar. Você aproveitou-se de
uma pessoa alcoolizada e isso ficará não apenas na minha, mas, também, na sua
memória, para o resto da vida.
Ainda com as minhas sandálias de salto na mão, pus-me a
calçá-las, jogando meu cabelo para trás. Então, olhei para ele e disse:
− Conviva com esse remorso, seu molestador de virgens
alcoolizadas.
−Você está de brincadeira comigo, né? Eu não te molestei!
Foi tudo consensual!
− Consensual, moleque... Você sabe o que significa essa
palavra? Como pode ser consensual se eu nem me lembro de como vim parar aqui? –
chamei-o de moleque porque nem o nome do ex-gatinho eu lembro – E vista uma
roupa logo, porque sua vírgula está irritando-me! O que você fez para esse
negócio ser tão torto? − se ele achou que iria tripudiar em cima de mim e ficar
por isso mesmo, estava muito enganado.
Ainda enrolando a toalha, em sua cintura, seu olhar de
arrependimento não desgrudava do meu.
− Se você não se lembra de como veio parar aqui, o problema
é seu. Não te amarrei e te perguntei se queria ir para um lugar mais sossegado,
ao que você respondeu dizendo que queria ir a um lugar para apagar o seu fogo.
E aqui estamos agora – fala furioso – Escuta aqui, garota, na hora em que
penetrei você, não encontrei nenhuma barreira que indicasse que você ainda era
virgem! Então, não me venha, agora, dizer que era pura e virgem.
Eu não ouvi isso! Ou ouvi?
− Repete o que você acabou de dizer – disse, gritando − que
eu não era virgem! Você não deve nem saber o que é uma virgem, pois aposto que,
até hoje, só pegou rameiras, e por isso, nem sabe do que está falando –
minhas palavras saíram entre lágrimas de
raiva e arrependimento por ter sido tão inconsequente.
Depois de brigas e discussões, nós dois sentamos na cama,
sem chegar à conclusão nenhuma.
Eu, por um lado, perdi algo de precioso, que tão bem
preservei até então.
Ele, por outro lado, assustado com toda a confusão que
causou. Nunca vou lembrar-me de como foi a minha primeira vez e ele nunca vai
se esquecer de como foi a experiência de tirar a virgindade de uma garota
bêbada.
Essa minha traumática primeira vez contribuiu para colocar o
primeiro tijolinho no muro que, a cada ano, eu ia construindo em torno de minha
vida sexual. Alguns tantos outros tijolos foram sendo acrescentados pelos
inúmeros encontros que tive e que resultavam em sexo, cujo efeito sobre minhas
terminações nervosas, envoltas por minhas paredes internas, era uma total falta
de resposta, a despeito de todos os estímulos de meus parceiros.
Foi assim, então, que
fui convencida a acreditar nas teorias da Dona Agnello de que os homens só
pensavam no prazer sexual deles.
Foi justamente nessa época que conheci a Babby, minha melhor
amiga.
Foi uma espécie de amor de graça, que nos tornou irmãs à
primeira vista. Estávamos, ambas, numa festa, quando eu cursava o segundo
semestre do meu curso. Bárbara Nucci, seu nome completo, era amiga da Raquel,
elas cursavam ciências contábeis. Como não conhecia ninguém na festa e, praticamente,
fiquei sozinha, sentindo-me como um peixinho fora do aquário, quando a Raquel
encontrou um peguete, a Babby foi minha salvação.
Incrível foi que,
como acontece com aquelas amigas de anos, entre nós duas houve uma conexão de
cúmplices. A partir daí, nunca mais desgrudamos uma da outra e eu agradeço, até
hoje, à Raquel por me levar naquela festa, como estepe, no lugar do seu par
romântico que não apareceu.
Éramos duas pessoas completamente diferentes uma da outra,
enquanto uma era certinha, organizada e romântica, a outra era destrambelhada,
desorganizada e descrente do amor.
Agora, se me perguntarem por que não acredito no amor, eu
não saberei responder. Até tentei gostar
de alguns ficantes, mas, nunca consegui manter um relacionamento com alguém,
por mais que 3 semanas.
− Amiga, você tem que abrir seu coração! Já se deu conta de
que você sempre acha defeitos nos caras que você fica? −para a Babby era fácil
sempre dizer-me isso, porque sempre foi feliz e realizada com seus namorados,
que a levava ao mel do prazer, enquanto eu nunca nem cheguei perto.
Nessa mesma época, um dia, caminhando sozinha pela Av. dos
Bandeirantes, indo para o ponto de ônibus, uma loja de Sexy Shop chamou minha
atenção. Bem, na verdade, não foi bem a loja, mas, o que estava na sua vitrine,
descaradamente exposto, como uma joia preciosa, chamando-me como um imã.
Andei, de um lado ao outro, na calçada, olhando,
disfarçadamente, a cada vez que passava na frente da loja, tentando
convencer-me de que aquilo era uma loucura. Mas, por dentro, uma vozinha
estranha e uma fisgada, numa região que nem sabia que existia no meu corpo,
fizeram com eu passasse, novamente, na frente da loja. Depois da quarta vez
passando na frente da loja, tentando disfarçar não sei o quê, respirei fundo e parei.
Colocando os cabelos na frente do meu rosto, cobrindo-o, fiquei olhando para
ele, fascinada, lindo, pink, com um formato e tamanho agradáveis.
Minhas pernas criaram vida própria e, quando dei por mim,
estava dentro da loja, olhando para uma atendente, de mais ou menos 25 anos,
esperando eu dizer o que eu desejava. Eu, por meu lado, sem dizer nada, toda
constrangida e muda, com meu dedo anelar, apontei para a vitrine. Enquanto eu
apontava, ela ergueu a sobrancelha e, confesso, aquilo já estava irritando-me,
porque aquele jogo de mímica não estava funcionando.
− Quanto custa? − curta e grossa, perguntei.
Confesso que não me lembro do preço que ela disse, só lembro
que achei caro. Graças às minhas economias, guardadas durante os anos em que
trabalhei para a Dona Agnello, bem como ao dinheiro que esta deu para mim no
decorrer desses anos, mesmo sempre tendo dado metade do que eu ganhava para os
meus pais, o que tinha juntado permitia dar-me ao dar o luxo de comprar “aquela
coisa” que tanto atraía-me.
A vendedora, percebendo que o meu problema não seria pagar o
produto, mas, sim, convencer-me a ter coragem de comprá-lo, começou a mostrar
outros vibradores, de cores e espécies variadas, alguns até de gosto um tanto
duvidoso. Diante de um deles, quase tive um ataque de riso, ao ver que era um
modelo enorme, em forma de um braço e de uma mão!
A despeito da mais variadas opções, o que tinha despertado
verdadeiro fascínio em mim não me saía da cabeça: pink, de látex
super-realista, no formato e tamanho ideal, com apenas um botão. Ao ser
pressionado, o bicho começava não só a vibrar, mas, também, girava, de um lado
para o outro, dentro da vagina, com maior ou menor intensidade, cujas funções
era controlada por botões na base do vibrador. Ele ainda tinha uma espécie de
bichinho, que parecia um coelhinho, para massagear o clitóris.
A vendedora olhou-me, feliz, quando viu, em meus olhos, o
meu eleito. O fiz, então?
Ah, é claro, comprei o meu PA!
Foi assim que obtive o meu mais fiel companheiro, sempre
comigo, nos momentos de solidão e o responsável por me apresentar ao meu outro
amigo, o Sr. G!
A partir daí, virei dependente deles.
Inclusive, se
resolvesse contar a alguém como usei esse meu PA a primeira vez, escondida,
dentro do banheiro da república, onde ele mostrou-me, na prática, a que veio...
Ai... Só de me lembrar, arrepio-me... Acredito que me achariam bizarra, mas,
independente disso, até hoje fico feliz em relembrar.
Esperei todas as minha amigas saírem, seguindo com o
vibrador até o banheiro, onde me tranquei. Claro que tive o cuidado de levá-lo
enrolado em uma toalha, como se fosse necessário escondê-lo, como a um amante secreto.
Ainda reflito a respeito disso, isto é, o quanto nós,
mulheres, ainda temos pruridos e vergonha de admitir até mesmo a vontade e a
curiosidade de fazer uso de objetos voltados para o nosso prazer, como se isso
fosse algo errado!
Somos mulheres do século XXI, independentes e fortes, mas,
ainda com alguns conceitos arcaicos acerca do que pode trazer-nos prazer! É o
cúmulo!
Bem, mas, voltando ao assunto, como marinheira de primeira
viagem, usei para me inspirar, a estratégia de buscar, em minha memória,
lembranças de cenas quentes que vivi com alguns de meus ex-parceiros.
Entretanto, ao fazer
isso, e apesar de já estar com meu “menino” vibrando, em minha mão, não fiquei
excitada nem me senti estimulada a fazer uso dele.
Ocorreu-me, então, a ideia de buscar meu notebook, no
quarto, e colocar algum vídeo hot.
Deixei meu amigo em cima da toalha e saí, rapidinho do
banheiro... Quando voltei, tomei um baita susto ao ver meu brinquedinho novo no
chão, vibrando!
Até eu entender que, tendo ficado ligado, enquanto fui
buscar o notebook, ele deve ter caído de cima da pia, já tinha vasculhado o
apartamento todo, em busca de alguém que pudesse ter mexido nele!
Viram, o tal de sentimento inútil e descabido de estar
fazendo algo errado...
Como um toque de varinha mágica, num movimento de vai e vem,
esse brinquedinho fez com que eu passasse a ter consciência de algumas de
minhas terminações nervosas, bem como encontrasse minha zona erógena. Esta,
conhecida como o tal do ponto G − que passei a chamar de meu melhor amigo,
mesmo não me sendo sempre muito fiel, pois me deixava na mão em inúmeras
ocasiões − tinha, como descobri depois, um nome engraçado, porém, pomposo, que
era Sr. Gräfenberg!
Em minhas pesquisas, soube que, conforme a wikipédia , esta
zona, quando estimulada, proporciona sensações indescritíveis.
A danadinha
localiza-se numa pequena área, atrás do osso púbico, perto do canal da uretra,
sendo acessível através da parede anterior da vagina. Não é, portanto, à toa
que é tão difícil de ser encontrada pelos homens que, parece, não têm muita
paciência, principalmente porque só pensam no próprio prazer.
Então, foi
encontrando e estimulado esse meu canto do prazer que cheguei a um nível de
excitação sexual tão intenso, que explodi num orgasmo homérico!
Desde então, meu melhor amigo, que, hoje, conheço
profundamente, intriga-me, sobremaneira, pois, apesar de chegar até mesmo a me
deixar bastante estimulada, quando começo um relacionamento, na hora “do vamos
ver”, ele, temperamental, não coopera!
Francamente, se não consigo convencê-lo a ser parceiro do
amigo com benefícios “da vez”, não posso ser feliz ao lado dessa pessoa.
Como já disse, não sou puritana nem boba, tendo praticado
masturbação desde que senti, pela primeira vez, cócegas em minhas “partes íntimas”,
isto é, desde a adolescência.
Além disso, muitos dos homens que conheci até se empenharam
em me fazer ter um orgasmo, na perspectiva do que consideravam boas tentativas,
é claro!
Porém, minha vida sexual nunca foi cercada por flores.
Chego a dizer que, por algum motivo, ela teve mais espinhos
do que pétalas. Por exemplo, o meu ponto G que, carinhosamente chamo de Sr. G,
somente explodia, em orgasmos alucinantes – e continua sendo assim até hoje
−, somente com o meu amigo PA!
E olha que não foi por falta de brigar com ele, não!
Foram inúmeras às
vezes em que, mesmo saindo com Deuses do sexo e ficar excitadíssima, louca para
explodir no maior mel do prazer, ele falhava, não cooperava!
Uma vez, estava até
bem animadinha com um advogado que conheci, no meu último ano de faculdade. O
cara era lindo, charmoso, inteligente, cheiroso, ou seja, o homem com quem toda
mulher sonhou! A língua dele levava-me aos céus, mas, quando pensava que ia
flutuar, eis que minha queda era livre e sem paraquedas, me fazendo sentir como
que estatelando no chão.
Claro que não deixava a peteca cair e sempre fingia ter
orgasmos, mas, só eu sabia que algo faltava, impedindo-me de me dedicar, de
corpo e alma, a esse homem tão perfeito.
Tudo isso tornava compreensível minha frustração ao ouvir as
peripécias sexuais da minha melhor amiga, a Babby, com seu novo namorado, o
Caio.
Na época, essa minha total impossibilidade em gozar com um
homem, fazia com que uma música do Martinho da Vila, Mulheres, com ligeiras
alterações, virasse um hino tragicômico, que ilustrava o drama da minha vida.
Assim, eu cantava:
Já tive homens de todas as cores
De várias idades, de muitos amores
Com um até certo
tempo fiquei
Pra outros apenas um
pouco me dei
Já tive homens do tipo atrevido
Do tipo acanhado, do
tipo vivido
Casado carente,
solteiro feliz
Já tive canalha até
pervertido
Homens cabeça e desequilibrados
Homens confusos, de
guerra e de paz
Mas nenhum deles me
deu tanto prazer quanto o meu PA me dá
Procurei em todos os homens o prazer
Mas eu não encontrei
e fiquei na saudade
Sempre tudo começou
bem, mas nenhum deles
Me proporcionou o tal mel do prazer.
Meu ponto G é teimoso, desequilibrado
Carente atrevido, desafiador
Mas não é mentira, é
uma verdade
É tudo o que um dia
eu sonhei pra mim...
Bem, então, nem posso dizer que nunca atingi o orgasmo por
falta de habilidade dos meus parceiros, nas preliminares, em que o sexo oral,
muitas vezes, foi até mesmo alucinante!
Apenas não rolou, nunca aconteceu...
Até hoje, quando leio, em livros eróticos, que as mocinhas
chegam ao orgasmo com uma simples lambida, faz com que eu fique em dúvidas
quanto a isso ser, de fato, real ou, então, em caso positivo, se sou algum tipo
de aberração!
Como eu queria poder dizer, um dia, que tive um orgasmo
apenas com a língua do meu parceiro. E nem se pode dizer que me reprimo, pois
isso não é verdade!
A culpa de tudo isso é do Sr. G, sim!
Ele não dá deixa
nenhuma para os homens, mas, vira um pervertido completo para o vibrador...
Aff... Ninguém merece!
Quando nasci, acredito que, ao invés de açúcar, minha mãe
passou pimenta em mim, mesmo os potes sendo parecidos nem em cor nem em cheiro.
Acho mesmo que ou tenho o dedo podre para homens ou sou
apimentada mesmo!
Não conheci um
bendito que seja romântico, sendo que todos enxergam em mim apenas a mulher
fatal.
E a Babby ainda briga
comigo, dizendo que não dou chance ao amor!
Que raio de amor é esse? Em que o indivíduo nem se preocupa
em me conquistar!
E olha que, muitas
vezes, banquei a difícil, mas, poucos homens pensaram na conquista, o que eles
queriam era mesmo chegar logo “nos finalmente”!
Aí, fico procurando um monte de explicações para justificar
minha frustrada vida sexual e amorosa.
Mas, ora bolas, veja se não tenho razão.
A Babby apresentou-me para um amigo dela, outro homem
perfeito e educado, lindo, inteligente e blábláblá... Solteiro e à procura de
uma namorada que o compreendesse. Bem, primeiro, conversamos, por telefone, e,
depois, marcamos um encontro.
Resultado: cheguei em casa, às duas da manhã, muito mais
cedo do que imaginava, louca para cair na cama, cansada de tanto ouvir o
exibido do Henrico falar, a noite inteira, do seu Haras!
Gente, estava ficando deprimida, pois, não satisfeito em
mencionar os valores que gastava para manter o local, ainda relatou a história
de uma égua que quebrou o pescoço!
Fala sério!
No primeiro encontro,
querer falar que sua égua, que valia mais de R$ 600.000,00, quebrou o pescoço,
depois de sei lá o que ela fez, foi demais...
Nesse momento, já de
saco cheio, disse a ele que precisava ir embora, pois nem pensar em terminar a
noite num motelzinho, com ele...
Eu, hein!
Era capaz do cara relinchar, na hora do seu orgasmo, ou,
então, até mesmo sussurrar “pocotó, pocotó” enquanto me cavalgava!
Só de pensar nisso, ri, sozinha, terminando de escovar meus
dentes e indo deitar. Meu alto grau de carência, aliado às fisgadas do meu
corpo, que ansiava por atenção – ah, apesar de tudo, o cara era tão gostoso de
boca fechada, principalmente quando tocou meu corpo, que recebeu as energias
oriundas do calor de suas mãos calejadas − gritavam pelo meu amado Sr. G.
Caramba, o cara tinha que estragar tudo, falando igual uma
maritaca?
− Não adianta dar essas fisgadas, que nem um peixe que
beliscou a isca de um anzol, porque eu não vou levantar para pegar o PA.
−Eu e ele estamos cansados, entendeu? – ralho com ele.
– Vá dormir, que você ganha mais.
Inferno!
Como se isso adiantasse!
O danado sempre foi
teimoso, dando calafrios no meu sistema nervoso. Percebi uma leve contração em
minha vulva e algumas coisas tornaram-se perceptíveis, como a quentura do
quarto quente, por exemplo.
Virei, de um lado
para o outro, contei carneirinhos para conseguir dormir, mas, nada aliviava
aquela tensão.
− Olha, aqui, meu amigo, você terá que se contentar com uma
masturbação básica mesmo − disse a ele, pensando em resolver o problema da
minha excitação apenas com o toque dos meus dedos, em meu brotinho dolorido.
Nem precisei imaginar nada quente para chegar ao ponto que
precisava, liberando a tensão do meu corpo num orgasmo tímido. Embora
consciente de que o que acabava de sentir tinha sido como simples fogos de
artifício se comparados ao terremoto pleno que meu corpo precisava, não dei o
braço a torcer aos desejos desse meu amigo mimado, dando-me por vencida e
pegando no sono.
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