CAPÍTULO
UM
Rio de Janeiro, Brasil, dias atuais...
Jayden
Desci o elevador, apressado. Os seguranças
seguiam-me a certa distância enquanto meus diretores se esforçavam para
acompanhar meu passo. Foi uma semana tumultuada. A compra do resort em Angra dos
Reis me deu dor de cabeça.
Carl, meu sócio e vice-presidente não conseguiu fechar o negócio e tive que vir ao Brasil, não que esteja reclamando de vir aqui em pleno carnaval. Esse povo realmente sabe como se divertir. Abri um riso cínico recordando a atividade de ontem num clube exclusivo localizado na Barra. Foi bom jogar um pouco para desestressar, pegar algumas submissas. Adoro a anatomia das brasileiras. Adoro uma bunda bem desenhada. Joguei com duas mulatas de traseiros deliciosos. Uma de cada vez, é claro. Meu irmão Dom é quem apreciava essas brincadeiras a três. Mas isso foi antes de cair no amor pela nossa prima Helena. Agora estava fora do mercado. Eu não cairia nessa merda de felizes para sempre de jeito nenhum.
Carl, meu sócio e vice-presidente não conseguiu fechar o negócio e tive que vir ao Brasil, não que esteja reclamando de vir aqui em pleno carnaval. Esse povo realmente sabe como se divertir. Abri um riso cínico recordando a atividade de ontem num clube exclusivo localizado na Barra. Foi bom jogar um pouco para desestressar, pegar algumas submissas. Adoro a anatomia das brasileiras. Adoro uma bunda bem desenhada. Joguei com duas mulatas de traseiros deliciosos. Uma de cada vez, é claro. Meu irmão Dom é quem apreciava essas brincadeiras a três. Mas isso foi antes de cair no amor pela nossa prima Helena. Agora estava fora do mercado. Eu não cairia nessa merda de felizes para sempre de jeito nenhum.
- Por aqui, senhor King. - disse um dos
gerentes visivelmente nervoso dando-me passagem.
Adentrei o amplo auditório da minha mais
recente aquisição. Havia relutado em comprar a pequena firma de arquitetura.
Entretanto, era uma das condições do ex dono. Eu queria o resort. Queria muito.
Cedi aos caprichos do velho Alfredo Magalhães. De acordo com meus diretores
financeiros tratava-se de uma ótima transação, visto que os negócios fechados
pela empresa eram significativos. Comprei. Agora estava aqui no meio dos
funcionários que me encaravam com grandes pontos de interrogação nas cabeças. O
que faria com eles? Absorveria os muito competentes e os demais seriam
sumariamente dispensados. Era uma equação simples. É assim que trabalho e foi
dessa forma que me tornei um bilionário antes dos trinta. Não me contento com
nada menos que a excelência. O setor de Recursos Humanos se encarregaria de
resolver a parte delicada. Mas antes, era de praxe conhecer pessoalmente os
principais funcionários. Aprecio descobrir suas aspirações e o que estão
dispostos a fazer para atingi-las. Venci por conta própria e sei reconhecer e
incentivar um funcionário quando percebo características que fazem lembrar-me
de mim mesmo quando era apenas um simples ajudante de construção, enquanto
cursava a universidade. A vadia que me deu à luz me abandonou aos quatro anos
de idade num orfanato e nunca mais voltou. Nunca soube nada a respeito de meu
pai até há quase dois anos, quando fui contatado pelos advogados da Família
Real de Ardócia, uma ilha ao sul da Itália, informando que eu era um príncipe.
Primeiro pensei que os advogados estavam de
sacanagem comigo. Depois quis pegá-los pelo colarinho e jogá-los para fora do
meu escritório, mas diante das provas irrefutáveis e do teste de DNA positivo
não teve como fugir. Sou filho ilegítimo do príncipe Marco, irmão do antigo
governante da ilha. Há mais três irmãos. Leon e Damien, filhos legítimos,
infelizmente o caçula Damien havia cometido suicídio há quase quatro anos. Leon
é agora rei de Ardócia. E há Dominic que vive em Nova Iorque, ilegítimo como
eu. Tentei me manter à distância, mas meus irmãos recém-descobertos se
infiltraram de tal forma na minha vida que minha resistência cedeu. Aqueles
dois bastardos são importantes para mim. Criamos um vínculo forte de amizade e
respeito. Eu os amo. Arg! Esqueçam que confessei isso. Não vou dizer essa merda
de novo nem sob tortura. Quem diria? Eu, um ex delinquente juvenil que quase me
perdi na dura realidade das ruas e da marginalidade, agora sou um príncipe! Que
piada! O som de um microfone sendo ajustado me tirou do breve momento de
introspeção. Hora do show! Exclamei mentalmente aproximando-me da tribuna ao
ser anunciado pelo mesmo gerente nervoso que me recebeu. Santa Mãe! O homem
está quase tendo um ataque. Não sou tão mau assim. Ok. Admito, sou
verdadeiramente ruim quando tentam me sacanear. Mas tirando isso, sou até gente
boa. Se você nunca tentar me ferrar então não tem com que se preocupar.
- Bom dia a todos. - cumprimentei num tom
firme e forcei-me a abrir um sorriso. Ouvi alguns suspiros e meus olhos foram
para um trio de mulheres sentadas nas cadeiras da primeira fila. As três
cruzaram as pernas de uma vez só, lembrando uma apresentação de nado
sincronizado. Patético! Quase revirei os olhos. Elas não podiam ser mais
óbvias. Detesto mulheres atiradas. Gosto de caçar. Sou um predador nato e
quando me deparo com cenas assim é altamente broxante. - Estou muito satisfeito
por estar aqui hoje com vocês. - retomei meu foco. - Entendo que nesse momento
todos têm dúvidas a respeito do futuro da empresa. - assumi um ar sério e
impecavelmente profissional. - mas asseguro-lhes que não irei me desfazer da
aquisição. Pretendo incorporá-la ao meu escritório central em Londres e aos
projetos que já estão em andamento. Um possível intercâmbio pode ser benéfico
para as duas realidades. No entanto, acredito que não é segredo para ninguém
aqui que persigo sempre um alto padrão de qualidade. - olhei a plateia
silenciosa e completei: - espero poder contar com vocês.
Disse mais algumas palavras cordiais e me
coloquei à disposição dos funcionários para possíveis perguntas. Meus olhos
correram pelo espaço, analisando um a um os rostos ansiosos. De repente minha
atenção foi captada para uma cabeça ruiva na última fileira. A mulher estava de
cabeça baixa, não dava para ver muito de onde estava, mas uma estranha sensação
de dejavu invadiu meus sentidos.
Aquela cor de cabelos... Então, alguém
fez uma pergunta na primeira fila e eu pisquei, obrigando-me a voltar os olhos
para o senhor grisalho que esperava a resposta.
Cassandra
Aproveitei o momento e saí de fininho do
auditório. Já no corredor acelerei os passos indo direto para o banheiro. Oh!
Deus! Encostei-me à porta e fechei os olhos com força. Isso não podia estar
acontecendo. O homem lá no auditório... O homem que evitei a todo custo cruzar
seu caminho novamente. O homem que havia me devastado e humilhado há dois anos.
Que tirou tudo de mim. Que me usou com frieza e crueldade. Avancei até a pia e
coloquei os pulsos embaixo da água fria da torneira, olhando-me no espelho. Meu
rosto estava pálido, meus grandes olhos azuis assustados e meus lábios tremiam
freneticamente. Quando o vi adentrar o auditório com passos determinados com
aquela aura de poder e masculinidade que era própria dele não consegui mais
desviar os olhos da sua figura ao mesmo tempo intimidante e bela. Minhas entranhas
se reviraram em reconhecimento mesmo antes de Jayden se virar de frente para a
plateia. Senti o ar fugir dos pulmões quando olhei o rosto moreno, perfeito a
poucos metros à minha frente, aqueles olhos tão negros que prometeram tudo a
mim um dia, mas que no final apenas me condenaram. Havia sido assombrada por dias, meses com
aquela imagem desde quando me expulsou de sua vida. Inspirei o ar e soltei
devagar. Preciso me acalmar, pensei me recusando a deixar o pânico me vencer.
Há dez meses quando cheguei à Paraíso Arquitetura minha vida começou finalmente
a mudar. Era meu primeiro emprego depois de um ano sendo free lancer.
Ganhava um salário razoável e as coisas tinham
melhorado. Havia feito alguns projetos muito lucrativos e importantes. Não
posso perder esse emprego. Muita coisa depende disso. Definitivamente não posso
me dar ao luxo de ficar desempregada. Deus! Com tantas empresas para sua alteza comprar por que veio parar
justamente onde estou tentando refazer minha vida? E no Brasil? Começo a pensar
que não sou muito querida lá em cima. Olhei para o teto, ironizando-me. Abracei
meu corpo tentando retomar o controle. Com sorte ele iria embora logo após a
apresentação. O homem mais sexy e implacável do planeta não perderia tempo com
uma pequena firma de arquitetura. Claro que não.
Avancei pelo corredor a caminho da sala de
reuniões, cerca de quinze minutos depois. Definitivamente não sou querida lá em
cima, bufei quando o gerente de RH, que também é meu tio, veio me avisar que o chefão queria ver meu projeto para
melhoria do resort de Angra. Puta que pariu! O cretino de coração gelado ia
surtar quando me visse. Meus dedos doíam pela força que fazia apertando a pasta
com o projeto solicitado. Deus! Havia pensado que ele iria embora logo após a
reunião no auditório, mas agora estou aqui prestes a ter que encarar de novo
aqueles olhos tão escuros, intensos e cínicos que me condenaram um dia. Posso fazer isso. Posso fazer isso.
Repetia mentalmente. Meu tio andava à minha frente alheio a meu desespero. As
portas de madeira da sala de reuniões surgiram como monstros prestes a me
engolir. Respirei fundo quando ele girou a maçaneta e abriu as portas duplas
para me dar passagem. Oh! Meu Deus! Não
posso fazer isso! Quase gemi de pânico, mas era tarde demais para recuar,
pois todos viraram a cabeça em minha direção.
Jayden
Dava instruções a Hanna, minha assistente
quando as portas se abriram e o sr. Hopkins surgiu prestativo. O homem tinha um
enorme sorriso no rosto, encantado, deslumbrado. E foi aí que percebi a razão
do sorriso ridículo do homem. Minha expressão congelou no rosto e não completei
o que estava dizendo ao ver a figura esguia e dolorosamente familiar adentrar o
recinto. Meu corpo ondulou, estremecendo. Meu coração acelerou a um ritmo que
tive receio que todos ouvissem. O que diabos está acontecendo aqui? Era ela! Ela era a tal arquiteta estrela da
empresa? Srtª Miller? Não me atentei ao sobrenome quando o gerente de RH me
informou sobre ela. Cassandra Miller! Gani mentalmente enquanto cada célula do
meu corpo se agitava em reconhecimento à silhueta feminina. Então lá no
auditório... Era ela! Oh merda! Conclui vendo-a andar com passos um tanto
relutantes em direção à grande mesa oval. Contra a minha vontade meus olhos
varreram-na da cabeça aos pés e fizeram todo o caminho de volta novamente,
famintos. Os gloriosos cabelos estavam presos num coque. Senti meus dedos
coçarem para soltar aqueles cachos macios de um ruivo incomum. Usava uma blusa
branca e uma saia preta risca de giz moldando as formas esbeltas que agora
pareciam mais... Exuberantes, observei incapaz de desviar o olhar. Ela estava
diferente. Parecia mais... Mulher. Era isso. Não possuía mais a aparência de
garota recém-saída da faculdade. Era uma mulher. Uma linda mulher. Meu pau foi
o primeiro a estar bem consciente disso. Maldito traidor!
- Esta é a srtª Miller, senhor. - o
gerente de RH disse quando chegaram próximos à grande mesa rodeada do meu
pessoal.
Ela levantou finalmente o olhar que esteve
baixo desde que entrou e eu soube que nada havia me preparado para o impacto
daquelas duas piscinas azuis novamente sobre mim. O azul mais incrível que já
vi na vida. Filha da puta! Maldita golpista de uma figa! Injetei meu olhar
furioso no dela, medindo forças, obrigando-a a se submeter como sempre
acontecia desde o primeiro momento em que nos esbarramos. O silêncio na sala
era sepulcral. Não havia mais ninguém lá. Éramos apenas nós dois, e Cassandra
Miller se submeteu. Inalou o ar de forma ruidosa. Seu corpo tremeu
discretamente e suas pupilas dilataram. Seus olhos abaixaram para a pasta que
trazia nas mãos. Ótimo! É isso aí, querida! Jay 1, vadia 0!
- Senhor King. - Santa Mãe! Sua voz com um
leve timbre rouco era como mel e ácido se infiltrando na minha corrente
sanguínea. Meu pau se rebelou dentro das calças, pressionando o zíper. Uma
grande merda! Mas esse era o efeito que essa vadia tinha sobre mim. Meu consolo
era saber que estava tão afetada quanto eu. Se existia mesmo a tal ironia do destino estávamos bem no meio
dessa porra agora! Pensei que nunca mais colocaria meus olhos em cima dessa
maldita mentirosa. Remexi-me desconfortável na cadeira apertando a caneta que
tinha nas mãos quase ao ponto de quebrá-la. Era apenas o choque de
reencontrá-la inesperadamente, tentei reordenar meus pensamentos. Preciso tomar
o controle de volta. Vadias golpistas não fazem meu tipo. Definitivamente não!
- Srtª Miller. - meu tom foi calculadamente
neutro. Levantou o olhar para mim e travou uma luta para sustentar o meu. Quase
sorri de seu esforço. - sente-se, por favor. Precisamos discutir o seu projeto
para o resort.
Cassandra
- Obrigado, senhor. - assenti
acomodando-me na única cadeira disponível, que para meu desespero era muito
próxima a ele. Agradeci por ter que abrir a pasta e desviar os olhos do seu
rosto zombador, cruel. Os olhos escuros perfuravam-me me fazendo
intencionalmente desconfortável. Lembrei-me da primeira entrevista há dois
anos. A situação era muito diferente. Naquele período eu estava completamente
fascinada pelo grande engenheiro Jayden Samuel King e ele estava louco para me
ter como submissa. Ou pelo menos pensei que fosse assim. Mas tudo não passou de
um plano ardiloso e cruel. Obriguei-me a voltar ao presente e encarar meu maior
pesadelo. Será que só eu percebia o sarcasmo em seu semblante agora?
- Mas antes gostaria que nos falasse da
sua experiência profissional. - sua voz profunda soou de novo, causando pequenos
tremores em mim. Isso era involuntário. Simplesmente não consigo controlar a
reação do meu corpo quando estou perto dele. Nunca consegui entender isso. É
ridículo e inaceitável depois de tudo que fez comigo. Só sei que é mesmo uma
merda ainda me sentir assim por um homem que me aniquilou sem pensar duas vezes
sobre o assunto há dois anos. Deve ter ficado satisfeito com minha reação
ridícula, pois os cantos da boca máscula se repuxaram num arremedo de sorriso
ao mesmo tempo sexy e irônico. - Deixe-me ver... Trouxe o currículo da srtª
Miller, senhor Hopkins?
- Aqui está senhor. - meu tio se apressou
em entregar a pasta que trazia nas mãos. - como disse antes ela é uma excelente
funcionária. - completou.
Jayden deu-lhe um olhar que dizia basta! Começou a folhear o documento. Perderia meu
emprego. Aquilo era um teatro. Era óbvio que ele não poderia dispensar-me
sumariamente, então procuraria algo até encontrar a desculpa perfeita para me
mandar embora. De novo. Me remexi desconfortável na cadeira. Meu coração quase
saindo pela boca. Minhas mãos suando absurdamente.
- Fez vários projetos significativos no
último ano. Hum... Esteve na equipe de restauração do Cristo Redentor? Muito
bom. - apesar do elogio seu tom era neutro, ele era um especialista em não demonstrar
emoções. Não, correção. Ele não sente emoções. Nada. Nunca. Encarou-me novamente e detectei algo parecido
com admiração nos olhos negros misturada ao sarcasmo habitual. - seu currículo
é impressionante Srtª Cassandra Miller. - disse pausadamente, os olhos
mantendo-me cativa.
- Obrigado, senhor. - disse tentando a todo custo sustentar o
olhar de aço que me queimava. Esse cretino nunca mais terá poder sobre mim.
Nunca mais. Tentei manter isso em mente. - trabalhei duro para estar onde
estou. - acrescentei num tom firme. Sorri para mim mesma. É isso aí, garota!
- Tenho certeza que você deu muito duro srtª Miller. - Os olhos
negros brilharam perversos e tenho certeza que fiquei como um tomate na frente
de toda a sua equipe. Oh, merda! Lá vai meu grande discurso mental ladeira a
baixo. Cretino! - Aqui diz que se formou há mais de dois anos, mas só está há
dez meses na empresa. - ele curvou-se para frente os olhos escuros violentando,
flamejando nos meus. Não consegui impedir minha vagina de latejar
miseravelmente. - O que fez no ano passado, Srtª Miller? _ Puta que pariu!
Ferrou!
Mantive os olhos fixos nos dele. Uma
sobrancelha negra bem feita levantou-se zombeteiramente.
- Senhor, ela precisou... - meu tio
começou e eu o cortei imediatamente, sendo tomada pelo medo. Ele não podia
dizer nada.
- Eu... Eu estive resolvendo questões
pessoais que exigiam minha dedicação nesse período. - tentei soar o mais firme possível e dei um
olhar suplicando a meu tio que ficasse calado.
- Sei. - ele estreitou os olhos sutilmente
e voltou a encostar-se à cadeira sem abandonar o contato visual. Mordi o lábio
inferior para evitar os tremores. Os olhos escuros voaram para minha boca e sua
expressão se transformou. Eu já havia presenciado aquilo muitas vezes. Era o dominador
dando o ar da graça. Arfei levemente e ele sorriu, seus olhos adquirindo um
brilho perverso novamente. - e no período anterior? Fale-nos do seu primeiro
emprego.
Oh! Merda! Senti a boca secar e umedeci os
lábios involuntariamente sob seu escrutínio. Estreitou os olhos de novo. Sim,
definitivamente isso é um grande pesadelo, pensei acuada.
- E-eu iniciei em um dos seus escritórios,
senhor. - consegui gaguejar. Isso acontece quando fico nervosa. Ele dizia que
achava bonitinho minha gagueira. Oh!
Cassie, sua imbecil! Você já superou isso! Lembra-se? Esse cretino ficou no
passado!
Os olhos dele brilharam de uma satisfação
perversa. Queria me humilhar e estava conseguindo. Bastardo! Não teria a menor
chance com ele. Seria aniquilada. De novo. A sobrancelha negra bem feita se
elevou novamente e um riso cruel foi se espalhando devagar em sua boca
pecaminosa. Minha respiração travou pela milésima vez em apenas minutos.
- Mesmo? E por que essa informação não aparece
no seu currículo? - voltou a ficar perturbadoramente perto me encarando. Uma
camada de ira primitiva podia ser sentida sob seu exterior de homem de negócios
civilizado. - diga-me srtª Miller: não gostou da experiência que teve comigo? - engasguei com a clara conotação
sexual da frase. Sim, o objetivo dele era me humilhar. Me remexi novamente na cadeira. Será que só eu
estou vendo isso? Esse cretino sádico está se divertindo às minhas custas. Estiquei
minha coluna e disse calmamente:
- Pelo contrário, senhor. - tentei abrir meu
melhor sorriso. Ok. Confesso. Não estou nada calma, mas ele é um predador e
está se divertindo sentindo o cheiro do meu medo. Ele quer brincar não é? Entre
no jogo de palavras de duplo sentido, Cassie. - foi uma experiência muito... Útil.
Tenho utilizado tudo que aprendi com o senhor desde então. Devo reconhecer que
falhei em não mencioná-lo no meu currículo. Peço desculpas.
Jayden cerrou o maxilar num gesto teimoso
e arrogante. Jogou o currículo na direção de Hanna que o arrumou rapidamente
numa pilha de papel em cima da mesa.
- Muito bem. Estamos ansiosos para ouvir
sobre seu projeto. - ele voltou à posição normal e assumiu o ar de tubarão corporativo como era conhecido
no meio empresarial.
Deixei o ar sair devagar dos meus pulmões.
Essa teria que ser indiscutivelmente a melhor apresentação da minha vida,
repeti para mim mesma levantando-me e preparando o material de slides para
iniciar o trabalho. Senti o olhar negro o tempo todo às minhas costas e isso
fazia coisas com meu corpo que me deixaram mais revoltada. Eu o odeio! Eu o
odeio! Gritei comigo. Alguém fechou as persianas e desligou as luzes. Comecei
meio apreensiva, mas fui adquirindo confiança ao longo da exposição de slides.
As expressões de aprovação eram quase unânimes. Evitei ao máximo cruzar o olhar
com o dele. Mas ao final não pode mais evitar. Os olhos escuros me fitavam como
se travassem uma batalha interna. Meu projeto era muito bom e ele sabia disso.
Talvez houvesse uma mínima chance de não ser demitida, pensei tentando acalmar
as batidas do meu coração. Sou tímida para apresentações em público. Ele sabia
disso. O maldito bastardo sabia e me obrigou a isso.
Jayden
- Dispensados. -fiz um sinal e a sala
voltou a se iluminar. Os olhos azuis me encaravam atônitos. Ela começou a
recolher seu material. Meus olhos se recusavam a deixar a sua figura elegante,
sensual na medida certa. Ela estava muito, muito mais bonita. Havia algo
diferente, mas ainda não descobri o que é. - você fica, srtª Miller. - ela
estacou a caminho da porta. A sala já estava vazia. Andei devagar até ela, meus
olhos se banqueteando com suas novas e exuberantes formas. Seu corpo enrijeceu
quando parei atrás. Era possível ouvir sua respiração rápida, entrecortada. A
vadia estava tão afetada por essa porra quanto eu. Meu olhar vagueou de novo pelas
costas estreitas, descendo lentamente pela cintura fina, parando nos quadris
que pareciam mais largos. Reprimi um gemido. A bunda que já era perfeita há
dois anos, agora era uma ameaça à sanidade de qualquer homem hétero. Imagens
dela dobrada sobre o meu colo me assaltaram e me inclinei para a frente. Meu
corpo perdia o controle perto dela. Essa foi a única mulher que teve poder
sobre mim. Cheirei seus cabelos. Seu corpo tremeu. O perfume tão familiar de
morangos silvestres entranhou em mim como uma droga. Santa Mãe! Meu pau
enlouqueceu dentro das calças e eu me amaldiçoei pela fraqueza. Estou na merda
de novo! Preciso me livrar dela! Rápido!
- Por que ainda está aqui? Com certeza já
sabia que a King’s era a compradora. - rosnei me afastando dela, do seu corpo e
cheiro tentadores. - sinto informar, mas a vaga de vadia do chefe não está disponível, Cassie. Para você, nunca mais. - suas costas se esticaram rígidas e ela se virou devagar para mim. Os grandes
olhos magoados.
- Co- como? - gaguejou, seu lábio inferior
tremendo. Ela gagueja quando está nervosa. Houve um tempo em que achei isso
encantador. Merda! Eu achava tudo nela encantador. Mas ela não era nada do que
pensei. A vadia maldita me traiu! Ela, com essa cara de anjo era a porra de uma
espiã dentro da minha empresa. Usou-me. ELA ME USOU! Eu a odeio! Odeio!
- Sabia que eu era o comprador? Por que
está aqui se deixei bem claro que nunca mais queria pôr os meus olhos em você? - disse entre dentes.
- Eu não sabia. - encarou-me com uma
expressão calculadamente vulnerável nos olhos. Não caio nessa merda de novo. - me acredite também não queria vê-lo nunca mais.
Abri um riso sarcástico. Não acredito em
nada que sai dessa boca. A porra da boca que me fez ter sonhos eróticos com uma
estagiária pela primeira vez na minha vida. Nunca me envolvi com mulheres da
empresa, mas Cassandra Miller chegou com seu jeito e corpo de menina. Seus
cabelos ruivos, seus olhos azuis malditos e sua inteligência. Ela era a merda
do pacote completo, possuía tudo que me atraía em uma mulher. Pode parar agora,
seu grande bastardo! Minha expressão era séria, ameaçadora quando a encarei de
novo.
- Quantos foram?
- O quê? - indagou parecendo confusa.
- Com quantos foi para a cama aqui nessa
firma? - fulminei-a com olhos impiedosos. - é assim que você faz, não? Usa o
sexo como moeda de troca.
O rosto dela ficou pálido, depois vermelho
e os olhos faiscaram formando lágrimas nos cantos.
- Está me chamando de...
-Vadia? Prostituta? - a cortei, friamente. - é isso que você é, não? Sussurrava eu
te amo no meu ouvido, deixando que fodesse seu corpo como bem
quisesse. Mantinha-me entretido enquanto seu comparsa, seu
amante tentava me roubar um negócio de milhões! - sibilei. Seus grandes olhos
turvaram de lágrimas, mas ela piscou e tomou uma respiração profunda. Quando
falou, sua voz saiu cansada, resignada.
- Entendi. Estou de saída. - disse e
virou-se em direção à porta.
- Volte. Ainda não acabei com você
Cassandra Miller! - rosnei entre dentes.
Ela voltou-se para mim de novo, os olhos
turvos de raiva, incendiados agora.
- Por quê? Há mais algum nome desprezível
de que queira me chamar?
- Não pense que essa expressão ultrajada
pode me comover. - dei-lhe um olhar gelado. - sou imune a você, querida. Então,
se está aqui pensando que pode voltar para minha cama, esqueça. Não costumo
repetir cardápio, se é que me entende. - dei um riso cínico, mas desci o olhar
sobre seu corpo analisando descaradamente. - a não ser que tenha aprendido
alguns truques novos...
- Você é mesmo um grande cretino! - cuspiu
com desprezo. - príncipe? Sei. Está a anos luz de ser um cavalheiro.
- Também não vejo nenhuma dama nesta sala. - ri mais debochado - Você vê?
- Vamos, diga logo que vai me demitir. - pediu impaciente. - estou cansada desse jogo de gato e rato e já sei da sua
opinião sobre mim.
- Mas você adora jogar, Cassie. - murmurei. Seus olhos inflamaram. _ é uma sub nata. Nunca tive outra igual.
Obediente, sensual e gostosa, muito gostosa. - sua bravata sumiu e ela era
novamente a garota de dois anos atrás. Seus grandes olhos azuis implorando por
mim. Era involuntário. Não sei se ela ao menos se dava conta de que estava me
chamando para fodê-la com seus olhos. A imagem dela se ajoelhando na minha
frente invadiu meu cérebro, bem nítida. A forma como me agradava. Seu corpo
balançou e continuei ordenando com meu olhar. Ajoelhe-se escrava! Resfolegou e
usou a pasta como escudo, apertando-a contra o peito, no entanto não conseguiu
quebrar o contato visual. Sorri. Ela acha mesmo que isso vai protegê-la de mim?
Ok. Suavizei o olhar e ouvi seu suspiro aliviado. Adoro brincar de gato e rato.
Há uma curiosidade sobre o gato. Ele brinca sadicamente com a presa antes de
comê-la. Adivinhem... Eu também. Mas vamos ao que interessa, que é dizimar essa
vadia das minhas vistas. - Se sabe da minha opinião a seu respeito por que não
se demite e torna tudo mais fácil? - sugeri.
- É esse o seu plano? Torturar-me até
fazer com que me demita para que sua fama de tubarão corporativo não aumente
mais? - Cassie se alterou e seus olhos adquiriram um brilho desafiador
contrastando com a postura subserviente de antes. Observei as faces lindas e
coradas da mulher à minha frente. Ah! Ela daria um novo sentido à palavra tortura se ousasse continuar perto de
mim, fazendo-me ter que vê-la todo dia, fazendo-me deseja-la. Não quero
deseja-la, porra! A desprezo! É só desprezo que quero continuar sentindo!
- Admito. Você me pegou. - falei
levantando as mãos em uma cínica rendição. - Você é realmente muito esperta,
não? - completei com zombaria.
- Não sou burra e se é esse o seu plano,
pode esquecer. Não vou pedir demissão. - afirmou abaixando um pouco a pasta, o
gesto destacando os seus peitos. Meus olhos masoquistas voaram imediatamente
para lá.
Eles também estavam mais cheios. Na
verdade ela toda estava diferente. Tinha um ar refinado, seus modos eram mais
contidos, livres da afobação da estagiária que babava em meus sapatos. Há dois
anos ela teria caído de joelhos quando a testei agora há pouco. Sim, era só um
teste. Lembram do gato? Mantenham isso em mente. Voltemos à ela, Cassandra
Miller, meu inferno pessoal. As curvas ganharam contornos voluptuosos. Tentadoramente voluptuosas.
Franzi o cenho. O que diabos estou fazendo?
Divagando aqui como um imbecil, deslumbrado com os novos atributos dessa
golpista do caralho? Filha da puta! Não vou me deixar levar de novo só porque
ela tem um corpo bonito. Santa Mãe! Bonito não, era espetacular, porra! Seu
peito arfava, levantando rapidamente. Foi possível perceber seus mamilos
claramente eriçados mesmo por baixo do sutiã. Foda-se! Meu corpo estava
fervendo desde o momento em que ela surgiu naquela porta. Não sinto esse tipo
de excitação há muito tempo. Há exatamente dois anos para ser sincero. Maldita
vadia! Vai pagar por isso! Por me deixar assim. Agora! Avancei até ela com
passos decididos. Os olhos azuis foram tomados pelo pânico, arregalando-se
enquanto recuava à medida que eu avançava, por fim não teve mais para onde
fugir. Bateu com as costas na parede. Sua respiração ofegante e trêmula.
- O- o que pensa que está fazendo? - ela
grunhiu assim que a prendi, colocando uma mão de cada lado na parede.
- Provando um ponto. - sussurrei bem
próximo aos lábios cheios e insuportavelmente convidativos dela. - me fale
Cassie. Os outros a fizeram chorar de prazer como eu fiz? - toquei o rosto
dela, roçando o polegar na boca carnuda. - quantas noites foi para a cama
pensando no que sentia quando meu pau estava profundamente enterrado em seu
corpo? - desci a mão acariciando o pescoço alvo no ponto onde latejava. Minha
mão se fechou em sua garganta. Seus olhos alargaram, dilatando-se. A submissa
dentro dela dando as caras de novo.
Meus lábios se abriram num riso lento,
cínico, triunfante. - Todo o resto pode ter sido uma mentira, mas o sexo era
bem real, duro, quente, explosivo, perfeito entre nós. Você quer isso de novo,
não é? Não tente negar. A submissa em você está louca para ser dominada, fodida
como nos velhos tempos, lembra? - arquejou e ampliei o riso. - claro que
lembra, não é? Foi para a minha cama virgem, intacta.
- Não! Pare com isso. - disse num sussurro
ofegante. Sua luta para não ceder a mim era clara nos olhos incríveis.
- Me pare se for capaz, Cassie. - rosnei
em seu ouvido, mordendo sua orelha, fazendo-a estremecer. Minha boca deslizou
para o queixo, beijando, mordendo. Subiu até capturar seu lábio inferior entre
os dentes. Colei-me à ela. Meu pau duro cavando em seu ventre. Podia sentir as
batidas fortes de seu coração agora, que era um reflexo do meu, porque contra
as todas as probabilidades, apesar das merdas que essa maldita garota me fez
ainda a quero. Merda fodida! Eu ainda a quero! Infiltrei a outra mão pela barra
de sua saia, acariciando a coxa macia, procurando desesperadamente sua boceta
quente. Ela deixou escapar um gemido estrangulado quando toquei a calcinha já
empapada. Merda! Nós dois estamos na merda! Gemi também deslizando o polegar em
seu clitóris por cima da calcinha. Gemeu de novo e mandei o autocontrole para o
inferno ao senti-la tão excitada. Mantive o agarre forte em seu pescoço e
mergulhei na sua boca num beijo sedento, faminto, enquanto minha outra mão brincava
entre suas pernas. Porra! Havia bloqueado isso. Havia bloqueado isso a muito
custo. As lembranças do seu gosto, da sensação devastadora que era estar assim
com ela nos meus braços. Suas mãos me esmurraram no início. Grunhiu em minha
boca. Seus punhos batendo nos meus ombros e peito com força. Afastei a calcinha
para o lado com brusquidão e meti dois dedos. Uivei ao sentir seu canal quente,
vibrando à minha volta. - porra! Boceta gostosa! Tão quente e apertadinha! - rosnei
em seus lábios. Seus punhos perderam a força e pararam os golpes. Ela apenas
arquejava agora. Entregue. Mergulhei de novo em sua boca com mais fome dessa
vez. Sua língua finalmente veio encontrar a minha e nos devoramos mutuamente.
Rosnando, ganindo. Continuei comendo-a com fúria. Fodendo sua boca e boceta ao
mesmo tempo. Santa Mãe! Dois anos privado disso. Apertei mais seu pescoço e
continuei metendo os dedos com vontade. Ela rebolava agora. Tão louca,
descontrolada como eu. Sorri em sua boca e mordi forte seu lábio inferior. - deliciosa, porra! - Grunhiu quando girei os dedos bem devagar em sua vulva
escorregadia, seus líquidos escorrendo por entre meus dedos, sua respiração
rápida, entrecortada. Ela estava quase lá. Sorri de novo. Larguei seu pescoço e
retirei os dedos de seu canal. A levantei pelas nádegas deslizando meu pau na
sua boceta molhada. Enfiei-me entre suas pernas sem interromper o beijo,
enlouquecendo-a, enlouquecendo-me com o contato de sexo contra sexo. Ela gemeu,
enfiando as mãos nos meus cabelos, puxando-os, um som de lamento saindo de seus
lábios. Estremeci, meu pau enfurecido, reconhecendo seu gemido desesperado,
necessitando dele enterrado nela. A fera dentro de mim deu um misto de gemido e
rosnado. Fomos consumidos por um desejo violento. Levados de volta a um tempo
em que éramos como dois animais. Comíamo-nos. Ela cruzou as pernas no meu
quadril, entregando-se de vez. Nosso beijo era duro, muito duro, agora. Senti
gosto de sangue. Não sei quem mordeu quem. Viramos uma confusão de mãos numa
exploração despudorada e selvagem do corpo do outro. Gemeu quando me apossei de
seus peitos, circulando os mamilos por cima da blusa. Procurei por botões, mas
não havia. Num segundo a blusa foi levantada bruscamente, o sutiã afastado e
abandonei sua boca passando a lamber, sugar e morder os dois montes
arredondados com voracidade. Pendeu a cabeça para trás contra a parede, fechando
os olhos num abandono sexy pra caralho. Injetou os peitos na minha boca. Um
gemido alto ecoou no recinto. Não soube dizer ao certo se era meu ou dela, mas
o som a fez abrir os olhos. Uma expressão de choque tomou conta deles. Seu corpo
retesou-se, enquanto relanceava o olhar pela sala de reuniões. Fechou-os de
novo com força e meneou a cabeça várias vezes. Algumas mechas ruivas se
soltando do coque que estava se desfazendo. Nossas respirações alteradas,
enlouquecidas, ecoando na sala silenciosa.
- Não! - disse e suas mãos vieram com
força empurrando-me no peito, mas não cedi um milímetro. - eu disse não! Droga! - Grunhiu de novo e me empurrou com mais força. Seu tom foi angustiado, com um
toque de repulsa que eu nunca tinha ouvido antes. A soltei e ela quase se
desequilibrou nos saltos. Seu corpo tremia violentamente. Antes que me
defendesse sua mão cortou o ar e acertou o lado direito do meu rosto num tapa
que estalou no ambiente.
Fúria tomou conta de mim. Fechei os punhos
com força, a fuzilando por alguns instantes, seus olhos chocados, atiraram-me
adagas de volta por ter me batido ou por ter tomado consciência do que acabamos
de fazer. Ou talvez as duas coisas. Meu coração batia como um tambor e meu pau
doía pela louca vontade de estar dentro dela. De me enterrar profundamente. Seria
muito fácil dominá-la e fodê-la duro do jeito que nós dois gostamos. Merda! O que
diabos estou pensando? Fechei os olhos e gemi mortificado. Merda! Mil vezes
merda! O que deu em mim para pular em cima dela dessa maneira? Arrumei meu
terno com gestos deliberadamente lentos, tentando recobrar algum controle.
Levantei a vista para ela, os lábios cheios estavam mais inchados e os grandes
olhos azuis me encaravam brilhantes. Parecia prestes a chorar. Aquela imagem me
tocou de alguma forma. Dei-lhe as costas indo em direção à janela de vidro.
Minha intenção era apenas provocá-la. Mas no momento em que a toquei, senti seu
cheiro, seu gosto único fui consumido por uma necessidade primitiva de
possuí-la, dominá-la novamente. Sempre me orgulhei de meu autocontrole em relação
a mulheres. Nenhuma jamais havia me subjugado, mas essa garota chegou muito perto disso. Fazia-me agir como um adolescente
estúpido. Há dois anos quando a vi pela primeira vez, linda, ingênua e inocente,
experimentei sentimentos, emoções que sempre duvidei que existissem. Eu a quis
para mim e quando a tive era como se não faltasse mais nada. Mas ela não era
nada ingênua. Descobri um mês depois. Flexionei
os punhos de novo. Uma vontade louca de socar algo.
- Você não vai mais me tocar, ouviu? - sua
voz soou num tom decidido. Virei a cabeça em sua direção. - ou eu o processo. - acrescentou abaixando-se para pegar a pasta que havia deixado cair.
- O quê? - meu tom e meu olhar foram
gelados agora. Enfiei as mãos nos bolsos. - se enxerga, querida. Já disse que o
cargo de vadia do chefe não está disponível para você. - falei zombador. - está
dispensada, srtª Miller - torci meus
lábios com escárnio ao pronunciar seu sobrenome.
- Ok. Eu me demito. - Avisou, seu tom
firme me fez levantar uma sobrancelha irônica. Sério? Assim tão fácil? - recuso-me a ter um imbecil como chefe. Um idiota que se julga o rei do mundo. - completou e girou nos calcanhares rumo à porta.
Puxei uma respiração profunda e fitei o espaço
vazio por algum tempo, assim que a porta se fechou. Odeio sentir essa sensação.
A sensação de ter agido errado. Sou um bastardo, mas não na minha empresa.
Trabalho para mim é algo sagrado. Não devia ter ido para cima dela e a
pressionado, por mais que a despreze, não quando é uma funcionária. Ela tinha
todo o direito de me processar se quisesse. Seu projeto é a perfeição. Ela já
era uma garota prodígio quando foi para a King’s. Sempre soube que seria uma
profissional brilhante. Bufei. Pena que no quesito moral, deixa muito a
desejar. Mas era melhor assim. Cassandra Miller estava fora da minha vida
novamente. E por que não me sentia tão satisfeito com isso? A resposta era uma
só. Ainda a desejava com um desespero quase imoral como há dois anos! Porra! Bastou
colocar os olhos nela de novo para pensar apenas com meu pau! Não! Jamais
chegarei perto dessa golpista novamente. Jamais! Preciso ligar para aquela
modelo que anda me rondando desde a minha chegada há três dias. Qual era mesmo
o nome dela? Sara? Samanta? Simone? Torci meus lábios com desdém. Não importava.
Marcarei um jantar e depois, nada que algumas horas na cama não resolvam.
Espero que a loirinha goste de sexo duro. Sorri empurrando qualquer sentimento
de culpa da mente. Empurrando Cassandra Miller de volta ao passado, de onde,
aliás, nunca devia ter saído.
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