domingo, 7 de dezembro de 2014

Sr. G. - Capítulo 03


Carlos Tavares Junior...

Fui considerado um playboy inconsequente, por anos, durante minha adolescência.

Aí, eu pergunto a mim mesmo, quantas pessoas que, tendo uma adolescência numa situação financeira extremamente confortável, regada a festas, com tudo fácil,
sabem o que querem fazer das suas vidas? Será que chegam até mesmo a pensar nisso? Ou apenas curtem os momentos?

Em termos de modelos, tinha, de um lado, uma mãe socialite, e, do outro, um pai preocupado somente com sua própria imagem e seus negócios...

Então, para falar a verdade, tenho certeza de que essa existência fútil e irreverente poderia ter-se perpetuado se, quando tinha meus 18 anos, uma bomba não tivesse estourado, abalando as crenças que tinha até então.

Numa madrugada de terça-feira, poucos dias depois de tirar minha carteira de habilitação – claro que já dirigia antes disso, mesmo não habilitado, pois havia ganhado um carro, com 15 anos, e não um simples carro, mas, uma Lamborghini Gallardo − ao voltar de uma festa, extremamente alcoolizado, a 180 km por hora, uma motocicleta atravessou o farol vermelho do cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João.

Só posso dizer que meus reflexos e, possivelmente, o anjo da guarda do infeliz foram eficazes e a única coisa que pude perceber, naqueles poucos segundos, foi o carro girando e os sons da lataria raspando no asfalto. Depois disso, ouvia apenas o som, ao longe, dos médicos dizendo ao meu pai que eu precisava de uma transfusão de sangue, pois o meu era um caso de vida ou morte.

E, na verdade, acho que, de fato, foi naquele momento que houve uma morte, morrendo o Carlos velho, que deu lugar a um Carlos novo, quando ouvi meu pai mencionar que ele não poderia doar sangue, pois teve hepatite quando novo, e que a minha mãe, Lucila Gonçalves Tavares, não poderia também, porque ela não era minha mãe biológica, portanto, tendo sangue incompatível com o meu.

Esse foi o gosto mais amargo que senti em toda minha vida!

Quis gritar para todos ouvirem, a fim de mostrar que eu estava ali e que precisava de explicações a respeito de tudo aquilo.

Mas, a escuridão e um longo vazio tomaram conta de mim e, quando acordei, depois de vários dias, as primeiras palavras que disse para a mulher sentada, ao lado da minha cama, foram:

− Quem é você?  − sabia bem o seu nome, mas, eu não sabia quem era minha mãe verdadeira nem porque aquela socialite assumiu esse papel.

Depois de dias de explicações nada convincentes, pois eram muitas mentiras e contradições que se multiplicavam, decidi ir embora de casa.

Atualmente, com 39 anos, sou engenheiro civil, profissão esta que exerci apenas durante 5 anos da minha vida. Com a morte do meu pai, tive que desistir disso e assumir a presidência da maior cervejaria do País, que distribui bebidas para mais de 50 países.

Formei-me na UFRJ e fiz pós-graduação em Seattle, com foco em MBA Empresarial.Em função do meu trabalho, já falo algumas línguas, porém, continuo aberto a aprender ainda mais. Para mim, tempo é um grande problema, porque, por causa de ter que negociar com outros países, com fusos horários diferenciados, muitas vezes, viro noites trabalhando. Apesar disso, gosto muito do que faço, é algo que me dá prazer.

Solteiro, por opção, tive alguns relacionamentos sérios, já tendo, inclusive, ido viver com uma namorada, um pouco antes de assumir a Empresa. Só que, por causa dos eventos patrocinados por nosso grupo, nos quais faziam questão da minha presença, eu estava sempre cheio de compromissos “sociais”. Isso, para ela, foi o fator determinante para nossa separação, embora, eu acredite que, muito provavelmente, se não fosse esse o motivo, teria havido outros, pois não creio que formássemos o que chamam de “par perfeito”. 

Sempre tive uma alma dominante, totalmente possessivo. Quando entro num relacionamento, preciso da dedicação total da minha menina.

Sem tempo para o amor, vivo somente para o meu trabalho, sendo esta minha filosofia de vida. Quanto às minhas necessidades carnais, sempre há, sem falsa modéstia, uma doce menina à minha disposição.

Sim, é assim que chamo as mulheres, de minhas eternas meninas.

Os momentos que passo com uma menina, são dedicados a fazer com que ela desperte ao meu lado e fique pronta para me satisfazer, ao meu menor comando.

Excita-me essa entrega sem reservas!

Quando senti, há muitos anos atrás, o sabor adocicado de um orgasmo feminino, mais precisamente naquele momento em que minha língua, cheia desse mel, toca o céu da minha boca, foi como se uma droga deixasse-me viciado, pois necessito desse sabor para o meu prazer e de minha menina...

E mais, sou intenso e não aceito nada pela metade, justamente os motivos que não permitem que eu tenha um relacionamento sério, isto é, não ter tempo para me dedicar, como julgo ser adequado ao meu gosto, a uma menina.

Quanto às práticas sexuais que me satisfazem, devo, primeiro, esclarecer que, quando fui morar em Londres, conheci e participei de diversas experiências nesse departamento e, portanto, é óbvio que, com minha idade, já tenho consciência do que mais me agrada nesse sentido.

Por isso, tento manter relacionamentos com mulheres que vibram na mesma sintonia que eu.

Acho que ficou mais do que claro que sou, sim, um dominador.

Entretanto, tenho que esclarecer que, diferente do que se vê nas redes sociais, a dominação não se resume a açoites torturantes, pois vai além disso, diz respeito à entrega de duas almas a um só objetivo. E com isso em mente, aprendi muitas coisas, na prática, como, por exemplo, cuidar do corpo de uma mulher, conhecê-lo e desvendar seus desejos mais secretos.

E mulheres misteriosas atraem-me, sendo algo que me toca e mexe comigo.

Enquanto não consigo desvendar seus mistérios, fico preso como se tivesse entrado num local que, depois, não tivesse mais saída.

Enredo-me na experiência de descobrir tudo o que posso, como se andasse por um labirinto. Assim, até conseguir saciar meus desejos, não consigo renunciar a essa mulher, que fica cravada em minha alma. 

Quando roço meu corpo no dela, faço com que a sensação do encontro de minha pélvis com a dela possa ser perpetuada em sua memória, recebendo-me. Não me sacio até que minha menina transborde rios de prazer.

Pode até parecer possessivo dizer “minha menina”, mas, é justamente assim que as faço sentir, quando estão ao meu lado.

Minha vida de solteiro está, atualmente, digamos tranquila, sem pressões de mulheres. Tenho que admitir, uma vez mais, sem falsa modéstia, que uma grande amiga tem razão quando diz que enfeitiço as mulheres, parecendo ter a poção mágica que faz com que elas entendam que só realizo seus sonhos comigo apenas por uma noite.

Porém, a verdade é que nunca dou esperanças, nem mesmo troco números de telefone. Minha vida social é, de fato, tão agitada, que já me acostumei a estar em diversos lugares do mundo, então, aproveito as oportunidades que surgem em meu caminho, sem desperdiçar meu tempo e o delas com falsas expectativas.

Como homem, do que posso reclamar?

Sempre estou cercado por lindas e fascinantes mulheres, minhas meninas. Nem que seja por apenas uma noite, sempre faço de tudo para tirar o melhor delas e fazer com quem sintam que aqueles momentos são os melhores que podem viver.

Nunca me fui dado a romances, priorizando a postura de vida que optei por adotar no dia do meu acidente, no qual digo que nasci novamente, mas, diferente do que tinha sido até então.

Sem dar qualquer chance de abrir, novamente, as portas do meu coração a ninguém, as cancelas dessa porteira abrem-se somente para o amor que tenho pelo meu trabalho e pelas minhas conquistas.

E pode até ser que venha adiando, por tempo indeterminado, a possibilidade de encontrar alguém para preencher o restante do espaço que sobra, mas, o que se pode dizer a esse respeito, a ponto de convencer um homem a se abrir para o amor de outro ser humano, quando nem mesmo pode conhecer o amor oriundo de suas próprias origens?

Sei que parece até exagero, mas, como um bom apreciador de mulheres e, principalmente, consciente de minha personalidade, no dia em que encontrar a mulher que eu ame, passarei a fazer dela, o meu tudo.

Não permitirei meio termo, porque, para mim, a entrega terá que ser em tempo integral. Como minha menina, de forma inocente e pura, ela descobrirá, junto comigo, o amor. Não precisarei saber do seu passado e de seus outros amores, pois a essência da vida ao meu lado brotará, tranquila e naturalmente, se tiver que ser, forjando nossa modo de viver intensamente.

De forma protetora, ao possuir meu lado mais obscuro, minha menina irradiará todo o seu brilho e desejo diante de mim, abrindo seu mundo também somente para mim, permitindo que seja inteiramente recriada, assim como acontece com um diamante bruto no processo de lapidação, com todo o cuidado e carinho.

O tratamento que lhe darei estará em conformidade com suas necessidades e desejos, num esforço conjunto de nós dois.
Então, é por isso que digo que este será um grande desafio, que demandará tempo e entrega, motivo pelo qual ainda não tentei encontrar a minha menina... mesmo porque ela aparecerá...

Alguns homens preferem tratar suas mulheres como cadelas ao invés de como meninas. Chamam-nas de cadelas porque elas permitem e porque são devotadas aos seus donos, isto é, agem como cadelas quando os donos chegam: ficam felizes, cercam-nos para demostrarem que sentiram falta deles, curvam-se diante das ordens que eles dão quanto ao que e como fazer.


Para ser sincero, não admiro nem quero uma mulher assim. Quando digo que ainda não estou preparado para amar uma menina, é porque sei que ela ainda não passou por minha vida, se bem que, uma delas, há alguns anos atrás, representou para mim um grande desafio, mas, foi apenas um grande desafio.



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