domingo, 29 de março de 2015

Sr. G - Capítulo 18


Capítulo 18

Patrícia Alencar Rochetty...

Acordo com um peso em cima das minhas pernas e, pelo leve roçar contra a minha, posso apostar que é uma perna masculina. Experimentando as sensações, percebo um braço enlaçado na minha cintura e uma respiração quente em meu pescoço.
Respiro fundo e abro apenas um olho, tentando decifrar, em segundos, o que está acontecendo. Muito diferente do primeiro olho, o outro abre quase que arrebentando as retinas, ao sentir um leve toque de algo pontudo e duro contra o meu quadril... Nossa Senhora das Mulheres com a Perseguida Assada e a Bexiga Cheia, se não for agorinha mesmo ao banheiro, a coisa vai ficar feia! Mas, como é que vou sair da cama sem acordar este garanhão colado em mim? Quando a gente está assim, fica espremendo uma perna na outra, contraindo a “digníssima”, fazendo dancinha e dando pulinhos... mas.... tudo isso em pé! Deitada aqui, sem poder dar pulinho, estou é sentindo sair caldinho... socorro!! 

Tento escapar, fazendo contorcionismo, mas, não é que ele aconchega-se mais! Se eu fosse romântica, acreditaria que esse ato involuntário dele significa posse e uma maneira de assegurar que eu fique protegida, mas, como não é o caso aqui, ele deve estar mesmo é com frio, porque o ar condicionado não é brincadeira, viu? Ele está buscando lugar quente para aquecer seu corpo, porque o meu está pegando fogo!

Também pudera depois da noite magnífica que ele proporcionou-me! Eu sinceramente esperava, ao entrar pela porta deste quarto, que seria apenas mais uma noite de sexo, com um deus da sedução e pistola da galáxia que, uma vez mais, faria com que eu não só visse as estrelas, mas, entrasse no paraíso. E olha que ele bem que conseguiu... ai... não sei porque, ao pensar nisso, vem-me à cabeça, algumas músicas da Blitz, que representam bem o que sinto, como uma, numa parte em que diz:

“...Estou a dois passos do paraíso
E meu amor vou te buscar
Estou a dois passos do paraíso
E nunca mais vou te deixar
Estou a dois passos do paraíso
Não sei por que eu fui dizer bye bye...”
http://www.vagalume.com.br/blitz/a-2-passos-do-paraiso.html

Estou perdida! Como dizer bye bye depois disso?!?!!? Não só estive no Paraíso, mas, acompanhada de um ser encantado, sem o qual eu... bem, temo que vou sentir-me como no trecho de uma outra música da Blitz:

“Perdi meu amor 
No paraíso
Dou tudo que eu tenho
Por um aviso
Ou seja sob sol
Ou debaixo de chuva
A Minha alma geme por você
Geme geme uh! uh!
Por você
Geme geme ah!
Por você 
Geme geme uh! uh!
Por você
Geme geme ah!
Não durmo de noite
Arrasto correntes
Sozinho na cama
Trincando os dentes
Seja sob sol
Ou debaixo de chuva
Minha alma geme por você...”

Ei, o que significa tudo isso? Estou ficando louca? Mas, sei que aconteceu algo além de apenas sexo entre nós. Bem, é certo que ele é um tantinho mandão e, surpreendentemente, nesse contexto sexual, no fundo, eu adorei! Também percebi que, conforme fomos conhecendo e explorando um ao outro, com gestos cheios de intimidade, fui deixando que alguns tijolinhos de minha barreira fossem sendo derrubados por ele, que parecia querer deixar-me confortável, livre de amarras, mas, contraditoriamente, ao mesmo tempo, presa e vibrando na sintonia de seus movimentos. Seu olhar parecia querer dizer-me, o tempo todo, que eu estava segura ao seu lado e que, para lá de todo o erotismo envolvido, havia uma conexão especial entre duas pessoas. E, para satisfação dos meus instintos de vingança, fiquei feliz por ele ter conseguido mostrar ao meu melhor amigo, o Sr. G, que, pela segunda vez, ele não foi o único responsável pelo meus maravilhosos orgasmos. Quero ver esse meu amiguinho temperamental dar uma de soberano sobre o meu corpo depois dessa! Chega a ser engraçado diante da insistência do Sr. G para eu ficar com o Carlos...

Uma coisa que também me deixa ensimesmada foi o que senti na hora que fomos dormir, quando ele, carinhosamente, beijou meus cabelos e sussurrou, baixinho, entre eles, que fantasiou muito estar ao meu lado, durante os últimos dois anos. Ele assustou-me com o que esse gesto e com o que as palavras dele despertaram em mim! Posso dizer que meu coração acelerou de uma maneira que não consigo saber se foi positiva ou não, porque é certo que me senti com o ego massageadíssimo, mas, a ternura e o desejo de quero mais que brotaram em meu ser fizeram com que eu tivesse tanta vontade de pular dali e fugir, que foi extremamente difícil não fazer isso! Direciono meu olhar para ele e sinto até como se minha respiração falhasse, o que faz com que eu perceba que tenho que escapar, embora tema tomar tal decisão e arrepender-me mais tarde. 

Com os olhos fechados, dormindo, o seu rosto é sereno e sua expressão não esconde a saciedade e a felicidade... Como ele é lindo!!! Sua aparência é pura poesia, mesclada com uma sensualidade crua e pulsante. Ai, sinto mais um aperto em meu peito, que se une com o aperto da minha bexiga, que reclama querendo desaguar. Apoio-me, na cama, a fim de me levantar e reconheço que, por trás do rosto lindo, do corpo escultural, da riqueza, da inteligência e da cobiça que ele, com certeza desperta, está escondido um homem sensível que pode balançar minhas estruturas e fazer-me curtir uma dor de cotovelo das grandes, mas, que, por outro lado, é também voraz, conseguindo saciar meus desejos carnais e selvagens. O que faço? Vou ao banheiro e faço xixi, decidida a ficar e curtir este final de semana e ver onde dá ou levanto-me, ponho a roupa, rapidinho, e deixo para fazer xixi em algum banheiro do corredor, aproveitando para, de novo, fugir para não ter problemas emocionais no futuro? 

Droga! Este medo que me invade toda vez que penso na possibilidade de manter um relacionamento mais longo do que apenas uma noite é simplesmente frustrante! Se alguém lesse a minha biografia – caso eu tivesse escrito uma −, diria que sou louca, mas, na verdade, aqui dentro do meu ser não tem nem um tiquinho de loucura, o que tem mesmo é uma verdadeira paúra, uma espécie de síndrome do pânico, cujo gatilho é a mera chance de eu ter um relacionamento mais permanente. Sabe-se lá porque euzinha sou assim...Ai, que dúvida cruel... Que guerra entre meu desejo de me jogar com tudo nessa aventura, a ponto de vencer esse pavor, e a compulsão de correr para o mais longe possível desse homem que, com certeza, já me prendeu em sua teia de sedução e carinho.

Não sou hipócrita nem criança, por isso admito que esse homem está fazendo com que eu queira vencer esse medo, nem que precise ressuscitar Freud, Jung e todos esses psicanalistas doidões famosos para resolver meu problema. Claro que já não sou mais tão arredia e idiota a ponto de não admitir que sei, sim, que o verdadeiro entrave não é especificamente o Sr. G. Sei que ele não faz amizade com ninguém por algum motivo mais obscuro e escondido nos recantos de minha alma. Ter sido muito caçoada, em minha infância, desengonçada em minha adolescência, influenciada, negativamente, no início da minha vida adulta pelas ideias da D. Agnelo e, para culminar, sido descabaçada por um merdinha e sua vírgula, devido ao excesso de tequila, contribuíram muito para agravar esse tal “entrave” que, acho, só muita terapia ou um homem muito dos bons, compreensivo e paciente poderá ajudar a solucionar. Mas, confesso, não sei se vou ser forte e se é esse homem persistente e dominador que vai empreender essa luta comigo.

Do nada, uma vozinha sussurra, dentro de mim, que, talvez, haja uma possibilidade e, sem pedir licença à minha mente, com a sutileza de um elefante numa loja de cristal, essa voz diz que é, sim, este peão gostoso e sarado! Ai, droga! Já me sinto empapada e o Sr. G fica alucinado querendo mais. Caraca, a língua daquele rapaz é pecaminosa! Sua habilidade em encontrar e manipular meu ponto G já me deixam à beira do orgasmo só de relembrar!

Quando penso no suor que recobria seu corpo, ontem à noite, fazendo-o brilhar, junto com os seus olhos de luz, mostrando o quanto eu era desejável para ele, fico com meus hormônios à flor da pele. Respiro fundo e, enquanto tento recuperar-me, acabo lembrando-me de um poema que li, em um livro de poemas eróticos que ganhei de uma cliente, a Irene Miguel, que ilustra bem o que eu gostaria de, ainda, vir a fazer por um homem deste calibre, após nossa noite insana de prazer:

“Hoje sou eu que vou brincar com você.
Beijar, sugar, lamber.
Massagear, apertar, morder.
Beber da essência que emana de você.
Te fazer delirar, enlouquecer...” (Gil Assunção)

Quando a balança começa a pender para eu desfrutar desse Deus das Calcinhas Sempre Molhadas e conferir se ele pode ajudar-me a entender e combater esse meu bloqueio emocional, meu instinto de preservação manda-me, de novo correr, antes de eu poder averiguar qualquer possibilidade nesse sentido. Num reflexo, vejo-me levantando, mas, sem que eu tenha percebido que ele acordou, sou agarrada fortemente.

− Cansou de ficar olhando para mim linda menina? Estava sentindo-me tão acarinhado pelo seu olhar – raio de homem, como ele sabia que eu estava olhando para ele enquanto dormia?

− Ah, então já estava acordado, garanhão? – digo, tentando dissimular meus pensamentos.

− Digamos que liguei meu botão automático contra fuga de meninas de pinta... – ele para de falar, de repente, como se estivesse falando algo proibido.

− Agora sou a menina só da pinta, é? Você já foi mais criativo comigo! – desvio o olhar do dele enquanto falo, porque se ele sentir o meu bafo, ao invés de me chamar de menina da pinta, vai dizer menina do bafo. 

− Por que você está virando o rosto? Olha para mim!!! − minha barriga aperta de luxuria, não tenho escolha, olho nos seus olhos que me encara −Você é linda quando acorda. Se eu disser pinta foda-me, terei que te foder, duro e forte, agora, antes mesmo de eu acordar, meu pau já estava bem acordado e com certeza com desejos muito além das minhas ideias – ai... o que eu faço com esse homem boca suja, que umedece prexecas?

− Porque eu estou com bafinho – respondo sincera...

− Vem aqui, deixa eu sentir esse bafinho, porque tudo o que vem de você vale a pena para mim.

Não tenho tempo de respirar nem fugir, ele sobe em cima de mim, impondo o seu domínio, abrindo com seu corpo as minhas pernas para acolher ele entre elas. Seu olhar, penetrante e envolvente, conquista-me como um encantador de serpentes, restando a mim seguir seu ritmo e suas vontades. 

O humor ilumina seus olhos quando seu membro encosta na minha vulva.

− Malditamente molhada e quente, pronta para me abrigar – duro como rocha ele provoca meus lábios vaginais – um dia meu pau não vai ficar apenas brincando nesta abertura apertadinha, ele vai mergulhar sem barreiras. Quero sentir cada fluido do seu prazer envolver ele, sem camisinha, apenas seu liquido quente banhando ele.

A sinceridade e fome em suas palavras me hipnotizam. O homem acorda já preparado para guerra e meu canhão não reclama, muito pelo contrario fica pronto esperando colocar sua pólvora para explodir. 

Sua ereção pressiona meu clitóris num movimento para frente e para traz me masturbando num ritmo frenético, tenho vontade de pedir que esqueça a responsabilidade e me tome duro e fundo, porém não digo nada, meu senso racional, tem coincidência que isto não é certo, antes vale a prevenção do que o choro mais tarde. Sempre experimentei movimentos duros e cru de sexo, mas os movimentos de provocação sensual e erótico que só ele desperta eu meu corpo é único.

− Hum!!! – suspiro de boca fechada.

Ele não dá tempo para analisar minhas sensações. Em um movimento rápido, ele se inclina e a desliza por cima de mim como um ninja, estende sua mão e pega uma camisinha no criado ao lado da cama, meu corpo esta quente como um vulcão apenas sentindo o frescor dos lençóis de cetim. 

− Estou louco para te beijar, o que você está fazendo comigo pequena? – Vou preencher você por completo. Minha língua e meu pau precisam de você agora – libertino, ele mantém o rosto impassível, enquanto diz tudo isto para mim, cobrindo sua extensa ereção com uma camisinha.

− Garanhão, não quero ser estraga prazer, mas preciso ir ao banheiro.

− Já vai linda menina, primeiro preciso aliviar a dureza dos seus seios que estão duros como pedra, sentir suas paredes internas apertar e sugar o meu pau e saudar sua boca com um belo beijo bom dia – só de ouvir dizer estas palavras um barulho estranho sai da minha garganta, enquanto seu corpo encobre novamente o meu. 

Sem qualquer carícia matinal ou, ao menos, um beijinho com bafo e tudo, ele abre as minhas coxas e leva seu membro adiante, que dita o ritmo de sua penetração, lentamente, em minha vulva... Impossível não cumprir suas ordens silenciosas. 

− Huuuummmm!!! Meu pau adora o beijo dos lábios da sua bucetinha, molhadinha e quente. Agora é a vez da minha língua saldar a sua boca com um delicioso bom dia prometido!!! 

Sinto-me atraída e totalmente tomada por ele. Ele rege tudo em mim, desarma-me e preenche-me... Ele desce a boca, lentamente, até a minha, encarando meus olhos. Tento virar o rosto, mas, sua língua é mais rápida do que eu e ele lambe meus lábios. Sua boca tem o melhor sabor matinal que uma pessoa pode ter, porque nem levo em consideração cheiro, vontade de ir ao banheiro, desejo de fugir e esqueço tudo... somente existe espaço para ele, que me preenche, me contagia e me leva, em segundos, ao limite.

A cada estocada funda, sinto uma leve dor prazerosa, uma sensação diferente, a combinação da minha bexiga cheia mais o tesão que ele desperta em mim levando-me à loucura... Nosso beijo torna-se sôfrego, urgente, preenchendo, com meu corpo, todos os espaços vazios onde toca o seu.

− Não vou tocar no seu clitóris, agora, pequena. A pele dele é muito fininha e, depois do que fizemos, ontem à noite, deve estar sensível e dolorido. Vou preservá-lo para o que tenho em mente mais tarde. Portanto sinta apenas meu pau entrar fundo e acelerado, agarre-o e aperte-o com as paredes da sua bucetinda apertada e venha junto comigo.

Ele é urgente, seus movimentos acelerados e circulares fazem com que eu agarre os lençóis com as mãos, com força. 

− Isso, pequena, mexe junto comigo!!! Respira fundo, sinta como meu pau escorrega gostoso dentro de você, enquanto suas glândulas pulsam nele.

Subitamente, suspiramos juntos, nós três, eu ele e o Sr. G, nossos sentidos aguçados e nossas emoções fluindo e revelando as energias geradas pelos sentimentos... Mais tarde, tenho que ajoelhar e agradecer a Deus, Alá, Buda e quaisquer outras divindades mais pela sorte terrena de encontrar um homem tão preocupado com o gozo alheio. Ele volta a me encarar, toca meus seios duros, apertando um dos bicos e mordendo-o, sensualmente. Minhas bochechas esquentam, um arrepio delirante percorre o meu corpo e a adrenalina parece que vai sair pela boca. Tenho vontade de gritar ao sentir meu orgasmo chegando, junto com as contrações e as fisgadas que o meu amigo Sr. G manifesta, numa euforia inebriante. 

Seus olhos brilhavam como fogo – Apenas sinta querida, como nossos corpos se aceitam, como se pertencem.

− Caaarlosss!!! − meu grito de prazer sai, no auge da minha explosão. Percebo, em seu rosto, que ele vibra, sorri e geme. Mais algumas estocadas, na rotação 360° e ele chega ao clímax, olhando-me, lindo e satisfeito.

Ele esparrama-se sobre mim e, curioso, percebo que, para ele, o sexo é mais do que o ato em si, pois, tal como em todas as vezes que transamos, ele sempre continua com carícias, como se seus toques quisessem agradecer-me, involuntariamente, por algo que nem sei ao menos o que é! Durante o ato sexual, ele é diferente, bruto e mandão, severo e exigente, transformando-se quando este termina, ficando cuidadoso e gentil, como se a cuidar de mim sempre que estamos juntos.

− Pronta para ser a primeira dama do evento?

Minha ficha demora a cair. Como assim primeira dama? É alguma charadinha com o jogo de tabuleiro? Que, como está comigo e não com outra, neste momento, eu sou a “dama” da vez?

− Desculpe-me, mas, não entendi!

Ele ri.

– Não entendeu ou não quer entender?

− Por que você acha que eu tenho que entender tudo o que você diz? Você é muito presunçoso, sabia? – ralho com ele, divertida, levantando da cama, rapidinho, que não há dancinha ou cruzada de pernas que me impeçam de fazer xixi... minha bexiga parece que vai explodir.

− Sabe que, com essa cara bravinha, você excita-me ainda mais? Posso largar tudo o que tenho para fazer, hoje, e ficar com você o resto do dia, aqui, neste quarto, até fazer você ser bem mais educada.

− Você pode fazer o que quiser, mas, primeiro, preciso ir ao banheiro... você já me distraiu uma vez e, numa segunda, posso ser capaz de dar um vexame – termino de falar ao mesmo tempo em que fecho a porta do banheiro e nem entendo o que quer que ele rosna entredentes.

Tão bonitinho, ele pensou em tudo! No banheiro, tem duas escovas de dentes, shampoo, condicionador, secador, dois roupões... bem, bonitinho e intrigante, para falar a verdade, porque ele tem tudo isto arrumado e, o pior, é ele querer que eu acredite que foi para mim que ele preparou tudo isto! Aproveito para tomar um banho. Ao terminar, enquanto me enxugo, ouço meu celular, que deixei carregando, apitar com um sinal de mensagem. Meu coração acelera, minhas mãos gelam e fico rezando para ele não ser enxerido e pegar meu celular. Enrolo-me na toalha e saio do banheiro antes de dar tempo para ele pegar o aparelho.

− Seu celular apitou várias vezes – ele diz.

− Faz tempo que está apitando? – pergunto, curiosa.

− Algumas vezes, mas, para falar a verdade, estou respondendo algumas mensagens do pessoal do apoio do evento, que não percebi quantas vezes apitou. Será que é alguma coisa urgente?

− Depois eu vejo – disfarço minha angústia.

Ele levanta da cama, deposita um beijinho carinhoso em meus lábios e entra no banheiro. Não dou tempo nem de ele fechar direito a porta e pego o celular. Acho estranho o ato de fechar a porta depois de tanta intimidade que partilhamos, mas, levando em consideração que eu fiz o mesmo, ele deve estar precisando da privacidade para atender suas “necessidades” também.

Aperto para desbloquear e lá estão cinco mensagens do Dom Leon, sendo que duas são de pouco antes de o Carlos chegar ao quarto e tirar-me do banheiro. Fico insegura se devo abrir ou não. Não porque acredito que isto pode ser uma traição, até por que, vamos combinar, aqui o negócio é só sexo. Não temos nada e nem amantes somos.

O que pode ter demais ler a mensagem de um amigo?

Abro a mensagem...

Dom Leon:> Patrícia? Alguém chegou para te ajudar a sair do banheiro? Por favor, não deixe de responder quando puder!!! 

Vixe, até me esqueci de avisar o coitado de que estava tudo bem! De qualquer maneira, a mensagem seguinte tranquiliza-me.

Dom Leon:> Bem, pelo fato de você não responder, presumo que correu tudo bem, senão, você teria enviado mais mensagens para mim. Como disse, espero que você abra sua mente e, seja no mundo dos vivo ou dos mortos, que você aproveite a vida, sem maiores reflexões profundas. Boa noite e não perca a oportunidade de usufruir de momentos que possam fazê-la feliz!

Lá vem ele com essa história de novo! Bem, acho que segui o conselho, com louvor, não é? Começo a ler as mensagens de hoje.

Dom Leon:> Bom dia!!! Menina da pinta charmosa, espero que tenha tido uma noite prazerosa.

Ai, Dom Leon, você nem imagina como foi prazerosa!

Dom Leon:> Será que o seu sumiço foi por causa de algum susto que seu príncipe mal assombrado deu em você? Estou preocupado! Mande notícias logo! 

Preocupado, é? Fica sabendo, Dom Leon, que esse príncipe assombração foi um príncipe encantado! Claro que só para as mocinhas que acreditam neles, né? Porque eu prefiro acreditar que foi apenas uma noite quente de sexo.

Dom Leon:> Conte-me quais são os planos para hoje... Já que estou aqui, sozinho, pensando numa linda menina, pelo menos ajude-me a rechear minhas fantasias dizendo o que vai fazer hoje. Não me diga que usará um biquíni fio dental...

Ouço o chuveiro abrir e respondo, rapidinho.

Patrícia Alencar Rochetty:> Bom dia!!! Digamos que a noite foi satisfatória. O príncipe zumbi foi gentil e conseguiu abrir a porta e tirar-me daquela situação claustrofóbica. Hoje, passarei o dia com meus pequenos príncipes. Nestes, sim, eu confio. Vamos brincar na areia e esbaldar-nos feito três crianças. Para a noite, ainda não decidi o que vou fazer. Talvez eu vá embora ao final da tarde. Não estou mais certa se o passeio de escuna, amanhã, será uma boa opção para mim. Às vezes, os piratas dos mares podem fazer verdadeiras pilhagens, roubando os corações de inocentes donzelas... definitivamente, eu prefiro não estar lá para ver. Não posso falar muito agora, ok? Se eu parar de responder, você sabe o porquê!

Enquanto espero a mensagem do meu amigo virtual, abro minha mala que, surpreendentemente, vejo que foi trazida por alguém para cá. Nem vi, mas, como não quero perder tempo, neste momento, nem questiono. Pego um biquíni e um vestido confortável, passo protetor solar pelo corpo e cada pedaço em que deslizo minhas mãos faz com que eu sinta como se a noite de ontem tivesse sido, ao mesmo tempo, um frenesi de prazer e um bálsamo que acalma e satisfaz. Uma parte de mim insiste em continuar sussurrando: Patrícia, corre enquanto é tempo! Um final de semana inteiro, ao lado desse homem, pode deixá-la de quatro... A outra parte diz... Fica, sua boba! Que mal podem causar a você 48 horas de prazer e, ainda, ter a possibilidade de ficar de quatro, literalmente falando, numa das vezes em que vier a transar com o garanhão? A música Lapada na Rachada (https://www.youtube.com/watch?v=617hUtpLLqM), novamente, começa a tocar na minha cabeça. Sei que ela é diferente do que costumo ouvir e continua a não fazer meu gênero, mas, é tão divertida, que me faz até dançar sozinha. 

Toma gostosa lapada na rachada, 
você pede que eu te dou lapada na rachada, 
e ai tá gostoso lapada na rachada,
toma, toma, toma.
Vi uma menina linda a danada enlouqueceu, 
a macharada ficou doida quando ela apareceu, 
sorriso envolvente jeitinho sensual pra acabar de completar deu mole no final, 
juro não acreditava no que estava acontecendo, sorria,
e me olhava o clima foi crescendo, 
fui direto ao assunto e não pude acreditar, 
chegou no meu ouvido e começou a falar.
Vai, da tapinha na bundinha vai,
que eu sou sua cachorrinha vai,
que eu to muito assanhada, 
se eu pedi você me dá, 
lapada na rachada.


Carlos Tavares Junior...

Começar o dia brincando com a minha quimera é muito agradável! Nenhum momento é rotineiro, muito pelo contrário, ela consegue surpreender-me o tempo todo, com diversas atitudes. Ela é inesperada, diferente, desligada, desapegada, uma menina confortável de conviver. Sua boca inteligente e seu humor contagiante transformam a mim, num segundo, em um menino Peter Pan. Se o Nandão ouvisse meus pensamentos, certamente diria que eu estou virando o verdadeiro Dom Miau. Quando peguei meu celular para ver as mensagens do pessoal de apoio ao evento, não resisti em mandar umas mensagens para ela, pois eu tinha tido tempo, enquanto ia ao quarto para tirá-la do banheiro, de enviar apenas duas mensagens para finalizar a conversa que ela estava tendo com o Dom Leon, a fim de que não desconfiasse de uma interrupção abrupta e sem sentido na conversa. Estou tomando banho apressado, louco para ler sua resposta. A curiosidade corrói-me e sou invadido por desejos contraditórios. Ao mesmo tempo em que quero que ela não veja as mensagem porque está ainda presa às sensações da nossa noite, quero que responda para que eu possa saber o que ela achou de tudo! Devo estar ficando louco, com diagnóstico de dupla personalidade... Não fecho o chuveiro para que ela não perceba nada e apenas enxugo minhas mãos para pegar o celular.

Satisfatória?!?!? Puta que o pariu, que golpe no meu ego! 

Continuo lendo...

Que bom que pensa em se esbaldar na areia com as crianças, isto me deixa mais à vontade porque, certamente, terei que dar atenção ao bando de marmanjos, políticos, organizadores do circuito e atletas do evento. Se ela fosse comigo e alguém resolvesse olhar para ela, ainda não sei o que o homem das cavernas que habita o meu ser poderia fazer... Por mais surpreendente que seja para mim, tenho que admitir que metade de mim já sente ciúmes dela, enquanto que a outra tem vontade de matar quem quer que se aproxime dela e faça com que eu sinta-me ameaçado. Se já estou, aqui, cuspindo fogo por ela ter respondido uma mensagem minha, imagine como reagirei se ela corresponder a alguma cantada!

Epa... O quê? Ela pensa ir embora hoje? Tentando fugir, de novo, minha quimera? Desta vez, estou em vantagem ao saber de suas intenções, então, você vai ficar nem que eu tenha que te amarrar. Daqui da ilha você não sai antes de amanhã...

Tenho que responder sua mensagem e finalizar a conversa, mas, os sentimentos conflitantes que regem meus pensamentos fazem com que eu fique olhando para a tela, sem saber o que escrever. Arrisco uma mensagem... 

Dom Leon:> Boa diversão... Adoraria estar misturado em meio a areia, para encher seu baldinho!

Apago a mensagem, de tão sem sentido que é. De onde surgiu algo tão sem noção na minha cabeça? Carlos, o que é isto? – ralho comigo – E você, cabeça aí de baixo, dá para descansar um pouquinho? Acabamos de receber uma resposta broxante e você já está aí, de novo, com o mastro firme e duro!

Dom Leon:> Esta noite satisfatória deu-me a impressão de que não foi a noite que você esperava. Se você tem vontade de fugir ou tem um medo tão grande de um certo pirata, venha para os braços do seu salvador aqui. Mas, meu conselho continua sendo o de que você deve relaxar e divertir-se. Bom dia, preciosa!

Esta resposta é satisfatória. Aperto enviar e fecho o registro do chuveiro.

Enquanto passo a toalha em meu corpo, ouço suas risadinhas. Parece que ela gostou da resposta.

Patricia Alencar Rochetty:> Agora, fiquei perdidinha... não sei para qual lado correr, se é para o pirata ou para um salvador que nem mesmo sei o nome!!! Se eu perguntasse a um grande amigo que tenho, o Sr. G, talvez ele dissesse para eu correr para os braços dos dois... kkkkk... Sabe, esse meu amigo é muito promíscuo! Tenho até medo de pedir a opinião dele, às vezes. Quanto a estar dizendo que pode ser medo, nisso você tem razão, pois esse tal pirata tem uma tripulação de persuasão, que se dedica a devastar quaisquer mares por onde passa. Ai, Dom Leon, como eu gostaria de ser menos complicada! Mas, as palavras “relacionamento” e “mais de uma noite” são assustadoras para mim, quando combinadas numa mesma frase, pode? Agora, não posso falar mais mesmo. Depois te chamo. Beijos molhados para você, Dom Gatinho...

A resposta chega e meu coração dispara! Em outras circunstâncias, com certeza, estaria indiferente a uma resposta, mas, não hoje... não com essa menina! 

Sr. G??? Amigo? Só se for gay, pois eu não acredito em proximidade e amizade entre um homem e uma mulher quando o assunto é sexo. Ainda mais quando, como ela diz, o cara é promíscuo. Se ele pode dar a ideia para ela entregar-se a dois homens, imagino o que já não deve ter sugerido! Deus, não quero nem pensar, já senti as garras do ciúme apertarem...

Continuo a ler para não enveredar por esse caminho e fico animado com a vulnerabilidade que ela manifesta ao assumir o fato de que posso afetá-la. Meu lado dominador vem com tudo à tona. Abro a porta, pronto para surpreendê-la. Ela merece uma resposta pessoalmente.

− Preparada, bela Patrícia? Vamos ter um dia cheio e longo e acabo de decidir que nossa noite será de grandes surpresas – o que começo a falar, com uma certa dose de arrogância, quase me faz engasgar, nas últimas palavras, ao me deparar com ela, com uma perna em cima da cama, na qual está passando protetor solar. Ela está linda, com um biquíni floral que divide suas belas nádegas em duas. Simplesmente a visão dos céus! 

Ela observa cada movimento que faço em sua direção, no quarto, com uma toalha enrolada na cintura e outra enxugando o cabelo. Fico consciente dos seus desejos lascivos, que são perceptíveis ao descer a perna para o chão e juntá-la a outra, contorcendo-se, disfarçadamente. Ela está corada e seu peito desce e sobe. Sinto que ela deseja-me. Seu olhar é desafiante conforme ela aperta o creme em suas mãos, disparando choques e pulsações de tesão no meu pau. Ela passa as mãos meladas de creme em seu colo e seios.

– Você planeja surpresas, Carlos Tavares Junior? – pergunta, desejosa.

− Sim, muitas surpresas. Mas, por agora, apenas quero ajudá-la a passar o protetor por esse seu corpo delicioso – estendo a mão, pegando o frasco de suas mãos trêmulas. 

− Se este é seu desejo, garanhão, proteja minha pele com suas mãos e deslize o creme pelo meu corpo, que sou toda sua – ela diz a coisa mais simples do mundo, mas, ao mesmo tempo, torna-a excitante, sempre dando duplo sentido a todas as palavras que saem de sua boca carnuda. É quente como o cão e faz com que eu vá dos céus ao inferno em segundos! 

Encho minhas mãos de protetor e aplico-o desde o seu pescoço até os seus ombros. O jogo de sedução começa. Eu quero que ela fique desperta e desejosa.

− Adoro deslizar meus dedos em seu corpo. É tão macio! – assopro em seu ouvido, roçando minha ereção em seu corpo para ela saber o quanto me afeta.

− E eu adoro ter você deslizando os seus dedos em meu corpo. Uma parceria ótima, não acha, garanhão?

− Tenha certeza de que é uma deliciosa parceria, Patrícia – friso seu nome sorrindo, já percebi o quanto isso mexe com ela.

Ela está arrepiada! Brinco com os dedos, levando-os até a borda do seu biquíni. As veias do seu pescoço estão saltadas, chegando a pulsarem a olhos nus. Às vezes, ser rápido é bom, porém, hoje é dia de tudo ser lento, de maneira a apreciarmos cada momento. 

− Suas habilidades mostram que você tem muitos anos de experiência – sinto uma curiosidade mesclada a uma postura possessiva, com uma pontinha de ciúmes. Fico consternado com o rumo de meus pensamentos e mudo meu humor, repentinamente, indignado por minha cabeça ficar imaginando e fantasiando coisas que não existem.

− Tenho muitas outras habilidades que pretendo mostrar a você. 

− Confiante e pretensioso sempre, só porque tem muitas mulheres interessadas em você, se ontem à noite foi uma amostra – Nossa! Será que ela não confia nem um pouco em mim? Será que ela acha que sou tão volúvel assim?

− Você não tem um bom conceito sobre mim, né? – falo, revelando uma certa mágoa em minha voz – Patrícia, dê-me apenas um final de semana, entregue-se a mim, sem medos ou amarras, confie em mim... Fique comigo... – peço, fervorosamente, sabendo que, assim como o creme, ela pode deslizar entre os dedos, sem eu poder evitar. Nunca implorei para uma mulher ficar comigo, mas, nem quero avaliar o ponto a que estou chegando por essa moleca escorregadia. Puxo-a contra meu corpo, num abraço terno – Agora abra as pernas, preciso passar este creme sortudo por suas coxas. E não ouse se contorcer e me provocar, porque a visão que vou ter da sua bunda, não hesitarei de deixa-la vermelha, caso insista em me mostrar o quanto meu toque, mexe com você – viro-a novamente, para terminar de espalhar o protetor e não facilito – E sabe Patrícia, estou com tanta vontade de deixar a minha marca na sua bunda – falo enquanto deslizo meus dedos por suas nádegas – que sou capaz de ser muito mal, só para me desobedecer e eu marcar esta linda bunda gostosa.

− Querendo seduzir-me para ficar com você e apreciar alguns tapas no bumbum, garanhão? 

Beijo-a, com ternura nas costas. Tão saborosa, delicada e, ao mesmo tempo, voraz! Sinto-a pressionar as mãos em meus músculos do ombro, acesso que os braços dela tem, já que estou agachado, passando o creme por suas penas, sem que ela dê indícios se é um aperto de defesa ou de ataque... seu ligeiro suspiro faz com que a dúvida acabe e eu perceba que ela necessita. Levanto bruscamente frustrado por ela se comportar, mesmo sabendo que se segurou ao extremo para não contorcer. A beijo tornado urgente e mais agressivo, a cada toque a que nos entregamos, sinto um gosto de quero mais, muito além do que já desejei de alguém antes. 

Patricia Alencar Rochetty...

Inspiro fundo, assim que ele solta meus braços e separa nossos lábios, deixando o sabor da sua língua mentolada na minha boca... O que foi isto? Alguém anotou a placa do caminhão de bebidas afrodisíacas apaixonantes que me atropelou?

Nunca, na minha vida, conheci um parceiro de sexo que pense apenas no bem estar do outro! Ele é intrigante, envolvente, parecendo que nasceu apenas para servir e nunca ser servido. Como um homem tão poderoso pode ser assim? Como administra tão bem sua postura autoritária, na cama, com sua doçura de outros momentos?

Olho para as costas do homem que me deu orgasmos a noite toda, que me tirou o ar, que me levou ao limite da entrega, e fico sem saber o que fazer. Ele simplesmente acaba de me pedir, como um menino abandonado, um pouquinho de meu tempo e confiança. Não sou nenhuma psicóloga para avaliar se ele, no fundo, tem medo de uma rejeição, devido ao fato de ele acreditar que eu irei correr e fugir dele. Parece que percebe que continuo cogitando não aceitar o que propõe. Ele faz com que me sinta tão desejada, a prioridade de seus desejos, dando-me segurança e proteção e fazendo com que eu não consiga deixar que pense que não o quero. Isso é o que me motiva a não ser uma covarde e a não recusar seu pedido. 

Surpreendendo a mim mesma, aproximo-me dele, enlaço sua cintura com meus braços e dou-lhe breves beijinhos nas costas. Sinto-o estremecer e isso me deixa comovida. Pronto, estou virando uma manteiga derretida nas mãos quentes desse meu pequeno grande homem gostoso.

− Vou ficar, garanhão! Só que tenho uma condição...

− Sem condições, Patrícia! Pedi para você ficar e curtir um final de semana ao meu lado, não como uma imposição, mas, apenas peço sua entrega e confiança incondicionais.

Ai, que homem difícil! Será que fiz uma escolha ruim?

− Não quer nem ouvir a minha condição? – resolvo descontrair o ambiente, com uma mescla de humildade e safadeza. Faço biquinho e digo – Poxa, eu ia apenas dizer que a minha condição seria você permitir-me deleitar do seu membro lindo e vistoso, senti-lo com meu paladar até me fartar e proporcionar a você um tiquinho do prazer que já me deu − ele vira-se, olha para mim, divertido e tenso, ao mesmo tempo, e eu não esmoreço e provoco-o – E aí, aceita?

Ele acena com a cabeça e continua olhando-me como quem não acredita que seja verdade que eu vou ficar! Que dupla formamos nós! Ambos inseguros quanto à minha permanência, entretanto, por razões completamente diferentes. Ele, porque não acredita que eu não vá fugir desta vez, e eu, por outro lado, morrendo de medo de me arrepender e não ouvir a voz que me manda correr.

− Você é uma caixinha de pandora, sabia? Vai acabar levando-me à morte com as surpresas que tirará de sua caixa.

− E você é expert em frisar que eu devo ser muito má ao me comparar com essas divindades ambíguas... Primeiro com Quimera, que já tem dupla interpretação, agora, com Pandora[1], que, apesar de espalhar toda a sorte de coisas pelo mundo, boas e ruins, manteve, em sua caixa, a esperança...

Será que a esperança é a única coisa que pode fazer com que isto que está acontecendo entre nós possa sobreviver a este final de semana? Deixando para lá essas considerações, entrego-me a mais alguns instantes em seus braços, até que a fome aperta e continuamos a nos aprontar.





[1] http://www.sohistoria.com.br/ef2/mitologiagrega/p1.php

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