domingo, 5 de julho de 2015

Sr. G - Capítulo 29 - 1ª Parte



Carlos Tavares Junior... 


A evolução dos dados apresentados por todos os departamentos,
me fazem ter certeza, que prorrogar a reunião por mais 3 dias, foi perfeito e além do esperado. Em tempos de crescimento as empresas buscam agilidades em seus processos, pois em época de globalização o mercado se torna mais competitivo e é extremante importante estar antenadas para melhor atender as expectativas dos seus clientes. Quando o Nandão chamou toda a responsabilidade para si, foi porque ele desenvolveu um projeto arrojado, de terceirização da distribuição internacional da empresa e este parece que apresentou algumas falhas. 

Ele conseguiu detectar que o problema, estava no planejamento de distribuição. Para se cumprir os prazos de entrega, a empresa contratada, acabou burlando alguns aspectos importantes para a conservação do produto, sendo assim dando a origem na alteração no paladar das cervejas escuras. Pois ela requer, uma conservação especial. Não tenho dúvidas que o departamento de logística está muito bem representado pelo Nandão, ele administra tudo com excelência e exatidão, seus planejamentos com todos os departamentos vêm seguindo um bom percurso. Desde a aquisição da matéria-prima, até o produto acabado.

Nos seus relatórios, ele sempre apresentou a integração positiva e o foco que vem mantendo desde os fornecedores até com os clientes, sempre evitando atrasos, recebimentos, produção e despacho. Termino de ler os relatórios apresentados pelos membros da reunião, e dou início, uma vez que tenho toda a sala de conferência, com a atenção voltada toda para mim. 

− Bom dia senhores. 

Um coral unânime responde. 

− Para começar a reunião, quero parabenizar a todos pelas propostas apresentadas. 

− Também quero agradecer a boa parceria e troca de ideias que tive com todos os diretores que colaboraram prontamente com todas as informações — completa o Nandão, com ar de agradecimento. 

− Falo por todos. Estamos aqui trabalhando como um time e admiramos o seu posicionamento e humildade em buscar junto a todos nós, possíveis soluções ao problema — diz o Sr. Sergio Gaspar, um dos nossos mestres cervejeiros, que participou de toda a investigação junto com o Nandão para detectar o problema. 

− Pelas investigações que realizamos, percebemos que toda a cerveja fabricada, estava seguindo seus critérios rigorosos de qualidade, a partir daí, acompanhamos ela desde a saída da fabrica, até o carregamento dela — o Nandão começa a relatar. 

− Vejo aqui no dossiê, que vocês certificaram-se que a cerveja está sendo despachada para a exportação na data de fabricação. Isto é primordial, ajuda muito na economia de dias do produto, até porque sabemos que para chegar em outros países levam até 60 dias — elogio a eficaz dos dados. 

− Sim e foi carregado no transporte modal rodoviário nas datas de fabricação e acompanhamos até os armazéns de despacho — o Nandão diz irritado — O problema foi quando cheguei no armazém e vi as cervejas carregadas em containers simples, exigi na hora falar com o responsável. Ele acabou me contando que não disponibilizavam de muitos containers refrigerados e como tinham prazo de entrega, estavam seguindo ordens, para despachar em containers simples. 

− Filhos de uma... − respiro fundo — Será que eles não sabem que a cerveja precisa ser embarcada nos padrões necessários de temperatura? 

− Não foi por falta de informação Carlos. Fizemos reuniões e preparamos material normativo com regras de segurança para o transporte da nossa cerveja. Deixamos clara a exigência de que o nosso produto precisa ser transportado em uma temperatura ambiente de 22 graus. 

− Isso não estava acontecendo? — pergunto sem esconder minha irritação. Desrespeitar o contrato e tratar o produto que fabricamos com excelência com tanto descaso, me deixa furioso. Nandão tão furioso quanto eu, continua a narrar o inferno de Dante que era o transporte dos nossos produtos. 

− Exigimos em contrato containers com o transporte refrigerados na temperatura ambiente de 22 graus. Estamos em um país tropical, de temperaturas altas e nosso produto está sendo levado a outro continente com temperaturas diferentes das nossas e como todo o transporte dura até sessenta dias, esse cuidado é essencial. A oscilação da temperatura e as más condições de acomodação do produto são as responsáveis pela alteração do Davor do nosso produto. Vendemos um produto diferenciado, nossos clientes pagam mais caro para receber esse produto diferenciado. Mas por causa do trabalho de merda que essa transportadora está realizando, estão recebendo um produto de qualidade e paladar inferior — o Nandão conclui. 

− Participei de todas as reuniões, eles nos asseguraram que seguiriam a risca, nossas exigências — acrescenta o Leonel, nosso diretor responsável pela distribuição. 

− Está no contrato a cláusula que exige embarque das cervejas nos navios, estamos resguardados para qualquer decisão — ressalta Dr. Antero Munhoz, nosso advogado. 

Ouço tudo atentamente, inconformado com a falta de responsabilidade da empresa contratada. Os bastardos por irresponsabilidade mexeram com o nome da minha empresa e com aquilo que mais preso, que é a qualidade do meu produto. 

− Exijo a rescisão imediata com a empresa Afins Container. Não vamos manter um contrato com uma empresa que viabilizou sua economia para beneficio próprio, quebrando a confiabilidade que depositamos neles. 

A reunião segue e em comum acordo, decidimos contratar temporariamente uma empresa com um valor oneroso que disponibiliza somente de containers refrigerados, enquanto cotamos preços para aquisições de nossos próprios containers refrigerados, para não correr mais riscos. 

− Senhores, tenho mais um assunto em pauta — entrego a todos o memorando, explicando o Projeto Restauração da frota de motos e os deixo com a missão de aprimorar o projeto, deixando claro que já temos o mecânico responsável parcialmente contratado. Na verdade, ainda tenho algumas condições a está contratação, mas pelo o que conversei com a minha menina, ela me ajudará nesta empreitada, assim como o Nandão se prontificou a me ajudar.

Não estendemos muito, acabou a reunião e me despedi rapidamente de todos, pois em menos de duas horas, estarei no aeroporto, com a minha menina em meus braços. 

Caminho apressado pelos corredores da empresa, checando junto a minha secretária, todos os detalhes que pedi para ela providenciar. 

− Espera aí bonequinha, não esta pensando em me deixar para trás, quero guiar aquela belezura. Afinal... mereço uma recompensa, acabei envolvendo-me com você nesta missão quase impossível — o Nandão dá de ombros, falando baixo e se aproximando de mim. 

− Cara, estou morrendo de pressa, você sabe que minha missão é dupla, preciso checar se está tudo bem, antes de sair. Não posso falhar com um pedido tão especial da minha — paro de falar e completo — Patrícia — não devo satisfação para ele, mas sei se falo menina, ele vai começar com brincadeiras e insinuações e definitivamente não tenho tempo para dispersar. 

− Opa! Não quero te atrapalhar. Vamos embora logo. Pois não existe um ser nesta terra, que vai me tirar o privilégio de ajudar no seu plano. 

− Fanfarrão! — digo divertido, penso por segundos e aceno para ele consentindo. Tinha pedido para um motorista me acompanhar, mas conhecendo meu amigo, como conheço, sei que ele é a melhor pessoa para eu confiar para entregar a encomenda.

No painel anuncia a chegada do voo de Porto Alegre, sei que são apenas 4 dias longe dela, mas, para mim, pareceu a eternidade. Fiz milhares de planos, sei que ela terá que se estabelecer no apartamento primeiro, junto com os seus hospedes e por este motivo desmarquei tudo na minha agenda para os dois próximos dias. 

Conto entretido as batidas do meu coração, quando as portas do desembarque se abrem e ela aparece linda e sorridente. Se ela tivesse noção do poder que tem, andaria pelas ruas arrastando multidões, caminhando feito uma deusa, olha para todos os lados me procurando entre as pessoas que aguardam os passageiros. Caminho lentamente e quando nossos olhos se encontram. Minhas pernas ficam trêmulas e minha reação é única, abro os braços e ela sorridente acelera os passos de encontro a mim, não tenho dúvidas... Ela é a minha alma gêmea, descobridora do meu mundo, onde não tenho mais como percorrer sem tê-la ao meu lado. 

− Senti falta deste cheiro, minha menina dona dos meus gritos silenciosos de saudade — agarro-a em meus braços, sempre guiei meus ritmos, mas ela altera qualquer dança dos meus sentidos, ela dá os passos certos na hora certa, amo abraçar ela e sentir o seu calor. 

− Que recepção calorosa. Se foi só do cheiro que sentiu falta, vou me encarregar de comprar um frasco de perfume a mais, da próxima vez — ela brinca me beijando. 

− Não sobrevirei somente sentindo a fragrância do perfume, pois o que me fascina e me faz sentir falta é a combinação com o seu cheiro especial e este tenho certeza que não vem embalado em frascos de perfumes, porque ele é único. Senti saudade do pacote completo, principalmente do seu sabor — limpo meus lábios com a língua. 

− Podemos fazer um trato — ela me beija. 

− Animador! Vejo que chegou dispostas a negociar — perscruto cada curva do seu corpo, louco para desenhar com a minha língua cada pedacinho dela. 

− Não imagina o quanto garanhão — irresistível, é isto, que ela é, quando ela fala com este sorriso assanhado no rosto, me faz simplesmente, não querer menos do que estar com ela o resto da vida, beijo seus lábios novamente. 

− Se for para negociar em ficar mais do que 24 horas sem sentir o seu sabor novamente, considere rescendido o trato, antes mesmo de saber sobre o que se trata. 

− Saber negociar e contar o tempo é uma grande arte da sedução, bonitão — retribui o beijo. 

− Acredite em mim pequena, você pode escolher o tempo, mas eu escolho como deve aprender a usá-lo. 

Ela ri e somos interrompidos por um irmão, tossindo e uma doce menina, tímida com os olhos abaixados mediante a visão romântica a sua frente. Solto ela parcialmente e cumprimento os dois parados ao nosso lado. 

− Bem-vindo, Eduardo. Tenho alguns planos para nós nestes próximos dias. Vamos conhecer alguns pontos de São Paulo, acredito que você ainda não conhece. 

− Obrigada Carlão. Fico animado de conhecer um pouco mais desta cidade. 

− Carlos, meu amor — como é bom ouvir ela me chamar de amor — Esta é a Flávia, espero que tenha incluído mais duas pessoas neste pacote de guia turístico. 

− Prazer Flávia — aperto sua mão fria. Chega ser engraçado ver o quanto a moça é inibida. 

− O prazer é meu Carlos. 

− Não deixaria nunca de incluir duas mulheres lindas ao nosso passeio — impertinente urro silenciosamente de dor, a ciumenta acaba de me belisca. 

− Dá próxima vez que se referir a outra mulher, que não seja eu como linda, não será o seu abdome que apertarei e sim uma região mais delicada e sensível − ela sussurra no meu ouvido, com um sorriso no rosto. 

− Lembrarei disto — esfrego a área afetada, com juras mental, que não passará em branco tal ato. 

− Adoro o meu poder de persuasão. 

− Não tenha dúvida que mostrarei a você mais tarde, o quanto ele é eficaz — retribuo sussurrando — principalmente quando ouvir você gemer em meus braços, implorando por mais. 

Ela sorri e eu pisco para ela — Também me lembrarei disto meu pagador de promessas. 

Caminhamos juntos para saída do aeroporto de congonhas, em direção ao estacionamento. A Flávia fica admira com o tamanho do aeroporto, o Eduardo e ela conversam sem parar, soltando fartas a todo momento, ela se esquiva de tudo que envolve planos de passeio entre eles, a minha menina me olha atenta, todo momento. Quando ela me ligou explicando seu plano e me contando brevemente a situação dos dois, achei um pouco ousado, mas se ela quer assim, fiz o que estava ao meu alcance. 

− Conseguiu o que te pedi? 

− Consegui! Minha missão não foi muito difícil, só estou curioso para saber como é, que você conseguiu. 

− Quando quero uma coisa garanhão, movo céus e terra, mas no carro te conto como foi difícil. Quero ver os olhos dele. Estou muito ansiosa. 

− Quero ver os olhos dela, quando souber dos seus planos, isto sim — movo minha cabeça em direção, ao casal que parece não se acertar muito. 

− Já pensei em tudo. 

− Estou pagando para ver. 

Chegamos ao local onde minha caminhonete está estacionada. 

− Este é meu carro. 

− Bah, como é que vamos pra casa da Patrícia, num carro de dois lugares? Vamos ficar todos espremidos. 

− Nossa casa Dado! Nossa casa — me admiro cada vez mais com suas atitudes — O que é que temos aqui? − minha menina me olha com o olhar sapeca e tira a capa da moto, logo atrás − Não vamos espremidos meu irmão, pois a sua melhor amiga também veio. 

Ele olha para a sua Harley, não acreditando no que está vendo. Seus olhos chegam até a brilhar, emocionados. 

− Tu pensaste em tudo bonequinha!?! 

− Este é um recomeço, você merece recomeçar em grande estilo. 

− Como vocês conseguiram? Obrigado Carlão — ele parece um menino, de tão feliz − Cara você nem imagina, como senti por deixá-la para trás. 

− Os méritos não são meus, são da sua irmã. Estou curioso para descobrir como ela conseguiu, tanto quanto você. 

− Digamos que tenho pais maravilhosos — ela pisca para nós. 

Carregamos a caminhonete com as malas, fazendo mil planos, enquanto a Flávia, fica muda e calada, a moça falante, de minutos atrás esta pálida e quieta. 

− Eduardo acho melhor vocês nos seguir — minha pequena arteira começa seu plano. 

− Acho melhor, não conheço o caminho até o teu apartamento. 

− E eu? — ela resolve falar — vou com quem? Vocês não estão pensando que eu vou subir nesta moto? Estão? Nunca que eu vou subir na garupa do Eduardo — os olhos dela arregalam, acho que nem ela tem certeza, deste nunca, falhado que diz.

− Sou muito prudente Flávia — ele diz sério − mas se preferir... tem uma fila logo ali na frente, de carros brancos com taxímetro que podem te levar até lá. Mas fica sabendo que os taxistas daqui de São Paulo, costuram o trânsito, levando seus passageiros a viverem uma adrenalina angustiante, muito pior do que sentir a adrenalina da liberdade de estar indo de encontro com o vento. 

− Flávia, não sabia que você tinha medo de moto. Posso ir com o Dado — sorrio por dentro, com a cara de inocente que ela faz — Eu e o Carlos, matamos a saudade depois. Né, garanhão — você me paga se ela aceitar, fulmino ela com os olhos − Fica tranquila — pisca para mim. 

− De jeito nenhum. Não vou atrapalhar vocês. Posso ir de taxi, como o Eduardo indicou — a moça esta vermelha, não sei se de raiva ou medo de admitir que esta louca para se aventurar na garupa do Eduardo. 

− Até parece! Você não vai atrapalhar nada. Adoro subir na garupa do meu irmão, ele dirige muito bem. Você pode ir com o Carlos. 

Troco um olhar cúmplice com o Eduardo e fico de camarote olhando as duas encenando. Uma louca para subir na garupa dele e a outra fazendo o joguinho de eu não sabia. 

− Tudo bem, eu vou com o Eduardo. 

− Você quem sabe. Para mim não tem problema. 

Agradeço aos céus por ela ter concordado e pelo olhar de satisfação dos irmãos, acho que eles também ficaram satisfeitos. Então dentro do carro ela sussurra. 

− Acho que mereço um beijo. 

− Talvez mais do que um, você se saiu uma atriz de primeira, digna de Oscar. Por onde começo. 

Ela sorrindo responde: 

− Pode começar belos meus lábios, ou onde mais desejar. 

Sem ligar o carro, me debruço sobre ela — Meus desejos são tão intensos, sinto saudades da sua boca — passo meus lábios pelos dela — do seu pescoço — inalo seu cheiro — da sua orelha — assopro o ar quente preso nos meus pulmões, junto com uma leve mordida na orelha — quero beijar cada parte do seu corpo e fazer você implorar por mais, a cada beijo — desço minha mão livre por seu colo — as próximas 48 horas serão de beijos molhados e sedentos, serei somente seu. 

− Garanhão, então começa a me beijar, pois isto é o que mais sonhei nos últimos dias. 

Sozinhos, não existe distância, puxo ela em meus braços e como um mendigo faminto tomo seus lábios macios e delicados, nossas bocas se encontram, nossas línguas se entrelaçam e nossas respirações confirmam que o lugar dela é na minha vida, assim como o ar que respiro. Amo o seu gosto delicioso. Perdidos no tempo e na lasciva do desejo, somos interrompidos, por o ronco da moto. 

− Isto foi um aperitivo sobre o que serão as próximas 48 horas ao seu lado, ou o tempo já começou a contar? 

− Senti falta desta boca inteligente, minha menina impertinente - como senti.



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