*Diário da Penetração*
Eu descobri meu clitóris ainda
jovem e me apaixonei por esse pequeno e quente lugar do meu corpo. Eu fiquei
estupefata na verdade, assustada até por perceber que eu tinha uma coisa tão
incrível no meu corpo. Cheguei à conclusão de que Deus deve realmente me amar
para me dar algo tão maravilhoso que é só meu. Não achei nenhuma menção nos
meus livros de ciência, nada no livro médico que minha mãe tinha escondido em
um armário. Com certeza eu não sou a única mulher já nascida com algo tão
maravilhoso. Porque não havia nenhuma nota nele sobre isso?
A Educação Sexual na escola não
ofereceu nenhum esclarecimento sobre esse assunto, e consistiu basicamente em
avisos sobre doenças sexualmente transmissíveis e morte. Então, na escola, eu
aprendi que sexo, de fato, pode te matar ou te engravidar. Morta ou grávida;
nenhuma dessas opções me entusiasmou. A mensagem da escola era clara: Não
transe.
Eu ouvi vários comentários das
mulheres da minha vida, mas nenhum me surpreendeu mais que o que minha avó
disse a respeito: —A relação sexual é um dever da esposa perante seu marido,
mas não há necessidade de gostar.— Ela disse num tom que não deixou margem para
argumentação.
Eu ouvi aquela declaração, absorvi
com o meu cérebro de treze anos, e tentei juntá-la com tudo que eu já sabia
sobre meu corpo. Será que meu ‘lugar legal’ era de alguma forma separado da
relação sexual? Por que minha mãe não tinha mencionado quando tivemos nossa
única conversa sobre sexo? Se você não deve gostar, porque os livros de romance
estão cheios de cenas de amor?
Quando eu estava com dezesseis anos eu já tinha
aprendido o suficiente com amigas da escola no banheiro que tocar a mim mesma
era chamado de masturbação, Meu ‘lugar legal’ se chamava clitóris, e que o ato
sexual não era apenas um dever das mulheres para seus maridos. De qualquer
forma, mesmo com esses novos descobrimentos eu não me permiti ter um parceiro
sexual até eu ter dezoito anos e estar na faculdade. Perguntaram-me o porquê de
eu ter esperado, e a resposta era complexa. Eu desenvolvi uma relação peculiar
com o meu próprio prazer e meu corpo, e então esperei até que estivesse pronta para partilhar esse prazer com outra
pessoa. Esse relacionamento, minha sexualidade, tinha emergido através de anos
de autodescoberta e exploração mental. Levou-me um bom tempo para harmonizar os
pensamentos do meu próprio prazer com o ato de dividir prazer com outra pessoa.
Agora.... que teve um gostinho...
Vamos bisbilhotar um diário escaldante.
Já disponível na nossa biblioteca
Hétero
– D. L
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