sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Diário da Penetração

*Diário da Penetração*
Eu descobri meu clitóris ainda jovem e me apaixonei por esse pequeno e quente lugar do meu corpo. Eu fiquei estupefata na verdade, assustada até por perceber que eu tinha uma coisa tão incrível no meu corpo. Cheguei à conclusão de que Deus deve realmente me amar para me dar algo tão maravilhoso que é só meu. Não achei nenhuma menção nos meus livros de ciência, nada no livro médico que minha mãe tinha escondido em um armário. Com certeza eu não sou a única mulher já nascida com algo tão maravilhoso. Porque não havia nenhuma nota nele sobre isso? 

A Educação Sexual na escola não ofereceu nenhum esclarecimento sobre esse assunto, e consistiu basicamente em avisos sobre doenças sexualmente transmissíveis e morte. Então, na escola, eu aprendi que sexo, de fato, pode te matar ou te engravidar. Morta ou grávida; nenhuma dessas opções me entusiasmou. A mensagem da escola era clara: Não transe.

Eu ouvi vários comentários das mulheres da minha vida, mas nenhum me surpreendeu mais que o que minha avó disse a respeito: —A relação sexual é um dever da esposa perante seu marido, mas não há necessidade de gostar.— Ela disse num tom que não deixou margem para argumentação.
Eu ouvi aquela declaração, absorvi com o meu cérebro de treze anos, e tentei juntá-la com tudo que eu já sabia sobre meu corpo. Será que meu ‘lugar legal’ era de alguma forma separado da relação sexual? Por que minha mãe não tinha mencionado quando tivemos nossa única conversa sobre sexo? Se você não deve gostar, porque os livros de romance estão cheios de cenas de amor?

Quando eu estava com dezesseis anos eu já tinha aprendido o suficiente com amigas da escola no banheiro que tocar a mim mesma era chamado de masturbação, Meu ‘lugar legal’ se chamava clitóris, e que o ato sexual não era apenas um dever das mulheres para seus maridos. De qualquer forma, mesmo com esses novos descobrimentos eu não me permiti ter um parceiro sexual até eu ter dezoito anos e estar na faculdade. Perguntaram-me o porquê de eu ter esperado, e a resposta era complexa. Eu desenvolvi uma relação peculiar com o meu próprio prazer e meu corpo, e então esperei até que estivesse pronta para partilhar esse prazer com outra pessoa. Esse relacionamento, minha sexualidade, tinha emergido através de anos de autodescoberta e exploração mental. Levou-me um bom tempo para harmonizar os pensamentos do meu próprio prazer com o ato de dividir prazer com outra pessoa.
Agora.... que teve um gostinho...

Vamos bisbilhotar um diário escaldante.

Já disponível na nossa biblioteca


Hétero – D. L

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