O preconceito é uma praga que se alastra nas sociedades e vai deixando um rastro
de prejuízos, tanto físicos como morais.
O preconceito de raça tem feito suas vítimas, ao longo da história da humanidade.
Mas não é somente o preconceito racial que tem sido causa de infelicidade.
Esse malfeitor também aparece disfarçado sob outras formas para ferir e infelicitar.
Por vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade,
o sectarismo e os ódios sem precedentes.
Outras vezes apresenta-se em nome da preservação da raça,
gerando abismos intransponíveis entre os filhos de Deus.
Também costuma travestir-se de muro entre as classes sociais,
fortalecendo o egoísmo, o orgulho, a inveja e o despeito.
Podemos percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência e a ignorância,
disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão
ao menos instruído.
O preconceito também costuma aparecer travestido de patriotismo,
criando a falsa expectativa de supremacia nas mentes contaminadas pela soberba.
Ele também pode ser percebido com aparência de idealismo político,
explorando mentes juvenis inexperientes e sonhadoras,
que são usadas como massa de manobra.
Como se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que deveria ser combatido
como se combate uma epidemia.
Essa chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz.
Por essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação,
sob disfarces variados, e impedir sua investida infeliz.
Começando por nós mesmos, vamos fazer uma auto-análise para verificar se o preconceito
não está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes diárias.
Depois, extirpar de vez por todas esse mal que teima em nos impedir de viver a solidariedade
e a fraternidade sem limites, como propôs o Mestre de Nazaré.
Autor : Anthony de Mello
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