Capítulo 8
18 meses depois
- Essa noite é muito especial para
ela, então se comportem.
Caetano pediu pelo comunicador preso em sua orelha aos amigos, enquanto conduzia o carro que liderava o pequeno comboio de quatros veículos.
- Já entendemos da primeira vez Don
Juan, não precisava repetir outras dez.
A
voz de Álvaro soou irônica, provocando o riso dos demais.
- Isso é sério, ela merece o melhor.
- admoestou.
- E ela terá. – o irmão respondeu
encerrando a comunicação.
Sorriu ao pensar no quanto ela
ficaria surpresa em vê-lo, quando deixara claro que não poderia estar em
Vitória da Esperança naquela noite.
Já fazia vinte meses desde que ele batera na
porta da casa dela no meio da noite. O relacionamento deles era não era
convencional, sendo muito sincero, tinha tudo para dar errado, mas contrariando
todas as suas perspectivas, graças a Deus, o laço entre eles se fortalecera com
o passar do tempo.
Marina
era seu mundo, sua casa...
Revelara-se
a companheira perfeita para ele.
Além
de tolerar seu trabalho, com suas constantes ausências, ela acreditava no que
ele e sua equipe realizavam e a amava ainda mais por isso.
Naquela noite, ela estava sendo a
anfitriã de um baile de caridade, que recebia as autoridades da região, com a
finalidade de arrecadar fundos para construção de um espaço multiuso para
crianças e jovens carentes. Foram meses de planejamento e trabalho duro, para
que tudo saísse perfeito e no que dependesse dele, ela teria sucesso.
Pelo retrovisor, visualizou mais uma
vez o pequeno comboio que o seguia.
Ainda
não acreditava que os caras haviam concordado com sua loucura, porém, provando
mais uma vez, que mais que amigos, eram irmãos, os malucos aceitaram seu pedido,
sem ao menos pensarem melhor no assunto.
Olhou
furtivamente para a pequenina caixa aveludada, depositada sobre o banco do
passageiro, sentindo a convicção que finalmente em sua vida, tinha absoluta
certeza de quem era e onde ficava sua casa.
Marina
era seu lar.
Marina observava o ambiente decorado
com lanternas ornadas com flores, sem conseguir esconder o sorriso de
satisfação. Tudo dera certo e a arrecadação fora superior a meta estabelecida,
para a construção do imóvel, que serviria de centro cultural e de esportes.
Em silêncio agradeceu mais uma vez a
Deus a chance de reescrever sua história.
Sentia-se
uma mulher feliz e realizada.
Contemplou
a pista de dança, para onde a maioria dos convidados havia se deslocado. Dançavam
ao som de uma banda local, que naquele momento tocava baladas românticas. Quem
não quis se aventurar, conversava animadamente nas mesas.
O
clima era aconchegante e agradável.
- Está tudo lindo, deve estar
orgulhosa. – Alicia, que a estava ajudando com a organização lhe disse ao se
aproximar.
Trazia
em uma das mãos o rádio para se comunicar com a equipe de apoio e com a
portaria.
-
Na verdade, agradecida seria a palavra correta.
Ela
já se imaginava enchendo os ouvidos de Caetano ao contar cada detalhe, como prometeu
que faria quando ele voltasse
-
Você deveria dançar também Alicia.
- Eu passo. – A mulher respondeu com
ênfase.
A
voz do funcionário da portaria soou no rádio, informando que quatro carros
acabavam de entrar no estacionamento.
-
Eu pensei que a essa altura não faltasse ninguém. – Alicia comentou confusa.
- Eu também. – Marina respondeu bem
humorada pelo sucesso do baile – Enquanto recebo nossos convidados você pode
providenciar as mesas?
- É óbvio. – disse já saindo para
cumprir a tarefa.
Marina
a observou por um instante, perguntando-se se algum dia seria dado àquela
mulher, a mesma graça que ela mesma recebera.
Um
homem que a amasse tanto que curaria todas as feridas de sua alma.
Uma sorridente Nina chegou à porta
do salão para receber os recém-chegados.
O
sorriso se transformou em choque, ao ver Caetano liderar o pequeno exército de
sete homens, altos, fortes e elegantemente trajados, que vinham em sua direção.
Literalmente
boquiaberta, reconheceu cada um dele.
Caetano sentiu o peito apertar, para
em seguida inflar de orgulho, ao vê-la esplendorosa num longo e elegante vestido vermelho. Nos
cabelos curtos usava uma delicada tiara.
Perguntou-se
como um homem poderia ter tanta sorte em uma única vida.
- O que está acontecendo? – ela lhe
sussurrou quando se aproximou.
Se
eles não estivessem tão elegantemente vestidos, podia jurar trata-se de uma
missão de resgate.
Ele
diligentemente ignorou sua pergunta e depositou um beijo leve em seus lábios.
- Marina quero te apresentar os caras
da minha equipe, mais que colegas de trabalho, somos uma família. – Disse
adorando a expressão de total incredulidade no rosto dela.
Iniciou as apresentações sem perda de tempo.
- Este é o Henrique.
O
homem que durante sua estada no santuário, respondera pelo nome de André a
cumprimentou e cavaleiro, beijou sua mão.
- Muito prazer senhorita Marina.
Henrique
sorriu e deu um piscadinha, divertido por notar que ela estava muito chocada
para responder.
Sem
ter tempo para recuperar-se a apresentação, Caetano continuou.
Foi
revelado que homem alto de feições nórdicas, que atendera pelo nome de João, na
verdade se chamava Thor.
O com traços árabes que para ela era Matheus, chamava-se
Kashim.
O de cabelos negros na altura dos ombros e que
tinha a atitude de não estou nem aí com o mundo, não era Marcos, o seu nome
verdadeiro era Javier.
O
negro de cabeça raspada não se chamava Bartolomeu, o nome Bourregard lhe pegou
totalmente desprevenida. Sorrindo de sua inércia diante da situação, Bourregard
informou que os amigos, como ela,
poderiam chamá-lo simplesmente de Bo.
- E por ultimo e não menos importante
– Caetano anunciou – Quero que conheça meu irmão, Conrado Montessori.
Ela
se viu olhando para Álvaro Nascimento.
- Seja bem vinda a família Marina.
Conrado
disse baixinho, antes de também beijar sua mão e ir ao encontro dos demais que
já se instalavam na mesa, que uma Alicia, visivelmente nervosa, providenciara.
- Você está linda. – Caetano
sussurrou em seu ouvido ao abraçá-la pela cintura.
- Você também está muito elegante. –
respondeu com o coração trovejando.
Por
um instante observou os seis homens incomuns, que sentados em volta da mesa,
pareciam fazer parte de uma conferência da ONU, de tão diferentes entre si. Se
bem que os delegados da organização, não seriam tão altos e fortes quanto eles.
- Porque fez isso? – perguntou
baixinho, ainda atordoada.
Perguntava se existiria prova de amor, maior
do que aquela. Entregava em suas mãos, não somente a sua vida, mas a de todos
que eram importante para ele.
- Dance comigo Nina.
Caetano
pediu ao ouvir a banda iniciar a musica Because you loved me.
- Agora?
Não
passou despercebido, que ele não respondera a sua pergunta.
- Sim, existe momento melhor que
esse? - Perguntou ao adaptar o abraço a postura para dançar com ela.
- Aqui? – disse referindo-se a
recepção.
- Existe lugar melhor?
Ela sorriu para ele.
- Não.
Embalados pela melodia, permitiram
entregar-se a magia daquele momento, onde parecia que nada mais existia no
mundo. Somente os dois e o sentimento forte e poderoso que já não cabia dentro
deles, transbordava.
No
finalzinho da música, ele aproveitou a mão dela depositada em seu peito, e
furtivamente deslizou a aliança em seu dedo anelar da mão direita.
- Oh! – ela exclamou verdadeiramente surpresa.
- Case comigo Marina, sei que não
posso te oferecer uma vida normal e estruturada, sendo um marido que volta do
trabalho todas as noites, ou ser um pai presente para nossos filhos. Sei que
apesar de nada falar, te machuca não saber se vou conseguir voltar para você
depois de cada missão. Nem mesmo eu sei se verei um amanhã, mas se houver, eu
quero passá-lo com você, porque eu te amo Nina, te amo com tudo o que sou, com
tudo o que tenho, sei que o que ofereço é muito pouco. Nunca teremos a vida
cotidiana de um casal normal, mas quero te entregar tudo que eu sou, meu corpo
e minha alma, meu amor e minha vida.
Nessa altura as lágrimas já rolavam
soltas pela face dela.
- Amo você, não importa quantos
nomes tenha. Não preciso de um marido normal, preciso de você. Meu coração, meu
corpo e minha alma pertencem a um único homem e ele me faz muito feliz. Como
pode dizer que tem pouco a me oferecer, quando me deu tudo? Confia em mim de
uma maneira que me assusta, mas eu te amo ainda mais por isso e sim aceito me
casar com você, no meu coração já sou sua esposa, ainda não percebeu?
Lentamente ele aproximou o rosto do
dela e o beijo, longo, lento e sensual os deixou sem fôlego.
- Quando podemos ir embora? - Caetano perguntou com a voz rouca.
- Meia hora? – ela sugeriu.
- Vinte minutos, no máximo. – ele
decretou.
- Não seremos indelicados com eles?
- Marina perguntou ao olhar em direção à mesa que a equipe dele ocupava.
Notou
a maneira intensa com que Bo parecia seguir com os olhos, cada passo de Alicia
e pressentiu que aqueles dois tinham uma história.
- Enquanto estiverem aqui eles serão
os apóstolos – Caetano esclareceu, sabendo que ela entenderia o recado - Eles
sabem que o que mais desejo nesse momento é ficar sozinho com minha futura
esposa
- Terá que esperar os vinte minutos
futuro marido. – provocou. - Posso fazer uma confissão?
O
olhar maroto dela o avisou que algo interessante estava por vir.
- Sempre Nina. .
- Quando estávamos no santuário,
costumava me divertir, imaginando vocês como outro grupo igualmente unido e
trabalhador.
- É
mesmo? Qual?
- Os sete anões. – confessou
provocando uma sonora gargalhada de seu futuro marido.
Fim...
Será?
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