domingo, 10 de agosto de 2014

PRÍNCIPE DA VINGANÇA - Capítulo 02



CAPÍTULO DOIS
Oito semanas depois...
Júlia
Eu esperava Leon na suíte presidencial do Copacabana Palace no Rio. Observei o movimento da Avenida Atlântica e da orla da praia de Copacabana da ampla sacada, sentindo a maresia de encontro ao meu rosto. Às vezes pensava se não era um sonho que estava vivendo. Era tudo perfeito. Leon transformou as últimas oito semanas em um conto de fadas. Recebia flores frequentemente, mesmo quando ele não estava no Rio.
Teve que voltar duas vezes a seu país, uma ilha localizada ao sul da Itália, mas sempre ligava para saber como eu estava. Levava-me sempre aos melhores lugares. Sabia que ele era um executivo de muito sucesso. Não sei exatamente qual é seu ramo, mas é óbvio que é bem sucedido. Franzi o cenho. Nunca tive a curiosidade de pesquisa-lo. Às vezes eu o sentia muito reservado. Seus olhos negros intensos me analisando como se tentassem enxergar dentro de mim. Leon transpira requinte e dinheiro, muito dinheiro. Não que isso me importe, jamais dei importância a esse tipo de detalhe. Mas ele insiste para me comprar roupas e joias caras e parece feliz quando aceito os presentes. Quase não trabalho mais como modelo, ele diz que não suporta me ver exposta a outros olhares masculinos. É tão possessivo. Tão intenso. Coro só de lembrar as coisas que diz e faz comigo na cama e fora dela... Ele é insaciável. Sorri sentindo-me excitada, louca para estar nos braços dele, senti-lo todo dentro de mim.
Foi inevitável, eu me apaixonei perdidamente por meu ilustre desconhecido e acredito que ele também a ama. Faltam apenas algumas semanas para ele retornar a seu país definitivamente, e eu sei que irei com ele. O que temos é intenso demais. Foi assim desde o início. Ele me olha e eu tremo por dentro. Ele me tem completa e irrevogavelmente. Quando estamos juntos não conseguimos nos desgrudar um do outro. Levei minhas mãos à minha barriga ainda plana e suspirei feliz. Sei que no momento em que der a notícia de que espero um filho, um filho dele, Leon ficará radiante, como eu fiquei quando constatei a gravidez há uma semana.
_ Por que tão pensativa delizia mia? _ estremeci ao ouvi-lo sussurrar no meu ouvido. Não o ouvi chegar. Eu amo esse sotaque italiano e sua voz profunda, sedutora.
_ Leon... Não ouvi você chegar. _virei-me o enlaçando pelo pescoço, recebendo o beijo sedento que ele depositou nos meus lábios, enquanto me levantava nos braços fortes.
_ Duas noites sem você e já estou louco perla mia. _ Ele disse depositando-me sobre a enorme cama._ Pequena feiticeira... _ rosnou livrando-me das roupas com sua urgência característica.
_ Também me sinto assim, meu querido. _admiti ajudando-o a livrar-se das próprias roupas. Meus dedos tremiam. Ele era perfeito demais e era meu. Ainda não conseguia acreditar.
Leon me puxou de repente para a beira da cama eu fiquei de cara com seu pênis duro e enorme. Tirou um lenço de um dos bolsos de suas calças e me vendou com um riso perverso.
_ Me chupe, putinha gostosa. _ disse baixo e rouco, puxando-me pelos cabelos até meus lábios tocarem seu membro. _ abra a boca, porra!_ grunhiu enfiando seu pênis até a minha garganta, dilatando-a. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu comecei a chupá-lo. Ele fica exigente e mandão durante o sexo, mas eu gosto. _ Dio! O que eu faço com você? Hum? Eu não consigo parar de pensar em você porra! Isso putinha... Ahhhh! _ gemeu estocando forte. _ me chupa gostoso... Cristo! _ continuou comendo minha boca sem trégua, segurando minha cabeça me deixando sem ar.
_ Leon... _ eu puxei minha boca respirando rápido. Não posso vê-lo, mas ouvi seu sorriso e pelo tom sei que seus olhos são perversos agora. Empurrou-me de volta para a cama. Deitou-me de bruços, beijando e mordiscando minhas costas, descendo pelo meu bumbum arredondado. Ele sempre dizia que adorava meu bumbum... Deliciou-me com suas carícias. Ele sabe o limite entre a dor e o prazer. Puxou-me grosseiramente pelos cabelos até ficarmos os dois de joelhos na cama. Sim, ele é mesmo mandão e dominante no sexo. Mas eu amo isso, tudo que ele faz comigo. Então invadiu minha boca com uma ânsia louca, enquanto suas mãos exploravam meus seios e rasgava a pequena calcinha vermelha que eu usava. Eu gemi em sua boca. Ele riu baixinho e desceu a mão possessiva mapeando minha vulva latejante, massageando-a, enquanto sussurrava em meus lábios que havia sonhado comigo, que nenhuma mulher lhe deu tanto prazer, nunca. Introduziu um dedo dentro de mim e eu arquejei sentindo meus sucos jorrarem me preparando para ser tomada por ele. Leon grunhiu quando me sentiu molhada, pronta para ele.
_ Não posso esperar mais, delizia mia... _ grunhiu e puxou minhas nádegas de encontro a ele, forçando-me a ficar de quatro. Senti a cabeça grande do seu pênis em minha entrada e ele investiu poderosamente todo o caminho dentro de mim, me esticando ao limite. Puta merda! Choraminguei. Ele é tão grande e espesso. Quase grande demais para mim, mas eu amo a sensação dele dentro de mim. Gemi me ajustando à seu tamanho. _ Dio! Que saudade dessa bocetinha gostosa... Da minha putinha gostosa. _ ele sussurrou tirando todo o Pênis e metendo de volta com golpes duros e profundos. Ele ama essa posição. Eu podia senti-lo bater no meu útero. Gritei no limite entre a dor e o prazer.
_ Oh! Ohhhhh! Deus! Leon... _ Gemi sentindo um orgasmo se formar a partir do meu ventre. A venda deixava tudo muito mais intenso. Leon ficou cada vez mais insano, mergulhando em mim com investidas cada vez mais duras, profundas, sussurrando palavras em italiano. Ele me chamava de feiticeira, dizia que não conseguiria mais ficar sem o prazer que eu lhe proporcionava. Não entendi... Ele parecia estar... Se despedindo?
_ Você gosta disso, não é? Você ama ser minha putinha. Diga! _ ele exigiu tirando todo o pênis e esfregando no meu ânus. Seus dedos entraram na minha vagina levando meus sucos até meu orifício. _ Vou foder você aqui. Ainda está dolorida da última vez? _ ele disse rouco. Eu neguei tomada pela luxúria. Ele fazia isso comigo. Meu corpo era dele para fazer tudo. Senti seu dedo me sondando, entrando aos poucos. Eu fui empurrando de volta e relaxando, ele me ensinou a primeira vez que fizemos. Doeu pra caramba, mas gozei como nunca. Agora eram dois dedos totalmente dentro de mim me alargando para tomar o enorme pênis dele. _ Eu amo esse rabinho, sabia. _ ele grunhiu retirando os dedos e encaixando a cabeça robusta do Pênis no meu orifício. Meus sucos ajudaram e ele foi entrando devagar, retirando e entrando um pouco mais de cada vez até que estocou duro me rasgando, metendo até o talo. Gritei sentindo suas bolas batendo na minha vagina. Ofegamos e gememos juntos. _ Vem, rebola essa bunda gostosa no meu pau até você se acostumar com ele. _ Eu adoro quando ele fala sujo assim. Meu orgasmo vem muito rápido. Eu obedeci, rebolando no pênis dele ouvindo seus gemidos e rosnados. Ele levou uma das mãos e enrolou no meu cabelo, a outra apertou meu quadril e realmente começou a me foder. Ele metia com força no meu ânus apertado, causando ardência. Eu estava no limite.
_ Que porra de visão linda! Minha putinha vendada e imobilizada tomando meu pau até as bolas no rabinho gostoso! Ohhhhh! _ gemeu me fodendo loucamente.
_ Leon... Ohhhhh... Deus! _ gemi sentindo lágrimas nos meus olhos. Ele largou meu cabelo e puxou a venda dos meus olhos. Debruçou-se sobre mim, tomando meu queixo com força e me deu um beijo molhado. A mão do quadril foi para meu clitóris, ele o manipulou e beliscou até que eu estava gritando seu nome e gozando loucamente minha bunda indo de encontro a ele, deixando-o me rasgar com suas estocadas brutas. Ele continuou a comer meu ânus sem trégua. Uma palmada desceu com força na minha bunda e ele estocou tão forte que pensei que fosse me partir ao meio.
_ Pooooorra! Que gostoso gozar nesse rabinho apertado! Ahhhhhhhhh! _ gritou e finalmente gozou rosnando, uivando como um animal no cio, alagando-me com jatos e jatos de sêmen. Eu caí na cama, sem forças. Leon era muito intenso, me drenava totalmente. Ele caiu por cima de mim gemendo, ainda enterrado completamente no meu ânus palpitando nos últimos espasmos de seu clímax. Saiu de mim instantes depois devagar e eu arquejei com a ardência. Nossos olhos se encontraram quando ele deitou-se do meu lado. Ficamos assim nos olhando por um tempo. Um silêncio perturbador se instalou entre nós. Ele fechou os olhos, mas percebi algo lá.
Arrastei-me até ele e beijei seus lábios, nossas respirações se misturando. O cheiro dele era esplêndido. Ele abriu os olhos e a sombra estava ali de novo. Senti um frio estranho na espinha. Havia algo errado. Leon parecia atormentado. Rolei para o lado, sai da cama e dirigi-me ao banheiro. Quando voltei vestindo um curto robe branco, já o encontrei vestido encarando a cama desarrumada como se o móvel fosse seu pior adversário. Era como se tivesse se arrependido do que havíamos feito ali. Ele desviou o olhar negro para mim e então, tive certeza de que havia algo muito errado. Seu olhar era abertamente hostil. Não havia o menor sinal do amante apaixonado de minutos atrás.
_ Algum problema? _ aproximei-me temerosa. _ Nunca vi essa expressão em seu olhar.
Ele riu de forma sarcástica, os olhos negros mostrando um desprezo nunca antes percebido por mim.
_ A farsa precisa acabar agora, cara_ disse entre dentes vindo em minha direção.
Recuei atordoada. Leon parecia outra pessoa.
_ Do que está falando, Leon? Que farsa?
_ Para você é Vossa Alteza real, Leon Di Castelani, Príncipe herdeiro da Ilha de Ardócia! _sua voz era fria e cortante.
_ O... o que? Do que está falando? _ indaguei confusa.
_ Você, cara, foi amante de um príncipe._ sorriu cínico. _ de dois príncipes na verdade.
_ Você é um príncipe? Co como? _ balbuciei sem poder acreditar naquilo.
_ Si, cara, Príncipe Leon Di Castellani, irmão do príncipe Damien Di Castellani, que teve a triste sorte de cruzar o caminho de uma putinha ordinária que o iludiu, roubou e o levou ao suicídio.
_ Sinto muito... Eu não sabia...
_ Você sente muito? _Ele me encurralou contra a parede. _Você é a vadia que acabou com a vida de meu único irmão! Pare com esse teatro de: Oh, como eu sou pura e honesta! Você não passa de uma maldita puta e vai pagar-me caro! _ gritou a centímetros do meu rosto.
Senti uma dor aguda no ventre e me encolhi, sentando-me na cama. Não era possível... Era tudo um terrível engano. Tinha que ser. Não conhecia nenhum príncipe Damien. Nada fazia sentido. Pensei enquanto as lágrimas banhavam-me o rosto.
Ele me olhou, sua expressão dura quase suavizando quando viu as lágrimas escorrendo pela minha face. Levantou uma das mãos, mas a abaixou antes de me tocar e se afastou. Correu as mãos pelos cabelos e cerrou os olhos com força por alguns momentos. Quando os abriu estava no controle novamente e a expressão de ódio e desprezo havia voltado.
_ Devo avisá-la de que sua carreira chegou ao fim. Você está arruinada como modelo. Sou bem relacionado. Meu pessoal está de olho em você desde o suicídio de Damien. Tenho o relatório completo sobre a sua vida, inclusive seu caso com meu irmão. Tenho fotos de vocês sempre juntos. Portanto, não tente negar. _ Leon escarneceu. _ Damien teve dez milhões de dólares fora de sua conta bancária no período de seis meses anterior a seu suicídio. Você era a única pessoa próxima a ele. O que fez com o dinheiro? Diga-me como foi. Você o iludiu com esse rosto de anjo e esse corpo que escraviza homens? Diga o que aconteceu para meu irmão tirar a própria vida.
_ Não conheci seu irmão. Precisa acreditar em mim. _ pedi com voz fraca. Não sabia o que doía mais: a dor física, ou meu coração que Leon estava pisoteando.
Leon foi até sua pasta e tirou um calhamaço de papéis, jogando-o sobre mim. Peguei e fiquei estarrecida quando vi o conteúdo. Era realmente eu nas fotos. Mas aquele a quem Leon chamava de Damien, era meu querido amigo Paolo. O conheci há três anos. Participávamos do mesmo grupo de estudos e pesquisas de história antiga da Universidade Federal do Rio Janeiro. Paolo era tão fascinado por antigas civilizações quanto eu. Adorava as conversas com ele sobre o Império Romano. Ele conhecia muito sobre a história da Itália. Foi com ele que treinei meu italiano enferrujado. Havia ficado devastada com seu suicídio há seis meses.
_ Isso tudo é um terrível engano, Leon. _encontrei forças para me levantar. _ Esse é Paolo, um amigo querido que faleceu há seis meses. Não consigo entender.
_ Paolo era a identidade secreta de Damien, todos nós da realeza temos uma para nossa privacidade._ ele disse seco.
_ Não tínhamos um caso. Éramos amigos, muito amigos._ disse com dificuldade sentindo-me zonza._ estávamos sempre juntos, mas não como homem e mulher. Você sabe disso.
_ Oh, sei que você nunca foi para a cama com ele. Você se negou a ele não foi?_ ele sorriu cínico e prosseguiu atacando-me: _ Então, como se sente agora sabendo que foi apenas uma puta que eu usei só para o meu prazer? Oh, você sentiu prazer também... Não podemos esquecer isso. Poucas horas depois de me encontrar já estava sob o meu corpo se contorcendo e gemendo como a vagabunda que é. Apesar do corpo virgem, você já era uma prostituta na alma. Não pense que me sinto lisonjeado por ter sido seu primeiro amante, embora tenha me dado prazer como nenhuma outra_ Leon despejou e deve ter visto como aquilo me feriu, pois quase recuou ao notar como eu tremia, mas seu ódio parecia não ter fim. _ Você pediu por isso, cara, quando roubou e chutou meu irmão como se ele fosse um inseto. _ concluiu verdadeiramente transtornado.
Então, tudo foi uma espécie de vingança? Eu não podia acreditar que meu doce sonho havia se transformado num terrível pesadelo. Observei o homem à minha frente julgando-me e condenando-me sumariamente. Nada foi real. Nunca houve interesse real dele por mim. Tudo uma grande e cruel farsa. Senti uma dor lancinante que roubou minha respiração e levei novamente a mão ao ventre, dessa vez Leon acompanhou o gesto. O quarto começou a rodar, meus olhos foram ficando pesados...
_ Sente-se. Parece que vai desmaiar... _As palavras dele ficaram no vazio, pois eu desabei sobre a cama.
******
Quando abri os olhos já era dia. Onde estava? Relanceei os olhos pelo recinto e vi Leon sentado numa poltrona próxima à cama. Era um hospital? O bebê! Oh, Deus! Perdi meu bebê.
Levantei a cabeça devagar, ele parecia adormecido. Não ficaria ali no mesmo lugar que aquele bastardo. Consegui levantar a muito custo e sai me arrastando pela cama, mas estaquei quando senti uma mão grande na minha cintura.
_ Aonde pensa que vai? Você está muito fraca, precisa descansar. _ Leon me encarou.
 Por um momento parecia o meu Leon falando, mas não era, pensei desolada deixando que ele me deitasse de volta na cama. Virei o rosto de lado para que ele não visse minhas lágrimas. Era humilhante.
_ O bebê está bem._ ele disse e eu virei o rosto banhado de lágrimas. Leon me olhou com olhos quase ternos, mas virou-se indo até a janela. Ele claramente não queria nem olhar par mim. _ Por que não me disse nada e quase me deixou matar meu próprio filho?
_ O que quer dizer com isso? Que você quer esse bebê? Não me faça rir.
_ Em meu país os homens não abandonam seus filhos. _ Ele voltou-se para me olhar.
_ Sério? Então agora quer me convencer de que é um homem honrado? Poupe-me.
Leon contraiu o maxilar visivelmente desconfortável.
_ Sou um homem honrado e não vou abandonar meu filho. _ afirmou, os olhos escuros fuzilando-me .
_ Mesmo que ele seja fruto da relação com uma puta que só usou para seu prazer? _ eu disse deixando toda a dor transparecer na minha voz.
_ Ainda assim. _Ele afirmou com os olhos ainda presos nos meus. _ Não fico feliz em saber que uma mulher como você será mãe de um filho meu. Mas um filho é algo sagrado em meu país, em minha família. _Ele cerrou os olhos e disse com voz estrangulada. _ Ouça, você está frágil e o bebê também. Temos coisas a discutir, mas esse certamente não é o momento. Ficarei fora por duas semanas, tenho negócios em São Paulo, creio que será melhor para você se recuperar. A clínica está paga, você está sob os cuidados dos melhores médicos. Por favor, não faça nada que coloque em risco a vida do bebê.
O cretino agora vinha com aquela voz mansa e preocupada. Se tivesse forças poderia dizer onde enfiar aquela falsa preocupação. Mas por enquanto aquele bastardo tinha razão, eu precisava descansar pelo bem de meu bebê. Era só para ele que viveria a partir de agora.
Uma semana depois, eu já estava pegando um vôo para a França, uma amiga de minha mãe me emprestou sua casa em Vernon. Fiquei por lá seis meses. Gastei quase todas as minhas economias, pois usava só dinheiro vivo. O bastardo poderia estar rastreando meu cartão de crédito. Minha amiga Kênia foi me visitar e viajou comigo até o leste da Inglaterra onde me escondi até dar a luz meu filho. Minha mãe chegou quando estava no sétimo mês e cuidou de mim até Ricardo, meu lindo bebê fazer dois meses.
Pesquisei o cretino o tempo todo na internet. Fiquei com ódio de mim mesma por ter caído tão fácil na sedução dele, mas ele claramente estava acostumado a isso. Havia zilhões de fotos dele ao lado de mulheres lindas, atrizes, cantoras, modelos. A mídia o retratava como um príncipe playboy, mas descobri que Leon era também um dos maiores produtores de vinho da Europa. Sua fortuna pessoal era avaliada em bilhões. Eu o odiei a níveis estratosféricos por ter me obrigado a me esconder como uma criminosa. Mas não deixaria que aquele bastardo cruel colocasse as mãos no meu filho, nunca. Mas, meu dinheiro finalmente acabou e eu tive que usar meu cartão para retirar um depósito de emergência que minha mãe fez para mim. Eu nunca disse realmente a natureza da minha relação com o pai de Ricardo para ela. Eu teria que contar em algum momento. Só estou me fortalecendo um pouco mais porque não é fácil aceitar que a pessoa que você amou e se entregou de todas as formas possíveis te deu uma rasteira e te deixou no chão. Eu só não consigo ainda falar sobre isso.
*****
Chelmsford, leste da Inglaterra...
Leon
_ Ciao[1], Júlia! Pensou mesmo que conseguiria se esconder de mim para sempre?
Ela empalideceu assim que abriu a porta da velha casa naquele subúrbio no meio do nada e deu de cara comigo. Aqueles olhos... O rosto perfeito ainda perseguia meus sonhos. Um ano. Havia se passado um ano desde que a deixei naquele hospital no Rio e ela sumiu sem deixar rastros. A vadia ordinária roubou meu filho. Meus olhos deslizaram pela figura alta e esguia dela como se tivessem vontade própria. Então a pequena ladra conseguiu manter a forma mesmo depois de dar a luz há apenas quatro meses... Estava tentadoramente linda!  Percorri seu corpo perfeito sem pressa, enquanto todos os meus sentidos de macho eram despertados. Meu pau ficou rígido prontamente. Eu odeio, mas essa é a reação que ela arranca de mim.  Usava um top colorido que deixava boa parte do ventre reto e firme à vista. Um short jeans desbotado deixando as coxas esbeltas e torneadas totalmente à mostra. Os cabelos loiros presos num rabo de cavalo e a franja desfiada caindo na testa a deixava com aparência de adolescente. Tão fresca e vibrante... Bella como em minhas lembranças.
Ficamos ali nos analisando durante alguns preciosos segundos. Os olhos devorando cada detalhe do outro. Ela parecia tão perturbada quanto eu. Si cara, abri um riso cínico, isso definitivamente não acabou. Seus lindos olhos escureceram, sua língua rosada molhou os lábios cheios num gesto que denunciava seu nervosismo e... excitação. Um gritinho infantil quebrou o silêncio me tirando do meu patético encantamento por aquela puttana. Adentrei a casa empurrando-a para longe do meu caminho, ela quase se desequilibrou, mas amparou-se na porta. Quando fechou a porta e voltou-se para mim, me encontrou ajoelhado frente o carrinho de bebê onde meu filho estava dando sinais de impaciência. Meu filho, Dio! Finalmente o encontrei. Uma emoção sem tamanho tomou conta de mim ao ver aquele corpinho se esticando e o rostinho rechonchudo sendo transformado numa careta de choro.
_ Tuo padre è qui[2]. _ peguei o pequeno corpo agitado no colo e o perfume suave me envolveu. _ finalmente o encontrei tesoro, piccolo mio[3]._O bebê foi se acalmando aos poucos enquanto me ouvia falar baixinho em italiano.
Pela minha visão periférica vi Júlia andando e parando à minha frente. Levantei os olhos do meu filho para encarar aquela criatura sórdida que infelizmente era a mãe dele. Ela estava apavorada, era isso que sua expressão dizia. Ótimo! Iria sofrer muito por ter me tirado o direito de ver meu filho nascer.
_ O gato comeu sua língua, cara mia? _ perfurei-a com o olhar, minha voz soando enganosamente suave.
_ O que quer que eu diga Leon? Que é um prazer rever você? Que o estava esperando? _ ela exasperou-se.
_Você devia estar me esperando, cara. Você fugiu com meu filho. Achou mesmo que eu a deixaria cria-lo? Mulheres como você não deviam ter filhos!_ minha voz saiu cortante, medindo-a de cima a baixo. Eu a odeio! Bem, pelo menos eu quero isso com todas as minhas forças.
_ O que está dizendo? Não pode tentar tirar meu filho de mim, Leon. _ ela aproximou-se de mim cuidadosamente, os olhos de esmeralda suplicantes.
_ Não vou tentar cara. _ disse, e vendo a apreensão se suavizar nos olhos dela, continuei: _ Vou tirá-lo de você, pode ter certeza disso.
Naquele momento o bebê choramingou, tentei acalmá-lo sem sucesso.
_ Deixe-me acalmá-lo. _ ela estendeu as mãos para pegá-lo, eu não queria perder o contato com ele ainda, mas enfim cedi e entreguei o menino que parecia chorar cada vez mais alto. _ ele está com fome. _ Júlia informou ao mesmo tempo em que se acomodava numa velha poltrona e tirava o seio para fora do pequeno top. O bebê atacou o seio com ânsia e logo estava calmo tendo o rostinho acariciado pela mãe.
Fui atingido por aquela imagem mais do que gostaria. Ela, contra todas as minhas suspeitas parecia ser uma boa mãe. O lindo rosto se encheu de amor quando encarou o bebê. Eu podia ver isso nos olhos de esmeralda, que brilhavam, enquanto ela sussurrava palavras em Português, acariciando sua cabeleira negra. O bebê era inegavelmente um Di Castellani. Sua pele era um pouco mais clara que a minha, mas seus cabelos e olhos eram escuros como os meus. Meu filho, meu filho. Não me cansava de repetir. Ele aparentava ser muito saudável e bem cuidado. Bem, um ponto para ela! Meu filho ainda dependia da mãe, tive que admitir a contra gosto. Não poderia tirá-lo dela, não agora, pelo menos. Tentei reorganizar minhas ideias. Minha atenção focalizou o seio exposto... Eles estavam maiores... Tentadoramente maiores... Constatei incapaz de desviar o olhar enquanto meu filho sugava o líquido materno com avidez. Como era possível sentir ciúmes de meu próprio filho? Sorri e naquele momento meu olhar cruzou com os belos olhos verdes.
_ Do que está rindo? _ ela quis saber na defensiva. Olhando-me como se quisesse me estrangular.
_ Ele suga com tanta avidez... _ falei com uma expressão calculadamente pecaminosa nos olhos.
Júlia soube exatamente no que eu estava pensando. Si, cara, lembra como também sou ávido? Como costumava devorar você inteira? Ela enrubesceu e baixou os olhos novamente para o bebê. Sorri. Eu sei, sou um bastardo. Mas no amor e na guerra vale tudo. Vence aquele que atinge o inimigo no seu ponto fraco. No caso da mulher à minha frente o seu ponto fraco é a atração intensa que ela ainda sente por mim.
_ Ele está faminto. _ ela disse entre dentes desafiando-me com o olhar, agora mais controlada.
Oh, eu também! Exclamei mentalmente, fascinado enquanto a via trocando o bebê para o outro seio igualmente perfeito. Virei as costas suprimindo um gemido agasalhando a incômoda ereção que ostentava a partir do momento em que ela abriu a porta. Pus-me a examinar a pequena casa. Estava em péssimo estado de conservação. Como aquela mulher teve coragem de submeter meu filho, um príncipe de Ardócia àquelas condições de vida? Ela pagaria por isso! A excitação foi dando lugar à irritação. Pouco depois quando o bebê já estava alimentado e novamente sorridente, brincando com os brincos da mãe, eu disparei:
_ Arrume suas coisas e as do meu filho. Vocês virão comigo para Ardócia. Tem um avião nos aguardando. _ disse injetando a quantidade certa de desprezo na voz. Eu era um diplomata e homem de negócios implacável não só em meu país, mas em toda a Europa. Sabia exatamente como conseguir meus comandos atendidos.
_ O-o que? _ ela levantou-se com o bebê nos braços. _ Não vamos a lugar nenhum com você!
_ Oh, vão sim! _ aproximei-me dela ameaçador.
_ Eu disse que não!
_ Ouça, não tenho tempo para discussões. Você roubou meu filho! – disse cerrando o maxilar.
_ Ele é meu filho! Você me seduziu, me fazendo acreditar que... Que... _sua voz morreu na garganta.
_ Que estava apaixonado por você? _ ri zombeteiro, medindo-a dos pés a cabeça._ Não era para termos ido tão longe... Mas você foi ridiculamente fácil. Você se iludiu, cara. Não me lembro de ter dito que a amava. Sempre deixei claro que me dava um prazer incrível, mais nada. _ vi seu rosto empalidecer, mas tratei de ignorar qualquer remorso pelas duras palavras. Ela não me enganaria como fez com Damien.
_ Por que quer nos levar para seu país? Qual é o seu plano, Leon? _ ela inquiriu, os olhos apreensivos. Bem, ela não gostaria do viria a seguir.
_ Meus planos mudaram. Meu desejo é levar meu filho comigo e deixa-la para trás de uma vez por todas, mas ele ainda é muito dependente de você neste momento. _ fiz uma pausa e continuei. _ e há outro motivo pelo qual preciso aturar você: meu filho não será um bastardo. _ a encarei por alguns segundos deixando-a propositalmente desconfortável e completei: _ Me casarei com você.
Júlia arregalou os olhos como se tivesse levado um soco.
_ Quer se casar comigo?!
Não pude deixar de rir e a encarei, com evidente sarcasmo.
_ Não ouviu o que eu disse? É óbvio que jamais me casaria com você em circunstâncias normais. _ debochei._ Farei esse sacrifício pelo meu filho. Não posso permitir que a imprensa o descubra e o chame de bastardo. É só ele quem me interessa. Quando ele não for mais tão dependente me livrarei de você de uma vez por todas.
_ O que quer dizer com se livrar de mim de uma vez por todas? _ ela quis saber empalidecendo. Parecia uma corsa assustada.
Ri novamente. Ela era cômica.
_ Você tem uma imaginação fértil cara mia. Sou um príncipe de Ardócia. Não sujaria minhas mãos. Mas quando chegar o momento certo você pagará por tudo que fez a meu irmão e sairá de nossas vidas para sempre. _ fulminei-a.
_ Eu não fiz nada a seu irmão, Seu cretino! _ Xingou-me em Português._ Jamais sairei da vida do meu filho a quem amo mais do que tudo no mundo. _ berrou parecendo ofendida.
_ Do que foi que me chamou? Fale em Inglês ou Italiano! _ encarei-a tomado pela raiva. _ E não perca seu tempo achando que pode me convencer da sua honestidade. Isso é cansativo.
_ Não me casaria com você nem que fosse o último homem no mundo! _ afirmou em Inglês.
Eu ouvi direito? Aquela putinha estava me rejeitando? Eu, o príncipe herdeiro de Ardócia?
_ Acho que não consegui ser claro, Júlia._ disse entre dentes. _ Você tem duas opções: casar-se comigo ou enfrentar-me nos tribunais, onde passarei por cima de você como um trator, ficando com meu filho no final!
Os olhos dela encheram-se de lágrimas, mas ela recusou-se a mostrar-se intimidada. Fez-se um longo silêncio, no qual nos encaramos como dois gladiadores no Coliseu. Por fim, Júlia deu um longo suspiro e começou a dirigir-se à escada que dava acesso ao andar superior.
_ Onde está indo? _ eu quis saber.
_ Arrumar nossas coisas. _ disse fuzilando-me com os olhos brilhantes._ Vossa alteza real venceu. _ ela disse meu título como se fosse um insulto. Eu não consegui segurar o riso. Oh! A doce Júlia havia se transformado numa gata selvagem. Isso seria... Interessante.





[1] Saudação italiana. Pode significar “olá” e “até logo”.
[2] Seu pai está aqui em italiano.
[3] Meu pequeno, meu filho.

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