terça-feira, 23 de setembro de 2014

Príncipe da Luxúria - Capítulo 03



CAPÍTULO TRÊS
Dominic
Jesus! Aquilo foi muito intenso. Nunca havia sentido nada parecido antes. Havia sido o primeiro amante de Helena! A realidade me atingiu como um soco. Então, ela não havia ido para a cama com Leon como suspeitei. Grunhi servindo-me de uma dose de uísque assim que entrei na suíte conjugada.
Cristo! Que situação fodida foi essa em que fui me meter? Não posso tocá-la mais. Eu não defloro virgens, caralho! Meu negócio é foder! Foder mulheres experientes.
Vadias que topam todas as minhas taras. Onde eu estava com a cabeça que não percebi que ela era uma virgem do caralho? Sorri alto, ironizando-me. Você estava pensando unicamente com seu pau, idiota! E agora? Como suportaria ficar ao lado dela por três meses inteiros? Três longos meses do caralho? Jesus! Como ia conseguir manter minhas mãos longe dela? Isso não vai dar certo. Não quando ainda a quero como um desesperado. Meu pau desgovernado estava ainda duro pressionando as calças. Foram seis meses esperando por ela! Seis meses, porra! Eu estava longe, muito longe de me satisfazer. Isso me assusta, devo admitir, porque meu pau é bem exigente. Dificilmente fodo a mesma boceta duas vezes. Gosto de variedade... E quantidade. É assim desde os meus dezesseis anos. Tive umas vizinhas bem gostosas e liberais que me ensinaram tudo. Eu as fodi dos quatorze aos dezesseis. Depois disso, tornei-me o que alguns chamam de libertino. Odeio rótulos. Para mim, sou apenas um grande apreciador das mulheres. Todas as mulheres.
Arranquei minhas calças bruscamente e fui ao banheiro. Deixei a água cair na minha cabeça e ombros. Helena era virgem! Uma virgem, porra! Sou um canalha! Havia me aproveitado de uma mulher inocente. Agora pensando com mais calma, os sinais estavam todos lá. A forma como ficava desconcertada com minhas nada sutis cantadas. Seu nervosismo quando retornamos para a suíte, casados. Foda! Foda! Como podia ser virgem aos vinte e cinco anos? Era quase inacreditável. Mas a resposta era óbvia. Ela se guardou para meu irmão. Saber disso me deixava possesso, mas não apagava o prazer que senti quando atravessei seu canal apertado. Jesus! Meu corpo arrepiou-se ao lembrar a sensação indescritível de estar dentro dela. Finalmente dentro dela. Minha mão foi para o meu pau. Gemi alto e fechei os olhos, massageando-o para cima e para baixo lentamente, enquanto minha mente reconstruía tudo que fiz com ela no quarto ao lado. Minha mão acelerou. Masturbei-me com força, agora. Estrangulando-me, imitando a sensação de se sua bocetinha gostosa me apertando.
_ Ohhhh! Caralho! Helena... Ahhhhhhhhhhh! _ rosnei alto, o som reverberando no banheiro. Gozei forte. Jatos e jatos esporrando por todo o meu punho. Encostei-me na parede de granito. Jesus! O que essa garota está fazendo comigo? Lavei-me, meu corpo ainda estremecendo do gozo intenso. Porra! Até uma punheta pensando nela é melhor do que todas as fodas que tive nesses seis meses. Eu estou em apuros. Definitivamente.
Quando voltei ao quarto liguei para Jayden. Estávamos construindo uma boa amizade. Nós três. Leon também era um bom homem. Acolheu a mim e Jayden sem nunca nos ofender. Sempre foi digno conosco. Sei que não deve ter sido fácil, pois somos frutos da traição de seu pai e nas conversas que tivemos dava para perceber que ele era apaixonado pela mãe, que havia falecido no mesmo acidente do príncipe Marco. Não tenho nada para reclamar do meu irmão, de nenhum dos dois. Embora Jayden seja um bastardo cínico a maior parte do tempo. Sorri ao lembrar do meu marrento irmão mais novo.
_ Espero que seja algo importante, Dom. Tem uma garota realmente gostosa na minha cama... _ disse no seu costumeiro tom debochado, sarcástico.
_ Olá para você também, irmãozinho!_ cutuquei.
Ele bufou.
_ Vamos, Dom. Por mais que aprecie sua voz sexy, eu ainda prefiro voltar e enfiar o meu pau na boca da garota.
Eu gargalhei. Jesus! Ele era tão bastardo quanto eu!
_ Jay você estava certo. Fiz uma enorme besteira. _ disparei.
_ Seja mais específico, irmão _ ele riu do outro lado da linha. _ você faz muitas besteiras...
Bufei.
_ Ok. Aqui vai. Casei-me com Helena e meti-me numa encrenca do caralho!_ despejei e fez-se um silêncio sepulcral do outro lado da linha. _ Jay? Você ainda está aí?
_ Dom, diga que você não fez nada de mal com Helena. _ ele pediu num tom que já desconfiava do resultado. _ Leon não vai perdoá-lo se você a magoar, irmão.
Andei até as amplas paredes olhando as luzes chamativas a perder de vista.
_ Ela era inocente, Jay. _ disse num fio de voz.
_ inocente de que? _ sua voz soou confusa.
_ Fui o primeiro homem de Helena, irmão. _ dei um suspiro frustrado.
_ Deus! Isso fica cada vez pior. _ ele suspirou do outro lado. _ por que não a deixou em paz? Eu avisei tantas vezes para não mexer com ela, Dom. Ela é da família, seu idiota. Como vai explicar isso ao nosso tio e a nosso irmão? Helena é como uma irmã para Leon, você sabia disso.
Fechei os olhos com força. Caralho! Isso realmente ficava cada vez pior. Leon iria querer arrancar minhas bolas se soubesse disso. Eu não posso culpa-lo.
_ Vou dar um jeito, irmão. _ garanti, mas ainda não sabia o que faria.
_ Você precisa anular o casamento, Dom. Faça isso antes que cause mais danos a ela. Helena é doce...
_ Só se for com você, irmão! _ o cortei irônico. Comigo ela era sempre uma cadela!
_ Helena é uma boa garota, Dom. Talvez seja um pouco mimada, mas não deixa de ser uma boa garota. Liberte-a. Sabe que é a coisa certa a fazer.
_ Não posso fazer isso. Ela não receberia a herança do avô. _ disse me sentindo um merda por tê-la chantageado.
Jayden riu do outro lado. Aquele riso cínico que era a sua marca.
_ O que foi? _ cuspi entre dentes.
_ Parece que a estupidez está no DNA dos príncipes Di Castellani. Nosso amado e ilustre rei Leon também foi um idiota com nossa linda e doce cunhada.
_ Oh, não, não. _ rebati imediatamente. _ isso não é igual...
_ Sério? _ ele riu de novo. Bastardo! _ de onde estou olhando parece praticamente a mesma coisa. Você seduziu, chantageou uma garota inocente para atender unicamente a seus desejos, irmão.
Ok. Quando ele coloca dessa forma... Grunhi sentindo-me de pés e mãos atadas. Que porra eu faria agora?
_ Vou dar um jeito, Jay. _ tentei parecer firme.
_ Se você diz... _ seu tom era duvidoso. Ouvi uma voz feminina chamando ao fundo. _ querida, você terá que fazer todo o trabalho de novo. Meu irmão idiota fez meu pau cair drasticamente. _ Jesus! Ele é mesmo um bastardo! Mas segurei-me para não sorrir. _ Hum, Dom, preciso ir, irmão. Veja lá o que você vai fazer. Helena é da família.
Na manhã seguinte bati à porta do quarto da suíte principal. Era cedo, mas precisava conversar com Helena. Precisamos estabelecer como será os três meses que ficaremos casados. Sim, porque não serei um bastardo completo com ela. Ficarei nessa merda até conseguir receber sua herança e depois cada um segue seu caminho. Três meses passam num piscar de olhos. Vai ser fácil.
_ Entre. _ sua voz soou através da porta.
Ela já estava devidamente vestida com um de seus muitos vestidos recatados que geralmente mataria minha libido, mas nela fazia meu maldito pau ficar em posição de sentido. Merda! Seus cabelos estavam presos à nuca. Voltou-se para mim terminando de arrumar um diminuto brinco de pérola. Fiquei encantado e irritado porque ela não era quem eu pensava e teria que passar todos os malditos dias de pau duro perto dela sem poder me fartar como o planejado. Foda!
_ Oi. Você está bem? _ arrisquei mantendo-me a uma distância segura.
_ Oi. Sim, estou. _ ela afirmou procurando sua bolsa e remexendo em algo lá dentro. Provavelmente para não ter que me encarar.
_ Por que não me contou, Helena? _ fui direto ao assunto. Sou assim, não tenho muita paciência para floreios.
Seus olhos levantaram para me encarar.
_ Faria alguma diferença? _ seu tom foi frio, impessoal imitando o meu.
_ Toda diferença. Não seduzo virgens.
Seu rosto corou, mas ela recusou-se a desviar os olhos. Sua coluna se esticou toda e eu soube que a briga iria começar. Quase sorri, mas a situação era caótica.
_ Então foi a primeira vez para nós dois._ disse entre dentes. Seus olhos exóticos fuzilando-me. Foda! Eu fiquei completamente duro, caralho! _ Mas não precisamos fazer disso o evento do ano. Eu deixaria de ser virgem em algum momento. Não se sinta importante por isso, caro mio.
Obriguei-me a encará-la mais sério.
_ Não seduzo virgens por uma questão bem simples. Elas tendem a romantizar a coisa... Começam a esperar mais do que estou disposto a oferecer. Todas as mulheres com quem me envolvo sabem bem o que esperar. Conhecem as regras, Helena. _ disse num tom raivoso. Meus planos haviam sido frustrados e eu odeio que ainda estou aqui louco para jogá-la na cama e fodê-la pelo resto da semana. Porra! Como vou seguir em frente se não me fartei de seu corpo como planejei? _ eu apenas fodo. _ ela arfou, impactada pelas palavras cruas. _ tenho gostos bem... peculiares, digamos assim. Não tenho a menor disposição para aguentar mulheres inexperientes que se deslumbram com tudo que possamos fazer no sexo e se tornam pegajosas, sonhando em andar comigo ao por do sol. Eu fodo com elas e vou embora. Sempre. _ conclui mantendo seus olhos presos. Ela empalideceu um pouco, mas piscou e se empertigou de novo.
_ Você deve se achar um presente de Deus, não? _ despejou com os olhos incríveis refletindo todo o seu desprezo. _ tenho novidades para você, Dominic Harper Di Castellani! Sei exatamente que espécie de homem você é. Portanto, não. Definitivamente não. Jamais desenvolveria qualquer ilusão romântica a seu respeito, pode ter certeza.
_ E que espécie de homem eu sou, Helena?
_ Um completo idiota. _ ela disse sem alterar a voz, uma expressão gelada no rosto bonito. _ posso ser inexperiente, admito. Mas sei perfeitamente que desejo físico nem sempre vem junto com amor. _ levantou o queixo em desafio e completou: _ acha mesmo que eu me apaixonaria por você? _ torceu os lábios num sorriso desdenhoso. _ A ideia é tão atrativa quanto extrair um dente sem anestesia, caro mio.
A observei por alguns instantes segurando o riso. Oh! Ela tinha uma língua afiada. Fui invadido por uma vontade louca de avançar sobre ela, jogá-la na cama e tirar aquela expressão de desprezo e deboche do seu rosto. Fazê-la engolir aquelas palavras. Sabia que precisava apenas tocá-la e incendiaríamos... Mas o que diabos estou pensando? Não tocarei mais nela! Afastando as possibilidades obscenas que rondaram minha mente forcei-me a adquirir uma expressão neutra e disse:
_ Ouça, a noite de ontem foi um erro que não se repetirá. Mas vou manter minha palavra e permanecer casado com você pelo tempo estipulado no testamento.
Ela me fulminou novamente. Foda! Eu vou explodir aqui!
_ É muita bondade sua... _ seu tom pingou sarcasmo.
Sorri amplamente dessa vez. Ela ruborizou de novo. Ótimo! Pelo menos não estou sozinho nessa atração ridícula. Então, seus olhos estreitaram-se em mim por uns instantes, mas voltou a mexer dentro da bolsa. Claramente me ignorando.
_ Ah, Helena?
Seu rosto levantou para mim de novo, revirando os olhos.
_ Você irá adquirir um novo guarda roupa. Precisamos aparecer juntos em inúmeros eventos e eu não quero que a imprensa a confunda com a minha avó. _ ok. Isso foi golpe baixo, reconheço. Seu rosto empalideceu, depois ficou vermelho. Ela piscou várias vezes. _ sua forma de vestir é tão enfadonha quanto seus modos, devo dizer. Minhas mulheres são conhecidas pelo glamour, querida. Ninguém vai acreditar que me apaixonei por você. _ seu queixo se ergueu novamente, seus olhos me fulminando. _ se quer convencer a todos que somos um casal precisa dar uma repaginada, porque para ser sincero, até eu começo a me perguntar o que foi que vi em você. _ sua boca se abriu, fechou, abriu de novo. Seu corpo ficou rígido.
_ Saia. _ seu tom foi baixo, sinistro. Os olhos me dizendo que se não fizesse o que dizia, seria provavelmente esganado. Acenei levemente e voltei para meu quarto.

Helena
Aquele maldito imbecil! Quem ele pensa que é para criticar minha forma de vestir? Meus modos? Ele é um maldito cachorro vadio e suas mulheres são todas umas puttanas![1] Andei de um lado para outro dentro do quarto, sentindo-me insultada, ofendida, diminuída como nunca estive em minha vida. Onde eu estava com a cabeça para me deixar seduzir, chantagear dessa forma? Fui até o banheiro e me olhei no espelho enorme da pia. Soltei meus cabelos do prendedor. Eles caíram nos meus ombros. Muito retos, muito lisos. Nunca havia percebido isso. Sempre usei esse estilo. Virei-me de um lado, do outro, observando meu vestido. Franzi o cenho. Ok. Talvez meu estilo fosse um pouco formal. Mas fui criada assim. Não sou espalhafatosa como as vadias com quem ele certamente está acostumado. Voltei ao quarto, inquieta. Adoraria arrancar aquele olhar arrogante, pretencioso daquele idiota. Mas como vou fazer isso? Uma ideia me ocorreu e fui até minha bolsa. Peguei meu celular e disquei antes que perdesse a coragem.
_ Helena! Que bom que ligou, cara mia. _ a voz suave de Júlia encheu meus ouvidos. Nos falamos com muita frequência desde quando deixei Ardócia. Tenho falado mais com ela do que com Leon nos últimos meses, na verdade. Leon me sufoca com sua superproteção, pois sempre que ligo quer saber se estou tomando meus remédios direito. A Síndrome do Pânico[2] está controlada por anos. Nunca mais tive grandes episódios. Bem, exceto a quase crise que tive no jato no dia em que saí da Ilha. Mas não foi nada demais. Leon me manteve sob sua proteção e isso salvou minha vida, mas não sou mais uma criança assustada abandonada pela família. Sou uma mulher feita e já me escondi por tempo demais.
_ Ciao, cara mia.[3]_ saudei-a. _ como está minha afilhada?
Ela sorriu. Ouvi a voz de Leon ao fundo.
_ É Helena, amor. _ a ouvi dizer, agora mais distante na linha. Silêncio por alguns instantes. _ desculpe, estou de volta. Sua afilhada está chutando muito. Me deixa acordada a maior parte da noite. Deve ter o gênio do pai. _ sua voz era cheia de orgulho. _ Leon estava de saída, mas disse que quer falar com você depois. Parece que o Conde Vladimir está novamente disposto a casar-se com você para ajuda-la com a herança.
Eu quase gemi de desgosto. Sério? Se essa informação tivesse chegado até mim ontem pela manhã eu não estaria aqui nessa cidade horripilante com aquele sapo na pele de príncipe!
_ Isso é bom, cara, mas já é tarde. _ tomei uma respiração profunda e soltei de uma vez. _ me casei ontem. Estou em Las Vegas, Júlia. Casei-me com Dominic.
Um longo silêncio do outro lado.
_ Oh, meu Deus! Leon vai surtar com essa notícia, cara._ sua voz era apreensiva, agora._ Dom? Você tem certeza sobre isso? Uau! Estou realmente surpresa!
_ Não fale nada a ele ainda. _ pedi. _ vou dizer logo, mas agora preciso de sua ajuda com algo.
_ O que foi, Helena? Dom fez algo com você? _ sua voz foi claramente preocupada.
Si, ele havia feito muita coisa comigo. Era difícil apontar uma só.
_ Dom é imbecil completo, Júlia. _ disse áspera. _ mas estou presa com ele nessa farsa por três meses. Precisamos aparecer em eventos. _ pausei, insegura. _ Então, hum, preciso que me dê algumas ideias de como ousar mais nas roupas sem se vulgar. _ isso ela sabia muito bem. Aparecia semanalmente na revista People[4] como uma das belas mulheres da atualidade, mesmo grávida. A mídia tecia elogios incansáveis não só a ela, mas ao casal Real de Ardócia. 
_ Oh! Helena, é claro que posso, cara. _ fez uma pausa. _ posso mandar vários looks para você copiar. _ sua voz era entusiasmada. _ não leve a mal. Você já é linda. Mas, realmente precisa ser mais ousada. O que acha de mudar o cabelo? Você poderia...
Sentei-me na cama e a ouvi já me sentindo melhor. É estranho que tenhamos nos aproximado tanto assim, mas não posso nutrir nenhum sentimento negativo em relação a ela. Júlia é daquelas pessoas que quando chegam a um local ilumina tudo a sua volta. Não é apenas sua beleza, pois é mesmo uma das mulheres mais lindas que já vi. É algo que transcende à aparência. É a alma dela que é bela também. Construímos uma sólida amizade e vê-la com Leon já não dói mais. O amor deles é algo raro de se encontrar. Eles se pertencem. Há muito tempo aceitei isso e segui em frente. Leon nunca foi meu, então nunca o perdi, apenas reavaliei meus sentimentos e os canalizei para o lado fraterno como devia ter sido desde o início. Acho que no final das contas Júlia estava mesmo certa quando disse que o homem da minha vida ainda apareceria em algum momento. Quando me livrar do cachorro vadio vou me dedicar a procurá-lo.
Depois que desliguei me informei na recepção onde encontraria os serviços que Júlia me sugeriu. Passei o dia fora. Não sabia dos planos de Dominic e nem atendi o celular nas muitas vezes em que ele me ligou. Foda-se! Seu idiota! Já passava das seis quando retornei para o hotel. Há um cassino no hotel, como, aliás, em quase todos os hotéis de Las Vegas. É para lá que vou. Dominic Harper mexeu com a pessoa errada. Arrumei-me seguindo passo a passo as orientações de Júlia. E resolvi ousar um pouco mais. Eu estava na cidade do pecado como bem frisou o cachorro vadio. Ele que me aguarde. Olhei-me uma última vez, respirei fundo, peguei pequena carteira e saí para o corredor. Estava praticamente vazio. Continuei o caminho treinando os novos passos que Júlia havia me ensinado. Apenas a sugestão de um movimento dos quadris. Sutil, para não ser vulgar. Eu tenho postura. Não foi difícil pegar o jeito. Quando parei em frente ao elevador, as portas se abriram e três rapazes saíram me olhando com caras de bobos. Eu usava um longo vermelho de alças finíssimas que se ajustava em meu corpo. Uma abertura que ia até o alto da minha coxa direita. Pela primeira vez usei um batom vermelho também. As sandálias eram altíssimas. Mas o melhor eram meus cabelos. O cortei em camadas, dando volume. Inserir mechas de um tom acobreado bem discreto, mas que deu um efeito muito bom. Nos olhos não usei muita maquiagem porque já havia exagerado no batom. Abri um sorriso ao mesmo tempo simpático e sedutor e virei as costas entrando no elevador. Eles deram um suspiro coletivo. Outro detalhe era o decote das costas que acabava bem na parte baixa, pouco acima do meu bumbum. Os encarei e sorri de novo. Eles sorriram de volta, suas expressões completamente encantadas. Senti-me linda, poderosa.
Poucos minutos depois eu estava parada na entrada do ambiente do luxuoso cassino. Aquele tipo de ambiente também me era muito familiar. Visito o cassino de Leon em Ardócia desde quando fiz dezoito anos. Ele sempre me levava. Coloquei um pé na frente do outro e iniciei a interpretação. Hoje seria glamourosa. Faria aquele imbecil engolir cada palavra que me disse hoje cedo. Observei o ambiente diminuindo meus passos. Os olhares de apreciação masculina eram muitos quando me viam. Dio mio! Essa sensação é muito, muito boa. Sentei-me no bar. O barmen era um loiro alto, musculoso. Por mais que estivesse bem vestido, seus músculos saltavam aos olhos. Dei-lhe meu melhor sorriso sedutor. Ele veio atender-me prontamente. Pedi um cosmopolitan e girei no assento do banco para olhar melhor o ambiente. Homens e mulheres de todas as idades circulavam, bebiam, jogavam. Meus olhos procuravam inconscientemente por Dominic, mas não o vi. Dei de ombros. Esta era a minha noite. Estava no meio de um discurso mental para não me importar com meu indesejado marido quando o banco do meu lado direito foi ocupado.
_ Posso lhe fazer companhia? _ o homem quis saber em inglês abrindo um sorriso charmoso. Uau! Ele era bonito! Seu sotaque me lembrou o de Júlia.
_ Você é brasileiro? _ indaguei sorrindo de volta. Minha bebida foi colocada na minha frente. Tomei um pequeno gole.
_ Sim. Como soube? Meu inglês é tão ruim assim? _ imprimiu mais sedução ao sorriso. Mas ao contrário de Dominic esse homem não era presunçoso. Era bonito, mas não era um narcisista. Dio! Por que continuo pensando nesse idiota?
_ Oh, não! Seu inglês é perfeito. Tenho uma amiga brasileira e o sotaque é parecido. _ expliquei. Os olhos dele de um castanho escuro me encaravam com interesse óbvio.
_ Desculpe abordá-la assim. _ disse num tom mais baixo, aquele usado pelos homens quando querem seduzir. _ mas é que não consegui mais tirar os olhos de você quando surgiu naquela entrada.
_ Sem problemas. Você pode me fazer companhia. _ disse tomando mais um pouco da minha bebida. Eu não tinha muito costume com álcool, mas consigo beber algumas taças.
_ Está esperando alguém? _ ele quis saber num tom receoso, agora.
_ Não. Estou aqui sozinha. _ falei rapidamente e arrependi-me. Aquele homem era um estranho. Grande, Helena! Você não será nada glamourosa se for encontrada estrangulada em um beco de Las Vegas. Arg! _ quero dizer, estou aqui com...
_ Seu marido.
Eu gelei ao ouvi a voz de Dominic bem do meu lado esquerdo. Virei-me assustada, tentando controlar as batidas frenéticas no meu peito.




[1] Prostitutas em italiano.
[2] A síndrome do pânico, na linguagem psiquiátrica chamada de transtorno do pânico, é uma enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas de medo e desespero. A pessoa tem a impressão de que vai morrer naquele momento de um ataque cardíaco, porque o coração dispara, sente falta de ar e tem sudorese abundante.
[3] Olá, minha querida.
[4] People é uma revista semanal norte-americana fundada em 1974 que publica notícias sobre cultura popular e celebridades. A publicação talvez seja mais conhecida pelas suas edições especiais anuais que listam "Os 50 Mais Belos" e "Os Mais Bem Vestidos". 

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