domingo, 4 de janeiro de 2015

Sr. G - Capítulo 05


Patty...

Raios de sol entram pelas frestas da persiana, ainda dormindo, abro apenas um olho ou tento abrir, me certificando que esse calor que estou sentindo esquentar a minha pele são os raios de sol e ainda para ajudar uma das frestinhas reflete a luz bem em meu rosto.

- Bagageiros de homem é igual a raios de sol, para ficar analisando eles só colocando óculos escuros. – esbravejo tentando me levantar irritada. 

Não tem uma parte do meu corpo, que não esteja doendo, até o meu coro cabeludo está reclamando. 

– Meleca! Porque fui dormir com rabo de cavalo.

Coloco meu hino, para despertar e acordar para vida, dançando e mexendo os quadris, caminho ao banheiro, fazendo meus passinhos como um ritual.

All That She wants.


Essa música é meu despertar, como um mantra, de acordar cedo e ir trabalhar, mas ela vai além, com o passar dos anos, fui adaptando, dancinhas animadas e sensuais a ela, fazendo que uma noite mal dormida, ou até mal comida ou não comida fique apenas no passado do dia anterior. 

Sou sempre a primeira a chegar no escritório e a última a sair, porém ao chegar percebo luzes já acesas, acho estranho.

− Sustentabilidade! – digo alto por achar desnecessário a essa hora do dia, com o sol brilhando lá fora irradiando luz natural no escritório que é todo de janelas de vidro, do chão ao teto − Alguém sabe o que é isso? – vou falando conforme estou entrando pelos corredores do escritório 

Hello!! – digo a cada porta que abro, sinto um frio na espinha – Saí pra lá alma penada, não foi porque me lembrei de você ontem, que veio me fazer uma visitinha, volta lá para o seu lugar no além – faço o sinal da cruz, lembrando daquele bandido do Thiago.

− Bom dia! 

− Bom dia! – consigo dizer com a voz tremula, depois do susto que acabo de tomar.

– Nossa Barbarela, o que aconteceu com você para chegar tão cedo, tinha espinho na cama? – pergunto ainda assustada.

− Na verdade, sou da teoria de quem cedo madruga, fica com sono o dia todo amiga, mas hoje o dia é especial, meus dois pequenos, começaram seu primeiro dia oficialmente sozinhos na escolinha. – ela faz biquinho e diz com a voz de peninha das crianças – eu e o Marco fizemos uma semana de adaptação com eles na escolinha e hoje a coordenadora, disse que eles já podiam ficar sozinhos, os deixei com o coração partido.

− Nossos pequenos vão tirar de letra – comento imaginando a cena do meu imperadorzinho, colocando ordem na turma e a minha princesinha, encantando os amiguinhos com sua doçura.

− Você não vai acreditar amiga, o Biel chegou à escola e já no primeiro dia foi dizendo a que veio e não deixou nenhuma criança se aproximar da irmã – entendo bem o que ela está dizendo, rindo juntas.

− E precisava acender todas as luzes, quando chegou, com essa claridade toda? – pergunto divertida. 

− Por favor pessoa totalmente responsável, saia deste corpo e devolva a minha amiga Patrícia, onde foi que você colocou ela? – a descarada diz me abraçando.

− Dormiu com o Bozo hoje? – provoco − Acordou tão gozadinha, primeiro me assustando, agora dizendo que não sou mais a mesma.

− E você acha que meu marido, por um caso é homem de gozadinha? O homem é uma potência, ali sai gozadona. – mais gargalhadas animadas – Vem amiga me paga um café.

Bom, depois de muitas risadas em nosso café, assim como era nos nossos velhos tempos, ela me diz que agora com as crianças na escolinha, pretende que eu me dê férias, pois, estou praticamente há quase três anos, trabalhando arduamente sem uma folga. Sentada na minha sala, começo a lembrar de quando começou esse meu intenso trabalho.

Desde que a Bárbara descobriu que o Thiago, tinha uma empresa paralela dentro do escritório, onde fazia lavagem de dinheiro e que tinha clientes do submundo, minha vida se transformou no que sou hoje, uma máquina de trabalho, claro que tive alguns benefícios maravilhosos, até celebridade me senti na época, depois que aceitei investigar o Thiago, para ajudar a reunir documentos que o incriminasse, fiquei por semanas com guarda costa e para confessar... Que homem era aquele? Ulá... Quente como um inferno, uma delícia, mil fantasias passaram pela minha cabeça na época, como de ser jogada na parede e ele me chamar de lagartixa, até ele me puxar o cabelo, igual homens das cavernas, mas o árabe era mais sério que uma espingarda ambulante, só meu fiel PA para aliviar minhas fantasias. E assim como um retrocesso, um filme começa a rodar novamente em minha cabeça e mais um reencontro que tive com aquele homem, pica das galáxias do Carlos Tavares Junior, vem com tudo, essa nostalgia de repente assusta.

Foi uma mão de obra danada na época, minhas responsabilidades e meu organograma não mudaram muito, porém, com as notícias que explodiram, na TV, tive que assumir o compromisso de pegar a assessoria de imprensa do escritório, e com isso meu trabalho duplicou.

Quando chegamos, pela manhã, no escritório, os telefones estavam disparados, com ligações de diversos clientes desesperados, querendo saber notícias a respeito do que tinha acontecido, além da imensidão de revistas e jornais tentando obter entrevistas. 

A Babby, como uma leoa, puxou toda a responsabilidade para ela, ficando à frente do atendimento aos clientes, fornecendo as devidas explicações para cada um deles, principalmente pelo fato de que, as manchetes de jornais traziam estampada na primeira capa a notícia:

“Desvio de dinheiro na empresa de contabilidade N&T é descoberto por sócia, que escapa de atentado, promovido pelo sócio criminoso que, antes de morrer, mata uma funcionária”.

A saída para não dar ibope a tal manchete, foi agendarmos uma reunião geral, não apenas para explicar a todos os funcionários, de forma transparente, a real situação da empresa e os atos criminosos do Thiago, mas, também, para passar instruções precisas quanto ao procedimento a ser adotado com clientes e imprensa. A interação entre a Babby e os funcionários foi fantástica, pois o carinho era recíproco. No que me diz respeito, desde o dia em que ela comunicou que eu passaria a ser sócia, ela tem acatado minhas ideias e aperfeiçoado cada uma delas, quando acha necessário.

Marquei uma coletiva de imprensa, fora do escritório, pois, quanto mais afastados estivessem os abutres da Babby, seria melhor, considerando-se que ela já tinha sofrido um bocado com toda a história. Quanto à morte do Thiago e todo o ocorrido no escritório, consegui contornar, sozinha. 

Porém, a notícia tardia, na imprensa, relativa ao desvio de dinheiro do escritório por parte do Thiago, mais o atentado e a morte da pequena Marcinha, ocasionaram alguns efeitos negativos para nossa empresa. Como acreditamos que manter a clareza das informações a respeito da empresa fortalece seus elos com os clientes, resolvi tomar a frente quanto ao relacionamento com a imprensa, decidida a divulgar informações que mostrariam que o ocorrido não afetou os negócios de nenhum cliente. O que pretendi divulgar era a mais pura verdade.

Enquanto me encontrei com eles, a Babby ficou no escritório, participando de diversas reuniões, agendadas com toda a nossa carteira de clientes. Mesmo perdendo alguns deles, ela não se abateu, inclusive, bravamente tendo conseguido convencer a maioria dos quais o Thiago administrava a ficar conosco, porém, dando graças a Deus pelas empresas que não ficaram, pela natureza das atividades que, desconfiávamos ser de caráter duvidoso.

Acompanhada por uma equipe de advogados, juntamente com alguns seguranças que o Marco aconselhou a me acompanhar, cheguei ao saguão do hotel Maksoud Plaza, sentindo-me a própria celebridade, ao ser clicada por um bando de fotógrafos.

Depois do meu pronunciamento, como porta da voz da empresa, mesmo já tendo explicado a ausência de envolvimento dos nossos clientes nas atividades obscuras do Thiago e distribuído aos jornalistas os dados da empresa que eu estou representando, alguns jornalistas insistiram em fazer perguntas imbecis, como sempre. Respondi apenas a uma delas, deixando as outras para os advogados pronunciarem-se, no jargão jurídico.

– Dona Patrícia, qual o montante de dinheiro desviado do escritório e quantos clientes foram lesados?

– Quanto à quantia desviada, é algo que corre em segredo de justiça, não havendo valores precisos, ainda. Mas, posso garantir-lhe que nenhuma empresa foi lesada – respondo irritada – até porque não administramos dinheiro de nenhum cliente, cuidando, apenas, dos aspectos relacionados a guias de recolhimento relativas a impostos, tributos, multas, entre outros. Nossa administração é transparente e todos os clientes do nosso escritório estão a par de tudo o que aconteceu.

Assim que terminamos a coletiva de imprensa, pedi para os advogados acompanharem-me ao restaurante para almoçarmos, pois meu estômago estava retorcendo de fome, a ponto de os roncos parecerem alienígenas possuindo meu corpo! Já passava das duas e meu reloginho biológico estava reclamando.

– Sinto informar, Patrícia, peço desculpas por mim e meus colegas, mas, ainda temos uma audiência hoje, sendo que mal vamos conseguir comer um lanche rápido, próximo ao Fórum. 

Estava com tanta fome que nem me importei de ir comer sozinha. É chato e meio solitário, mas, fazer o quê? Achei que estou na TPM, porque a perspectiva de almoçar sozinha, parecia deprimente.

Vamos lá, Patrícia, cabeça erguida – exigi enérgica, a mim mesma.

Ouvi um discreto pigarrear, as minhas costas, e, para minha surpresa, vi meu circunspecto segurança, logo atrás de mim. Impressionante como a presença silenciosa dele nunca me incomodava. Já tinha até ficado curiosa e tive uns pensamentos deliciosamente perversos, confesso, mas, incomodada? Nunca.

Sem parar para pensar duas vezes, enlacei o braço firme e musculoso do segurança árabe, mulçumano ou turco, vai saber... No momento, a fome e a necessidade de companhia eram maiores que minha curiosidade em saber qual a origem do nome incomum: Kashim.

– Você está convocado a me acompanhar no almoço, e não adianta dizer não – digo firmemente agarrada a ele – minha comida pode estar envenenada e, se eu morrer, a culpa vai ser sua – digo divertida.

Enxerguei uma expressão de surpresa, no homem sério, de traços árabes. Durou apenas um segundo, antes de ser substituída pela postura estoica de sempre.

Sentando a minha frente, com uma postura rígida, parecia atento a tudo que acontecia a nossa volta. Respondia apenas o que eu perguntava, monossilábico.

– Kashim, você não vai comer? Está uma delícia – até gemo para o provocar.

– Não.

– Você é casado? – pergunto curiosa. Como será viver com um homem que parece nunca relaxar?

– Não

– Você gosta do seu trabalho? – fico provocando-o, detesto ficar calada.

– Gosto.

– Nossa! Você sempre é tão comunicativo assim? – pergunto, divertida.

Por uma pequena fração de segundos, penso ter visto os cantos da boca elevarem-se, em um ensaio, muito tímido, de um sorriso. Mas, é tão rápido que, acho, alucinei.

Gente, o que colocaram na minha comida?

– Não – ele responde, após um breve silêncio.

– Então, o problema sou eu? Meu papo não é legal? – questiono ofendida.

E, desta vez, eu vejo os lábios quase se levantaram! Eu juro!

Ele quase conseguiu enganar-me, mas, quando mirei para os olhos escuros, reconheci um brilho de puro divertimento.

O sujeito estava divertindo-se as minhas custas! E sabe o quê? Adorei!

– Sua máscara caiu, senhor guarda-costas – digo, com sorriso sedutor – você me ama, confesse! – exijo em um tom brincalhão.

Ele estava quase sorrindo, quando uma voz interrompeu nosso momento revelador.

– Patrícia Alencar Rochetty.

Não precisei levantar meus olhos para saber que conhecia aquela voz, que me assombrou naqueles dois meses. Senti uma fisgada do meu amigo Sr. G, mostrando que ficou alegrinho. Limitei a dizer.

– Carlos Tavares Junior – falo seu nome, gravado na memória.

– Como você é rápida! Agora mesmo, estava no meu quarto, aqui no hotel, vendo uma entrevista sua – ele fala, encarando-me, sem dar importância à presença do Kashim que, por não saber de quem se trata, levanta-se da mesa o encarando.

– Tudo bem, Kashim, ele é um antigo conhecido.

– Desculpa estar atrapalhando o almoço romântico – ele fala, encarando Kashim, com tanta intensidade como se estivesse numa guerra de cuecas. Então, aproveito para me vingar, como no nosso último encontro, quando ele estava acompanhado da Paquita erótica.

– Kashin é só um amigo, né, Kashin? – arregalo os olhos, tentando dar um sinal a ele para confirmar.

– Cuidado, Kashin, ela costuma fugir quando a amizade vai avançar para o próximo nível de um conhecer o outro melhor – desvia os olhos dele, voltando-os para mim.

– Poxa, se essa amizade era tão importante para você, poderia ter me procurado – falo, irônica.

– Procurar como, se em nossos dois encontros, mal pisquei e você tinha desaparecido, nas duas vezes – cínico, faça-me rir, penso comigo.

– Para quem se diz um grande patrocinador de eventos e proprietário de uma grande cervejaria, acho que o senhor é um pouco limitado, uma vez que sabe meu nome de cor e salteado. – tome essa, amigo do Sr. G.

– Será que você, Kashim, poderia deixar-me conversar dois minutos com a Patrícia? – ele pergunta, desconfiado de que ele não seja meu amigo.

– Não – pela primeira vez, adoro a reposta monossilábica desse árabe, ou seja lá o que ele for.

– Carlos Tavares Junior, infelizmente, se quiser falar comigo, terá que ser na frente do meu amigo – falo isso, da boca para fora, pois o homem está uma delícia, com um terno de alta costura, com cabelo desgrenhado e uma barba rala. E, confesso, a forma que ele encara meu corpo causa-me arrepios e fisgadas que, por reflexo, a cada segundo, chego até cruzar as pernas, reprendendo o descarado do meu amigo PG, que faz cócegas quando ouve a vibração das palavras ditas por ele.

– Bom, Patrícia Alencar Rochetty, aqui está meu cartão. Procure-me o quanto antes, preciso terminar com você a nossa última conversa – ele deixa o cartão na mesa, e vai embora, sem mais nem menos.

Maldita língua, deliciosamente comprida, tinha que ter tocado meu melhor amigo! Agora, o infeliz está doido, querendo despertar convulsões vulvacônicas em mim. Como repreensão, sinto o Sr. G dar-me fisgadas, enquanto olho para o Kashim, ruborizada. Repreendo-o, em voz alta, sem perceber.

– Sr. G se você não parar, até o PA estará em greve, hoje!

– O que você disse? – Kashim pergunta confuso.

De pernas cruzadas, pressionando minha vulva, discretamente, visto minha cara de santinha ordinária e, suando frio, digo:

– Não foi nada! – minto – Pensei alto ao lembrar da greve em uma empresa que administramos.

Ele encara-me, fixamente, por alguns segundos. E, para meu total constrangimento, parece perceber, exatamente, o que acontece comigo.

Oh, merda! Cadê um buraco, surgindo do nada, quando se precisa dele? – pergunto-me.

– Você é uma grande mulher, senhorita Rochetty!

Ele fala, deixando-me estarrecida com as sete palavras, em uma única frase!

UAU! E, quando penso que já ganhei o dia, ele move os lábios, novamente, e mais palavras jorram.

– É generosa, excelente profissional e de uma lealdade feroz. Se um homem não a tratar como uma rainha, ele não a merecerá.

Deixando-me boquiaberta, ele levantou-se e, pelo intercomunicador preso a sua orelha, alertou o motorista que estávamos voltando para a T&N.

De volta ao escritório, o infeliz do Sr. G fez-me lembrar, durante o resto da tarde, do meu encontro com o ordinário. Parece que a conversa que tive com Sr. G, depois do meu último encontro com o Carlos Tavares Junior, não adiantou de nada, pois ele não entendeu! O que lhe interessava era somente seu prazer, porque ele não dava a mínima para a minha cabeça e meu coração. Não estava nem aí! Nem parecia que jogava no mesmo time do meu corpo.

Enquanto relatei toda a coletiva para a Babby, o meu desconforto entre as pernas era tão grande, a ponto de ela perguntar-me, divertida, se estava bem.

– Amiga, tem certeza de que correu tudo bem? Você parece estar sofrendo de algum cacoete, mexendo o quadril, toda hora, na cadeira!

– Que pergunta! Claro que correu tudo bem. Acho que é uma calcinha de renda, que coloquei hoje, que está causando-me alergia, pois costumo usar só de algodão – improviso uma resposta.

Aquele dia cheguei em casa, louca para um banho gelado com a ducha higiênica, para dar um choque térmico no Sr. G teimoso, fisgador de vulva. Sentindo-me vingada, acabei lembrando que o meu PA tinha quebrado.

Tem coisas que a gente não perde, livra-se. Assim, pensei, desde que tinha quebrado meu brinquedinho pink, que, poxa, já era uma mulher e ficar brincando com um brinquedinho pink, não era legal. Na verdade, gostaria de brincar com um feito de músculos, revestido por uma pele de verdade e veias saltando e que, no momento do meu mais puro êxtase, ele cuspisse de verdade.

Meu brinquedinho sexual, depois do que tive com o CTJ, proporcionou-me meu melhor orgasmo, mas, tudo tinha um fim. E este foi o dele.

Mas a minha bendita memória, além de relembrar como foi o reencontro com ele no restaurante, ainda me fez lembrar como foi divertido o orgasmo mais sapeca que tive em toda a minha vida. 

Horas depois do meu reencontro no restaurante com CTJ, no passado:

Ouço um toque no celular e percebo que é um número desconhecido, o que atrapalha-me em abrir a lata do lixo, para fazer o enterro do meu brinquedinho. Com o celular na mão direita, e a outra segurando meu PA pink, atendo o telefone.

– Alô – falo, encarando meu brinquedinho bonitinho.

– Patrícia Alencar Rochetty – a voz está diferente, mas, para falar o meu nome completo, só pode ser ele. Aperto em minhas mãos, a coisa mais macia que estou segurando.

– Você ligou para o número errado – respondo, com um sorriso de satisfação.

– Desculpe-me, foi engano – desligou! Nem me esperou falar nada, que era uma brincadeirinha.

Corro na bolsa, para pegar o telefone dele, e quando vou ligar para seu número para saber o que esse atrevido, que nunca me ligou, quer, ouço o telefone de casa. Salva pelo gongo dos micos, das solteironas desesperadas por um PA de verdade, penso, comigo.

– Alô...

– Patrícia Alencar Rochetty? – isto só pode ser ilusão! Será que é um sonho, em forma de pegadinha?

– Ela não está, quem quer falar com ela? – pergunto, olhando meu PA nas mãos, fazendo micagem.

– Carlos Tavares Junior. Preciso dizer a ela que encontrar seu telefone foi mais fácil do que imaginei.

Fecho os olhos, colocando meu PA na testa. É ele mesmo! O que eu falo agora?

– Olha, não sei como o senhor conseguiu o telefone dela, mas, ela acaba de sair com um amigo, não sei a que horas volta. Se esse era o único recado, pode deixar que já anotei, mentalmente, e darei a ela.

– Não, não, tenho mais nenhum recado. Mas, claro que ficarei muito feliz se você for capaz de anotar, mentalmente – ele frisa – diga a ela que é muito feio fugir das pessoas, que é mais fácil ela dizer, ao menos, se foi boa ou ruim, a noite que passamos e que me encontrar no autódromo e sair correndo como louca, puxando dois amigos, foi mais feio ainda.

Isso leva minha irritação ao nível 10.

– Escuta aqui, Carlos Tavares Junior, eu não fujo de ninguém, e para falar a verdade, não sei o que você está fazendo ao me ligar depois de tanto tempo.

– Sua pinta irresistível – ele responde, e eu, claro, lembro-me logo da sua mensagem subliminar que, fatalmente, faz-me lembrar do seu pinto grande e grosso.

– O que tem a minha pinta? – pergunto, seduzida, passando meu PA pink pelo meu corpo... Ai, como sou bandida!

– Ela não sai da minha cabeça, fazendo-me lembrar dela deixando sua marca registrada, quando essa boquinha quente e linda estava, num vai e vem delicioso, no meu... – não o deixo terminar.

Apenas o fato de ouvir sua voz, faz com que o impossível Sr. G dê uma fisgada. E, apesar do que diz uma amiga do meu facebook, que calcinha molhada é sinal de corrimento, no meu caso, sua voz rouca e sensual, narrando meu boquete, faz com que eu sinta é outra coisa a escorrer para a minha lingerie.

– Você pensa só em sexo, Carlos Tavares Junior? – entre risadinhas internas, provoco-o, olhando para meu brinquedinho e fazendo gesto, como se estivesse fazendo-lhe um boquete.

– Geralmente, penso em outras coisas, mas, quando penso nessa pinta, do lado esquerdo da sua boca, nada melhor vem a minha mente – direto e grosso, isso sim, penso comigo.

– Que pena que você gosta de transar no escuro, bonitão, do contrário, teria visto outras pintas espalhadas pelo meu corpo – chupa essa, garanhão.

– Então, autorize minha entrada, no seu prédio, porque estou bem em frente dele, com o meu pau quase rasgando minhas calças, só de ouvi sua voz.

Num ímpeto de adolescente, vou até a sacada conferir, mas, não vejo nada além de um Land Rover branco, parado do outro lado do prédio. Discreta, como um elefante, abro à persiana, com tudo.

– Não acreditou em mim, Patrícia? – pergunta irônico, piscando o farol do carro.

Se ele acha que sou bundona e vou disfarçar, enganou-se, garanhão. Sou facinho quando quero. Prepare-se, Sr. G, para fortes emoções, porque, hoje, teremos plateia, de camarote, assistindo nosso show. Mostraremos a esse ordinário, lindo e gostoso, que não se deve querer transar com uma mocinha, antes de cortejá-la.

– Se quiser ver-me, vai ter que se contentar apenas em olhar, Carlos Tavares Junior, aí, do seu carro.

– Você não faria isso? – ouço uma risadinha duvidosa.

– Isso – falo, enquanto solto as alças finas da minha camisola e agradeço a Deus por não ter prédio nenhum, em frente ao meu, e eu morar apenas no segundo andar. Aperto o interruptor, ao lado da porta da minha micro sacada, deixando acesa somente a luz de um abajur na mesinha.

– Deixe-me subir – ele implora, com voz sexy

– Não, Carlos Tavares Junior. Veja o que essa boquinha, com uma pinta, é capaz de fazer, de longe – passo minha língua pelo meu PA, que não funciona mais, porém, para o momento, é de grande serventia – É assim que você lembrava da minha pinta? – faço movimentos sexys, com o PA, em minha boca.

– Isso, na sua mão, é o que estou pensando, Patrícia? Porque, se for, serei preso, caso não abra a porra desse portão automático do seu prédio.

– Não gosta de olhar, Carlos? – deslizo o menino pink, pelo meu corpo arrepiado, só imaginando-o a observar tudo.

– Tenho um maior que esse, aqui comigo, louco para lhe dar uma surra de pinto, sua menina safada – ele sussurra, malicioso.

– Safada seria se fizesse isso, Carlos – sedutoramente, passo o PA pelos bicos dos meus seios, duros, implorando por sua boca. As fisgadas do Sr. G, provocam gemidinhos de desejo.

– Patrícia, esses gemidinhos podem virar gritos de prazer, se abrir esse portão.

– Ahhhhhhhhhhh... está tão gostoso, Carlos – nunca, na minha vida, foi tão excitante imaginar que meu brinquedinho tem vida própria e que pode agradar-me, com tanta volúpia.

– Ele está vibrando por seu corpo minha menina? – ele pergunta curioso, lá vem ele com essa história de minha menina.

– Sim, ele vibra muito – minto, mas, no calor da emoção, a tremedeira de minhas mãos, que deslizam pelo meu corpo, faz com que pareça que ele está vibrando muito.

– Você está fodendo com as minhas bolas, Patrícia! Elas estão doendo pra caralho!

– Ummmmmmm, caralho, Carlos! Essa palavra excita-me muito. O que, exatamente, seu caralho gostaria de estar fazendo, agora? – deslizo minha calcinha fio dental pelas minhas pernas, lentamente, rebolando até o chão – adoraria ver-me carequinha, Carlos Tavares Junior? – falo seu nome, gemendo.

– Patrícia Alencar Rochetty, quando eu te pegar, você nunca mais fugirá de mim, porque vou te foder tão forte, que não terá forças para andar.

– Promessas, Sr. Tavares – masturbo meu clitóris com o PA e o Sr. G falta forçar-me a convulsionar com suas fisgadas precisando de atenção. Sentindo-me vingada dos dois ordinários, prolongo, um pouco mais a brincadeira – Sinto-me tão pronta e molhada para deslizar este menino dentro de mim – disparo, divertida e excitada.

– Patty, preciso sentir seu mel em minha boca. Não judia de mim, deixa meu pau fuder essa bocetinha apertada e chupar esse brotinho delicioso, até você vir, numa explosão lasciva, na minha boca – fala, rouco.

Não penso, suas palavras sujas incentivam-me a introduzir o menininho, na minha vulva, sem dó. A cada palavra suja que ele sussurra, masturbo-me com a outra mão.

– Carlos Tavares Junior – grito, quando explodo, na maior luxúria e prazer.

– Você está vindo, sua menina exibida gostosa.

Apenas minha respiração extasiada responde a sua pergunta.

Uma luz piscando traz-me de volta. Vejo que, atrás do seu carro, está parada uma viatura de segurança do bairro, com o som do guarda noturno. Dou uma risadinha.

– Carlos Tavares Junior, foi um prazer ouvir seus gemidinhos de excitação. Eu fugi e você não me procurou, agora, acaba de ser achado pela segurança do bairro, passar bem – desligo o telefone e fecho a janela, ofegante.

Corro ao meu quarto, de janela fechada, e vejo-o, pelas frestas, fora do carro, gesticulando e falando com dois guardas noturnos. Ele aponta o prédio e, com medo dele querer chamar-me para provar aos guardas noturnos que estava esperando-me e ter que o encontrar, mando uma mensagem a ele.

Pego meu celular, na cozinha, rápido, com as mãos trêmulas, não sei se por causa do orgasmo alucinante ou do medo de ter que o enfrentar, cara a cara. Procuro o número da última chamada e lá está o número desconhecido. Não penso duas vezes, mando a mensagem.

“Amor, vou demorar para chegar, acho melhor você ir embora, ligo para você depois. Beijos e boa noite – rindo, sozinha, acrescento – Não esqueça de sonhar com meu show”.

Interrompida pelo interfone, momento atual...

Sentindo todo o calor e terminações nervosas autônomas dos impulsos neurais que estão localizados na minha vagina, onde meu clitóris está com todo o fluxo de sangue do meu corpo centralizado, atendo ofegante, depois de ter lembrado, como foi delicioso a última vez que nós vimos. 

− Patrícia – minha voz sai ofegante.

−Estou atrapalhando amiga, parece que está vindo de uma maratona, aconteceu alguma coisa? – aff, porque ela tem que me conhecer.

− Não Bá, estava apenas saindo da sala, quando o ramal tocou e tive que correr para atender – minto descaradamente.

− Patty, estou indo e acho que não volto à tarde, quero me organizar, antes de você considerar o meu conselho de tirar suas férias. Vai aproveitar a vida menina, ela passa e quando você vê, já está de bengalinha correndo atrás da dentadura que caiu da sua boca, beijos.

− Palhaça! – digo, mas já é tarde demais, ela desligou o telefone antes da minha resposta, fico rindo sozinha e pensando que realmente umas férias serão perfeitas.

Entre um relatório e outro, pesquiso algumas possíveis viagens, encontro um cruzeiro para solteiros, me empolgo lendo e logo vejo que se trata de um cruzeiro, GLS, imagino só gato nesse navio, mas a fruta que eles gostam, eu chupo até o caroço, aff... Mais uma pesquisa e de repente, aparece na minha tela um blog nada a ver com as minhas pesquisas. Massagens Tântricas.

Massagem Tântrica estimulante, sensual e envolvente.

. Ajuda no autoconhecimento − (adorei, penso comigo)

. Desperta amor próprio − (já me amo, mas não faz mal a ninguém, se amar mais um pouquinho)

. Equilibra o sistema hormonal − (há, esse bendito está precisando equilibrar mesmo)

. Mudança nos padrões energéticos − (meu filho energia não me falta, o que me falta é um homem, liberar essa carga elétrica que reina meu corpo)

. Desperta regiões sensoriais adormecidas − (aff, isso eu não gostei, faço uma nota mental, para descobrir que religiões são essa adormecidas dentro de mim)

. Auxilia na cura de disfunções sexuais − (totalmente disfundida, riu sozinha com a palavra que acabei de inventar)

. Anorgasmia “ausência de orgasmo” – (é nesse blog mesmo que vou embarcar, quero saber, quando, como e porque, essa tal massagem tântrica é tão poderosa assim).

Hoje não é sexta-feira por isso não tem happy hour com o pessoal do escritório, não tenho para quem ligar, faço uma análise mental e vou descartando meus últimos ficantes, algo começa a me incomodar, será que a Dona Solidão, começou a querer mexer com os meus sentidos, não é possível. Sai de mim urubu, esse corpo não te pertence, vai querer causar depressão em outro corpinho mais rechonchudo que o meu.

Pego minha bolsa da cadeira e sigo o meu destino, sem vontade de cozinhar, dou uma passadinha no meu restaurante preferido japonês Saporo, escolho uma barca com 18 sushis e sigo para casa, louca para entrar na sala de bate papo de relacionamentos, pelo face, onde fiz um monte de amigos. Rola umas paqueras, mas eu nem sou doida de marcar um encontro.

Já aposto de banho tomado, em companhia da minha barquinha, em cima da bandeja na cama, começo a navegar e trocar mensagens peraltas pelas páginas de relacionamento. Mas hoje só para variar um pouco encontrei uma sala de BDSM, cheio de gente poética, claro que só mando o convite, participar dela é para fortes. 

− Gente do céu! Jesus me abana!!! − onde é que fui parar? – curto uma postagem com um texto lindo de um tal de Dom Leon e logo em seguida, vem uma solicitação de amizade.

Dom Leon solicitou ser seu amigo.

Não penso duas vezes, animada em ser amiga do meu primeiro Dom, aperto a tecla Confirmar.




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