CAPÍTULO UM
Ela acordou no escuro. Através das lâminas da persiana na janela os primeiros indícios turvos do amanhecer escorriam, lançando sombras oblíquas sobre a cama.
Era como acordar dentro de uma cela.
Por um instante permaneceu deitada, simplesmente, estremecendo, sentindo-se aprisionada, enquanto o sonho ia desaparecendo. Depois de dez anos na polícia, Eve ainda tinha pesadelos.
Seis horas antes, ela matara um homem, e assistira à morte penetrar em seus olhos. Não era a primeira vez que usara força extrema, ou tivera pesadelos.
Aprendera a aceitar o ato e suas conseqüências.
Era a criança, porém, que a assombrava. A criança que ela não conseguira chegar a tempo de salvar. A criança cujos gritos haviam ecoado no sonho e se misturado com os dela mesma.
...
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