Senhoras
do Santuário,
Minhas
calorosas saudações (para todas ficarem quentinhas!!!!)
No
capítulo 7, Isadora e Kiron vivem momentos decisivos e intensos.
Com
carinho, lembro a vocês que Meu Destino é Você, a história de amor de Eva
Martins e Theodoro Santini, está a venda no site da Amazon: http://www.amazon.com.br/dp/B00YK70NOM
Não perca tempo e leve essa linda história de
amor para o sua casa!
Beijos
Nina Reis
********************
"Dançar é sentir, sentir é sofrer,
sofrer é amar... Tu amas, sofres e sentes. Dança!" (Isadora Ducan –
Bailarina).
“O
luar prateado parecia acariciar a mata nativa” – Isadora pensava ao mirar a
paisagem noturna através do vidro blindado da janela do quarto designado para
passar a noite.
Apesar
dos protestos de Ângela, que insistia em examiná-la, Dora optara por tomar um
longo banho e trocar o vestido sujo e rasgado por algo limpo e confortável. Grata
e aliviada, identificara sobre a cama, duas de suas bolsas de viagem. Uma com
as coisas e roupas que levara para se preparar para o espetáculo no Teatro
Municipal e outra, que deixara preparada, pois seu voo para Florianópolis, o
destino que planejara para suas férias, estava marcado para dali a poucas
horas.
Ela
fechou os olhos, inspirou profundamente e voltou a contemplar a vista de sua
janela. A dor em seu peito tornou-se quase insuportável, assim como o latejar
em sua cabeça, que mesmo após o forte analgésico que Angie ministrara, não
aliviara.
Dora
recordou o momento que entrara no banheiro e fechara a porta atrás de si.
Fora
a primeira vez que ficara sozinha aquela noite.
O
modesto banheiro, que transformava o quarto, que contava apenas com uma
confortável cama de casal, uma mesinha de cabeceira e um guarda roupas, em uma
suíte, era igualmente simples e limpo. Um par de toalhas limpas estava dobrada
sobre o balcão, assim como a escova e a pasta de dentes, novas, ainda em suas
embalagens.
Arrancara
as roupas de seu corpo e se colocara sob o jato quente do chuveiro. A sensação
de frio parecia consumi-la. Mordeu os lábios para abafar os gemidos de dor
quando a água tocara sua pele e músculos machucados. A dor mais intensa, aquela
vinha de dentro para fora, tornava-se mais forte a cada segundo.
Permanecera
um longo tempo parada sob a água aquecida. A alma desejava gritar, mas nenhum
som saía de sua garganta...
Abraçou
a si mesma e tentou chorar, extravasar as emoções que a sufocavam, mas não
conseguira. Os gritos, o choro e as lágrimas pareciam represados em algum lugar
dentro dela. Após vários minutos, abrira os olhos e se deparara com seus itens
de banho em um nicho na parede dentro do boxe. Um sorriso triste, de gratidão,
surgira em seus lábios ao perceber que Angie cuidara de suas necessidades.
Lavara
o corpo e o cabelo, lutando contra as dores e a ardência dos ferimentos. A dor
física não a assustava. O ballet a ajudara a lidar com dores atrozes em seus
pés, membros e músculos. As dores emocionais, por outro lado, tentavam
derrubá-la.
Ao
deixar o banheiro, sentia-se um pouco mais humana.
Ângela
a examinara, a medicara e a ajudara a se vestir, apesar de seus protestos. Durante
todo o tempo, a enfermeira resmungara sobre não perdoar os agentes da Abaré por
terem mentido para ela sobre o que ocorria àquela noite.
Dora
a ouvira narrar que entendera o que estava acontecendo quando a vira caminhar
em direção à saída, acompanhada do Dante e mais dois homens. A enfermeira
contara que mantinha os olhos sobre o grupo, quando um dos agentes da Abaré
entrara em seu campo de visão e bastara olhar para o sujeito para compreender o
que acontecia.
A amiga e
enfermeira ainda resmungava, enquanto aplicava o anti-inflamatório sobre o
ferimento de seus braços, quando uma discreta batida soou junto a porta e,
em seguida, Davi entrara em seu quarto.
O
irmão não disfarçou as linhas de preocupação em seu semblante.
–
Como você está? – Davi perguntara ao fechar a porta atrás de si.
–
Viva – respondera.
Um
incômodo silêncio tomou conta do ambiente.
–
Estou terminando – Ângela dissera, concentrada em aplicar o medicamento.
Eles
não fizeram nenhum comentário.
Ângela
terminou, ajeitou o material que usara em uma maleta, parecia com as usadas
para guardar maquiagem, mas a dela, com muitos compartimentos, guardava
material para curativos e medicamentos. Era a primeira vez que Dora se deparava
com a eficiente e concentrada enfermeira Ângela Garlipe, e reconheceu que a
amiga era muito boa no que fazia.
Ângela
colocou em um saquinho as embalagens das gazes, algodão e dos medicamentos que
usara, assim como o material que usara para desinfetar e tratar seus
machucados.
“A
mulher era meticulosa” – pensara orgulhosa da competência e segurança da
enfermeira.
–
Se precisar de mim, é só usar aquele aparelho – dissera apontando para o rádio
sobre mesinha de cabeceira. – Aperte o botão do meio, e falará comigo –
comunicara.
–
Obrigada – respondera cada vez mais intrigada com o trabalho da amiga.
Com
um discreto aceno de cabeça para Davi, a enfermeira deixara o quarto.
Quase
um minuto, do mais completo silêncio, se passara antes que Davi se movesse em
direção à cama e sentasse ao seu lado.
Permaneceram
mais algum tempo em silêncio.
Dora
sentia o peito esmagado e o coração dividido.
Sentia-se
culpada por colocar sua família sob a mira de um marginal perigoso. Porém, por
mais absurdo que pudesse parecer, cada célula de seu corpo se revoltava contra
a decisão de sair do país. Ser obrigada a fugir e a se esconder ia contra tudo
o que acreditava, e isso rasgava sua alma.
–
Desculpe – ela rompera o intenso e tenso silêncio.
Davi
olhara para ela, sorrira e acariciou seus cabelos com uma das suas grandes e
surpreendentemente leves mãos, da mesma maneira que fazia desde que podia se
lembrar.
–
Estamos orgulhosos de você, Dora – o irmão respondera e sorrira divertido ao
ouvi-la bufar contrariada.
Ficaram
mais alguns minutos em silêncio.
–
Descobrir, por terceiros, que sua irmã mais nova tem um coração ainda mais
bonito e generoso do que você pensava, foi uma experiência complicada – o irmão
dissera ao romper o silêncio. – Nos sentimos orgulhosos, magoados e apavorados,
Dora – confessou.
Dora
mirou o irmão mais velho. Os olhos negros idênticos aos seus desnudavam as
emoções que ele raramente permitia demonstrar.
–
Descobrimos em um pen drive as gravações de algumas das suas aulas. A mamãe
chorou ao assistir a maneira doce com que você trata àquelas meninas.
Dora
fechou os olhos ao pensar em como sua mãe deveria estar magoada. Ainda não
tentara falar com ela, não sabia ao certo o que dizer, além do frio e
impessoal: lamento por toda essa confusão.
–
Tratava – ela corrigira o irmão e sentiu o peito doer um pouco mais forte.
Pensar
no quanto as meninas e funcionários ficaram apavorados, quando os bandidos
invadiram e destruíram o abrigo, torturava-a.
–
Saber que você precisou esconder esse trabalho de nós, abriu um buraco bem aqui
– Davi apontara para o próprio peito –, mas, Dora, quero que escute com muita
atenção – pedira –, não seria uma Baptista se tivesse agido diferente e
ignorado o sofrimento dessas crianças. – Ele fizera uma pausa e voltara a
encará-la. – Saber o quanto foi corajosa nos enche de orgulho, Dora, mas, porra
– xingou e fez uma nova pausa –, você é a nossa princesa que dança na ponta da sapatilhas, a melhor de
todos nós, não suportaríamos perder você – confessou.
Dora
respirou profundamente ao recordar como o irmão a arrastara para seus braços e
a segurara com carinho enquanto afagava seus cabelos. Momentos depois, sem
dizer nem mais uma palavra, ele beijara o topo de sua cabeça e a deixara.
A
presença de Davi em seu quarto a surpreendera.
Geralmente,
as conversas reconciliadoras aconteciam com o Luiz, o mais ponderado e
equilibrado dos irmãos.
Dora
fitou a lua cheia altiva e solitária, mesmo cercada de uma constelação, sempre
imaginara, desde menina, que a lua possuía uma alma solitária.
As lembranças dos beijos e carícias trocadas
com Dante, no banco de trás do carro, invadiram sua mente.
Em
meio ao caos, desespero e perdas que a envolveram aquela noite, aqueles breves
momentos foram como um sopro em seu espírito. Sentir as mãos deles em sua pele,
o corpo dele colado ao seu, a boca dele na sua.
“Cristo!
Sua cabeça estava uma bagunça!” – disse para si mesma, confusa.
Seus
planos e sonhos acabavam de ser destruídos por um traficante sádico, e tudo o
que conseguia pensar era como se sentira feminina e protegida nos breves
momentos em que estivera nos braços do agente de segurança.
Dora
se sentia angustiada, inquieta, perdida... Sabia que precisava descansar, mas
não conseguia sequer olhar para a direção da cama.
As
dores, físicas e emocionais, estavam ainda mais intensas. Sentia como se
tivesse um forte e poderoso grito preso dentro dela, mas era como se algo ou
alguém pressionasse sua garganta, silenciando-a.
Pelo
reflexo do vidro da janela enxergou as bolsas de viagens sobre a cama e soube o
que precisava fazer. Foi até a cama e vasculhou a sacola que levara para o
Teatro Municipal, retirou as sapatilhas, o Ipod e o acessório que comprara para
facilitar os ensaios, a charmosa e pequena caixa de som. Ligou o acessório
bivolt em uma das tomadas do quarto e escolheu uma das seleções de músicas no
Ipod.
Dora
amava música clássica, mas àquela madrugada, depois de tudo o que passava, seu
estado espírito clamava pelo bom e velho rock in roll. Optou pela banda Within
Temptation, que unia as duas vertentes, e ajustou o volume do aparelho e do acessório
para o volume máximo.
“Precisava
daquela conexão para conseguir respirar novamente” – pensou.
Os
primeiros acordes de Frozen ecoaram pelo quarto... Através da voz da vocalista
da banda, a personagem da música revelava que sentia frio, muito frio e, assim
como ela, lamentava a perda das cores e da alegria em sua vida.
Com
o coração ressoando em uníssono com a canção, Dora colocou uma sapatilha e
depois a outra. As mãos tremiam ao passar a fita em torno de seu tornozelo e
amarrá-la com firmeza. Ela se levantou e se posicionou no meio do quarto, entre
a cama e a parede na qual estava a porta de entrada.
“Não
teria muito espaço, mas seria o suficiente” – pensou.
Ainda
sob o som de Frozen, deu início a um breve aquecimento. O corpo protestou ao
ser alongado. Ao abaixar o corpo, em um movimento, a cabeça latejou com uma
intensidade que roubou seu ar.
Isadora
não se intimidou. Voltou à postura ereta, respirou fundo, uma, duas, três vezes
e se colocou sob as pontas das sapatilhas.
Um
gemido de dor escapou por seus lábios ao sentir a perna ferida protestar contra
os movimentos. Não interrompeu o aquecimento.
“Nunca
precisara tanto de sua conexão com a dança, como naquele momento” – admitiu
para si mesma.
Alguns
movimentos depois, estava satisfeita com o aquecimento. Mais uma vez fechou os
olhos e deixou a musica falar com seu corpo, revelar os movimentos, o ritmo e a
velocidade. Ouviu a introdução de What Have You Done, a intensidade, cadência e
a letra da canção calaram fundo em seu coração.
A
voz masculina perguntou na canção: o que você fez agora?
Dora
sentiu como se a pergunta fosse dirigida a ela. E respondeu com sua dança.
Ignorou todos os protestos de seu corpo e se entregou por completo aos
movimentos que acompanhavam a intensidade da melodia.
Era
somente ela, o ballet e o rock in roll.
***********
Ele
tentara permanecer longe...
Kiron
entrara silenciosamente no quarto enquanto Isadora fitava a mata através da
janela do quarto. Oculto nas sombras, a observara debater-se com seu destino.
Por várias vezes, ela esfregara os braços como se sentisse frio e precisasse se
aquecer, mas não procurara por um casaco entre as roupas que ocupava as duas
sacolas de viagem sobre a cama.
Isadora
vestia um short jeans confortável e uma camiseta larga. Percebera que ela
machucara o lado esquerdo do corpo, um pouco acima da cintura. Conseguia ver a
alça larga do sutiã branco que ela usava sob a blusa. Os pés estavam descalços
sob o piso de madeira. Nas pernas e nos braços conseguia enxergar os
ferimentos, agora tratados. O braço que o capanga do traficante quase esmagara,
estava inchado e com marcas escuras.
Dora
esfregou os braços mais uma vez.
A
temperatura no quarto era agradável e o fato de que ela sentia frio, no
ambiente aquecido, o preocupava. Dora respirou fundo e continuou fitando a
vista do exterior da propriedade banhada pela luz prata do luar. Compreendia o
encanto da bailarina com a vista de tirar o fôlego.
“Ele
sentia a mesma coisa” – pensou.
Após
entrar na casa, seguira em direção à caverna do dragão. Os lábios se ergueram
em um sorriso divertido ao recordar sua reação ao se deparar com a obra
inacabada de Rick, no teto da caverna. Ele representara o céu noturno com todas
as constelações, o que seria idílico se não tivesse identificado os contornos
da nave Millenium Falcon conduzida por Hans Solo no filme Stars Wars.
“O
garoto era um caso perdido” – pensou divertido.
Henrique
auxiliava todo o esquadrão, e seu passado também era um mistério. O único fato
concreto sobre o geek era que entrara para o grupo ainda menor de idade e
tornara-se o apoio tecnológico de todas as operações.
Era
ao mesmo tempo um gênio da tecnologia, um soldado mortalmente perigoso e um
artista.
“Uma
mistura incomum e perigosa” – pensou.
O
rapaz esclarecera algumas de suas dúvidas sobre Isadora.
Lembrou-se
do alívio que sentira ao descobrir que a bailarina tinha vinte e cinco anos. Apesar
de ter consciência de que a forte atração que sentia por ela seria a mesma,
caso ela tivesse os dezoito anos que aparentava. Rick revelara que ela morava
sozinha e que há alguns meses rompera um relacionamento de dois anos.
Kiron
foi arrancado de suas divagações ao vê-la deixar a janela e seguir em direção à
cama. Ele recuou mais dois passos para dentro das sombras, por precaução.
A
bailarina vasculhou uma das sacolas e retirou o Ipod, uma minúscula caixa de
som e um par de sapatilhas.
Seguia,
com os olhos, cada movimento de Isadora, que montou o minúsculo aparelho de som
e, com os acordes da canção da banda de metal sinfônico ressoando pelo cômodo,
colocou as sapatilhas.
Kiron
sentiu seu estômago se contorcer ao notar o quão trêmulas as mãos de Isadora
estavam. Todo o corpo da bailarina parecia prestes a romper-se, tamanha a
tensão que conseguia notar.
Uma
emoção desconhecida vibrou dentro dele ao vê-la caminhar para o meio do quarto
e iniciar os exercícios de aquecimento. A canção falava de uma alma perdida no
frio, na dor, em um mundo sem cor, sem esperança.
Isadora
se concentrara por alguns segundos, após o aquecimento, e na ponta das
sapatilhas iniciou a coreografia que acompanhava o ritmo frenético da segunda
canção. Kiron experimentou as mesmas emoções que sentira ao assistir o
espetáculo horas antes.
O
corpo despertou faminto e sedento por ela.
Estavam
lá todos os sentimentos e emoções que se digladiavam dentro de bailarina. Dor,
fúria, medo, indignação, revolta, amor, paixão e a dolorosa e inaceitável
resignação.
Kiron
desconhecia o futuro de Isadora.
Álvaro
Nascimento fora claro ao informar que a missão da equipe 1 terminaria assim que
chegassem no aeroporto de Curitiba, em algumas horas. Os Baptistas, de acordo
com o líder do esquadrão, assumiriam o controle de tudo a partir de então.
“E
eles tinham os meios necessários para fazê-lo” – Kiron reconheceu.
Mas,
para ele, ficava claro que a nova realidade a feria ainda mais do que parecia
machucá-la ao chegaram à casa Santuário.
Contemplou
os passos e movimentos impregnados de emoções. A viu vacilar um momento. Isadora
parecia sentir dor, e ele quase deixara seu “esconderijo nas sombras”, para
ampará-la. Porém, no instante seguinte, a bailarina parecia recuperada.
As
informações sobre a formação em ballet clássico e contemporâneo o surpreendera.
Isadora Baptista estudara nas melhores escolas de dança do mundo. Depois de
assistir seu desempenho sobre o palco do Municipal, ele se perguntava o porquê de
ela ainda estar no Brasil. Por que não era solista em uma das grandes
companhias de dança da Europa, ou mesmo dos Estados Unidos?
Os
movimentos de Isadora se intensificaram ainda mais. Ela estava completamente
entregue à dança, porém, não de uma forma boa.
Era
como se ela desejasse expurgar a dor, entretanto, essa aumentava em vez de
diminuir.
Atento,
seguia as sequências de movimentos e giros. Ouvia a respiração ofegante que
demonstrava que a bailarina perdera, há muito, o controle. Os olhos captaram o
leve falhar da perna esquerda e, sem parar para pensar, em um movimento de puro
reflexo, abandonou as sombras no exato momento em que a bailarina perdia o
equilíbrio e mais uma vez amparava-a em seus braços, e o perfume de orquídeas
selvagens misturado ao cheiro do antisséptico e anti-inflamatório, cercava-o.
Dora
perdia-se em vórtice de dor e frustração. Deixar sua família, planos e sonhos
para trás, destroçava sua alma. A canção ressoava alta entre as paredes do
quarto e falava de erros, decepções, em parar de acreditar, de encontrar alguém
no pior momento de sua vida e assisti-lo ir embora...
O
sorriso arrogante do agente de segurança surgiu em sua mente, e a dança vibrou
ainda mais intensa dentro dela. A lembrança do corpo dele sobre o seu, da boca
dele sobre a sua e das mãos dele sobre sua pele emergiu com força em seus
pensamentos.
Entregou-se
ainda mais aos movimentos, sentiu uma dor aguda na perna esquerda, a mente
preparou-se para queda que não veio. No momento seguinte, mãos familiares
abraçavam seu corpo e um par de olhos verde-acinzentados mirava os seus.
Ofegante
e atordoada, Dora fitava o homem que dominava seus pensamentos segundos antes. Não
perguntou como ou quando ele entrara no quarto. Não o desejava saber. O que
importava é que, por algum motivo, ele estava ali com ela.
Dante
cheirava a sabonete e xampu. Não vestia o terno com o qual chegara à
propriedade, vestia uma camisa preta, os cabelos negros ainda estavam úmidos do
banho e um pouco bagunçados.
–
Parece que minha missão na vida é impedir suas quedas – gracejou com uma voz rouca
e suave, quase uma carícia.
Com
o coração retumbando em suas têmporas, Dora sorriu. Um sorriso comedido, mas ainda
assim um sorriso.
–
Prefiro quando as impede, a quando me pede para que me jogue no chão – ela
gracejou, e ele também sorrira.
Dora
não fez menção de se afastar, e Kiron não tentou soltá-la.
O
breve momento de descontração fora substituído pela tensão que machucava a alma
da bailarina. Isadora o fitava com olhos atormentados, a respiração ofega e o corpo
extremamente tenso.
Sem
desviar os olhos dos dela, levou uma das mãos a face cor de café e acariciou a
pele delicada, de traços delicados e extremamente jovens.
–
Deixe sua alma se romper, pequena – pediu com o rosto muito próximo ao dela. –
Ela precisa – ponderou.
Dora
fechou os olhos, inspirou profundamente e voltou a abri-los.
Os
olhos verdes miravam-na de uma maneira nova. Existia tanto carinho, respeito e
cumplicidade naquele olhar...
Sentiu
o nó em sua garganta se apertar ainda mais, assim como a dor em seu peito, e a
sensação de frio se tornou quase insuportável. E de repente, as lágrimas e o
choro, até então represados, explodiram sem prévio aviso.
Kiron
sentia a peito esmagado ao ouvir o choro baixo e sofrido da mulher que se
agarrava a sua camisa, como se a peça de algodão fosse sua tábua de salvação.
Com
a cabeça apoiada em seu peito, Isadora chorava e murmurava algo sobre estar com
muito frio. Todas as emoções, que ela inconsciente represara, fluíam livres
através das lagrimas que molhavam sua camisa.
O
corpo pequeno e tonificado tremia em seus braços.
Kiron
fechou os olhos e apoiou o queixo sobre a cabeça da bailarina.
Seu
peito rugia em fúria.
Sua
vontade era inquirir o pai e os irmãos, para saber o que disseram para
destroçar a alma guerreira de sua pequena bailarina. E exigir a localização dos
bandidos que ficaram sob a custódia dos militares que acompanharam o resgate.
Ou mesmo, entrar no carro, caçar e matar os homens que a ameaçavam.
Kiron
afagava as costas protegidas pela camiseta e murmurava palavras de consolo.
Percebeu que mesmo em meio ao choro, Isadora trocara o peso do corpo para a
perna direita, e xingou-se por haver esquecido que ela estava machucada.
Com
cuidado, para não assustá-la nem afastá-la, baixou o corpo de ambos para o piso
de madeira e a colocou sobre seu colo. Não tentou fazê-la parar de chorar, ela
precisava colocar toda aquela dor para fora, para sair fortalecida daquela
experiência.
“Isadora
tinha uma alma de guerreira” – disse para si mesmo em silêncio.
Ele
não tinha dúvidas que depois de chorar todas as lágrimas que sua alma
necessitava e dormir por algumas horas, ela acordaria pronta para enfrentar o
mundo, se fosse necessário.
Ficaram
sentados sobre o chão de madeira durante um longo tempo, até que o choro descontrolado
começasse a diminuir aos poucos, se transformando em um discreto fungar sem
lágrimas. Alguns minutos se passaram até que Isadora afastasse a cabeça de seu
peito e o encarasse com os olhos inchados e o nariz avermelhado.
Kiron
acariciou a face ainda úmida das lágrimas derramadas, e ela sorriu
constrangida.
Ele
sentiu o peito se confranger ao enxergar os traços delicados maculados pelo
inchaço, que o choro convulsivo causara.
–
Obrigada – Isadora disse com a voz rouca.
Sentia
a garganta dolorida, além das dores que a acompanhava nas últimas horas.
–
Sente-se melhor, pequena? – Kiron perguntou sem a liberar de seu abraço.
–
Sim, muito melhor – ela respondeu sincera ao passar as mãos pelo rosto na
tentativa de enxugar as últimas lágrimas.
O
corpo ainda reclamava, mas sua alma estava sensivelmente mais leve.
Isadora
mirou os olhos verdes, que a fitavam sérios.
Estava
curiosa sobre as palavras que ele murmurava enquanto a consolava e consciente
de que estava sentada sobre o colo do agente. Em meio à crise incontrolável de
choro, ouvira as palavras e frases que eram pronunciadas em uma língua que ela
não conseguia identificar.
Entre
as várias palavras, entendera a pronúncia de algumas, moro mou, kardula mou e
mikrúla mú, mas não conseguia ligá-las a um idioma específico, a única coisa
que tinha certeza é que não eram italianas, como o nome e sobrenome do agente
de segurança.
–
Desculpe-me pelo descontrole, normalmente não sou assim – disse sem jeito.
Kiron
sorriu diante da expressão de total constrangimento da bailarina.
–
Às vezes, nossa alma precisa transbordar para se fortalecer – ele respondeu em
tom carinhoso. – Se precisar repousar a cabeça sobre um ombro amigo, ainda
estou aqui, Isadora.
–
Obrigada por compreender – respondeu e deitou a cabeça sobre o ombro esquerdo
do agente de segurança. – Molhei sua camisa – comentou ao levar a mão ao peito
no qual sua cabeça se apoiara enquanto deixava sua alma transbordar.
–
Ela vai secar – ele responder despreocupado, acariciando as costas delgadas. –
Me conte como se tornou uma bailarina – ele pediu.
A
intenção de Kiron era fazê-la pensar em coisas boas. Lembranças que a ajudariam
nessa nova fase de sua vida. Sentira em sua própria carne o quanto se agarrar a
boas lembranças impedia um ser humano de enlouquecer ou se entregar e desistir.
Passaram-se
alguns segundos antes que a voz de Dora soasse repleta de carinho e nostalgia.
–
Sou dez anos mais nova que Davi, meu irmão mais velho, e sete anos mais nova
que Luiz, meu irmão do meio. Minha mãe costumava dizer que sou o presente
ardentemente desejado, mas que ela já não esperava receber. – Dora sorriu com a
lembrança. – Ela dizia que depois de tanta roupa azul e camuflada, foi uma
benção fazer um enxoval em tons de rosa e violeta.
Kiron
riu baixinho ao imaginar o Major cercado por roupas e acessórios femininos de
bebê. Após a breve interrupção, ela continuou.
–
Estava determinada a fazer de mim uma dama, apesar dos meus irmãos me ensinarem
a brincar de carrinho e adorar os bonecos do G.I Joe e Comandos e Ação.
Kiron
riu com gosto.
–
Eu também adorava a Barbie – ela ponderou –, mas confesso que achava os bonecos
deles mais divertidos. Afinal, eles salvavam o mundo. E a Barbie, apesar de
suas muitas profissões, roupas lindas e namorado perfeito, não conseguia
competir com isso.
–
É óbvio que não – ele concordou divertido.
–
Ela me levou ao meu primeiro concerto de música clássica aos três anos. Aos
cinco, assisti meu primeiro espetáculo de ballet e fiquei completamente encantada.
Na semana seguinte, minha mãe me matriculava em uma escola de ballet. Nos
mudávamos com frequência, mas isso nunca intimidou minha mãe. Tive diferentes
professores de piano, frequentei as mais variadas escolas de ballet, jazz e
dança contemporânea.
–
Você toca piano? – Kiron perguntou surpreso.
–
Muito pobremente, para o desespero dos meus ex-professores – ela respondeu
divertida.
Ele
riu da sinceridade dela.
–
Continue – pediu.
Estava
realmente interessado em saber mais sobre ela. E vê-la sorrir despertava algo
novo dentro dele.
–
Apesar de encantada pelo ballet, até os dez anos nunca acreditei que pudesse
ser uma bailarina de verdade. – confessou.
–
Por quê? – perguntou ainda mais curioso.
“Desde
quando crianças podavam seus sonhos?” – Kiron se perguntava.
–
Eu já havia frequentado diferentes escolas e assistido a diversos espetáculos
de ballet – ela comentara com voz distante ao mesmo tempo em que,
distraidamente, acariciava peito dele – sempre fui a única aluna negra e, até
então, não assistira uma única bailarina negra dançar.
Kiron
fechou os olhos e cobriu a mão que acariciava seu peito com a sua.
Sentia
como se ferissem seu peito. Ouvir a realidade do racismo sob a perspectiva
inocente de uma criança era devastador.
–
O que a fez mudar de ideia? – ele perguntou.
Sentiu
Isadora sorrir, e sentiu o peito aliviado.
–
Meu aniversário de dez anos coincidiu com a data em que minha escola de ballet,
da época, marcara a apresentação anual dos alunos menores. A apresentação dos
adolescentes e adultos seria na semana seguinte. Meu pai e meus irmãos estavam
presentes. Depois da apresentação, que ocorrera no final da tarde, fomos tomar
lanche e passear. Entramos em loja de brinquedos e meu pai enxergou uma
prateleira com diversas caixinhas de músicas, dessas com bailarinas – explicou
–, ele me levou até lá e me disse que como eu já tinha idade e responsabilidade
para cuidar de algo tão especial como uma caixinha de música, poderia escolher.
Seria seu presente para mim.
Isadora
fez uma breve pausa e continuou.
–
Fiz o vendedor me mostrar todas as caixinhas, mas não escolhia nenhuma. Minha
mãe perguntou o porquê eu não gostara das caixinhas de músicas, uma vez que
vivia pedindo para ganhar uma. Pedi para ela se abaixar e sussurrei em seu
ouvido que nenhuma das bailarinas era igual a mim.
–
Isadora – Kiron disse em um tom de lamento.
O
peito dolorido pela pequena e sagaz Isabela Baptista.
–
Quando minha mãe revelou o que acontecia comigo, meu pai e meus irmãos não
sabiam como agir. O vendedor queria que um buraco se abrisse para que ele fosse
sugado e fugisse daquele constrangimento. Por fim, meu pai pigarreou e
perguntou ao vendedor se as caixinhas com bonequinhas marrons tinham acabado –
a emoção embargou sua voz –, amei meu pai ainda mais naquele momento. O
vendedor entendeu o olhar que ele lhe dirigia e contou que as boquinhas marrons
vendiam muito rápido. Meu pai disse que voltaria no mês seguinte para comprar.
Ela
sorriu uma vez.
–
Eu sabia que não existiam bonequinhas negras em caixinhas de música, mas, mesmo
assim, admirei o que minha família tentava fazer. – Ela fez uma nova pausa. –
Um mês depois, eu estava no meu quarto, fazendo meu dever de casa, quando meu
pai entrou e colocou uma embalagem de presente sobre a minha escrivaninha.
Fiquei surpresa e perguntei se era para mim. Ele me respondeu que sempre
cumpria suas promessas.
Isadora
respirou fundo para controlar as lágrimas que marejavam seus olhos. Essas,
todavia, eram frutos de uma emoção boa.
–
Para a mortificação da minha mãe, abri o presente com a delicadeza de um
elefante e o entusiasmo de uma criança de dez anos – comentou com bom humor.
Kiron
riu ao imaginá-la rasgando os papéis e as fitas do presente.
–
Quando vi a caixinha de música, fiquei confusa e olhei para o meu pai, que me
pediu para abri-la. Quando o fiz, meus olhos não acreditavam no que eu
contemplava. Uma linda e delicada bailarina de pele cor de café, cabelos e
olhos negros olhava para mim. Esse foi o dia mais feliz de toda a minha vida.
Kiron
voltou a apertar a mão que mantinha presa a sua, em seu peito. O fato de
Isadora descrever a bailarina, como ele a descrevia em sua mente, fez com que
uma deliciosa sensação de calor, aquecesse seu peito.
–
Não sabia como ele havia conseguido, mas quando a vi bailando ao som da canção
da caixinha, disse a mim mesma que se meu pai havia conseguido encontrar uma
caixinha de música com uma bailarina negra, era sinal de que elas existiam. E
se elas existiam, eu poderia ser uma bailarina. Foi nesse dia que escolhi o que
queria da minha vida. Eu queria ser aquela bailarina da minha caixinha de
música.
Antes
que Kiron se desse conta do que fazia, sua boca devorava a de Isadora em um
beijo repleto de reverência e admiração.
O
sabor de mel e vinho invadiu sua boca e incendiou seu corpo. Isadora
correspondeu sem reservas ou hesitação. O corpo dela moldado ao dele, sobre seu
colo. Fora impossível controlar a furiosa ereção de seu membro.
Quando
Dora suspirou deliciada, ele interrompeu o beijo.
–
Você é uma mulher incrível, Isadora Baptista – murmurou com a testa colada a
dela.
Dora
não queria parar... Desejava que ele a beijasse até que ficasse sem ar...
–
Quer saber por que chorei daquele jeito? – perguntou perdida nos olhos verdes.
–
Somente se você quiser me contar – Kiron respondeu.
Mantinha
a mão dele sobre a dela, pelo simples motivo de não estar certo de que
conseguira controlar seu desejo, caso se atrevesse a tocar outra parte do corpo
da bailarina.
Isadora
respirou fundo.
Sentia
a excitação dele sob suas nádegas. Os olhos dele ficavam ainda mais claros
quando estava excitado, ela percebeu.
–
Poucas coisas me amedrontam, Dante – disse, e sentiu o corpo dele se retesar.
Não compreendeu o motivo, porém, continuou –, mas perder o controle da minha vida
é uma delas – confessou. – Não ser capaz de fazer minhas escolhas, não poder
seguir meus sonhos, isso me apavora e é isso que está acontecendo agora. Aquele
homem não conseguiu colocar as mãos sobre mim, mas por causa dele terei de
desistir de meus sonhos, dos meus planos e minhas escolhas, e isso é um tipo
diferente de morte.
Não
mentiria à Isadora dizendo que tudo ficaria bem. Suspeitava de que o Major
tinha um plano de ação para neutralizar o inimigo, mas não conhecia os fatos.
Daria um tempo aos Baptistas para resolver o problema. Caso contrário, ele
mesmo o faria. Mas Isadora nunca saberia sobre sua interferência.
–
Do que exatamente está desistindo, Isadora? – ele perguntou.
Ela
sorriu. Um sorriso triste e distante.
–
Estávamos prontos para transformar parte do espetáculo em uma companhia de
ballet. Um sonho antigo, compartilhado por mim e mais seis amigos. Mostrar que
o ballet clássico não tem cor. Que Gisele pode ser branca, oriental ou negra e
não perder a identidade da história, nem sua intensidade – disse e suspirou
desanimada.
–
Isso é muito importante para você, não é? – Kiron perguntou.
–
Sabe, aquela menininha de dez anos, cheia de atitude e determinação, descobriu
que o sonho de interpretar uma das apaixonantes protagonistas dos repertórios
do ballet clássico era mais complicado e bem mais difícil do que imaginara –
confessou.
–
Você tem um talento excepcional, Isadora, não é possível que nenhum diretor de
uma companhia de ballet não tenha enxergado isso.
Ela
sorriu da perspicácia dele.
–
Uma vez passei em uma audição – revelou. – Consegui o papel de princesa em O
corsário. Na época, eu morava na Europa, e impuseram uma única condição: que
usasse maquiagem especial para parecer branca.
Kiron
praguejou contra o filho da puta.
–
Não quero passar por isso novamente. Posso não ter uma vida financeira tranquila,
mas quero uma companhia de ballet onde o talento e a técnica sejam as únicas
formas de selecionar os solistas. Onde todos os bailarinos sintam que tem
oportunidades iguais. Pode parecer utopia, mas essa era a minha escolha. – Ela
voltou a suspirar, frustrada. – Até essa noite, pelo menos.
Kiron
escolheu o silêncio. Sentia que Isadora compreenderia seu silêncio melhor que
suas palavras.
–
Você conseguirá realizar todos os seus sonhos – ele disse por fim.
Era
um compromisso que ele assumia aquela noite, uma promessa.
Isadora
sorriu ante o tom feroz na voz do agente.
“Era
tão fácil acreditar nele” – pensou ao mirar os olhos verdes.
Contemplou
cada traço do rosto másculo.
Os
olhos pararam sobre os lábios que beijavam como pecado e toda a espontaneidade
que compartilhavam, foi substituída pelo desejo que explodiu, vivo e exigente,
em seu corpo.
Seus
olhos voltaram a procurar os dele, e o que enxergou roubou sua respiração.
Pressentia
que Kiron amaria seu corpo como nenhum outro homem o fizera. E a tentação era
maior que a prudência, que alertava que ela corria o risco de perder seu
coração.
Isadora
sabia estar brincando com fogo... Mas nunca temera se queimar...
–
Isadora – Kiron disse em um tom de alerta –, isso não é uma boa ideia – ele
ponderou.
Isadora
mirou novamente os lábios másculos que exploraram sua pele fazendo-a queimar
por ele, horas antes.
“Deseja
experimentar novamente aquele desejo avassalador” – admitiu.
–
Por quê? – ela perguntou sem tirar os olhos da boca que queria que devorasse a
sua, com o mesmo desespero que sentia.
– Está muito mexida com tudo o que aconteceu e
isso sobrecarrega as emoções – Kiron tentou ser racional e equilibrado. Acima
de tudo, tentou ser um homem decente.
Os
lábios da bailarina se abriram em um sorriso essencialmente feminino.
–
E? – perguntou ao acariciar o rosto másculo com a mão livre.
Merda!
o grego praguejou ao sentir o membro reagir à carícia em sua face. Ao sentir o
movimento sob seu traseiro, o sorriso feminino se ampliou.
Foi
a vez de Kiron respirar fundo.
–
Quando acordar, eu não estarei aqui, e você irá se arrepender – Grunhiu ao
sentir Isadora se mover sobre seu membro dolorido por ela.
Sem
tirar os olhos dos seus, a bailarina se ajeitou sobre seu colo, colocando uma
perna de cada lado e ficando de frente para ele.
Kiron
engoliu um gemido torturado quando o sexo doce de Isadora posou sobre seu
membro. Mesmo protegido pelas roupas, o contato fora quente e bom para cacete.
–
Dante – ela o fez voltar a mirar seus olhos –, roubaram quase todas as minhas
escolhas, exceto essa. Não sei o que irá acontecer amanhã. Nem mesmo sei se
estarei viva daqui a vinte e quatro horas.
–
Você está segura, Isadora – ele protestou, segurando a nuca dela com uma das
mãos. Mantinha o rosto da bailarina quase colado ao seu.
Ambas
as respirações estavam entrecortadas.
–
Ninguém pode garantir nada, acredite, eu sei – ela retrucou e respirou fundo.
Queria
estar com ele, desejava sentir as mãos do agente acariciando seu corpo,
experimentar todas aquelas intensas emoções que sentira desde que caíra em seus
braços no Café do Municipal.
–
Eu escolho estar com você esta noite, senhor agente – disse ao erguer a bainha
da camiseta e tirar a peça lentamente.
Fascinado,
Kiron soltou a nuca de Isadora somente por tempo suficiente para que a peça de
roupa fosse tirada pela cabeça, para em seguida ser jogada sobre o piso de
madeira.
Luxúria
quente e poderosa explodiu dentro dele ao contemplar o delicado sutiã branco
com fecho dianteiro. Os mamilos rijos marcavam o tecido delicado.
“Porra!”
– praguejou completamente encantado.
–
Tenho alguns arrependimentos na vida – confessou ao levar as mãos ao fecho
dianteiro do sutiã –, mas eu tenho certeza que dormir com você nunca fará parte
dessa lista – disse ao tentar abrir a peça, porém a mão de Dante pousou sobre a
dela impedindo-a.
“Estava
condenado a perder sua alma para essa mulher” – disse para si mesmo, olhando
para sua mão pousada sobre o fecho que ele mesmo desejava abrir.
Voltou
a mirar os olhos negros que o fitavam em uma sensual expectativa. Seus lábios
se abriram em um sorriso repleto de más intenções, e sentiu o corpo de Isadora
estremecer em resposta.
–
Acredite, pequena – disse ao aproximar ainda mais o rosto do dela –, dormir é a
única coisa que não faremos nas próximas horas – prometeu.
A
voz rouca, pesada, sombria...
–
Parece ótimo para mim – Isadora sussurrou em um tom rouco pela paixão.
A
mão quente e grande sobre o fecho do sutiã tocava sua pele e sensibilizava seus
sentidos. Os seios estavam pesados e doloridos. Um delicioso formigar percorria
seu ventre, sentia a boca seca, sedenta por ele.
“Estava
perdida” – pensou entregue à atmosfera sensual que os cercava naquele momento.
Kiron
surpreendeu a ambos ao retirar a mão que mantinha sobre o fecho do sutiã e fitar
os olhos negros que o miravam pesados e repletos de paixão.
Queria
que ela se desnudasse para ele... Não somente da peça de lingerie, mas
desnudasse também a alma e coração.
Ele
queria tudo...
Isadora
leu nos olhos de Dante o pedido silencioso, não recuou ou hesitou. Com o olhar
preso ao dele, abriu o fecho do sutiã e se expôs em uma entrega e oferta inédita
para ela.
A
maneira ardente com que o agente de segurança contemplou seus seios, a fez
ofegar. Se antes sentira frio, naquele momento ela queimava de desejo e ansiedade.
Kiron
prendeu a respiração ao contemplar os seios cheios, com os mamilos escuros e
enrijecidos. Fascinado, levou ambas as mãos àquelas obras da natureza e os
acariciou. Sentiu-os macios, quentes e ainda mais pesados sobre as palmas de
suas mãos. Pressionou os bicos túrgidos que imploravam por sua boca e a viu
inclinar o corpo em uma entrega silenciosa.
Uma
corrente de eletricidade percorreu o corpo de Isadora que jogou a cabeça para
trás e mordeu os lábios para abafar um gemido de prazer. Cada centímetro de sua
pele formigava em deliciosa agonia.
As
dores e mal-estar esquecidos, relegados ao segundo plano.
Kiron
mirou o tronco curvado e tenso de Isadora, beijou o vale entre os seios e
inspirou o perfume que roubava seu controle. A pele dela estava quente e macia.
Sem
pressa, saboreando-a com a boca e com a língua, deixou um rastro úmido sob a
parte superior dos seios, colo, e do pescoço até ter o rosto, mais uma vez,
quase colado ao dela.
–
Mikrúla mú – ele sussurrou mirando a boca entreaberta que implorava por seus
cuidados. Tomou posse dos lábios quentes e doces com a mesma fome e luxúria com
qual desejava possuir o corpo moreno.
O
sabor doce e inebriante de Isadora invadiu sua boca, destruindo o que restava
de seu controle. O perfume de flores há muito, o embriagara.
Experimentou
o sabor dos lábios e da língua da bailarina que buscava a sua com o mesmo
desespero e fome.
Sentiam-se
famintos um do outro.
Mantendo
a nuca delgada presa em um agarre, atento para não feri-la, explorou a boca
quente e macia com a qual tivera as mais malvadas e deliciosas fantasia.
Beijou,
lambeu, chupou e mordeu a deliciosa boca da bailarina. Os gemidos, suspiros e
sussurros roucos de Isadora o deixavam ainda mais louco para estar dentro dela.
Sob o tecido de sua calça sentia o membro rígido e dolorido em um nível nunca
experimentado antes em sua vida.
Com
a mão livre, ele acariciava os seios cheios e intumescidos. A bailarina gemeu mais
uma vez em sua boca ao mesmo tempo em as mãos delicadas emaranham-se em seus
cabelos.
Kiron
grunhiu ao sentir Isadora se esfregar contra seu membro. A boca abandonou a
dela e explorou o pescoço elegante, os ombros moldados pelos exercícios. Voltou
beijar e morder o pescoço delicado, até que, novamente, a beijava como um homem
desesperado.
Isadora
resmungou em sua boca ao se atrapalhar enquanto tentava livrá-lo da camisa negra
do uniforme do esquadrão, e ele a ajudou na tarefa. Ao sentir os seios
delicados esmagados contra o seu peito, a pele dela contra a sua pele, algo se
rompeu dentro dele.
Sem
deixar de beijar e acariciar o corpo tonificado pela dança, moveu seus corpos
até que as costas da bailarina estavam contra o piso de madeira. Apoiava o peso
do corpo em suas pernas e em um dos braços, para não machuca-la com seu peso,
preocupado em não causar mais dor ao corpo ferido.
Com
a respiração rareada, interrompeu o beijo e mirou a face morena em busca de
algum sinal de desconforto ou dor.
Com
os olhos semicerrados pela paixão, Isadora sorriu para ele.
–
Não sou de cristal, senhor agente, não vou me quebrar – disse em um tom
descontraído ao perceber a preocupação de Dante com seu bem-estar.
–
Não, não é – Kiron respondeu com a voz grossa e rouca, – É feita do mais nobre
metal, e isso me fascina ainda mais – murmurava ao mesmo em tempo que beijava o
pescoço, os ombros e o colo cor de café. – Mesmo tendo sido forjada nas
fornalhas de Hefestos, tem a beleza, o encanto e feminilidade de Afrodite –
disse mirando os seios de mamilos escuros e rígidos.
Antes
que Isadora tivesse a chance de fazer alguma pergunta, ou comentário, tomou um
dos mamilos em sua boca. A bailarina voltou a morder os lábios e arquear o
corpo em direção do seu.
Sugou
e lambeu o bico entumecido e sentiu o membro ainda mais enrijecido.
“Porra!”
– praguejou.
“O sabor doce da pele da Isadora era
viciante...” – pensou ao dar atenção ao outro seio. A bailarina não parava de
se contorcer sob ele.
Em
meio à névoa invisível de paixão e luxúria, os ouvidos captaram o som do Ipod.
A música, que ainda tocava, abafava os sons de respirações ofegas e gemidos
sussurrados.
As
mãos de Isadora ora estavam sem seus cabelos, ora em seus ombros e ora em suas
costas. Não havia hesitação ou toques leves entre eles. A bailarina o tocava
com posse e paixão.
Isadora
se sentia consumida pelo desejo. O corpo queimava de uma maneira intensa e nunca
antes experimentada.
O
rastro de beijos, lambidas e mordidas abandonaram seus seios e continuaram a
descer por seu corpo. A pele
sensibilizada mantinha-se em um arrepio constante. Sentiu o ventre estremecer
quando ele explorou a área em torno de seu umbigo e quando Dante mergulhou a
língua e sugou essa parte delicada, uma onda de prazer varreu seu corpo quase
fazendo com que alcançar o orgasmo.
Ao
mesmo tempo em que beijava e mordia a pele de sua barriga, as mãos levemente
ásperas alcançaram o botão e o zíper de seu short.
Estava
úmida e preparada para ele como nunca estivera por homem algum. Seu sexo vibrou
em expectativa quando notou que ao arrastar os shorts por suas pernas, ele
levava também a calcinha branca.
No
momento seguinte, as sapatilhas eram as únicas peças que usava.
Os
olhos verdes varreram seu corpo em uma inspeção quente, lenta e torturante.
Com
a respiração rareada, Kiron contemplou cada centímetro do corpo moreno. A visão
dos machucados abria um buraco em seu peito. Porém, mesmo com as marcas
temporárias em sua pele, Isadora roubava seu fôlego.
O
corpo curvilíneo, com músculos tonificados, seios cheios, quadris arredondados
e coxas grossas e musculosas, era o oposto ao idealizado para bailarinas
clássicas e isso a tornava ainda mais especial e única.
Continuou
sua exploração até mirar as sapatilhas ainda presas aos tornozelos torneados.
Buscou os olhos dela que o miravam em expectativa.
Com
todo cuidado do mundo, ergueu a perna direita e beijou a área em torno do
ferimento. Isadora fechou os olhos, suspirou deliciada e voltou a abri-los.
Kiron
acariciou o pé direito coberto pela sapatilha de cetim e explorou com os dedos,
da outra mão, o contorno das fitas que prendiam a peça delicada à perna da
bailarina.
Imagens
de Isadora sobre o palco do Teatro Municipal invadiram sua mente.
“Sagrado”
– a palavra ressoou em sua mente.
Com
o peito retumbando pela força das emoções que compartilhavam e seguro do que
estava prestes a fazer, mirou os olhos negros.
–
Posso? – perguntou com a mão sobre o nó da fita de cetim.
Isadora
sentiu a respiração presa em sua garganta ao fitar a mão sobre o nó da fita que
prendia sua sapatilha. O olhar reverente do agente segurança revelava que ele
pressentia o quão sagradas suas sapatilhas eram para ela. Com elas descobrira a
dança e a dança a levara a conhecer o mundo, outras culturas e se transformara
em sua vida.
Nem
mesmo quando namorara um bailarino, o permitira tocar em suas sapatilhas, mas
com ele parecia certo, necessário, desejado...
–
Por favor – sussurrou ao dar a permissão para que ele desnudasse parte de sua
alma. Por alguns instantes apenas fitaram um ao outro, consciente da
importância e do significado daquele momento.
Com
movimentos suaves, o homem que vestia apenas calças negras com muitos bolsos e
calçava um par de botas igualmente negras, desfez o nó e, devagar, soltava o
trançado que a prendia em sua perna.
Fascinada
observa todo o processo. Mirou o tronco, ombros e braços nus. Era a primeira vez
que tinha a oportunidade de admirar o corpo de músculos preparados. Sentiu um
aperto no peito ao enxergar as cicatrizes em seus ombros, peito e duas próximas
à cintura masculina.
“Aquele
homem sobrevivera a muitas batalhas” – pensou desejando conhecer mais sobre o
homem que roubara seu juízo e bom senso.
–
Tenho pés calejados e marcados de bailarina – Isadora o alertou um instante
antes que ele retirasse a sapatilha do seu pé.
Não
estava inibida ou constrangida. Não tinha vergonha de seus pés. Eles carregavam
as marcas de sua história, de suas lutas e sua determinação.
Kiron
sentiu o peito rugir de orgulho.
Isadora
não estava envergonhada ou com receio de que ele visse seus pés. Ela
simplesmente anunciava um fato, sem receio que ele contemplasse os sinais de
que desnudavam sua alma.
Lentamente,
retirou a delicada sapatilha e mirou o pé de unhas extremamente curtas, e
apesar de muito pequenas, vaidosamente pintadas de vermelho. Enxergou várias
cicatrizes, algumas antigas, outras recentes. Sobre dois dedos, havia
pequeninos calos.
“Eram
os pés de uma lutadora... Isadora escolhera travar suas batalhas sobre as
pontas das sapatilhas, com as quais encantava um teatro inteiro com seu
talento, técnica e paixão” – refletiu.
Depositou
um beijo repleto de carinho na parte superior do pé da bailarina e a sentiu
estremecer. Acariciou a pele suave da sola do pé, e um novo estremecer
acompanhado de um suspiro, revelou o que ele deveria ter pressentido.
Beijou
cada um dos dedos, que foram seguidos de discretos estremecimentos, quando
tomou um dos dedos em sua boca, ela gemeu e suspirou ao mesmo tempo.
“Isadora
dançava com o coração nas pontas dos pés, nada mais natural que aquela fosse a
parte mais sensível do corpo dela” – pensou encantado com a sensibilidade que
ela tinha nessa parte do corpo.
Kiron
sugou o dedo com um pouco mais de vontade e o corpo estremeceu com mais
intensidade, anunciando a proximidade do orgasmo.
Surpreso
e deliciado, repetiu todo do processo com a perna esquerda. Desde os beijos ao
longo da panturrilha, a carícia com ela ainda usando a sapatilha, a retirada
lenta da peça, e deu ao pé esquerdo a mesma atenção e carinho que dera ao
direito.
Isadora
respirava com dificuldade e erguia os quadris em uma oferta desavergonhada.
Parou somente quando percebeu que, mais uma vez, ela estava à beira de um
orgasmo fulminante.
“O
aroma da excitação dela o estava enlouquecendo” – pensou ao colocar a perna
dela cuidadosamente de volta ao chão.
Kiron
desejava falar com ela, dizer que, aos seus olhos, ela possuía os pés mais
belos do mundo. Porém, suas boas intenções foram roubadas quando ao beijar a
coxa, com intenção de fazer caminho inverso ao que levara sua boca aos pés
dela, o aroma da excitação que inundava o sexo feminino invadiu suas narinas.
Esqueceu
suas intenções e o controle quando a fome por ela rugiu mais forte e poderosa
dentro dele. Com um breve olhar, buscou uma vez mais os olhos negros tão
torturados quanto os seus, e sem perder tempo ou pedir permissão, afastou as
pernas de coxas torneadas abrindo-a para ele e mirou o sexo que brilhava
molhado e tentador.
Inspirou
o cheiro de Isadora um segundo antes de sua boca descer sobre os grandes lábios
e o clitóris inchado e endurecido e grunhiu, sem afastar boca do sexo quente e
doce da bailarina.
Kiron
sorriu ao vê-la levar as duas mãos à boca para abafar o grito de prazer.
“Minha!”
– o pensamento explodiu em sua mente, forte, poderoso, decisivo.
O
sabor único e denso preenchia sua boca e invadia seus sentidos.
“Ela
era tão doce...” – pensava ao saborear o banquete digno dos deuses, que era
Isadora Baptista.
Sem
deixar de lamber e sugar o sexo doce, com um dedo sondou a entrada dela e a
invadiu. O sexo sedoso e molhado se contraiu contra seu dedo em um aperto que o
fez grunhir de satisfação.
O
corpo feminino se arqueou tenso, perigosamente perto da liberação.
“Ele queria sentir aquele primeiro
orgasmo em seu membro, queria senti-la contrai-se em torno dele e abafar os
gritos de prazer com sua boca” – admitiu ao retirar o dedo do interior do corpo
quente e apaixonado.
Isadora
deixou escapar um suspiro frustrado. Kiron sentiu o peito vibrar na mesma
cadência que seu membro.
Em
seguida, o suspiro se transformou em um gemido abafado quando sua boca
abandonou o clitóris inchado e reiniciou a lenta subida de exploração do corpo
da bailarina.
Isadora
sentia o corpo languido, pesado e dolorido.
Não
as dores que a incomodavam e torturavam há horas. Era uma dor nova que ela
nunca acreditou existir. Sempre que lia em algum romance que a mocinha estava
tão excitada que seu sexo doía, ela revirava os olhos, aborrecida com o exagero
da autora.
Mas
era exatamente isso que acontecia com ela naquele momento. Os seios, o vento e
seu sexo estavam doloridos. A pele formigava com mais intensidade.
Experimentava a sensação de que algo dentro dela necessitava explodir,
libertar-se.
Dante
invadiu seu corpo com um dedo e o prazer foi o mais intenso que já experimentara
em sua vida.
Sentia
as batidas de seu coração em toda a extensão de seu corpo. Era como se o corpo
todo pulsasse no mesmo ritmo alucinante de seu coração.
O
hálito morno soprou sobre a sua face, ao abrir seus olhos, se deparou com o
rosto de Dante que a mirava torturado pelo desejo.
–
Mikrúla Mou – ele voltou a murmurar e a beijou.
Isadora
se agarrou aos cabelos curtos e correspondeu o beijo com a mesma loucura com
que era beijada. Experimentou seu próprio sabor na boca dele e um prazer
decadente varreu seu corpo.
Dante
abraçou seu corpo e, ao erguer o corpo, a levou com ele. Mais uma vez estavam
sentados.
Ela
não esperou um convite.
Explorou
com os lábios e com a língua o rosto áspero com a barba de um dia, o pescoço
forte e os ombros largos, demorando-se um pouco mais sobre as cicatrizes que
encontrava pelo caminho.
O
agente possuía um corpo rijo e musculoso, forjado por batalhas passadas,
presentes e preparado para as guerras futuras.
O
sentia respirar com dificuldade, e saber que mexia tanto com ele, despertara a
mulher sensual e sensualmente poderosa que ela sempre relegava a um canto
escuro e esquecido em seu interior.
As
mãos exploravam o peito, as costas, o abdômen marcado e continuaram sua descida
até encontrar o cós da calça negra.
–
Posso? – perguntou com voz rouca, mirando os olhos verdes.
–
Por favor – ele respondeu quase sem voz.
Foi
a vez de ela exibir um sorriso cheio de segundas intenções.
Acariciou
o membro rígido e vibrante por sobre a roupa, e a resposta do agente fora agarrar
sua cintura e sua nuca ao mesmo tempo.
Kiron
cerrou os dentes para segurar o grunhido que subia por sua garganta. Agarrou a
cintura e a nuca de Isadora e a beijou como um homem desesperado.
–
Isadora – murmurou perdido, excitado como nunca estivera antes.
–
Nunca foi assim tão forte – ela confessou em uma voz tremente e sensual.
–
Estamos apenas começando, pequena – Kiron respondeu ao abrir o cinto, o botão
da calça e colocar a mão direita dela sobre o zíper. – Abra, Isadora – pediu.
E
ela o fez.
Kiron
alcançou a carteira no bolso de trás, tirou o pacote de preservativos e jogou
sobre o piso.
Os
olhos de Isadora miraram os seus em um pedido mudo, e com um breve aceno de
cabeça, ele concordara. Afastou-a provisoriamente de seu colo e ficou de
joelhos para ajudá-la a despi-lo até os joelhos.
Isadora
inspirou e expirou profundamente e baixou a peça de roupa. A viu engolir em
seco ao mirar o membro erguido e pronto para afundar em seu corpo.
Com
em expressão encantadora em sua face, Isadora tocou seu pênis. Os dedos
exploraram toda sua longitude, curiosos com a textura de sua pele, as veias
saltadas e sua anatomia.
Ao
voltar a olhar para ele, não conseguiu disfarçar a doce intimidação.
Aquilo
foi sua ruína. Abriu o pacote de camisinhas e a arrastou novamente para o seu
colo.
–
Preciso entrar em você tanto quanto preciso de ar para respirar – ele murmurou
com boca colada a dela.
–
Eu quero fazer isso – ela respondeu apontando para a camisinha.
Ele
não hesitou e entregou o preservativo nas mãos dela.
A
bailarina pegou o preservativo e mais uma vez acariciou seu membro, que a
saudou com entusiasmo. Ela repetiu o movimento e seu pênis mais uma vez reagiu
animado.
“Ela
o mataria” – Kiron resmungou para si mesmo.
–
Isadora – ele grunhiu em tom desesperado.
A
descarada teve a desfaçatez de deixar escapar um risinho divertido, para enfim
colocar o preservativo em seu membro. Quando ela terminou, a respiração parecia
ainda mais rareada.
Kiron
encarou os olhos negros pesados de desejo, os lábios inchados pelos beijos
trocados, os seios ainda mais cheios e pesados. Sem desviar os olhos dos dela,
colocou-a posicionada sobre seu membro. O contato provocou gemidos torturados.
As
bocas se procuram simultaneamente e se perderam em beijos molhados. Kiron guiou
a descida lenta e torturante de Isadora sobre seu membro. Percebera que seu tamanho a intimidara. Cada
centímetro era uma doce agonia. Lutar contra sua urgência o estava matando.
Isadora
sentia o corpo se desfragmentar de prazer...
O
pênis dele avançava lentamente para dentro dela fazendo-a queimar de um jeito
delicioso. Nunca gostara desse momento, mas com ele era completamente
diferente.
Era
intenso, sensual, luxuriante, inebriante, embriagador e alucinante.
Não
se sentia invadida, sentia-se tomada, adorada, excitada.
Dante
abafava seus gemidos com beijos que a deixava sem ar.
Um
gemido de puro prazer escapou de seus lábios ao senti-lo inteiro dentro dela.
Seu sexo se moldara ao dele com perfeição.
“Como
se tivessem sido feitos um para completar o outro” – pensou.
–
Pronta? – ele perguntou.
–
Sim – ela respondeu.
Então
o aperto em sua cintura se intensificou um pouco mais e ele guiou seu corpo
através dos movimentos que saciariam a ambos.
Isadora
se agarrou ainda mais ao corpo rijo e preparado e colou a boca à dele. Não
conseguia controlar os gemidos e a vontade de gritar era maior que seu senso de
prudência, esquecido em algum lugar daquele quarto.
O
sexo quente e aveludado esmagava seu pênis em um agarre que era uma mistura de
tormento e agonia.
Kiron
guiava a velocidade dos movimentos, atento aos sinais do corpo que desmanchava
de prazer em seus braços. Sentia o peito arder com uma emoção que tratou de
ignorar. Seus sentidos estavam focados na mulher que o destruía com seu corpo
sexy e alma de guerreira.
À
medida que a sentia entregue e à vontade, aumentava gradativamente os
movimentos de seus corpos, até que o som de pele batendo contra pele era
abafado pela voz que cantava uma melodia que ele não se importava em
identificar. Os sons que escapavam da boca de Isadora eram os únicos que tinham
sua total atenção.
O
aroma de pele e sexo permeava o ar, os beijos engoliam os gemidos, grunhidos e
sussurros. Os seios sensíveis esmagados contra seu peito, as pernas dela em
torno de sua cintura.
Fascinado,
Kiron sentiu o corpo moreno se esticar tenso ao mesmo tempo que o sexo dela
abraçava seu membro com força e sua boca capturava um grito de completa
entrega. E no instante seguinte, Isadora explodia em um orgasmo que roubou a
mente e o chão de ambos.
Ele
ainda sentia o corpo feminino estremecer em seus braços quando a seguiu em uma
liberação fulminante. A mente se desfez em um milhão de pedaços e o corpo
convulsionou e foi a vez de Isadora engolir o urro de prazer que escapou por
sua garganta.
Ainda
sem ar e com mente entorpecida pelo orgasmo, Kiron sentiu Isadora, igualmente
sem ar, deitar a cabeça novamente em seu peito. Abraçou-a e acariciou os
cabelos negros.
Soube desde o primeiro momento que
ceder à atração avassaladora que sentiam um pelo outro, seria um erro.
Pressentira que Isadora o faria desejar o impossível, almejar o que não cabia
em seu modo de vida. O que não percebera era que, àquela altura, já era um
homem perdido, condenado a sentir o peito sangrar pelo resto de sua vida.
“Entregara sua alma à Isadora no exato momento
em que seus olhos pousaram sobre ela no palco do Municipal” – admitiu.
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Conto
com seus comentários e estrelinhas!
Beijos
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