domingo, 12 de julho de 2015

Sr. G - Capítulo 30


Patrícia Alencar Rochetty... 


Os dias que se seguiram depois do encontro fatídico com a pseudo-mãe do Carlos,
acabaram fazendo nosso relacionamento se fortalecer, a forma como ele lidou com o desconforto, depois da aparição da megera, foi sublime, delicado e divertido como ele. Não entrou em detalhes, apenas finalizou o mal-estar com uma brincadeira sutil, que no fundo consegui reconhecer sua mágoa. 

− Vocês não achavam que eu era perfeito? Né? Todos nós temos uma pedra no sapato, neste caso o Eduardo definiu bem, o meu é um pouco pior, pois a pedra, a gente para e tira, mas o olho de peixe o tratamento é diferente. 

Fomos espontâneos numa sonora gargalhada em conjunto, acho que elas estavam guardadas nas gargantas de todos, desde o momento em que o Dado, disse as palavras a ela.

Dentro do carro, ele apenas me pediu desculpas.

− Não existe motivo para se desculpar. Você foi muito querido.

Calado com as mãos no volante sua resposta me surpreendeu.

− Você é uma pessoa muito especial e pode acreditar é uma das únicas pessoas nesta vida que me faz sentir querido. 

Estas palavras me dilaceram, tenho vontade de puxar ele para meu colo e abraçar para fazê-lo esquecer que um dia conheceu esta megera e uma lágrima atrevida escapa do meu olho. 

− Megera siliconada – tampo minha boca tarde demais – Desculpa Carlos, não foi isto que eu quis falar.

Ele sorri.

− Adoro sua boca atrevida que fala o que pensa – ele traz a mão na minha perna e aperta – agora sou eu que digo... Não precisa se desculpar. Aprenda minha menina que nunca precisará pedir desculpas por algo que expressa seus pensamentos. Gosto de você como é, e nunca mude nada disto, nem por mim e nem por ninguém.

Entendo o seu recado e o admiro cada vez mais, fico olhando para ele apaixonada e comovida por ele me fazer se sentir especial, ele me conquista com atitudes simples, me respeita e acima de tudo me valoriza como o seu bem mais precioso.

Acabamos não indo para a casa do Carlos, no dia seguinte, pois a Flávia fez mil objeções e desta vez, ela foi mais rápida do que eu. Não tive muitos argumentos, por outro lado preparar o jantar com o meu garanhão foi diferente, mesmo magoada, por ter que engolir o angu das objeções dela, ele me mostrou, que pequenas atividades juntas, vale muito mais do que aquilo que planejamos.

− Ei? – ele me encara, enquanto fecho a panela de pressão com as batatas. Decidimos fazer uma massa para o jantar, Gnocchi ao Sugo com frango e polenta frita. Seguindo seus argumentos, estes são pratos simples de ser preparados, que agradam as crianças e marmanjos – Está tudo bem? – ele pergunta me abraçando − mudanças de planos sempre são bem-vindos. A única coisa que precisamos é estar um ao lado do outro, não interessa o lugar, o que interessa é o que podemos e vamos fazer juntos – suas palavras mechem tanto com meu emocional, que minhas mãos fixam no cabo da panela. Como ele pode ser tão compreensivo a tudo? Não se frustra com nada enquanto mostra que estar ao meu lado é o mais importante do que tudo. Sinto exatamente como ele diz, quando estou ao seu lado. A diferença é que ele coloca em palavras o que sente e eu apenas sinto.

− Está tudo bem! − respondo encantada − Já disse a você hoje, o quanto te amo? 

− Já sim! Mas não me canso de ouvir. Pode dizer o tempo todo, a vida toda, que amarei ouvir a cada vez – ele me abraça mais forte e desta vez o calor do seu corpo, faz-me querida e as minhas mãos amolecem em torno do cabo da panela. Ele vira-me para encará-lo – Ainda temos coisas a serem acertadas e ditas. O tempo pode mostrar que nem sempre aquilo que julgamos estar errado, é realmente o errado. Quero que saiba que já fiz de tudo para ter você ao meu lado e quando digo tudo, pode ter certeza, que fiz tudo e não vou deixar de fazer – a forma como ele encara meus olhos, sinto novamente o mal-estar de ouvir algo que não imagino ouvir, tento dissipar meus pensamentos, provocando ele esfregando meu ventre em sua pélvis, acho que se ele ia começar a me falar algo, desiste pela forma que seu corpo responde, apertando-me mais em seus braços. Então agora mocinha vamos começar a preparar o jantar e viver a emoção do momento, vamos fazer de cada momento juntos o mais prazeroso possível − seus lábios tocam minha têmpora e um medo inexplicável tomam conta de mim – Minha menina tenha em mente, que na vida não podemos nunca dizer o que é o certo ou errado... Isto! Nem eu, nem você e nem o mundo saberá dizer, quando o amor esta envolvido. Se aparecer problemas em nossa relação, não precisamos ignorá-los, apenas vamos criar caminhos e soluções para resolver. Combinados? 

− Combinados – selamos nosso trato com um beijo.

Cozinhar com o Carlos não poderia ser mais divertido, sensual e desastroso, eu deveria saber quando ele disse que me ajudaria, que um executivo que deve ter passado pela cozinha poucas vezes, entendia de ponto da massa tanto quanto eu que visito a cozinha esporadicamente.

Se o Carlos teve segundas intenções, ele foi perfeito na ideia de conseguir nos deixar a sós, por algum tempo. O Dado e a Flávia apareceram na cozinha encabulados, como se algo estivesse acontecido com ambos, estavam totalmente solícitos a nos ajudar e ele logo inventou um meio de dar tarefas a eles pedindo para saírem para comprar manjericão, juro que eu não vi este ingrediente na receita, que pegamos na internet, mas ele com certeza, acrescentou este ingrediente para dar a tarefa de afastá-los, ainda deu a desculpa para a Flávia acompanhar o Dado para não se enganar. 

− A massa está grudenta – sorrio levantando os dedos envoltos de batata, cheia de ideias na cabeça, assim que ouço a porta bater.

− Está no caminho certo pequena. Vi muitas vezes a Maria Dolores fazer isto – seu olhar encontra o meu e me encara como um lobo faminto, contorço-me por dentro.

− Isto significa que você nunca fez isto? – pego um pouco da farinha com a mão e presunçosamente e divertida jogo. O alvo é certeiro e o que parecia uma provocação inocente, passa a ser ameaçador, ele abre uma boca muda de falsa indignação e seu olhar intimidante fingindo revanche, me encara cheio de promessas, uma avalanche de excitação e luxúria, deixam minhas pernas bambas.

− Vejo que gosta de brincar enquanto cozinha. – provocador de uma figa, enquanto me ameaça com seus olhos, desliza a mão por todo seu corpo tirando a farinha sensualmente. Em segundos ele vence a pequena distância, o calor do seu corpo, me arrepiam, nenhuma palavra é proferida por ele, sinto e percebo só o movimento da sua mão no saco de farinha. 

Seus braços atravessam meu corpo e sua mão esquerda suja de farinha desliza por dentro da minha blusa, meus seios doem por antecipação, quando ele esfrega a farinha – Delicioso polvilhar essa massa dura, fina e espessa, esses biquinhos duros estão no ponto certo, vamos trabalhar esta massa juntos.

− Assim vamos atrasar o jantar – finjo estar preocupada com o tempo, enquanto na verdade, não me importo nem um pouquinho – Estou achando que você nunca preparou um jantar e vai me abandonar com a mão na massa. 

− Não fiz, mas vamos aprende a fazer juntos, não duvide disto! – de avental amarrado na cintura, vislumbro e sinto a protuberância no tecido – poderia ficar a vida toda vendo você com a mão na massa, é tão sexy, estava contando os segundos para ficarmos sozinhos – sua outra mão alcança meu rosto e seus dedos percorrem minha bochecha descendo pelo meu pescoço eroticamente, a forma como ele engata meu corpo, sussurra no meu ouvido e entrelaça as mãos grandes em meus dedos, apertando a massa, posso jurar que meus sentidos senti exatamente agora o que Molly Jensen(Demi Morre) sentiu quando o Sam Whet (Patrick Swayse) fez a cena da cerâmica no filme Ghost. Tudo se projeta exatamente como se meu corpo e o ponto da massa dependesse de estar tudo unido de uma única forma – acho que faltam alguns ingredientes nesta massa, o que acha pequena? – é íntimo e excitante como ele aperta minhas mãos junto da massa e como ela desliza entre os nossos dedos.

− Quais? – digo perdida e esquecida da receita ao sentir sua língua macia explorar a extensão do meu pescoço – Acho que esqueci a receita.

− Já temos um quilo de batata espremida – seu corpo faz questão de me mostrar o quanto estou espremida entre o balcão e sua massa muscular quente − e misturada com metade da farinha, assim como menciona na receita – deslizando lentamente no meu quadril de um lado para o outro sua ereção dura e viril, misturam meus sentidos.

− Concordo, acho que falta um pouco de farinha penetrar nessa massa – falo maliciosamente.

− Ainda não! – sua perna dura e tensa separa as minhas enquanto ela encontra o meu núcleo quente – essa massa ficará pronta logo, precisamos somente dos ingredientes certos e trabalhar ela um pouco mais – esfregando com carinho a perna na minha parte íntima, entre minhas coxas e insinuando sua intenção, tenho vontade de gritar de tesão, os potes com o restante dos ingredientes estão separados ao lado da tigela e cada um que adiciona na massa, me auxiliando, ele vai descrevendo com segundas intenções cada passo da massa. Não consigo ficar imóvel e mexo-me junto, a sintonia é perfeita.

− As claras e a gema ajudam a dar a liga – o Carlos me acaricia com o queixo, raspando o maxilar no meu pescoço, misturando a viscosidade dos ovos junto comigo. Ofegante e gemendo baixinho, sinto cada vez mais próximo a iminente explosão se formando dentro de mim com apenas os estímulos que ele vem intencionalmente causando ao meu corpo.

− A massa chegou ao ponto onde necessita que o restante da farinha penetre nela − ele entende meu recado, larga minha mão, pega o pacote de farinha ao lado da tigela e despeja o conteúdo – vou ser direto, aliás preciso ser direto, temos alguns minutos pela frente e não aguento mais um segundo sem estar dentro de você, penetrando fundo e forte assim como esta farinha na massa, unindo tudo num só corpo – sua confissão adentra nos meu poros, que gritam para ele estar dentro de mim, umedecendo mais ainda o meio das minhas pernas.

− Continua amassando a massa pequena – ele ordena baixinho − vou lavar minhas mãos e pegar meu pau que esta sofrendo há dias de saudades e colocar ele na sua bocetinha apertada, lugar onde ele sente falta a cada minuto que penso em você – meus olhos quase saltam das órbitas. 

− Adoro quando você comete loucuras insanas – lembro do risco que estamos correndo, tirando o excesso da massa dos seus dedos, ele aproxima mais sua boca do meu rosto e deposita o queixo no meu ombro.

− Você me deixa insano − ele não se afasta muito de mim, uma vez que minha cozinha é minúscula e a pia fica logo ao lado. Olho para ele e seus olhos dizem que não está brincando. Agradeço aos céus por ter colocado uma calça de ginástica, para ficar mais a vontade, depois que chegamos do almoço, ainda sinto meu peito apertado, por ver aquela mulher o tratar como um capricho. 

− Nunca entendi o motivo desta porta na cozinha, mas agradeço o arquiteto que a colocou – ouço ele trancar a porta. Meu coração acelera, pressiono minhas pernas uma contra outra, para conter a pulsação, por imaginar o que vai acontecer a seguir.

Ele se aproxima rápido, decidido e sorrateiramente, abaixa minha calça junto com calcinha, por um longo instante, sou incapaz de fazer qualquer outra coisa a não ser respirar. Sinto seus beijos nos meus ombros. As batidas do meu coração se reverberam em meus ouvidos. Deixo escapar um gemido, por estar nua e preparada assim que sinto seu dedo penetrar com um único e firme movimento a minha fenda.

− Patrícia! – adoro quando ele fala meu nome com a voz rouca − presta atenção nos meus movimentos e faça exatamente como eu e teremos hoje à noite... a mais deliciosa massa servida − Não temos mais tempo, logo eles chegam e estou muito perto de chegar ao prazer para ser interrompido e pela forma que meu dedo deslizar dentro de você, tal molhada e preparada, sei que você esta bem perto também. 

− Ahn... Não espera − com o corpo prensado a bancada de mármore, ouço seu zíper se abrir e em segundos ele me penetra fundo e forte, me preenchendo por completo, com suas mãos apertando minhas nádegas, ele dita o ritmo de cada movimento, uma das suas mãos se solta e desliza pelo meu ventre subindo por dentro da camiseta.

− Amassa esta massa com a leveza da minha mão nos seus seios perfeitos – sigo seus passos e amasso como ele faz, sedenta e desejosa − cozinhar é uma arte, você consegue perceber e sentir como é delicioso apertar gostoso assim? – percebo nitidamente e meu corpo também, meus seios doem de tesão e eu aperto a massa para depositar todo o prazer da sua invasão como nunca nenhum homem foi, fundo e forte como ele vai.

− Vira seus lábios para mim, minha menina e vamos depositar amor nesta massa – e depositamos amor, felicidade e todas as emoções envolvidas, até que juntos contraídos e pulsantes chegamos juntos ao prazer. Acho que eu poderia virar cozinheira e experimentar receitas ao lado dele pelo resto da vida.  

Não preciso dizer que o jantar foi um sucesso e recebemos parabéns de todos. Matei a saudades dos pequenos que crescem a cada dia, o Marco e Babby foram doces com o Dado e com a Flávia. Os meninos combinaram um passeio de motos e nós meninas um dia de Spa. 

− Amiga, nunca te vi tão feliz.

− E eu que não acreditava em contos de fadas, né – abraço minha amiga quando estamos nos despedindo.

− Se não for almoçar comigo esta semana, te deserdo da classificação, melhor amiga.

− Combinadíssimo, esta classificação não abro mão, nunca na minha vida.

− Aí... amacho eu.

Rimos juntas percebendo que amassamos a Belinha que esta no colo da Babby, no meio de nós duas.

−É uma uta de urso – digo a ela se referindo ao abraço, assim como desde pequena apelidamos o carinho.

O meu pequeno príncipe esta desmaiado no colo do pai, depois de ficar por horas brincando de esconde-esconde com o Carlos. Acho que meu garanhão será um excelente pai. Este homem é o sonho de qualquer mulher. 

Os dias anteriores foram de sintonia total entre nós quatro, incrível o cumprimento das promessas do meu garanhão que fez das 48 horas prometidas muito quentes se transformarem por mais de 120 horas. É fácil se adequar a ele, mesmo quando uma das partes do casal tem hábitos noturnos e o outro prefere acordar com as galinhas, ele conseguiu burlar as atenções dos nossos ruídos de prazer improvisando mordaças em minha boca, tudo muito sensual e erótico, sem imposições, enquanto me amou e me torturou dentro do quarto, no banheiro, até na garagem do prédio. Acho que este é um dos nossos segredos mais perversos. Não posso dizer que só eu entrego-me a ele todas as vezes, pois isto seria injusto, uma vez que ele vem se empenhando em me mimar, cuidar de mim e me ajudar com meu irmão, de todas as formas. Ele se tornou um verdadeiro amigão dele e confidente, quando não esta comigo, esta fazendo algo com o Dado, ou mostrando algo a ele. Na segunda-feira ele levou o Dado para a empresa e quando voltaram o brilho dos olhos do meu irmão, foi o melhor presente que ele poderia me dar.

− Bah! Bonequinha, tu não vai acreditar, mas eu estou empregado, na cervejaria Germânica e pensa que para por aí – ele vibra me pegando no colo e me girando – Bah! Não para não. Fui tratado muito bem pelo Rh, o Carlos não participou de nada – a ansiedade de contar os detalhes, eram claras, queria dizer que ele por si só conquistou o cargo – Fui sincero com eles e a empresa me ofereceu um programa de tratamento de reabilitação.

Meus olhos enchem de lágrimas, a esperança é um sentimento futurista que o amanhã pode ser diferente e melhor.

− Que bom Dado! – vibro junto com ele.

− Ainda não acabou!

− Não? – digo surpresa − O que mais você conquistou – olho para o Carlos no canto da sala com o sorriso no rosto, olhando para nós dois. Ele pisca para mim e eu tenho vontade de correr para seus braços e agradecê-lo pelo resto da vida.

− Amanhã passarei o dia fora com o Luiz Fernando, o diretor do RH procurando peças, ferramentas e máquinas, para botar em andamento o projeto que eles me incluíram.

Ele se vira para a Flávia e se eu já estava emocionada, fico mais ainda.

− Aí Flavinha... Vai escolhendo a beca, porque logo, te convidarei para um jantar e este pagarei a você com o meu próprio dinheiro.

Tudo faz sentido, entendo porque todas as vezes que convidamos eles para saírem para jantar fora nos dias anteriores, ele sempre foi o primeiro a dizer que preferia, preparar algo e ficar em casa assistindo um filme. No início imaginei ser uma opção para ficarem sozinhos, mas agora, analisando emocionalmente vejo que ele quis evitar gastar meu dinheiro. Fico orgulhosa por saber como ele mudou nestes anos. 

− Depois combinamos Eduardo. Parabéns pelo novo emprego.

− Bah! E é assim que pretende me parabenizar. Só com palavras, sem um abraço e beijinhos? Nada disso – ele me põe no chão e vai até ela. A cada passo que ele dá, ela anda dois para trás.

− Pá, você pode me ajudar a levar esta mala no quarto? – adoro quando meu garanhão é mais esperto do que eu. A privacidade dos dois pertence somente a eles. 

Nos dias seguintes não caí na rotina um só dia, mesmo acordando cedo fiz questão de preparar o café para ele todos os dias enquanto estava no banho, claro que algumas vezes fui o café dele, ele vem dominando minhas ações de forma prazerosa, diz o que quero ouvir, quando quero ouvir, lê meus pensamentos e acho que hoje ele conhece mais meu corpo do que eu mesma.

− Carlos, sei que combinamos de você vir aqui todas as noites durante minhas férias, mas, hoje, em especial, marquei um dia de meninas com o pessoal do escritório.

Seu olhar decepcionado e em dúvida faz-me quase entregar os meus planos. 

− Patrícia, não há problema algum em você ter seu espaço e privacidade e fazer o que bem entender, entretanto, não entendo o que o dia de meninas tem a ver com nossas noites, porque, mesmo que você chegue de madrugada ou até mesmo de manhã, não vejo empecilho no fato de eu estar aqui te esperando, você vê? – ele passa a mão nos cabelos, olha fixo para mim, com um olhar firme, aguardando minha resposta. Sinto vontade de jogar tudo para o alto, mas, ele tem que entender que tenho direito aos meus pequenos segredos também, principalmente quando são planos que envolvem surpresas que quero fazer-lhe.

− Caro, garanhão, eu também não veria problema em você ficar esperando-me aqui, mas, sei que, nesse caso, eu não vou relaxar sabendo que você está aqui me aguardando!

Ele continua olhando firme e fixo para mim, como se estivesse num conflito interno.

– Patrícia, sei que você não está falando a verdade, mas, respeito que tenha outra coisa para fazer ou não que queira ficar comigo esta noite. Entretanto, quero que fique claro que, por mais que a ame, há certas coisas que não são aceitáveis para mim! Uma delas é a falta de confiança. Outra é faltar com a verdade! Vou deixar passar desta vez porque tenho que entender o fato de que confiança conquista-se e, talvez, eu ainda não tenha conquistado completamente a sua. Mas, nunca me trate como se eu fosse um de seus antigos boys magias sem cérebro e inteligência! Prefiro que seja direta, clara e honesta, independentemente do que estiver ocorrendo.

Sinto arrepios em minha espinha e tinha a sensação de que mãos frias apertam meu coração. Já me vem também, a dificuldade de respirar. O Carlos parece perceber e, rapidamente, suaviza sua expressão e diz:

– Nunca, mas, nunca mesmo, vou perder o controle e agredi-la, Patrícia! Porém, isso não significa que não vá ficar bravo, contrariado e descontente com determinadas atitudes suas. Contudo, você tem que ficar segura de que nunca a tratarei como seu pai tratou sua mãe. Eu não sou como ele nem você é como sua mãe! Trabalhe isso em sua mente e coração, que só fará bem para nós dois, está bem? – ele beija minha testa, suavemente, e completa – Vou aproveitar a noite de hoje para ir para casa e ver como andam as coisas por lá, pois estou mais parecendo um turista do que um morador. Inclusive, a Maria Dolores tem passado pelo escritório quase todas as tardes, chorona, dizendo que sente falta de mim. Confesso que também sinto falta do carinho e cuidados dela – ele ri, com um olhar de menininho mimado.

− Manda beijos para ela. Diz que estou ansiosa para conhecê-la – entro rapidinho na suíte para não acabar entregando toda minha mentira... mal sabe ele o quanto já confio nele! E o pavor que senti não foi por medo de ele fazer algo agressivo, mas, de eu perdê-lo porque ele não aceita mentiras e percebeu que é o que estou fazendo...

− Por que não vai até lá, um dia destes, e dá o beijo você mesma? – ele pergunta, de novo bravo, com voz alta, rude e seco ao ver que não cedi à sua pressão e falar-lhe a verdade. Mal sabe ele que nós duas já somos quase íntimas. Ontem à tarde, quando liguei para ela contando meus planos, a mulher faltou abraçar-me pelo telefone.

− Boa ideia, estou devendo mesmo uma visita. Mas você sabe que não fui ainda porque aconteceram pequenos contratempos. 

− Sei... Não faltarão oportunidades.

Sua voz e respostas são simples e mostram o quanto esta afetado. Meu lado peralta, resolve provocar ainda mais. 

− Garanhão, se caso resolver me ligar a tarde e não te atender, não se preocupe, vou fazer uma tarde de Spa de beleza. Afinal minha pele pede atenção e minhas unhas estão concorrendo com o Zé do Caixão.

− Mulheres! – ele exclama – para mim, sua pele esta perfeita e suas unhas ótimas para arranhar minhas costas. 

− Garanhão! Não posso ir encontrar com as minhas amigas de qualquer jeito – ponho a cabeça para fora do banheiro, sentindo-me a melhor atriz.

− Faça como quiser – ele fala sério, sei que não é ciúmes o que ele está sentindo, mas é notório o quanto esta afetado por estar sendo contrariado, sobre aquilo que combinamos − Já estou indo – ele manda um beijo − Te ligo a noite, ou quem sabe amanhã, já que estará ocupada para falar comigo.

− Ei? Não esta esquecendo nada?

− Não que me lembre? – lindo, tenho vontade de gritar ao vê-lo ajeitando a gravata. 

− Pois esta esquecendo sim. Você esta indo embora e não veio me beijar.

− É porque já tinha beijado você antes de entrar no banheiro.

− Aquele beijo não valeu, preciso de outro. Doce e apaixonante como você costuma dar em mim. Afinal você me viciou e, agora, sou uma dependente deles. Ele me beija e vai embora.

Corro para arrumar minhas malas, estou indo passar meus últimos 10 dias de férias ao seu lado. Já deixei tudo combinado com a Flávia e com o Dado. Parece que eles estão se dando melhor, pelo menos, aparentemente, a política da boa vizinhança esta funcionando, ele contou para o Carlos, que os dois já até se beijaram. Tentei persuadir meu garanhão para me contar mais, porém, devido ao acordo de cuecas, ele não disse mais nada além. Estou muito feliz, por ver o Dado comprometido com o trabalho, ele sai às 5:00 horas da manhã e volta às 19:00 horas todos os dias, o trabalho esta fazendo muito bem para ele, quando chegamos de Ajuricaba por diversas noites levantei de madrugada e ouvi seus gemidos de sofrimento, em seus pesadelos e desde que começou a trabalhar, as suas noites tem sido silenciosas. No fundo tenho que agradecer a Flávia também, pois ela tem ajudado muito ele se tornar uma pessoa melhor. Os dois praticamente fazem tudo juntos. Todas as vezes que ficamos sozinhas, falamos muito sobre ele, sua superação e sua abstinência. O mais importante é que ela acredita nele e isto já me basta. Vejo sinceridade nas suas ações e no seu jeito contido de amá-lo. Não culpo ela por não admitir seus sentimentos para mim. Primeiro porque sou irmã dele e segundo por que ela ainda não admitiu nem para ela e eu prefiro respeitá-la. Se tem uma coisa que aprendi nesta vida é que cada um tem o seu momento. 

Termino de colocar a última mala no carro, respiro fundo, feliz, por ter tido a ideia de fazer uma surpresa para ele e olhando para a pequena mancha avermelhada na minha coxa, lembro das suas últimas palavras que me marcaram ontem à noite, enquanto estava entregue nos seus braços, com a sua camisa me amordaçando para abafar os meus gemidos, mais perversos. 

− Tão linda e tão entregue a mim – ele proferiu as palavras enquanto mordia meu corpo − adoro ver você assim diante de mim, com este olhar de menina e ao mesmo tempo com olhar de devassidão de uma mulher desejosa e excitada – suas comparações me enlouquecem − Adoro marcar o seu corpo... Sentir o seu cheiro que exala com este desejo de ser saciada. 

Isto minha menina, se contorça na minha boca enquanto satisfaço os seus prazeres. 


Carlos Tavares Junior...


Passei o dia pensativo, questionador, posso até dizer que até mesmo “puto da vida”! Ela faz com que eu sinta emoções de adolescente, além de parecer estar constantemente numa montanha russa de sentimentos. A adrenalina que corre pelo meu sangue, diariamente, ao acordar ao seu lado, tem me proporcionado a melhor experiência da minha vida, mas, com certeza, especialmente hoje, ela fez minhas emoções oscilarem quando veio com a desculpa de um suposto encontro. 

Na hora, tive vontade de discutir e fazer com que falasse a verdade, até mesmo me impor e dizer que não concordava com sua decisão. Ficou claro, pelo seu comportamento, que era uma mentira esse encontro com as amigas e que essa desculpa era a pior que ela poderia dar, uma vez que preferiu esconder-se no banheiro para me falar a respeito do assunto, evitando olhar nos meus olhos.

Tenho consciência de que tudo tem acontecido rapidamente, porém, ao mesmo tempo tem sido algo natural. Nunca impus a condição de estarmos juntos todos os dias à noite! Isso foi algo que aconteceu e, até então, para mim, parecia ser o que ela queria também. Porém, depois de hoje, começo a me questionar se ela está na mesma sintonia que a minha, pois, não posso negar que, para mim, o único futuro que prevejo para nós dois é a união das nossas vidas. Sinto sensações, ao lado dela, que, às vezes, assustam-me, ao mesmo tempo em que me encantam e me fazem sentir vivo. Ela completa-me... Mas, será que eu também a completo? Começo a ter dúvidas sobre isto. Talvez hoje ela tenha apresentado um pretexto apenas para ficar um pouco longe de mim, para organizar seus sentimentos...

Mesmo sofrendo com a minha possessão e a fúria despertadas pela mentira, não cedo aos impulsos fortes que tenho de ligar para ela e exigir que fale a verdade. Porém, tive que deixar claro que percebi o que estava ocorrendo e que não gostava disso. Se é de um tempo que ela precisa, posso ser paciente e dar esse tempo, porém, ela tem sempre que ser honesta e dizer-me isso. Mas, não posso negar que o fato de eu mesmo ainda não lhe ter dito tudo o que é importante, escondendo-lhe que sou o D. Leon e um dominador foram fatores determinantes para não insistir no assunto. Enquanto não colocar tudo isso às claras para ela, confesso que não me sinto, digamos, com “moral” para exigir total lisura da parte dela...

Bem, amanhã é um novo dia onde a subida desta montanha russa pode ser mais calma, num ritmo mais compassado e tranquilo. Não quero viver emoções de marasmo ao lado dela, preciso dela 100% ao meu lado, entregue totalmente de corpo e alma. Uma relação vivida em qualquer âmbito amoroso entre duas pessoas tem que ser vivida na mesma sintonia, com os mesmos ideais e sentimentos. Ser um dominador assumido dentro de mim e ter aprendido com o convívio do BDSM por anos, me faz conhecedor que a imposição não se conquista uma alma e sim a afasta e afugenta. Estou muito bem resolvido quanto à dualidade de quem eu sou e como venho adaptando nossa relação ao meu mundo e sei dentro de mim o que me satisfaz, nossos minutos tem sido eternos, ela vem constantemente alimento a minha alma. Para um homem, seja ele dominador ou não, a falta da entrega de uma mulher ocasiona o frio da alma e mesmo estando vivendo uma vida sem rótulos, ela vem aquecendo a minha alma em todos os segundos com excelência. Não preciso usar rótulos para definir nossa relação, para mim isto esta bem definido, também não vou impor a verdade. Ela é adulta e já provei o quanto a quero, nunca usei do castigo, da punição, da cobrança em nenhuma mulher, para impor estar no mesmo ritmo que o meu. Desejo sim chegar ao topo com ela ao meu lado, mas sou muito dominador das minhas emoções para conquistar com paciência a realização o meu ideal. Mesmo ela me fascinando, tirando o chão onde piso, me levando mais perto do céu, ainda assim, o amor que sinto por ela é prioridade para mim e por este motivo respeito o seu momento. Só posso entregar este amor eternamente para ela, se ela acreditar que na descida desta montanha russa de sentimentos, nosso amor vai valer a pena e que tudo que conquistamos até agora, é suficiente para se entregar para uma vida inteira. E por todas estas incertezas e duvidas, não posso mais protelar o que venho escondendo dela. Se é um futuro que pretendo ter ao seu lado, quero que ele seja real, sem mentiras, sem barreiras e sem dúvidas.

Estaciono o carro na frente da varanda, decidido e cansado, não me dou nem o trabalho de colocar o carro na garagem. Estranho uma pequena movimentação na casa, o projeto de sustentabilidade da claridade dela, me permite ver que existe mais de uma pessoa se movimentando pela casa.

− Um bom filho sempre retorna para casa – minha eterna Maria Dolores, me recebe de braços abertos, hoje em especial, ela parece estar feliz, radiante – diga que passará a noite em casa? Preparei um jantar especial.

− Hoje ficarei em casa – digo mal fechando a porta do carro.

− Não era sem tempo, você vive mais fora, do que na sua própria casa.

Ela praticamente fica parada na porta impedindo a minha entrada.

− Maria Dolores, você esta estranha? – faz anos que não a vejo tão empolgada com algo, acho que a última vez que a vi deste jeito, foi na minha penúltima temporada, quando ainda corria e ganhei o campeonato. Tirando meus amigos, ela sempre foi a pessoa que mais me deu forças para eu fazer aquilo que amava e que vibrava e ficava feliz por mim. 

− Estranha nada – ela dá com a mão no ar − esta velha aqui, só esta feliz por ver seu menino, depois de dias fora de casa.

− Lar, doce lar – consigo passar pela porta − Já que está tão empolgada, vou tomar um banho rápido e já venho ver o que preparou para mim. 

Ela se torna falante, me conta como anda as coisas na fazenda, faz perguntas alheias, sobre meus planos para esta noite, parece que quer ganhar tempo para algo. Acho até engraçado.

− Deixei todas as suas correspondências em cima da sua mesa no escritório.

Ela sempre fez isto, realmente está estranha hoje.

− Maria Dolores, está tudo bem? Você quer falar alguma coisa, pois parece que está me escondendo algo.

− Imagina! – sua feição não me engana – está tudo certo. Tenha o seu tempo no banho – ela diz sorridente.

Subo a escada de madeira analisando a contradição de sentimentos das mulheres da minha vida. Uma querendo me afastar e a outra de braços abertos me recebendo. A cada passo que dou em direção ao meu quarto, uma música suave vai aumentando, abro a porta e por segundos sinto a queda livre da montanha russa me atingir com um frio na minha espinha, na mais deliciosa descida alucinante, sem aviso, sem tempo para me preparar, apenas com garantias e seguranças, de que nunca estarei preparado ao seu lado para sentir qualquer tipo de emoção prevista, meus olhos vislumbram a mais linda imagem no final desta descida.

− Surpreso, senhor − ela está olhando para mim, com os olhos cerrados e passando a ponta de sua língua gostosa pelos lábios, o que me deixa duro na hora −, por estar aqui aguardando-o para realizarmos minhas fantasias mais perversas?



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