domingo, 6 de setembro de 2015

Caminhos do Coração - Capítulo 01


 

Aqui estava eu, de férias, sem nada para fazer.

Deitada em minha cama, já pronta para dormir, eu esperava por ele.


Há alguns meses eu estava conectada em uma rede social e surgiu um pedido de amizade. Ele era tão bonitinho, que aceitei e começamos a conversar. Ficamos amigos e passamos a conversar todos os dias.

Eu estava viciada nele e esperava, todos os dias, que ele entrasse. Hoje não era diferente. Estava quase dormindo por cima do note, quando a janelinha da conversa apareceu.

– Oi, moça. Tão tarde e acordada?

Fiquei pensando no que responder. A verdade ou uma mentira conveniente?

– Estava fuçando meu perfil... E você?

– Só entrei para falar com você.

Meu coração deu um salto e ficou batendo como louco. Uma bobeira gostosa tomou conta de mim e me peguei sorrindo.

– Estava com saudade. Na realidade fiquei até agora para ver se você entrava. –Confessei.

Minha nossa, isso era patético.

– Que bom, isso quer dizer que sou importante pra você.

– Bem, é sim, você sabe que adoro conversar com você. Que adoro você. – Já que ele havia começado, nada melhor do que jogar as coisas como normais e ver o que dava.

– Eu estava pensando... Queria te ver, o que acha?

Jesus! Juro que quase enfartei. Fiquei ofegante, precisei fechar os olhos e contar até dez, antes de responder.

– Está bem, seria legal. Quando você vai vir pra cá? – Ele morava em outro estado, então eu não perderia essa oportunidade.

– Na realidade... eu já estou aqui. O que acha de nos vermos amanhã?

Mas... hein?

Eu não teria tempo para nada. Rápido respondi.

– Ok, o que acha de tomarmos um café no shopping? Às quatro?

– Não, vamos tomar café da manhã e passar o dia todo juntos? Você pode ficar comigo amanhã?

Respirei fundo. Era agora ou agora. Eu não tinha nada a perder, então aceitei.

– Tudo bem então. Você está em algum hotel? Posso ir até aí pela manhã e depois a gente vê o que faz.

Ele me passou o endereço e combinamos para às oito.

– Estou muito feliz em poder passar tanto tempo com você. Até amanhã então. Durma, pois o dia vai ser cheio. Boa noite, moça.

– Bons sonhos.

A luzinha dele apagou e eu fechei o note.

Eu estava bem ferrada...

Arranquei o cobertor e levantei a perna, observando o estado... Fui subindo pela coxa e olhei para minha parte íntima...

Eu estava parecendo um macaco peludo!

Corri para o banheiro e me olhei no espelho... Precisava fazer as sobrancelhas... pintar o cabelo... E agora?

Coloquei um vestido e corri até a farmácia 24 horas, próxima de casa. Comprei um tonalizante, cera, pinça e tudo o mais. Munida de tudo isso, entrei no carro e liguei para Carla, minha amiga, que era esteticista.

– Carlinha, meu amor, preciso de você! – Expliquei tudo a ela e sua reação não poderia ser pior.

– Você é louca, mulher? Nem conhece o cara e vai se encontrar com ele? Se bem que até aí, tudo bem, mas no hotel dele? Para o café da manhã? Você não percebe que você será “o” café dele?

– Ah, minha amiga, se Deus ajudar, serei o café, o almoço e o jantar! Me ajude, por favor...

– Tá certo, eu desço aí na tua casa, já já.

– Obrigada, obrigada, obrigada... Você não existe.

– Até mais.

Desliguei e comprei uns energéticos para nós. Aquilo iria demorar, porque minha situação estava crítica.

Cheguei em casa e, minutos depois, a campainha tocou.

– Você salvou minha vida, amiga linda! – Abracei-a forte.

Entreguei-me em suas mãos mágicas.

Colocamos uma musiquinha para animar, servi o energético e então Carla começou a colorir meus cabelos. Duas horas depois, eu estava pronta.

– Pronta, Cinderela. Bom encontro com seu príncipe encantado amanhã.

– Obrigada, Carlinha, por tudo. Ah, vou deixar o endereço do hotel e o nome dele com você. Se quiser mandar mensagem pelo celular, quando der, eu respondo. Devo voltar à noite... ou amanhã cedo, dependendo de como for. –Peguei um papel na mesinha próxima à porta, escrevi e entreguei para ela.

– Aham, se você sumir, vou com a polícia lá e derrubamos o hotel. – Ela riu e foi embora.

Fechei a porta e corri para o quarto, me atirando na cama. Coloquei o despertador para as sete. O hotel era perto, daria tempo de chegar no horário certo. Mal encostei a cabeça no travesseiro, caí no sono, livre de sonhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário