terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sensualíssima - Cau Lanza

Ando
pelo fio da navalha
risco de leve
corto
afundo
em profundas lascas
que sangram



quero a ferida
aberta
jorrando
quero o espaço
alargado
pulsando

quero o delírio

retirar o pó
o fim
o início
o líquido viscoso
o maldito
vício

eu quero 
o ópio

um raio
que me parta
que me cure
sair do frio
da beira
do precipício

agora quero
e só quero
meu voo

quero 
lavar a alma
a carne
a pele
o todo

de ti
não quero mais 
o pecado
o verbo 
mal conjugado
nem aquele poema
de amor 
jurado

de ti
nada mais quero
nem o beijo
nem o abraço

de ti
nem mais o vestígio

o que quero
é meu corpo sereno
num gozo melado
gritando prazer
pra qualquer lado

grudado

em outro corpo
sereno
suado

onde eu possa pousar
inteira
louca
vadia

onde eu me sinta
amada
abraçada
aconchegada
num longo texto
em forma de poesia...
- Cau Lanza -
22.10.2015



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