Ando
pelo fio da navalha
risco de leve
corto
afundo
em profundas lascas
que sangram
quero a ferida
aberta
jorrando
quero o espaço
alargado
pulsando
quero o delírio
retirar o pó
o fim
o início
o líquido viscoso
o maldito
vício
eu quero
o ópio
um raio
que me parta
que me cure
sair do frio
da beira
do precipício
agora quero
e só quero
meu voo
quero
lavar a alma
a carne
a pele
o todo
de ti
não quero mais
o pecado
o verbo
mal conjugado
nem aquele poema
de amor
jurado
de ti
nada mais quero
nem o beijo
nem o abraço
de ti
nem mais o vestígio
o que quero
é meu corpo sereno
num gozo melado
gritando prazer
pra qualquer lado
grudado
em outro corpo
sereno
suado
onde eu possa pousar
inteira
louca
vadia
onde eu me sinta
amada
abraçada
aconchegada
num longo texto
em forma de poesia...
- Cau Lanza -
22.10.2015
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