Capítulo Sete
Zachary
Esses coquetéis de homenagens são
um saco. Se não fosse pela minha assessoria insistir, jamais estaria aqui.
Alguns bajuladores para variar, outros que só querem uma foto ao meu lado para
falar que me conhecem, principalmente às mulheres. Destas, eu não reclamo, se
alguma delas quiser fotografar minha cama, levarei com o maior prazer.
— Cara,
me mata, por favor! Por que ainda frequentamos esses lugares?
Tenho
muitos conhecidos, alguns colegas e poucos amigos, sou reservado, Ethan Scott é
um dos amigos mais próximos. Nossos pais se conheciam desde muito novos,
estudaram juntos desde a faculdade. Minha amizade com Ethan começou ainda na
barriga, pode-se dizer.
Todos
sabem o quanto que ele é mulherengo irremediável, um evento desse é só para ele
se embebedar e traçar alguma mulher desconhecida.
Olho
para ele que já troca seu copo meio vazio por outro completamente cheio de
whisky.
— Porque
temos nomes a zelar.
Duas
mulheres bonitas, com atributos peitorais deslumbrantes se aproximam para bater
foto conosco. Minha vida não é tão difícil assim. Ethan já pegou o telefone das
duas, prometendo que as chamaria para uma festinha particular onde eu estaria.
— Zach,
aqueles documentos da fusão estão prontos. Vou mandar amanhã para você lê-los,
faça as alterações que forem necessárias.
— Manda
aquela sua assistente ruiva me entregar às sete, no apartamento da Upper East
Side.
—
Candace? Cara para de foder minhas assistentes. Sabe como é difícil achar gente
competente para fazer o que ela faz?
— Sei
Ethan. Por isso a pedi.
— Por
falar em apartamento, vou começar uma obra lá no prédio. Vou derrubar a parede
e fazer um apartamento só.
Uma das
coisas que mais quis, foi um prédio residencial em Manhattan. Logo que ele foi
construído, eu e outros amigos adquirimos apartamentos lá. Excelente
localização, os imóveis são bons, tanto que quis o prédio inteiro. Com a crise
econômica, os preços dos imóveis despencaram, foi a oportunidade perfeita para
fazer uma oferta.
São dez
andares, dois apartamentos por andar. Reformei toda a cobertura, reformulei a
fachada do prédio, modernizei os elevadores. Aquele lugar é o meu refúgio.
— Sabe
se tem algum apartamento para vender no prédio? — Ethan chama minha atenção.
— Ouvi
comentários que o Cooper estava pensando em se desfazer do dele.
— Por
falar no Kevin, recebi um convite para participar da Vitrine.
— Você
vai?
— Cara,
é no Brasil. Já estou lá! — Uma modelo loira se aproxima e ele a puxa para o
seu colo. — Senta aqui, gracinha.
Despeço-me
e vou para casa, isso aqui já deu o que tinha que dar. Uma das coisas que mais
gosto é dirigir, a cidade há essa hora está quase deserta, perfeito para pensar
na vida enquanto rodo com meu possante.
A
inquietação mais uma vez está de volta, nos últimos meses mal tenho dormido,
aparentemente sem motivo, já perdi as contas de quantas noites passei em claro.
Sempre trago mulheres para me alegrar, mesmo fodendo a noite toda, o sono não
aparece. Então, mando-as de volta para casa e vou nadar.
Assim
que entro em casa, vou para a piscina dar algumas braçadas, quem sabe o cansaço
me ajude a dormir. Dou algumas voltas e entro para tomar um banho e deitar.
——ooOoo——
Dias
depois de confirmar a presença na Vitrine,
recebo um e-mail com todos os detalhes desse encontro. Achei a ideia bem
interessante, reunir pretensos investidores e apresentar-lhes projetos que
podem render bons frutos. O idealizador é Kevin Cooper, um amigo que possui uma
consultora de investimentos aqui nos Estados Unidos e no Brasil.
Ele já
me ajudou com suas consultorias em compra, venda e investimentos, já me
livraram de empresas bombas e de investimentos fadados ao fracasso. Tenho
Cooper em alta conta, se ele me convidou é porque tem algo que provavelmente
chamará minha atenção.
— Vem
para cama, senhor O´Brian.
Daqui
onde estou sentado, na poltrona que fica de frente para a enorme cama que ocupa
boa parte do quarto, assisto a linda assistente ruiva do Ethan, dançar nos meus
lençóis. Ela é uma delícia de mulher, mas durante o sexo soltou que estava se
apaixonando. Duas fodas e já acha que vou casar. Essa será nossa última noite.
—
Princesa acho melhor você se arrumar. Um táxi encostará daqui dez minutos para
te levar para casa.
Ela sai
da cama nua e fica na minha frente com as mãos na cintura.
— Está
me dispensando? Acha que pode usar e abusar e depois descartar?
Fico em
silêncio, discutir com mulheres já é ruim, discutir com uma mulher indignada, é
conversa para uma noite inteira e realmente não estou afim. Ela sabia no que
estava se metendo quando transou a primeira vez comigo, não tenho porque ficar
ouvindo essas baboseiras. Coloco meu notebook debaixo do braço e vou para a
sala, isso já está virando um circo e a minha enxaqueca está apontando.
Encontro
o remédio que o médico receitou para essas dores de cabeça que estão se
tornando constante, disse que é falta de sono. Se eu tomar dois, pode ser que
consiga deitar e cochilar. Sento no sofá e volto a ler o arquivo do Cooper.
Quando confirmei minha participação, tive a sensação de que era o certo e até
dormi aquela noite.
A bela
assistente do Ethan sai do quarto pisando duro, olha para mim e depois sai
batendo a porta atrás de si. Mulheres! Não entendo porque pensa que podem mudar
um homem, juro que não entendo. Em pleno século XXI e ainda esperam um conto de fadas? Príncipes não existem,
somos todos uns canalhas que tem por finalidade, o sexo.
Há
aqueles que se apaixonam, outros dizem que amam, é verdade, mas a direção dos
sentimentos que são equivocadas. Amamos sexo, quando encontramos alguém muito
boa no que faz, não queremos larga-las tão cedo, então, um eu te amo vem a calhar.
É
hilário ver meus amigos sendo territorialistas, marcando em cima, crises de
ciúmes descabidas. Nunca encontrei alguém que desperte isso e também não sei se
um dia encontrarei. Enquanto a vida não me dá esse presente de grego, vou procurando à minha maneira.
Ter
dinheiro acaba atraindo pessoas de índole duvidosa e nos transformam em pessoas
inescrupulosas. Eu sou poderoso, já nasci rico, mas trabalho bastante para
multiplicar minha fortuna. Dizem por aí que dinheiro atrai dinheiro, talvez
seja verdade, a única certeza disso tudo é que, as jogadas são mais altas.
Gosto do jogo do poder, porque eu posso... Tudo!
Não
existe impossível para mim, se tiver, eu faço e se ainda não der, então eu
compro. Todos querem algo de mim, as que dizem que me amam, amam o que tenho
não o que eu sou. Fui talhado para ser inatingível, cresci assistindo o que uma
mulher interesseira pode fazer com um
trouxa que pensava que tinha achado a boceta da sua vida.
Meu pai
foi casado com a minha mãe durante quarenta anos, um dia chegou com a notícia
do divórcio, porque segundo ele, tinha encontrado o amor da sua vida, alguém
que o compreendia e blábláblá...
Nessa
época eu já comandava as organizações da família, agradeço a Deus por isso, não
tenho dúvidas que ele colocaria tudo a perder. Depois do divórcio, ele se
aposentou definitivamente e resolveu se mudar para os Hamptons com sua nova
mulherzinha. Todos sabem que a garota transa até com a perna da mesa se deixar,
mas o amor não permite que o imbecil
enxergue.
Depois
da separação, minha mãe também resolveu colocar as asinhas de fora. Alguns
meses à frente, ela foi para Las Vegas e em cinco dias voltou casada com um
gigolô. Sempre fomos uma família distante, por isso não sinto falta deles,
também, como poderia sentir falta daquilo que nunca tive? Hoje ela mora em Miami
com o seu personalfodedor.
É repassados
lucros das organizações para ambos, dando-lhes a oportunidade de fazer qualquer
besteira que der na telha. A mim restou olhar a história deles para saber que
amor de homem/mulher, não existe. A verdade é, o quanto estão dispostos a
suportar para ter a vida que desejam e isso tem por nome, amor.
Em uma
época passada da minha vida, andei fazendo uma loucura atrás da outra. Festas,
orgias, brigas, até o dia em que fui preso por dirigir meu Ferrari bêbado e
avançar dois sinais vermelhos. Ferrari sim, porque todo rico que se preza tem
uma. Idiotice.
Bom, meu
departamento de relações públicas veio com a ideia esdrúxula de casamento, para
mostrar as pessoas que me regenerei e sou um novo homem. Nessa época eu estava
transando com a Amber Wilkinson, uma das herdeiras mais gostosa que já peguei,
socialite desocupada, que até hoje espera o príncipe que casará com ela sem ser
pela sua fortuna.
Uni o
útil ao agradável e a pedi em casamento. Fiz uma festa monstruosa para ela
desfilar como o diamante enorme que dei. A ideia não era chamar a atenção?
Então fiz meu dever de casa. Só que depois disso a mulher surtou, vieram
cobranças, choros descontrolados, crises de ciúmes violentas, eu já não
suportava mais.
Ethan
tinha me convidado para uma de suas festas particulares, Amber tinha surtado e
eu queria distância da loucura dela e fui a festa, que na verdade era uma
orgia. Lembro que bebi muito, as meninas vinham dançar e se esfregar no meu
colo. Sexo já tinha se tornado escasso depois do noivado. Então matei minha
fome.
Logo ouvi gritos e coisas sendo quebradas.
Amber apareceu no exato momento que uma garota me chupava e outra esfregava seus
peitos na minha cara. Ela tirou as duas pelos cabelos, foi hilário. Não me
movimentei nem para fechar as calças, estava sem condições alguma de me manter
em pé. Dois caras fortes me levaram para casa, não tenho lembrança nenhuma de
quem seja.
Acordei
com uma ressaca dos infernos, ouvi gritos agudos vindo da sala. Da maneira que
estava, fui ver o que acontecia e mandar calarem a boca. Amber estava
descontrolada e seu pai tentando acalmá-la.
Assim
que entrei ele veio para cima de mim, me deu um soco e quebrou a mão. Fui para
o banheiro tomar um banho e quando me senti inteiro novamente, encontrei os
pais dela e ela ainda ali.
— Já que
estão todos aqui, falarei de uma vez só. Esse noivado está terminado. —Acabei com aquele circo de uma vez. Amber
teve um ataque histérico e se jogou aos meus pés.
— Não! Por
favor, não me deixa, eu te amo. Por tudo o que é mais sagrado, não me deixa
Zachary. Eu sei que você tem um jeito diferente de amar, mas eu o perdoo, vamos
esquecer tudo e continuar juntos.
— Perdoa
exatamente pelo que, Amber? — Como um cavalheiro, levantei-a. — Por ter quebrado metade da casa do
Ethan? Por dia, após dia ter inesgotáveis crises de ciúmes? Por atrapalhar
reuniões de trabalho? — Olho para os seus pais. — Procure uma ajuda profissional
para sua filha. O pai dela veio para cima de mim novamente, só que eu sou o
dobro dele em altura e músculos e estava muito sóbrio. Segurei seu braço. — Uma
vez eu permiti Wilkinson, a segunda eu revidarei. Então mantenha distância.
Depois
disso se espalhou a fofoca de que a agredi. Amber nunca desmentiu, eu nunca
toquei no assunto e a notícia correu mais rápido que o Papa Léguas.
——ooOoo——
Sou um
empresário de trinta e nove anos, um metro e noventa e dois de altura, corpo
bem definido, músculos firmes. Eu sei que sou bonito, já figurei capas das
revistas mais badaladas, também tenho participação especial nas listas de mais
rico, mais bonito, mais disputado e mais sexy. Não sou do tipo que se “acha”,
apenas sou realista, tenho espelho, sei exatamente com sou.
E um detalhe
muito importante sobre mim: Adoro
desenhos animados.
O verão
é uma época de eventos, jantares, recepções, leilões em prol de alguma causa,
hoje é um jantar para agradecimento. Eu e mais alguns empresários reformamos um
hospital e estamos apoiando financeiramente os Médicos Sem Fronteiras.
Os
organizadores já sabem que não gosto de sentar com desconhecidos, com
políticos, só em último caso. Minha acompanhante é uma modelo da Victoria
Secret´s, loira, pernuda, seios pequenos, mas com uma boquinha que promete
fazer loucuras.
Na minha
mesa está Ethan e sua acompanhante, mais dois colegas de golfe, um com sua
amante e outro com uma prostituta de luxo. Roney, um playboy herdeiro do
petróleo com sua esposa grávida e Liam Larkin, viúvo com tendência a santo.
Depois que sua esposa morreu não o vi com mais ninguém. Ele não é de festas e
baladas, nunca se meteu em briga, nem se envolveu em escândalos. Gosto dele,
principalmente pela sua discrição e é um bom parceiro de negócios.
— Zach,
recebeu o e-mail da apresentadora da Vitrine?
Nessa edição, estão fazendo uma coisa bacana, mandaram a lista de projetos que
serão apresentados e colocaram uma apresentadora gostosa. — Ethan diz.
— Vocês
também vão? — Larkin entra na conversa.
— Vamos.
Não vi o e-mail ainda.
— A
apresentadora é a Letícia. — Ethan se empolga. — Uma mulata dos sonhos de
qualquer homem.
— Achei
uma aposta arriscada colocá-la para apresentar algo assim. — Larkin fala. — Ela
tem trinta anos, tem um currículo impressionante, mas não acho que tenha pulso
para levar algo assim.
— A
mulher vai te surpreender. — Reviro meus olhos, porque tudo que tenha mulheres
bonitas envolvidas é óbvio que Ethan está dentro, geralmente dentro delas.
— Não me
diga que você já a pegou? Eu não quero ir para uma reunião de investidores,
tendo uma maluca tentando te comer ou te matar. E mais uma coisa, nada de
acompanhante barraqueiras. Toda vez que me lembro de Bora Bora passo mal. —
falo com uma careta.
Fomos
para Bora Bora, comemorar um contrato gigantesco, só que no resolveram fazer
uma reunião de última hora para rever alguns detalhes. Uma das acompanhantes de
Ethan entrou e se ofereceu para todos que estavam ali, não satisfeita, tentou
chupar um senhor de setenta e cinco anos. Foi um pesadelo.
— Cara eu
estou indo ao Brasil, tudo o que preciso tem lá. — Ethan responde. — E não, não
peguei a Letícia. Faltou vontade por parte dela. Só que, desde a conheci, a
tenho sempre em contato, quando tenho contratos complicados, é a ela a quem
recorro para finalizá-los.
Interessante,
fiquei curioso. Assim que chegar em casa vou checar esse e-mail e ver quem ela
é. Bons profissionais hoje em dia estão escassos e se a garota for boa como ele
diz, talvez seja minha nova aquisição.
A noite
só não foi melhor porque a menina parecia um robô na cama, a boca dela quase
compensou, quase. Depois que mandei meu motorista levá-la, nadei até a exaustão
me tomar, tomei um banho quente e lembrei-me de olhar meus e-mails. Assim que
localizei o arquivo da Vitrine, abri.
Realmente mandaram uma lista com projetos especificados e detalhados, isso
mostra transparência e coragem para dar suas cartas sem medo da concorrência.
Veio uma
breve apresentação sobre a senhorita Letícia Sophie Barros e como Larkin disse,
seu currículo é impressionante. Abro o Google para pesquisar sobre ela,
encontro apenas uma imagem em que não dá para vê-la direito.
O sono
que há dias não vem, agora bate com força. Antes de desligar o computador, leio
mais uma vez seu e-mail. Mal caio na cama e capoto em um sono profundo.
Os dias
têm passado muito rápidos e quanto mais vai chegando o dia do embarque para o
Brasil, eu vou ficando mais ansioso. Já pensei em ir antes da data prevista.
Não sou um cara que acredita em pressentimentos, mas a sensação de que algo vai
acontecer lá é forte. A falta de sono está prejudicando meu bom senso.
Raramente
viajo com assistentes, geralmente só a minha secretária pessoal, Maggie, me
acompanha. Ela sabe mais da minha vida do que eu mesmo. Só que para essa viagem
agreguei mais dois financeiros para ver a viabilidade de investimento
rapidamente e mais dois seguranças.
— Maggie
já fez o esquema de locomoção? — Reuni a equipe para conversarmos. — O Rio é
uma cidade um pouco violenta não quero ser surpreendido.
Maggie é
loira dos olhos verdes, uma mulher é muito bonita, mas que não me apetece
sexualmente, às vezes tenho a impressão que ela pode ser frígida.
— A
Globalspace mandou todos os detalhes, por incrível que pareça, a segurança é
forte, os hotéis são seguros e estão todos prontos a recebê-los. Estou
esperando a lista do pessoal que estará envolvido diretamente para fazermos uma
verificação de antecedentes.
—
Perfeito. Precisarei de um tradutor?
— Não,
senhor. — Maggie ajeita seus óculos rosa. — O idioma oficial será o inglês. Já
enviei para eles uma lista das coisas de sua preferência.
—Joe e
Ted, tudo certo? Prontos para conhecerem o Brasil? — Olho para os dois financistas.
Ambos
acenam que sim e sorrio para eles. Contratei Ted porque ele foi o primeiro de
sua classe desde o Ensino Médio e em Harvard se formou com louvor em Economia.
Joe além de ser um crânio com
números, ele é um dos melhores hackers que já encontrei. Depois que ele cumpriu
pena por invadir os computadores da Casa Branca, eu o contratei, ajudei-o a
terminar sua faculdade. Hoje, é um dos meus braços direitos.
Outro
que está no mesmo patamar de confiança, é o Kingston. Além de meu amigo, é meu
chefe de segurança. King era atirador de elite da SWAT, até o dia que um de
seus parceiros foi morto por outro policial. O homem surtou e arrumava briga em
todo lugar que chegava. Depois de um dos meus porres memoráveis, acordei com
King deitado do meu lado na piscina do Ethan. Lembro que houve uma briga e ele
tomou minhas dores, de lá para cá, somos quase inseparáveis.
O outro
segurança que nos acompanhará, é Lennon. Foi contratado há pouco tempo. Segundo
King, ele é o melhor em artes marciais e um excelente motorista de fuga. Não
que eu esteja pensando em roubar alguma coisa. Só que já escapei de duas
tentativas de assassinato e quem sabe quando precisamos fugir de uma mulher
louca?
—
Senhor. Ainda afirmo que devemos levar mais dois seguranças. — King se adianta.
— Partirei amanhã para acompanhar a varredura do local e Lennon irá com vocês.
Acho insuficiente.
— É o
suficiente. — Levanto da minha cadeira. — Vocês podem nos dar licença, por
favor? Amanhãs estarão de folga para viajarem descansados.
Todos
saem e fica somente King.
— Algum
problema, Zach?
— Não.
Quero que você investigue Letícia Sophie Barros, quero saber tudo sobre ela. Se
seu passado, presente e provável futuro. Se tiver algum companheiro,
investigue-o também, se mora com os pais, investigue-os.
— Estou
começando a ficar preocupado, Zach.
— Não se
preocupe. Se ela é tão boa quanto Ethan disse, pretendo contratá-la. Outra
coisa investigou a nova esposa do meu pai?
— Sim.
Viúva, professora, dois filhos de dezoito e vinte anos. Eles moram fora, um
está terminando a faculdade de Programação e Tecnologia e o outro é cientista.
Ela é idônea, mulher exemplar, do tipo que não se interessa pelo seu pai.
Não é
que o meu papai achou alguém que valha a pena? Só espero que dure. Esses
divórcios estão levando muito dinheiro para o meu gosto.
—
Obrigado, King. Mais um favor, descubra quem é os outros empresários que
participarão desse encontro.
—
Desculpa interromper, senhor. — Maggie entra novamente. — Mas tenho que saber
se levará uma acompanhante.
— Não.
Maggie ligue para a Ruth e avise da viagem, fala dia e hora, para que ela
arrume minha bagagem.
— Sim,
senhor.
Olho
para ela e vejo um largo sorriso.
— Qual o
motivo desse sorriso bonito, Mag?
—
Nada... — Ela balança a cabeça e suspira. Eu
hein!
— Eu
quero aquele levantamento da nova fábrica na minha mesa ainda hoje. Também
quero os relatórios do hotel de Vegas, quero o extrato da minha conta
secundária. Ligue para o Philip e diga que quero aqueles documentos para ontem
e a próxima que ele atrasar, não precisa nem vir, já estará no olho da rua. Mag
localize o Joe e mande o vir aqui novamente.
Logo que
eles saem, Joe entra.
— Mandou
me chamar, senhor?
— Sim.
Eu soube que aquela empresa de telecomunicações vai abrir seu capital. Confirme
isso e especule para ver as ofertas como serão, se caso for certo, chame Ted e
bolem uma oferta irrecusável para comprar o lote fechado.
— Ok!
— Eu
soube que tivemos problemas nos computadores, o que foi? — Apesar de eu não
atribuí-lo ao departamento de informática, ele controla tudo para mim.
— Alguém
tentou burlar o sistema para ver pornografia, executou alguns comandos para
tentar burlar o filtro e acabou caindo em uma teia. — Ele fala sorrindo.
— Certo.
Obrigado, Joe.
Os dois
dias que seguem foram corridos. Tenho pessoas da minha inteira confiança para
gerir os departamentos da organização, só que como dono, eu gosto de saber tudo
o que se passa para manter o controle.
——ooOoo——
Já
dentro do meu avião, porque tenho um, lógico,
vou trabalhando. Lendo os relatórios trimestrais da organização, assinando
documentos, revendo contratos. Meu tempo é precioso e a viagem é longa.
—
Senhor, King pediu para falar sobre a moça. — Lennon se aproxima e eu aceno
para ele continuar. — Ela é órfã, seus pais morreram cedo, morou com a avó durante
um tempo, mas também faleceu. Mais tarde, ela morou com cara e não deu certo.
Desde então, ela trabalha na Global, ficha limpa.
—
Obrigado, Lennon.
A viagem
correu tranquila. Assim que desembarcamos, vimos carros a nossa espera. No
trajeto, pude ter uma noção da beleza da cidade. Já estive no Brasil, em São
Paulo para firmar acordos, mas não tive a oportunidade de conhecer nada.
Cooper
está a minha espera na recepção.
— Como
vai, Zachary?
— Estou
bem e você, sua família, como estão?
—
Estamos todos bem, obrigado. Espero que seu voo tenha sido agradável.
— Foi.
Só quero descansar em uma cama se for possível.
Uma
inquietação bate, fico agoniado, enquanto ando para o elevador avisto uma
mulher e meu coração falha uma batida. Ela está procurando alguém, tão inquieta
quanto eu. Antes das portas do elevador se fechar seus olhos encontram o meu.
Ela é linda...
Preciso
saber quem é, antes de entrar no quarto, chamo King.
— Acabei
de ver uma mulher no hall e quero que descubra quem é e que quarto está.
Ele faz
uma careta.
— Sim, senhor. Como ela é?
— Pele
negra, cabelos lisos. Tive a impressão de que seus olhos são claros. É só o que
sei, descubra-a.
Ele
acena e se vai.
Tomo um
banho demorado e deito para descansar. A imagem dela não sai da minha cabeça e
eu quero aquela gostosa na minha cama. Minha barriga ronca e me dou conta que
estou há horas sem comer. Visto uma roupa, encontro Lennon e King na sala,
discutindo alguma coisa importante.
— Estou
descendo para comer, vão comigo?
— O
senhor não prefere pedir algo para comer aqui?
— Não.
Estamos
indo em direção ao restaurante e vejo Ethan com duas mulheres, a baixinha eu
não conheço, mas reconheceria aquela mulata de longe. Se elas estão com Ethan
só pode ser uma das acompanhantes dele e isso me incomoda.
— King é
ela.
— Essa é
a...
—
Esquece, deixa que eu mesmo descubro quem é.
Aproximo-me
do grupo para cumprimentar, chego mais perto dela propositalmente. Ela se vira
para mim, seus olhos estão arregalados, como se estivesse hipnotizada. Eu sei o
efeito que tenho sobre as mulheres, com ela não seria diferente. Admito que
será uma decepção se essa mulher estiver com ele. Enquanto cumprimento Ethan e
falo que não era para trazer sua diversão em uma viagem de negócio, ela
continua a me olhar.
Bom, se
ela for acompanhante, Ethan poderia me dá-la. Não havia muito espaço entre nós
dois, mas dei um jeito de chegar mais perto. Passo meus dedos pelo seu rosto,
admirando sua pele, é impecável. Seu perfume é embriagador, poderia ficar assim
com ela a noite toda.
— Se você
subir comigo, garota, eu te darei uma noite inesquecível e a recompensarei
muito bem.
Por uma
fração de segundos ela fica tensa, logo relaxa e encosta-se a mim. Meu corpo
reage a sua presença. Ela passa a mão pela minha camisa e fala:
— Seria
um prazer cuidar de você, senhor. Mas infelizmente não tenho mais horário,
agenda cheia. Sabe como é!
Desgraçada!
— Está
perdendo o jeito garanhão.
Sentamos,
fiz meu pedido e continuei a conversa com Ethan.
— Quem é
ela?
—
Letícia Barros...
— A
garota que vai apresentar a Vitrine?
—
Yeah... — Olho para o King, ele dá de ombros. Ethan pede uma bebida e continua —
E aquela gracinha pequenininha ali. — Ele apontou a menina. — Vou pegá-la para
mim. Só espero que a Letícia não seja uma empata-foda.
Ela não
é acompanhante, mas com certeza já passou pela cama dele. Se fosse outra, não
me importaria, mas uma ponta de decepção apareceu.
— Por
que ela seria? Já saiu com ela?
— A
Letícia não caiu nas minhas graças, por falta de vontade. Vontade dela, obviamente.
Mas ela me conhece bem e a Lorena é a melhor amiga dela, então pode ser que a
patroa atrapalhe.
— Pode
ser...
Durante
o jantar, não consegui tirar a mulher da minha cabeça, preciso me desculpar
pelo que falei a ela. A cor de seus olhos é diferente, a deixa exótica e muito
bonita. Enquanto ela estava me encarando, vi um misto de emoções em seus olhos
e neste momento senti o desejo de abraçá-la.
Que porra de pensamento é esse?
Ela é louca, isso sim!
Onde já
se viu falar daquela maneira comigo? Quem ela pensa que é? Eu sou
ZacharyThorton O´Brian, se eu quiser tê-la na minha cama, eu terei!
Solto os
talheres com força e empurro o prato. Era só o que me faltava uma mulherzinha
tirar uma com a minha cara, ela conseguiu acabar com meu apetite. Posso transformar
a vida dela em um inferno, Letícia não perde por esperar.
— Zach? —
Noto cautela na voz do Ethan.
— Estou
indo. Boa noite.
Vou para
a suíte trocar de roupa e no meio do caminho encontro Maggie, vestida com um
vestido curtíssimo. Ela tem pernas bonitas, não tinha percebido ainda.
— Boa
noite, senhor — Ela bateu os cílios para mim ou foi impressão minha?
— Boa
noite, Mag. Onde vai produzida assim?
— Estava
a sua procura para repassarmos algumas coisas.
—
Oookaay... — Eu realmente fui pego de surpresa. Abro a porta da suíte e dou
lugar para ela passar, mas acho que a porta estreitou, porque a menina esfregou
tudo o que podia para passar por mim.
A minha
suíte é quase um apartamento, tem uma sala grande com sofás, poltronas, mesa e
um espaço para reuniões. O quarto é ainda maior e o banheiro também. Ela
senta-se no sofá e cruza as pernas, revelando muito mais do que eu gostaria de
ver.
— Diga
Mag. — Ela está agitada com receio de falar. — O que está acontecendo, Mag?
Estou começando a ficar preocupado.
Ela se
levanta e vem em minha direção, nesse momento King entra e faz uma cara de que porra é essa? para mim. Olho
novamente para Mag que está mais branca do que já é. Agora tenho certeza que
algo está acontecendo com ela. Pego-a pelo braço e a sento no sofá novamente,
ajoelho-me diante dela, seguro sua mão. — Você está bem? Precisa de alguma
coisa?
Ela abre
um sorriso e coloca sua mão em cima da minha e aperta, quando abre a boca para
falar, King interrompe.
—
Maggie, vá para o seu quarto, antes que o resto da sua dignidade escorra pelo
ralo.
Ela vai
sem dizer uma palavra.
Volto-me
para ele esperando uma resposta para aquilo tudo.
— Vai me
dizer que você não percebeu?
—
Percebi que ela não estava bem e você a colocou para fora...
King ri
alto.
— Ela
queria se deitar com você.
— Não.
Não. Nãooo. Até acho que a mulher é lésbica.
Ele
consegue rir mais alto.
— Cara,
já é o segundo fora que você dá essa noite. — O celular dele apita e levanta
para mim. — E o ar do Brasil deve ser um afrodisíaco poderoso, está deixando as
menininhas a ponto de ebulição, tenho que dar assistência para algumas delas.
Mag é apaixonada por você.
— Nisso,
não posso ajudá-la. Costumo transar apenas com as assistentes dos outros, as
minhas mantenho-as bem longe da minha cama. Vou procurar a piscina para nadar.
— Lá se foi
minha noite de manutenção. Vamos, vou nadar também.
King sem
dúvida é meu melhor amigo, sabe que eu não gosto que fique no meu pé o tempo
todo. Mas essa vinda para o Brasil, está deixando-o neurótico.
Seu físico
pode assustar qualquer um. Ele é mais alto que eu, um muro negro de dois metros
e mais dois de largura. O cara é tão grande, que me sinto pequeno perto dele.
Mas tudo o que esse monstro tem de tamanho, seu coração tem de generosidade.
Eu
confio minha vida a ele, sem sombras de dúvidas.
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