Capítulo Nove
Zachary
Passei
a noite em claro, cansado, virei de um lado para outro o tempo todo. Quando
voltar a Manhattan, vou ao médico novamente, ele tem que dar um jeito nisso ou
receitar um remédio que não me deixe atordoado quando acordo.
Minha suíte está silenciosa, todos devem estar dormindo ainda. Levanto,
visto minha sunga e vou caminhar na areia, dar um mergulho, quem sabe na volta
posso cochilar.
No meu caminho para a praia, algumas meninas me param para tirar fotos.
Falam sem parar e não pude entender nada, a única coisa que senti, foi uma mão
boba na minha bunda. Essa linguagem é universal, sorrio comigo mesmo e continuo
meu caminho.
Enquanto ando pela orla, esvazio minha cabeça, bloqueio meus
pensamentos, respiro fundo, faço algum alongamento e isso faz com que eu me
sinta bem, um pouco relaxado. Na volta, mergulho e dou algumas braçadas mar
adentro. As águas são calmas e quentes, a paisagem é estonteante, a soma dos
fatores tem um poder calmante.
Saindo do mar sinto ser observado e logo encontro quem o está. Letícia
está sentada em uma cadeira de praia, com um biquíni branco moldando os seios
como se fossem mãos. Um movimento atrás dela chama minha atenção, Ethan pega um
rapaz pelo pescoço. Merda, ele vai mata-lo. Corro e tiro Ethan da garganta do
rapaz.
— Por que esse verme estava com as mãos em cima de você, Lorena?
— Estava apenas passando protetor nos meus ombros, porque você, Ethan,
se meteu em algum lugar sem me avisar!
Lorena responde aos berros, atraindo a atenção de todos a nossa volta.
— Lolo, por que você e Ethan não vão para o quarto conversar? — Letícia
tenta apaziguar a situação. — Jônatas é um cavalheiro, jamais se aproveitaria
dela e mais, eu estava aqui.
Se fosse minha, o rapaz mesmo com
indicações luminosas que não gosta da mesma fruta que eu, teria o mesmo
destino. Mas vou ficar quieto na minha. Solto Ethan e Lorena o leva para
dentro, Letícia dá folga para o menino se recuperar do trauma. Tenho vontade de
rir quando ele olha para mim parando no meu material e a Letícia falando como
se ele estivesse com medo de mim. Será que ela não percebeu o arco-íris?
Enquanto ela o acalma, deito em sua espreguiçadeira e coloco seus
óculos. Assim que ele se vai, puxo-a para perto de mim.
— Divida-a comigo. — Ela dividiu, mas o arrepio da sua pele não passou
despercebido.
Aceno para um garçom e peço duas águas de coco. Ela se acomoda em mim e
pergunta.
— O que deu em Ethan?
— Ciúmes. Se não fosse por isso, ele teria percebido que o menino é gay.
Ela me olha de boca aberta.
— Jônatas não é gay!
O garçom traz os cocos e passo um para ela. Nesse calor ela precisa se
hidratar. Gostei de tê-la perto, sua pele quente na minha.
— Falta muito tempo para o seu próximo compromisso?
— Bem lembrado. Por que você fez isso, senhor O´Brian?
— Chame-me por Zach. Fiz o que, Letícia?
— Você me ofereceu para os outros. Foi por vingança?
Essa mulher não sabe o que causa nas pessoas. Endireito-me e tiro os
óculos para ficar olho-no-olho com ela.
— Não foi por vingança, apenas... — Faço uma pausa para achar as palavras
corretas. — Era a única maneira de fazer você se encontrar comigo sem fugir,
para me desculpar pelo nosso primeiro encontro.
Ficamos encarando-nos, seus sentimentos e perguntas estão ali, naquele
olhar. Por um instante desejei acreditar que existe destino, que existe o
amor...
Ela pega seus óculos e se levanta.
— Preciso ir, tenho um almoço com Khristophoros.
Uma força me atrai a ela, é como se existisse um campo magnético entre
nós, onde os opostos se atraem. Falo em seu ouvido e a beijo no rosto.
— Estou ansioso para te encontrar mais tarde, senhorita Letícia.
Ela se vai sem olhar para trás. Sua saída de banho transparente me
propicia a visão do paraíso, uma cintura fina, quadril largo e uma bunda
perfeita. Vou dar mais um mergulho para esfriar, não é elegante sair por aí de
pau duro para todo mundo ver.
——ooOoo——
Volto para minha suíte, abro a porta e vejo que estão trabalhando.
— Vocês poderiam fazer o favor de
trabalhar em outro lugar? Vou dormir e quero silêncio. Entro no banheiro para
tomar banho e me masturbar imaginando Letícia aqui, tocando-me.
Acordo com a Mag em cima de mim novamente.
— Senhor... Senhor acorda.
— Que inferno, Mag? — Ela se afasta.
— Ligaram da suíte do Sheik Bashir, solicitando sua presença para uma
reunião.
— Falaram o motivo da reunião?
— Sim, senhor. O secretário do sheik falou que é sobre o projeto do
resort.
— Que horas são? — Ela olha seu telefone. — São dezenove horas e dez
minutos.
Caralho, dormi a tarde toda.
— Diga que não vou. Tenho um compromisso. — Viro para o outro lado.
A mulher não arreda o pé.
— Senhor, eu sei que tens grande interesse nesse projeto. Não é melhor
cancelar seu compromisso com a senhorita Barros? Ela pode vê-lo em outro
momento.
Mag sempre foi uma assistente excepcional, de uns dias para cá tem
passado do limite. Sento-me e a olho.
— Quem é o chefe aqui?
— O senhor...
— Bom. Quem manda?
Ela troca de pé, sinal de incômodo.
— O senhor...
— Já que deixamos isso bem claro, vou fazer a gentileza de repetir. Diga
que tenho um compromisso e não vou encontrá-los. — Mesmo nervosa a garota
continua parada. — Vou te dar cinco
segundos para virar as costas e sair, senhorita Carlson. Se não o fizer, será
demitida imediatamente.
Agora ela entendeu o recado. Entro no banheiro para tomar um banho e
despertar. Pego uma calça branca de tecido leve, camisa branca e chinelos. Saio
do quarto e vejo toda a corja de investidores ali, sentados na sala da minha
suíte.
— O que vocês estão fazendo aqui?
— Menino Zachary, achamos melhor vir até você para conversarmos sobre o
projeto que é algo importante. Se não resolvermos isso hoje, com certeza outros
virão.
Chamo Mag.
— Quero que envie um grande buquê de rosas para a senhorita Letícia, as
mais bonitas que tiverem. Vou escrever um cartão para enviar junto.
— Pode começar sheik.
Ele aspira no narguilé.
— Tenho certeza que vocês viram o potencial daquele projeto de resort e
condomínio de luxo. Quero saber se mais alguém está interessado em entrar nesse
barco comigo. É um projeto audacioso, construir uma minicidade e conseguir que
ela fique longe do conhecimento das pessoas não é algo simples.
— Acredito que podemos fazer melhor. A ideia inicial é que cada nativo
do lugar tenha seu restaurante, quem for se hospedar pode pegar comida desses
lugares. Não há necessidade de construirmos shoppings e supermercados, se
alguém quer algo de fora, pode ir buscá-lo ou podemos ter pessoas para esses
tipos de compras. — Expus minhas ideias.
— Eu estou dentro. — Ethan fala. — Poderíamos solicitar uma visita ao
local, deve ser por aqui.
— Boa ideia. — Sebastian diz.
Ficamos discutindo por mais de duas horas, Cooper foi chamado para
organizar uma excursão até o local e logo saiu para acertar os detalhes.
Segundo eles, não é muito longe daqui, talvez uns dez ou quinze minutos de
helicóptero. Quando sobrevoarmos o local, teremos a real dimensão da área,
projetar a partir daí será mais fácil.
— Já que todos estão interessados, teremos que redigir um contrato de
sociedade...
Martino Rossi que está babando em cima da assistente ruiva do Ethan,
propõe.
— Poderíamos formar uma companhia, se esse empreendimento for um sucesso
como prevemos abrir mais em outros lugares do mundo será uma possibilidade. —
Eu contra proponho já pensando mais além. É assim que funciona minha mente. Todos
concordam e eu continuo a explicação. — Vamos manter a Letícia como a cabeça do
projeto, mas um de nós terá que assinar pelo grupo.
Nesse meio tempo foi servido um jantar enquanto discutíamos os detalhes
da nossa futura organização. Mas queria mesmo era saber da Letícia, o que ela
está fazendo nesse momento.
— Sabe alguma coisa dela? — pergunto a King.
— Sim senhor. Ela saiu com a menina do senhor Scott, estão em um
restaurante no centro da cidade.
— Bashir acha mais sensato que menino Zachary tome a frente do grupo. — O
Sheik Bashir tem a palavra novamente.
Não quero mais um compromisso...
— Fico lisonjeado, mas não quero
mais um compromisso desse porte. Eu voto no Larkin. Ele é arquiteto, poderá
liderar e até fazer os projetos.
Ethan se levanta e vai até um dos seus seguranças. Alguma coisa está se
passando, sua testa franzida diz que algo está errado.
— Eu voto no Zach. — Ele diz. — Porque, de todos nós, sem dúvidas
nenhuma é o melhor administrador. Estamos falando de uma construção gigantesca
e sabemos que pode sair do controle orçamentário com qualquer deslize.
Todos concordam, mas ninguém perguntou para mim o que acho. Ethan senta
ao meu lado.
— Alguma coisa de errado? — Pergunto e ele faz uma careta.
— Não. É só que não encontraram a Lorena no hotel.
— Formaremos o grupo para
construção desse empreendimento, tendo como presidente Zachary O´Brian e a
menina Letícia como diretora geral, o arquiteto Liam Larkin será o responsável
pela autorização de cada planta. — O sheik faz um resumo do nosso acerto. — Todos
concordam?
Todos concordaram e volto-me para Ethan.
— Ela está com a Letícia, foram jantar em um restaurante do centro da cidade. — Ethan me olha espantado.
— Como sabe disso?
— Tenho alguém de olho em Letícia...
— Está de olho em quem? — Sebastian se aproxima atravessando a conversa.
— Na Letícia. — Ethan responde.
— Todos nós estamos de olho na Letícia. Cara, aquele almoço só serviu
para me atiçar mais. — Sebastian sorri e eu não estou gostando do rumo dessa
conversa.
— Se contenta com a sua esposa, Sebastian. Letícia é minha! — Larkin
aparece.
— Sua o cacete! Já te falei que ela será minha.
Martino começa a rir.
— Tenho pena dos cavalheiros, a mulher está rendida aos encantos desse
italiano aqui.
— Vocês são completamente loucos. — Ethan tem uma crise de riso. — Por
que não apostam? Seria hilário ver a disputa.
Eu estava rindo até perceber que todo mundo se calou. Ficamos uns
olhando para os outros por alguns instantes.
— Aposta feita! — Sebastian é o primeiro a falar. — Porque eu terei a
mulher na minha cama em breve.
— Aposto dois milhões de dólares que levarei a menina para cama. — O
sheik se mete.
Larkin se levanta e se serve com whisky.
— Vocês são insanos. Estou fora e não vou permitir que leiloem Letícia. —
Ele diz.
Gostei, pode ser uma boa ideia.
— Eu estou dentro!
Ethan levanta e se coloca no meio da sala.
— Senhores, vamos organizar. Quem participará? — Sebastian, Martino, o
Sheik e eu levantamos as mãos. — Vamos fazer uma aposta de gente grande...
— Cem mil dólares para quem levá-la primeiro para cama. — Martino
palpita.
Dou risada.
— Tenho garrafas de whisky mais caro que isso.
— Antes de tudo, todos os assistentes e seguranças saiam, ficando
somente os chefes da segurança de cada um. Os outros esperem na porta, por
favor — Ethan toma a palavra novamente. Todos se retiram e ele continua. —
Vamos fazer disso um jogo de cachorro grande. Dos seis que estão aqui, somente
quatro participarão diretamente na disputa, caberá a cada um o valor de dois
milhões e quinhentos mil dólares, aquele que a comer primeiro leva os dez
milhões.
— Vamos tornar isso mais interessante. Só levará o montante se o resto
de nós assistirmos o ato. — Sebastian se levanta.
— Por mim está fechado. — Eu digo. Esse tipo de jogo é comum para nós,
nunca disputamos uma mulher, mas já fiz por coisas banais e tenho certeza que
todos que estão aqui, já participaram de alguma coisa parecida. Não somos
santos e gostamos de mulheres. A Letícia é o troféu que todos nós queremos
levar para cama.
— Mas eu quero assistir também e para tudo isso dar certo, Larkin tem
que participar, senão ele estragará tudo contando a ela. — Ethan fala.
Olhamos todos na direção do Liam Larkin, que estava escorado na janela
bebendo.
— Eu não vou participar e também
não vou permitir...
— Não falei? — Ethan interrompe.
O sheik se aproxima dele.
— Irlandês você vai participar por bem ou por mal. Caso você dê para
trás, serei o primeiro a contar a ela que essa ideia partiu da sua pessoa.
— O caralho que vai, seu velho doente! Por que está participando,
Bashir? Acha que tem chance contra esses homens? Se enxerga! — Larkin fala
furiosamente.
— Bashir pode não ser bonito, mas Bashir é rico, pode dar o que ela
quiser em ouro e como sabemos todo mundo tem um preço. — o sheik olha para nós.
— Em quem a menina acreditará: Em um irlandês que está nitidamente interessado
nela ou nos outros cinco empresários e suas idoneidades? Pensa bem, Larkin.
Talvez seja mais sensato participar da brincadeira.
— Quem guardará a quantia? — Martino pergunta.
— Poderíamos abrir uma conta e depositarmos. Ethan ou Liam ficam como
responsáveis pela conta e fazer a transferência assim que o jogo for finalizado.
— Eu respondo.
O sheik ainda desconfiado de Larkin aponta para ele.
— Larkin fica como responsável pela conta. Mais um motivo para ele ficar
de boca fechada.
— Então será um milhão de quem assistir e dois milhões de quem
participa, de acordo? — Ethan fala novamente. Todos assentem. Ele aponta para o
segurança de cada empresário. — Eles estão aqui para serem nossas testemunhas.
Alguém pode me dizer a hora?
— Meia noite e dez.
— Então, Zachary, Martino, Sebastian e Bashir participarão da disputa e
cada um repassará o valor de dois milhões de dólares para a conta estipulada.
Liam e eu apenas assistiremos e repassaremos o valor de um milhão de dólares
para a mesma conta. O primeiro que levar a Letícia Sophie Barros para cama e
consumar o ato, levará o montante de dez milhões de dólares e os outros cinco
assistirão o ato sendo consumado. Assim que acontecer, Liam Larkin fará a
transferência do valor para o ganhador, vamos às regras. Senhores façam uma
disputa limpa como cavalheiros, nada de um fazer a caveira do outro, sabotar as
ideias do outro. Estão livres para conquistar seu tempo com ela, mas é
terminantemente proibido forçá-la a fazer qualquer coisa que a mulher em
questão não queira. O tempo será indeterminado, mas, por favor, senhores, não
estendam nossa angústia. No caso de algum de vocês a maltratar física ou
emocionalmente, me encarregarei de acertar as contas seja com quem for. Tenham
isso sempre em mente.
Larkin joga seu copo na parede pegando todo mundo de surpresa.
— Não acredito que estão me obrigando a participar desse negócio sujo! —
Larkin joga seu copo na parede pegando todo mundo de surpresa. — Vocês são um
bando de filhos da puta sem alma. Se aquela mulher descobrir essa imundície,
nunca mais olhará na minha cara ou pior, poderá destruir cada um de nós por
vingança.
Sou obrigado a rir do jeito bom
moço dele.
— Calma Larkin. Quando ela estiver em meus braços relaxada depois dos
orgasmos que darei a ela, faço questão de fazer propaganda da sua pessoa como
bom partido. — Todos riem menos ele.
— Bastardo idiota. Espero que você não ganhe, na verdade, espero que
você morra.
— Larkin se conforma. Se tudo o que tínhamos que acertar já foi feito,
me dão licença que quero descansar.
Depois que todos deixam meu apartamento, chamo meus assistentes para uma
conferência.
— Mag, o Cooper já falou à hora que faremos a excursão amanhã?
— Ainda não, senhor.
— Amanhã quero que o meu dia com a Letícia seja perfeito. Providenciem
uma mesa em um lugar afastado da praia, onde teremos privacidade. Uma comida
leve, prato de entrada, principal e sobremesa. Arranjem uma daquelas tendas com
tecido branco, caprichem nos arranjos de flores, acredito que o hotel pode
auxiliá-los nisso. Arrumem um local para descansar, bem confortável com
almofadas e coisas do tipo. Certifiquem-se de que não serei incomodado por
ninguém. E mais uma coisa, não se esqueçam de confirmar com o Cooper o horário
do passeio e programem meus horários conforme isso. Assim que souberem como
serão meus horários avisem a mim e a Letícia.
— Sim, senhor.
— Mag, assim que você acordar encomende um café para a senhorita Letícia
e mande entregar com esse cartão. — Coloco o envelope em sua mão. — Vocês estão
dispensados. Boa noite.
Abro as cortinas e a janela e deito na rede que tem na varanda. A lua em
sua majestade, o céu estrelado, a brisa da noite e o som do mar, transforma o
lugar em paraíso, acalmando-me. E com Letícia nos meus pensamentos, adormeço.
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