domingo, 3 de janeiro de 2016

A Vitrine - Capítulo 09

Capítulo Nove

Zachary

Passei a noite em claro, cansado, virei de um lado para outro o tempo todo. Quando voltar a Manhattan, vou ao médico novamente, ele tem que dar um jeito nisso ou receitar um remédio que não me deixe atordoado quando acordo.
Minha suíte está silenciosa, todos devem estar dormindo ainda. Levanto, visto minha sunga e vou caminhar na areia, dar um mergulho, quem sabe na volta posso cochilar.
No meu caminho para a praia, algumas meninas me param para tirar fotos. Falam sem parar e não pude entender nada, a única coisa que senti, foi uma mão boba na minha bunda. Essa linguagem é universal, sorrio comigo mesmo e continuo meu caminho.
Enquanto ando pela orla, esvazio minha cabeça, bloqueio meus pensamentos, respiro fundo, faço algum alongamento e isso faz com que eu me sinta bem, um pouco relaxado. Na volta, mergulho e dou algumas braçadas mar adentro. As águas são calmas e quentes, a paisagem é estonteante, a soma dos fatores tem um poder calmante.
Saindo do mar sinto ser observado e logo encontro quem o está. Letícia está sentada em uma cadeira de praia, com um biquíni branco moldando os seios como se fossem mãos. Um movimento atrás dela chama minha atenção, Ethan pega um rapaz pelo pescoço. Merda, ele vai mata-lo. Corro e tiro Ethan da garganta do rapaz.

— Por que esse verme estava com as mãos em cima de você, Lorena?
— Estava apenas passando protetor nos meus ombros, porque você, Ethan, se meteu em algum lugar sem me avisar!
Lorena responde aos berros, atraindo a atenção de todos a nossa volta.
— Lolo, por que você e Ethan não vão para o quarto conversar? — Letícia tenta apaziguar a situação. — Jônatas é um cavalheiro, jamais se aproveitaria dela e mais, eu estava aqui.
 Se fosse minha, o rapaz mesmo com indicações luminosas que não gosta da mesma fruta que eu, teria o mesmo destino. Mas vou ficar quieto na minha. Solto Ethan e Lorena o leva para dentro, Letícia dá folga para o menino se recuperar do trauma. Tenho vontade de rir quando ele olha para mim parando no meu material e a Letícia falando como se ele estivesse com medo de mim. Será que ela não percebeu o arco-íris?
Enquanto ela o acalma, deito em sua espreguiçadeira e coloco seus óculos. Assim que ele se vai, puxo-a para perto de mim.
— Divida-a comigo. — Ela dividiu, mas o arrepio da sua pele não passou despercebido.
Aceno para um garçom e peço duas águas de coco. Ela se acomoda em mim e pergunta.


 — O que deu em Ethan?
— Ciúmes. Se não fosse por isso, ele teria percebido que o menino é gay.
Ela me olha de boca aberta.
— Jônatas não é gay!
O garçom traz os cocos e passo um para ela. Nesse calor ela precisa se hidratar. Gostei de tê-la perto, sua pele quente na minha.
— Falta muito tempo para o seu próximo compromisso?
— Bem lembrado. Por que você fez isso, senhor O´Brian?
— Chame-me por Zach. Fiz o que, Letícia?
— Você me ofereceu para os outros. Foi por vingança?
Essa mulher não sabe o que causa nas pessoas. Endireito-me e tiro os óculos para ficar olho-no-olho com ela.
— Não foi por vingança, apenas... — Faço uma pausa para achar as palavras corretas. — Era a única maneira de fazer você se encontrar comigo sem fugir, para me desculpar pelo nosso primeiro encontro.
Ficamos encarando-nos, seus sentimentos e perguntas estão ali, naquele olhar. Por um instante desejei acreditar que existe destino, que existe o amor...
Ela pega seus óculos e se levanta.
— Preciso ir, tenho um almoço com Khristophoros.
Uma força me atrai a ela, é como se existisse um campo magnético entre nós, onde os opostos se atraem. Falo em seu ouvido e a beijo no rosto.
— Estou ansioso para te encontrar mais tarde, senhorita Letícia.
Ela se vai sem olhar para trás. Sua saída de banho transparente me propicia a visão do paraíso, uma cintura fina, quadril largo e uma bunda perfeita. Vou dar mais um mergulho para esfriar, não é elegante sair por aí de pau duro para todo mundo ver.

——ooOoo——

Volto para minha suíte, abro a porta e vejo que estão trabalhando.
 — Vocês poderiam fazer o favor de trabalhar em outro lugar? Vou dormir e quero silêncio. Entro no banheiro para tomar banho e me masturbar imaginando Letícia aqui, tocando-me.
Acordo com a Mag em cima de mim novamente.
 — Senhor... Senhor acorda.


— Que inferno, Mag? — Ela se afasta.
— Ligaram da suíte do Sheik Bashir, solicitando sua presença para uma reunião.
— Falaram o motivo da reunião?
— Sim, senhor. O secretário do sheik falou que é sobre o projeto do resort.
— Que horas são? — Ela olha seu telefone. — São dezenove horas e dez minutos.
Caralho, dormi a tarde toda.
— Diga que não vou. Tenho um compromisso. — Viro para o outro lado.
A mulher não arreda o pé.
— Senhor, eu sei que tens grande interesse nesse projeto. Não é melhor cancelar seu compromisso com a senhorita Barros? Ela pode vê-lo em outro momento.
Mag sempre foi uma assistente excepcional, de uns dias para cá tem passado do limite. Sento-me e a olho.
— Quem é o chefe aqui?
— O senhor...
— Bom. Quem manda?
Ela troca de pé, sinal de incômodo.
— O senhor...
— Já que deixamos isso bem claro, vou fazer a gentileza de repetir. Diga que tenho um compromisso e não vou encontrá-los. — Mesmo nervosa a garota continua parada.    — Vou te dar cinco segundos para virar as costas e sair, senhorita Carlson. Se não o fizer, será demitida imediatamente.
Agora ela entendeu o recado. Entro no banheiro para tomar um banho e despertar. Pego uma calça branca de tecido leve, camisa branca e chinelos. Saio do quarto e vejo toda a corja de investidores ali, sentados na sala da minha suíte.
— O que vocês estão fazendo aqui?
— Menino Zachary, achamos melhor vir até você para conversarmos sobre o projeto que é algo importante. Se não resolvermos isso hoje, com certeza outros virão.
Chamo Mag.
— Quero que envie um grande buquê de rosas para a senhorita Letícia, as mais bonitas que tiverem. Vou escrever um cartão para enviar junto.
— Pode começar sheik.
Ele aspira no narguilé.




— Tenho certeza que vocês viram o potencial daquele projeto de resort e condomínio de luxo. Quero saber se mais alguém está interessado em entrar nesse barco comigo. É um projeto audacioso, construir uma minicidade e conseguir que ela fique longe do conhecimento das pessoas não é algo simples.
— Acredito que podemos fazer melhor. A ideia inicial é que cada nativo do lugar tenha seu restaurante, quem for se hospedar pode pegar comida desses lugares. Não há necessidade de construirmos shoppings e supermercados, se alguém quer algo de fora, pode ir buscá-lo ou podemos ter pessoas para esses tipos de compras. — Expus minhas ideias.
— Eu estou dentro. — Ethan fala. — Poderíamos solicitar uma visita ao local, deve ser por aqui.
— Boa ideia. — Sebastian diz.
Ficamos discutindo por mais de duas horas, Cooper foi chamado para organizar uma excursão até o local e logo saiu para acertar os detalhes. Segundo eles, não é muito longe daqui, talvez uns dez ou quinze minutos de helicóptero. Quando sobrevoarmos o local, teremos a real dimensão da área, projetar a partir daí será mais fácil.
— Já que todos estão interessados, teremos que redigir um contrato de sociedade...
Martino Rossi que está babando em cima da assistente ruiva do Ethan, propõe.
— Poderíamos formar uma companhia, se esse empreendimento for um sucesso como prevemos abrir mais em outros lugares do mundo será uma possibilidade. — Eu contra proponho já pensando mais além. É assim que funciona minha mente. Todos concordam e eu continuo a explicação. — Vamos manter a Letícia como a cabeça do projeto, mas um de nós terá que assinar pelo grupo.
Nesse meio tempo foi servido um jantar enquanto discutíamos os detalhes da nossa futura organização. Mas queria mesmo era saber da Letícia, o que ela está fazendo nesse momento.
— Sabe alguma coisa dela? — pergunto a King.
— Sim senhor. Ela saiu com a menina do senhor Scott, estão em um restaurante no centro da cidade.
— Bashir acha mais sensato que menino Zachary tome a frente do grupo. — O Sheik Bashir tem a palavra novamente.
Não quero mais um compromisso...
 — Fico lisonjeado, mas não quero mais um compromisso desse porte. Eu voto no Larkin. Ele é arquiteto, poderá liderar e até fazer os projetos.
Ethan se levanta e vai até um dos seus seguranças. Alguma coisa está se passando, sua testa franzida diz que algo está errado.
— Eu voto no Zach. — Ele diz. — Porque, de todos nós, sem dúvidas nenhuma é o melhor administrador. Estamos falando de uma construção gigantesca e sabemos que pode sair do controle orçamentário com qualquer deslize.


Todos concordam, mas ninguém perguntou para mim o que acho. Ethan senta ao meu lado.
— Alguma coisa de errado? — Pergunto e ele faz uma careta.
— Não. É só que não encontraram a Lorena no hotel.
 — Formaremos o grupo para construção desse empreendimento, tendo como presidente Zachary O´Brian e a menina Letícia como diretora geral, o arquiteto Liam Larkin será o responsável pela autorização de cada planta. — O sheik faz um resumo do nosso acerto. — Todos concordam?
Todos concordaram e volto-me para Ethan.
— Ela está com a Letícia, foram jantar em um restaurante do centro da cidade.     — Ethan me olha espantado.
— Como sabe disso?
— Tenho alguém de olho em Letícia...
— Está de olho em quem? — Sebastian se aproxima atravessando a conversa.
— Na Letícia. — Ethan responde.
— Todos nós estamos de olho na Letícia. Cara, aquele almoço só serviu para me atiçar mais. — Sebastian sorri e eu não estou gostando do rumo dessa conversa.
— Se contenta com a sua esposa, Sebastian. Letícia é minha! — Larkin aparece.
— Sua o cacete! Já te falei que ela será minha.
Martino começa a rir.
— Tenho pena dos cavalheiros, a mulher está rendida aos encantos desse italiano aqui.
— Vocês são completamente loucos. — Ethan tem uma crise de riso. — Por que não apostam? Seria hilário ver a disputa.
Eu estava rindo até perceber que todo mundo se calou. Ficamos uns olhando para os outros por alguns instantes.
— Aposta feita! — Sebastian é o primeiro a falar. — Porque eu terei a mulher na minha cama em breve.
— Aposto dois milhões de dólares que levarei a menina para cama. — O sheik se mete.
Larkin se levanta e se serve com whisky.
— Vocês são insanos. Estou fora e não vou permitir que leiloem Letícia. — Ele diz.
Gostei, pode ser uma boa ideia.
— Eu estou dentro!


Ethan levanta e se coloca no meio da sala.
— Senhores, vamos organizar. Quem participará? — Sebastian, Martino, o Sheik e eu levantamos as mãos. — Vamos fazer uma aposta de gente grande...
— Cem mil dólares para quem levá-la primeiro para cama. — Martino palpita.
Dou risada.
— Tenho garrafas de whisky mais caro que isso.
— Antes de tudo, todos os assistentes e seguranças saiam, ficando somente os chefes da segurança de cada um. Os outros esperem na porta, por favor — Ethan toma a palavra novamente. Todos se retiram e ele continua. — Vamos fazer disso um jogo de cachorro grande. Dos seis que estão aqui, somente quatro participarão diretamente na disputa, caberá a cada um o valor de dois milhões e quinhentos mil dólares, aquele que a comer primeiro leva os dez milhões.
— Vamos tornar isso mais interessante. Só levará o montante se o resto de nós assistirmos o ato. — Sebastian se levanta.
— Por mim está fechado. — Eu digo. Esse tipo de jogo é comum para nós, nunca disputamos uma mulher, mas já fiz por coisas banais e tenho certeza que todos que estão aqui, já participaram de alguma coisa parecida. Não somos santos e gostamos de mulheres. A Letícia é o troféu que todos nós queremos levar para cama.
— Mas eu quero assistir também e para tudo isso dar certo, Larkin tem que participar, senão ele estragará tudo contando a ela. — Ethan fala.
Olhamos todos na direção do Liam Larkin, que estava escorado na janela bebendo.
 — Eu não vou participar e também não vou permitir...
— Não falei? — Ethan interrompe.
O sheik se aproxima dele.
— Irlandês você vai participar por bem ou por mal. Caso você dê para trás, serei o primeiro a contar a ela que essa ideia partiu da sua pessoa.
— O caralho que vai, seu velho doente! Por que está participando, Bashir? Acha que tem chance contra esses homens? Se enxerga! — Larkin fala furiosamente.
— Bashir pode não ser bonito, mas Bashir é rico, pode dar o que ela quiser em ouro e como sabemos todo mundo tem um preço. — o sheik olha para nós. — Em quem a menina acreditará: Em um irlandês que está nitidamente interessado nela ou nos outros cinco empresários e suas idoneidades? Pensa bem, Larkin. Talvez seja mais sensato participar da brincadeira.
— Quem guardará a quantia? — Martino pergunta.
— Poderíamos abrir uma conta e depositarmos. Ethan ou Liam ficam como responsáveis pela conta e fazer a transferência assim que o jogo for finalizado. — Eu respondo.


O sheik ainda desconfiado de Larkin aponta para ele.
— Larkin fica como responsável pela conta. Mais um motivo para ele ficar de boca fechada.
— Então será um milhão de quem assistir e dois milhões de quem participa, de acordo? — Ethan fala novamente. Todos assentem. Ele aponta para o segurança de cada empresário. — Eles estão aqui para serem nossas testemunhas. Alguém pode me dizer a hora?
— Meia noite e dez.
— Então, Zachary, Martino, Sebastian e Bashir participarão da disputa e cada um repassará o valor de dois milhões de dólares para a conta estipulada. Liam e eu apenas assistiremos e repassaremos o valor de um milhão de dólares para a mesma conta. O primeiro que levar a Letícia Sophie Barros para cama e consumar o ato, levará o montante de dez milhões de dólares e os outros cinco assistirão o ato sendo consumado. Assim que acontecer, Liam Larkin fará a transferência do valor para o ganhador, vamos às regras. Senhores façam uma disputa limpa como cavalheiros, nada de um fazer a caveira do outro, sabotar as ideias do outro. Estão livres para conquistar seu tempo com ela, mas é terminantemente proibido forçá-la a fazer qualquer coisa que a mulher em questão não queira. O tempo será indeterminado, mas, por favor, senhores, não estendam nossa angústia. No caso de algum de vocês a maltratar física ou emocionalmente, me encarregarei de acertar as contas seja com quem for. Tenham isso sempre em mente.
Larkin joga seu copo na parede pegando todo mundo de surpresa.
— Não acredito que estão me obrigando a participar desse negócio sujo! — Larkin joga seu copo na parede pegando todo mundo de surpresa. — Vocês são um bando de filhos da puta sem alma. Se aquela mulher descobrir essa imundície, nunca mais olhará na minha cara ou pior, poderá destruir cada um de nós por vingança.
Sou obrigado a rir do jeito bom moço dele.
— Calma Larkin. Quando ela estiver em meus braços relaxada depois dos orgasmos que darei a ela, faço questão de fazer propaganda da sua pessoa como bom partido. — Todos riem menos ele.
— Bastardo idiota. Espero que você não ganhe, na verdade, espero que você morra.
— Larkin se conforma. Se tudo o que tínhamos que acertar já foi feito, me dão licença que quero descansar.
Depois que todos deixam meu apartamento, chamo meus assistentes para uma conferência.
— Mag, o Cooper já falou à hora que faremos a excursão amanhã?
— Ainda não, senhor.




— Amanhã quero que o meu dia com a Letícia seja perfeito. Providenciem uma mesa em um lugar afastado da praia, onde teremos privacidade. Uma comida leve, prato de entrada, principal e sobremesa. Arranjem uma daquelas tendas com tecido branco, caprichem nos arranjos de flores, acredito que o hotel pode auxiliá-los nisso. Arrumem um local para descansar, bem confortável com almofadas e coisas do tipo. Certifiquem-se de que não serei incomodado por ninguém. E mais uma coisa, não se esqueçam de confirmar com o Cooper o horário do passeio e programem meus horários conforme isso. Assim que souberem como serão meus horários avisem a mim e a Letícia.
— Sim, senhor.
— Mag, assim que você acordar encomende um café para a senhorita Letícia e mande entregar com esse cartão. — Coloco o envelope em sua mão. — Vocês estão dispensados. Boa noite.

Abro as cortinas e a janela e deito na rede que tem na varanda. A lua em sua majestade, o céu estrelado, a brisa da noite e o som do mar, transforma o lugar em paraíso, acalmando-me. E com Letícia nos meus pensamentos, adormeço.

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