sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Ilusão...


Escapaste-me
pela fresta da porta
pela greta na janela
pelos dedos
pelo líquido jorrado
entre os meus seios
pelo beijo
que minha boca
não ousou roubar

Abandonaste-me
justo onde
a paixão em mim
tremia
onde 
na cama
minha pele suada
gemia
e te pedia

Eu tonta
procurava em vão
o teu olhar

Ocultaste-me
entre as borras
do teu frio café
entre teus objetos inúteis
meu corpo desnudo
largado 
paralisado
no resto amarelado
de um uísque qualquer

Tomaste-me
a alma
o meu desejo
toda a minha paixão

Eu louca
catava texturas
linhas e formas
improvisava a fantasia
os gestos
a emoção e a glória

Eu calculava ternuras
Eu queria o tesão


Eu queria 
o possível
e o impossível

Eu queria
o que podia
e não podia

Eu usava a imaginação

Eu sonhava
a mulher 
entrelaçada 
no homem

Eu tentava justificar
o gozo
lambendo o espaço
contando
e recontando vitórias
do beijo
do desejo
da paixão

Eu insensata
jurava
minha mão
vislumbrando teu braço
entregando minha carne

Pétalas de rosa
orquídea selvagem
horas inteiras
horas de ausência
horas e mais horas
de orgia
e tentação

Eu queria
o pouco
o muito
o todo da sofreguidão

Eu fui
eu sou
e ainda assim
serei
um voo solitário
o pecado
a culpa
a louca
a tonta
insensata

Eu ainda assim
serei nua
toda tua

Essa é a minha
louca viagem
é só minha 
essa doce ilusão...
- Cau Lanza -


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