pela fresta da porta
pela greta na janela
pelos dedos
pelo líquido jorrado
entre os meus seios
pelo beijo
que minha boca
não ousou roubar
Abandonaste-me
justo onde
a paixão em mim
tremia
onde
na cama
minha pele suada
gemia
e te pedia
Eu tonta
procurava em vão
o teu olhar
Ocultaste-me
entre as borras
do teu frio café
entre teus objetos inúteis
meu corpo desnudo
largado
paralisado
no resto amarelado
de um uísque qualquer
Tomaste-me
a alma
o meu desejo
toda a minha paixão
Eu louca
catava texturas
linhas e formas
improvisava a fantasia
os gestos
a emoção e a glória
Eu calculava ternuras
Eu queria o tesão
Eu queria
o possível
e o impossível
Eu queria
o que podia
e não podia
Eu usava a imaginação
Eu sonhava
a mulher
entrelaçada
no homem
Eu tentava justificar
o gozo
lambendo o espaço
contando
e recontando vitórias
do beijo
do desejo
da paixão
Eu insensata
jurava
minha mão
vislumbrando teu braço
entregando minha carne
Pétalas de rosa
orquídea selvagem
horas inteiras
horas de ausência
horas e mais horas
de orgia
e tentação
Eu queria
o pouco
o muito
o todo da sofreguidão
Eu fui
eu sou
e ainda assim
serei
um voo solitário
o pecado
a culpa
a louca
a tonta
insensata
Eu ainda assim
serei nua
toda tua
Essa é a minha
louca viagem
é só minha
essa doce ilusão...
- Cau Lanza -
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