Não sei
se tu me lês
Eu
não te vejo
e faz tempo
já não consigo
ler o que escreves
Não importa
Ainda habito
fragmentos
de uma intimidade
que foi
e é só nossa
Ainda guardo
na pele
um cheiro
que não senti
só imaginei
Etéreo
e efêmero
perpassando
minhas formas
minhas texturas
grudando
no meu corpo
feito palavras soltas
Fiz da tua carne
minha mais saborosa
leitura
Penetrei
nas tuas fissuras
Teci
na amplitude
do meu quarto
imagens distorcidas
de nós dois
Deixei
janelas e portas
escancaradas
Preparei
o leito
e esperei
À flor do desejo
do pecado
do prazer
Eu esperei
e rezei
Entrei
num sonho
me fiz loucura
Entranhei-me
na busca do inalcançável
Juntei flores
vestígios
amarguei tua ausência
cheguei no meu limite
Tranquei
portas e janelas
chorei e gritei
Num último ato
de rebeldia
eu te fiz
em mim poesia
sorri
e sozinha... te amei...
- Cau Lanza -
Nenhum comentário:
Postar um comentário