domingo, 22 de maio de 2016

A Vitrine - Capítulo 25

Zachary

Depois de deixá-la na porta do seu quarto, entro tranco a porta do meu, vou ao banheiro e tranco a porta de lá também. Tiro minha roupa, abro o chuveiro de água fria e me jogo em baixo para me masturbar como um moleque de quinze anos com a sua primeira revista playboy. Gozei duas vezes e continuo de pau duro, caralho! Uma fúria me domina e rasgo todos os tecidos que encontro; roupas, toalhas, qualquer merda que eu possa extravasar e ninguém ouvir.
Entre os trapos, acho um short inteiro e vou procurar a academia da casa, eu sei que tem, só não sei onde fica. Procuro, procuro e nada. Da sala vejo a plataforma que dá acesso à praia, é para lá que vou. Não sei quanto tempo corri e fiz exercícios, perdi as contas de quantas vezes praguejei por não conseguir tirá-la da cabeça. Encostei-me a uma pedra e bati com a cabeça várias vezes para ver se ela saia. A única coisa que aconteceu foi descobrir que estou louco, digno de uma camisa de força.
Tiro o celular do bolso e ligo para a única pessoa que restou em Manhattan que fará o que eu mando sem questionar.
— Ted. Preciso que você faça algumas coisas para mim sem perguntas.
— Sim, senhor.
— Sabe o quarto principal da ala oeste?
— Sim...

— As portas daquele closet são de vidro, quero que você mande substituir por espelhos. Quem estiver dentro do closet pode ver o que acontece no quarto, mas quem estiver no quarto, não verá o que tem dentro do closet. Quero isso para ontem, entendeu?
— Sim...
— Também quero que coloque cinco poltronas confortáveis e as disponha de um jeito que todos que sentar possam ver o que acontece dentro do quarto. Assim que desligar me mande sua conta pessoal, farei uma transferência do valor aproximado e um bônus.
— Não é necessário, senhor. Tenho prazer em ajudá-lo...
— Não se preocupe com a segurança barrar a sua entrada, eu darei instruções para que eles o recebam e ajudem caso for necessário. Mais uma coisa; amanhã enviarei para você data e horário. Compre um celular pré-pago e ligue para o Rossi, Khristophoros e Bashir, dê-lhes a data e local em meu nome. É muito importante que seja em meu nome. Não deixe recados com terceiros, é para falar diretamente com eles. Antes que eu me esqueça, o local é o meu apartamento.


— Mais alguma coisa, senhor?
— Talvez o mais importante, você não está autorizado a contar a ninguém. Absolutamente ninguém deve saber o que você está fazendo. Se alguém perguntar, desconverse.
— Sim, senhor.
— Até mais, Ted.
Eu sei que é tarde da noite, toda a casa está apagada, somente os seguranças do turno da noite em pé. Passando em frente à suíte que Letícia está, ouço um barulho estranho. Verifico se a porta está aberta, está, entro e vejo que ela não está na cama. A luz do banheiro está acesa, vou ver o que está acontecendo e a avisto dobrado no chão e vomitando. Seu cabelo estava amarrado como se ela já esperasse por isso.
Espero ela terminar, ajudo-a levantar e fazer sua higiene.
— Ah Letícia, não gosto de te ver assim. Quando voltarmos a Manhattan você irá ao meu médico.
— Não...
— Sim, voltará comigo e consultaremos um médico de verdade. Quando você poderá viajar?
Ela caminha de volta para o quarto somente de calcinha e sutiã. Aquele corpo farto de antes, está magro, suas costelas expostas, mas os seios estão do mesmo tamanho ou maiores.
— Volto de São Paulo na terça-feira. — Letícia deita e eu a cubro.
— Vou ver minha programação e discutiremos isso amanhã. Vou tomar um banho e já volto para deitar com você até pegar no sono.
Corro para tomar um banho, coloco uma cueca boxer limpa e volto para deitar ao seu lado. A minha última lembrança foi do corpo dela encaixar perfeitamente no meu.

——ooOoo——

Acordo e encontro os olhos mais bonitos que já vi.
— Bom dia, menina dos olhos dourados.
— Bom dia, menino dos olhos azuis. — Tiro uma mecha de cabelo do seu rosto.
— Você é linda quando acorda. — Ela sorri.
— Não mais que você. — Quebro o olhar antes de fazer alguma besteira, levanto.




— Vou escovar os dentes e nos encontramos lá embaixo para tomar café.
Ela apenas concorda com a cabeça, sabendo que tem algo estranho, mas dessa vez não posso consertar, eu só tenho que sair daqui de uma vez. Demoro tempo o suficiente para ela fazer sua higiene e descer antes de mim. Desço as escadas e a encontro lá fora conversando com King, Luck e uma mulher de terninho preto. Trabalhar assim nesse calor deve ser uma droga.
— Bom dia. — Aproximo-me de Letícia e a beijo na testa. — Já tomou café?
— Não estou com fome. — Faço uma careta.
— Está sim. Você vomitou essa noite...
— Sério? Letícia, ainda com isso? — Agora foi a vez de King falar. — Você tem que ir a outro médico.
— Ela vai. Vamos sincronizar nossas agendas para que ela consulte o Phillip em Manhattan.
King olha-me com desconfiança, mas cede visto a situação da mulher.
— Perfeito!
Letícia ainda balançando a cabeça e sorrindo aponta para a mulher do terninho.
— Zachary, essa é a Constância sua governanta. — Ela fala em português para a governanta. — Constância, esse é seu patrão, Zachary Thorton O´Brian.
Damos-nos as mãos, ela tem um aperto firme, o que fala muito sobre a pessoa. Se ela tem um aperto firme, tem palavra de comando.
— Letícia, diga a ela que não precisa trabalhar de terno, até eu passo mal vendo ela com essa roupa. Mande-a vestir algo mais despojado.
Letícia repete minhas palavras em português e a mulher sorri aliviada, eu imaginava, deve estar cozinhando ali dentro. King fala puxando Letícia pelo braço.
— Não adianta disfarçar e tirar o foco de você, senhorita. Já para mesa comer.
Dou risada quando a vejo emburrada sentada na mesa, fica ainda mais linda com aquele bico, revira os olhos a cada palavra do King. A cena me faz rir muito, eu poderia viver com eles para sempre. Contrariada, ela começa a comer frutas.
— Nossa volta para Nova York está programada para quando, Kingston?
— Segunda logo depois do almoço chefe. Você tem uma reunião na terça-feira.
— Letícia voltará de São Paulo somente na terça.
— Ela poderá ir com Ethan, ele embarcará terça à noite, segundo Kaleb. Se ela puder remanejar seus compromissos, poderá voltar na segunda à noite.
— Acha que consegue estar pronta para viajar na terça-feira? — King pergunta para Letícia.


Ela fica calada olhando para a praia, nos ignorando. King e eu trocamos olhares, ele irritado e eu achando graça.
— Letícia? — Nada.
— Letícia. — King a chama e nada. Ele insiste. — Letícia, deixa de ser menina mimada. — Ela mostra a língua para ele me fazendo rir alto.
A menina que nos serviu ontem a noite se aproxima nos cumprimentando e falando com Letícia, que responde e nega com a cabeça. Ela traduz para mim.
— A Constância queria saber se eu queria alguma coisa em especial para comer. Respondi que não e agradeci.
Nesse momento, Mag aparece e Letícia fecha a cara.
— Não tomo café preto e não gosto de leite frio, esquente. Ah, e os meus croissants devem ter manteiga de amendoim.
A menina olha perdida para Letícia, que a ajuda falando o que Mag quer. Ela acena e sai, voltando pouco tempo depois com o leite, mas sem os croissants, o que faz Mag chiar.
— Mag, não tem manteiga de amendoim. Aqui no Brasil não costumamos comer, mas será providenciado o mais rápido possível. Pode ser alguma outra coisa, geleia talvez?
— Tão competente para umas coisas e tão desleixada para outras. — Mag olha feio para a Letícia. — Os funcionários deveriam saber o que eu como, afinal sou assistente pessoal do Zach, virei aqui constantemente com ele.
— Exatamente Mag. — Letícia morde um morango fazendo com que seja mais sensual do que rebolar.  — Você é assistente pessoal dele, deveria ter se encarregado de tudo para recebê-lo, até porque eu não trabalho para ele e sim com ele. Vai querer o que para comer com os croissants?
— Tem geleia de morango?
Letícia pergunta em português para a moça que acena que sim.
— Tem...
— Ótimo. — Mag fala com deboche.
— Viu, Letícia? — King fala olhando para Mag. — Ficou de cara feia e atraiu coisa ruim.
— Cala a boca, Kingston. — Mag fica vermelha de raiva.
— Eu não tenho nada haver com isso, senhor Sean Kingston. — Letícia responde e começa a cantar a música Beautiful Girls do cantor Sean Kingston, levando King a cantar e a dançar.




Fazia muito tempo que eu não ria tanto. Esses dois juntos são uma peça, se olham como irmãos. Gostei de ver, pena que logo ele descobrirá que ela não é a irmãzinha que sonhava.
— Eu consigo embarcar com Ethan na terça-feira. Se me derem o nome do médico, posso agendar... —  Depois do número musical do King, Letícia fala.
— Não, eu mesmo marco. Se não for eu, é capaz de te agendarem para o ano que vem.
— Vou ligar agora para o Kaleb para deixar tudo encaminhado. — King levanta.
— Vamos dar uma volta, Letícia?
— Eu vou junto, estou doida para conhecer a praia. — Antes dela abrir à boca, Mag se mete e se levanta já tirando o vestido e deixando o corpo à mostra. Letícia desvia o olhar para mim.
— Podem ir. Meu mal-estar ainda não melhorou e o sol só piora. — Estendo a mão para ela.
— Vem, vamos voltar para cama.
Quando entramos na casa, Letícia foi à cozinha dar instruções sobre o almoço e aproveitei para mandar mensagem ao Ted:
“Quarta-feira, 18h”.
No momento em que enviei a mensagem, uma dor no peito cintilou. Estou quase arrependido. Quase!
— É triste saber que o senhor prefere a companhia de uma vadia aproveitadora do que a minha. Enquanto o senhor está fazendo planos para levá-la para cama, ela provavelmente está no telefone fazendo Larkin ter as mesmas ideias. — Mag entra na casa e envenena mais ainda.
Mag não deixa de ter razão, Letícia já deu inúmeros motivos para não confiar nela e mais aquele dossiê.
Infelizmente Letícia eu tenho que fazer isso. Se eu não tirar essa sua cara de boa moça, perderei meus amigos e a mim mesmo. Cada dia que passo com você, vendo o seu sorriso, o sentimento só aumenta, por isso tenho que acabar com isso de uma vez.

Letícia vem em minha direção e desisto de levá-la para o quarto. Só a deitarei na minha cama quando for a noite que ganharei a aposta, antes disso é burrice, porque até a minha força tem limite.

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