De sede carece nosso povo em prece
Como se dissesse: minha alma estremece!
A morte que desce sem nada que a impesse
A Arte cura, o preconceito com espada fura
Inconsistente sutura, jorrando sangue de nossa gente pura
A fome que dura, semeando no caminho a névoa escura
Que feiúra! A pobreza tratada como frágil escultura
A Arte edifica, o preconceito cega a gente rica
Em pranto fica o bravo que ao trabalho tanto tempo dedica
A corda estica, amarrando seu pulso, calando sua dica
Intensifica a miséria! O coração fraqueja como o bolso vazio indica
A Arte ama, o preconceito odeia e reclama
Frieza insana de quem, para enriquecer, engana
Enquanto na cama o obreiro chora por sua dama
Aguardente de cana para esquecer a mesa, com apenas a banana
A Arte agrega, o preconceito desemprega
Ganância cega de quem hipocrisia prega
E o povo carrega na costa o país que o emprego lhe nega
Pelo preconceito que alega: ao trabalhador o Poder não se entrega
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