Já faz muito tempo que me convenci de que vida amorosa é
para os fortes. Não importa como, porque ou quando comecei a pensar assim, isto
é, que cansei de querer arrumar desculpas para o não viver um romance. Sei que,
desde então, o meu foco todo tem sido a minha vida profissional.
Assim que me formei em administração de empresas, fui
convidada por minha amiga Babby para trabalhar, em seu escritório de
contabilidade, como administradora. Essa foi a maior oportunidade que tive na
minha vida. Com o salário proposto, mais as economias guardadas, ainda desde os
anos em que trabalhei com a D. Agnello, consegui sair da república e alugar um
apartamento simples, de apenas um quarto, sala e cozinha.
O importante era estar tendo um espaço só meu, onde, a
qualquer hora do dia, eu poderia andar pelada, chupar manga como eu gostava,
dormir de cortinas fechadas, usar meu PA livremente, enfim, ter liberdade
total. Sempre fui muito pé no chão e, por isso, escolhi um local bem próximo ao
escritório.
Depender de condução faria com que tivesse mais gastos,
então, foi uma união perfeita, visto que teria que andar apenas 3
quilômetros até o escritório e outros 3
para voltar de lá para casa. Ao mesmo tempo, poupei o dinheiro que gastaria
numa academia, fazendo 6 quilômetros de caminhada todos os dias.
Também senti uma satisfação gigante ao constatar que, após
pagar todas as minhas contas, sobraria, ainda, 30% do meu salário, quantia esta
que enviava aos meus pais para ajudá-los em suas despesas.
Enquanto morei na república, nunca pude recebê-los, então,
todas as férias eu ia para o sul visitá-los, sempre voltando destroçada de lá,
ao ver meu irmão fazer com que a vida deles ficasse, dia a dia, mais miserável.
Muitas vezes, passava os dias na casa da D. Agnello. Se não
fosse por ela, no tempo em que estava fazendo faculdade, acho que até fome meus
pais teriam passado. Ela foi uma fada madrinha para todos de minha casa. Vivia
inventando chás beneficentes para vender os produtos dos meus pais porque,
orgulhosos que eram, não aceitavam suas doações, então, aquele foi o jeito que
ela encontrou para ajudá-los, sem que se sentissem como se estivessem
aproveitando-se da bondade dela.
Enquanto ainda estudava, viajei muito com a Babby, para o
Nordeste. Conheci seus pais e, conforme o tempo passava, ficava mais encantada
e orgulhosa da minha amiga que, apesar de ter pais milionários, nunca revelou
sua riqueza para ninguém.
Dediquei-me, por anos, ao escritório, mesmo não me dando
muito bem com o Thiago, sócio da Bárbara. Para mim, ele nunca desceu, nem com
maionese hellmann´s! Já a Marcinha, secretária do escritório, era um doce e vivia
dizendo que ele, algum dia, ainda se transformaria em um gentleman.
Mas, para mim, em mudanças só acredita dono da
transportadora, pois aquele lá nunca mudaria nem sequer uma vírgula, egoísta
mesquinho!
E como eu estava certa em minhas funestas previsões, porque,
não deu outra! Além de não mudar, ainda traiu a confiança da Bárbara, quase
levando o escritório para um abismo financeiro. Não bastando isso, matou a
Marcinha, quando ficou acuado pela polícia. Sua morte não despertou em mim
nenhum sentimento que chegasse perto de compaixão, quero mais é que ele queime
no fogo do inferno! O que ele fez com a Bárbara e matar a Marcinha não tem
perdão.
...Enquanto o tempo passava, mais percebia as facetas dos
homens. Quando o Caio, noivo da Babby, durante cinco anos, a traiu, não tive
mais dúvidas quanto ao fato de que não existem contos de fadas. Tudo bem que
ela descobriu o lado bom de ser traída, porque teve condições de conhecer o
Marco e, então descompromissada, viver com ele um grande amor. Hoje, ele é seu
atual marido e eles têm dois lindos filhos. Mas, o caso deles é um daqueles que
acontecem em mil.
Conhecer um homem que te complete, que te ame, que faz tudo
por você, é muito difícil, imagina, ainda, no meu caso, que conheci apenas um
homem que me fez ver estrelas.
Sim, existiu unzinho!
Profissionalmente falando, só estão acontecendo coisas boas,
pois, com a morte do Thiago, a Bárbara tinha convidado a mim para ser sócia da
N&T Assessoria Contábil. No início, não acreditei que aquilo estava mesmo
acontecendo, mas, conforme os dias foram passando, a realidade foi mostrando-me
que não era apenas um sonho. Então, abracei essa oportunidade, com unhas e
dentes, fechando, definitivamente, a porta de acesso ao meu coração. Foquei na
minha carreira e nos negócios, trabalhando, dia e noite, viajando para
conferências que indicassem novas estratégias de trabalho.
Minha sócia, nestes últimos dois anos, tem aparecido muito
pouco, no escritório. Ela optou, há
algum tempo, pelo esquema de home office porque, na verdade, com dois filhos
pequenos, mais a vida de casada, é difícil para ela ficar na N&T em tempo
integral.
Nos finais de semana, cuido da minha casa. Agora, posso,
finalmente, dizer minha, porque consegui juntar uma boa grana e comprar um
apartamento um pouco maior e mais próximo do escritório. Fiz isso porque
continuo sendo extremamente prática, não porque sou unha de fome, pois
considerei o quanto o trânsito de São Paulo é caótico, que me faria
estressar-me ao demorar a chegar ao trabalho!
Enfim, estou realizada profissionalmente e, ao mesmo tempo,
feliz com a minha família do coração. Ela é constituída pela Bárbara e o Marco,
esse meu casal amigo, que ainda vive a magia dos apaixonados, e os meus dois
pequenos, filhos deles, que amo mais que tudo nesta vida. O Gabriel é um líder
nato! Eita menino que consegue fazer prevalecer sua vontade em praticamente
tudo! Já a Belinha é uma lady. Adora a minha pinta e, em todas as vezes em que
a pego no colo, ela sempre põe os dedinhos gordinhos em cima dela. Já até
criamos o ritual de eu fazer uma pinta igual, no rostinho de princesa dela,
sempre que nos encontramos.
Todas as sextas-feiras tiro minha máscara de chefe exigente
e convido o pessoal do escritório para um happy hour. Esta foi uma forma
diferente de fazer os funcionários do escritório trabalharem num ambiente mais
harmonioso, além de um incentivo para que todos vistam a camisa da Empresa.
Apesar disso, nem aos mais antigos e próximos dou brecha para falar comigo a respeito
de minha vida pessoal. Para mim, ela vai muito bem, obrigada.
Depois de mais um dia de trabalho, chego em casa e, logo, vou falando, em voz alta.
− Virei celebridade?! − fico pasmada com a quantidade de
fotos impressas nos envelopes que vou abrindo! Fico pensando no porquê de os
paparazzis de plantão gostarem tanto do meu Smartphone, carambola! A primeira
foto diz que ultrapassei em 11% a velocidade permitida, na marginal Tietê.
Outra diz que entrei na contramão, o que foi injusto, porque a culpa foi do meu
GPS, que deveria pagar essa multa! Para ajudar, nesse dia, estava chovendo e eu
estava atrasada para uma consulta médica! Minha falta de sorte foi tanta, que
cheguei a dar de cara com um carro da CET!
Abro a terceira e desisto de ver por causa de qual infração
fui fotografada desta vez! Juro que o próximo carro que vou comprar vai ter um
sensor avisando quando estou sem cinto de segurança, pois, nesses “flashes”, já
virei recordista em não usar tal acessório. Jogo todas as notificações de multas
na mesa da sala e resolvo pegar meu Macbook, presente que ganhei da minha amiga
e sócia, no meu aniversário.
Tenho que fazer algo para me distrair, não aguento mais essa
carga pesada que se instalou nas minhas costas, já que me enterrei no trabalho,
desde que virei sócia da N&T que, agora, em homenagem à minha dedicação,
passou a se chamar N&R Assessoria Contábil. Achei um exagero a Babby mudar
o nome, mas, ela não mudou de ideia e acabei entendendo seus motivos, pois nada
que pudesse trazer a lembrança daquele idiota do Thiago era sadio ao
desenvolvimento do escritório.
Deitada no sofá, olhando para a tela do computador, sinto
que um filme começa a rodar, na minha cabeça, e as lembranças são tão reais,
que não consigo nem piscar para tentar arrancá-las do meu pensamento.
ESTOU PERDIDA!!!
Estas foram às palavras que definiram o que aconteceu comigo
depois daquela maldita ou bendita festa do peão, na qual tinha em mente
encontrar caipiras, comedores de bichinhos da fazenda, e acabei deparando-me
com um devorador gostoso de mulheres, que faz com que elas gozem. Muito mais
forte do que minha vontade em impedir, as lembranças explodem,
descontroladamente, como se, depois de tanto tempo reprimidas, viessem numa
avalanche que não se podia evitar ou impedir. Foi assim que voltei no tempo e
passei a relembrar, como se estivesse vivendo tudo novamente.
Ainda
tento livrar-me desta compulsão que sinto, uma espécie de estado de hipnose
pelo mais lindo peão que já vi na minha vida. Mas, inexoravelmente, volto ao
início de quando tudo começou ao nos esbarramos, na entrada da arena, e nossos
olhos encontrarem-se, pela primeira vez. Sem mais nem menos fiquei atraída, em
menos de um segundo, sentindo como se seu corpo chamasse pelo meu.
Ele falou, em meio à multidão, e não consegui ouvir nada.
Fiz cara de interrogação. Ele
aproximou-se e sussurrou, em meu ouvido.
− Você veio pra mim, esta noite!
Se, algum dia, alguém me deixou muda, este alguém foi ele.
Senti seu calor, antes mesmo de ouvir suas palavras. Seu olhar iluminado, brilhante como um vidro
estilhaçando, escravizou-me exatamente naquele momento. Meu olhar seguiu o
dele, totalmente hipnotizada, e assim fiquei a noite toda, sem consegui desviar
os olhos desse homem, nem por um minuto.
Entro em modo flashback e recordo de tudo:
Marcinha tenta me puxar para o meio da multidão, mas uma mão
me puxa contra o lado oposto, nesse momento sinto toda a sua virilidade, seu
toque é como bálsamo.
Hello!!!
Excitação em tempo recorde. O homem tem uma pegada selvagem.
Posso dizer que toda a fantasia feminina que apodera do meu
corpo, por ser tomada por um estranho me excita cada vez mais. Marcinha entende
a minha decisão e diz que está indo para o bailão com nossos amigos. Não sei se
tomei a decisão certa, mas... a única coisa que está acontecendo agora, é
sentir meus pés ficarem plantados no chão, parece que criaram raízes, virei uma
arvore de xereca úmida.
Ainda não falamos nada, apenas estamos sentindo um ao outro,
sua mão toca levemente meus quadris e sinto o meu corpo todo estremecer. Em resposta, começo a entrar em seu jogo, e
esfrego minha bunda em seu membro. Se achou que eu era a vaquinha do presépio
que veio somente para enfeitar a noite, enganou-se peão. Minha fenda está
quente e pulsante, acredito que essa noite
gritarei muitas vezes: Segura peão!!!!
A primeira vista, fui
atraída por seu olhar, sem ao menos verificar se o peão é ou não é bonito
suficiente para essa entrega toda. Viro-me a ele e quando acho que não vou me
encantar além do que já estou, o peão simplesmente me mostra o contrário,
invadindo minha boca com fome e desejo.
O barulho e o anúncio do próximo evento, de repente somem.
Durante um breve momento, o tempo para e apenas nós dois existimos. Ele rompe o
beijo e meu corpo reclama a sua, fico
sem movimentos, entorpecida e ainda assim estou trêmula.
Começo a sentir o Sr.
G se manifestar. O que é isso? Resolveu acordar para vida? Calma aí amigão!!!!
Isso só foi um beijo, mas parece que ele cria vida própria e nesse momento
sinto o meu coração bater em um ritmo dolorido, sentindo as pulsações que esse
bandido do Sr. G manda a todo meu corpo.
Fico olhando para ele assustada, por ter sido apanhada de
calças curtas, e como não sou boba nem nada, abaixo meu olhar disfarçando o
efeito que o garanhão despertou em mim, para minha surpresa, eis que a cada
pedacinho de homem que vou analisando, meu coração dispara mais descompensado.
Ele tem os pés grandes, segundo várias amigas, diz que o pé
é proporcional ao tamanho do menino que cospe, começo a me animar cada vez
mais, vou subindo com o olhar e noto que está com uma calça estilo peão,
definindo os músculos que já imagino ter por debaixo desse tecido grosso, e as
coxas puro músculo, acredito que estou salivando... Eis que tirei a sorte
grande!!! Atrevo-me subir um pouquinho
mais o olhar, e me deparo com uma mala completa para viagem de um mês em paris,
com inverno mais rigoroso, sendo obrigado a levar muitos agasalhos, vocês podem
imaginar né? O tamanho da mala!
Chego a ficar sedenta de desejos pecaminosos na minha cabeça,
o momento do transe para no ápice da análise.
−Gosta do que vê menina da pinta charmosa? − fui apanhada,
como é que saio disso agora? Oras do meu jeitinho, nada delicado.
− Se não tiver enchimento, acho que não serve nem para uma
noite − toma peão, achou que iria me desconsertar.
− Se pensa assim, só tenho um meio de te provar, avise sua
amiga que estamos indo embora – diz simples e objetivo.
− Como assim? Estamos indo? Pra onde e como? – minha
repórter investigativa interna exigi respostas.
− Sem perguntas, confie em mim, sua curiosidade será bem
compensada – descarado gostoso, fala enquanto encara o meu corpo.
E agora, o que eu faço? − dou uma de louca pervertida e
acompanho esse peão, sabe Deus pra onde ou digo a ele que era uma
brincadeirinha inocente, que pretendo ficar exatamente onde estou.
− E aí? Vou ter que te laçar e jogar em meus ombros? Ou vai
avisar seus amigos que está indo embora comigo? – ele ordena com um tom de
dominação excitante.
− Calma aí peão, primeiro: nem sei seu nome, segundo: estou
hoje de carona − me chuto mentalmente, por não ter vindo de carro. Odeio
depender dos outros.
− Acredite em mim, esse não é o problema – ele suspira
baixinho no meu ouvido, me fazendo perder os sentidos, uma gota de lucidez
responde por mim.
− Não é pra você, que está em casa. Eu moro muito longe
daqui – me ouvi dizendo.
− Então os seus problemas são: Saber o meu nome, e arrumar
uma carona para casa? – seus olhos me encararam tanto, que acabaram me cegando.
Como poodle adestrado, balanço minha cabeça afirmando que
esses são meus maiores problemas, porque sanidade mental para analisar essa
situação toda, e, dizer que não vou a lugar nenhum com ele, não tenho mais.
Ele saca o celular do bolso, faz uma ligação a alguém, dá
algumas instruções, e me pergunta:
− Quando precisa ir embora?
Meu coração está dizendo nunca mais, mas minha razão, toma
as rédeas da situação.
− Olha você não me entendeu, não sou daqui, moro em São
Paulo. Estou de carona com meus amigos, que acredito que por razões óbvias,
daqui mais umas três horas de festa, estarão pegando o caminho de casa, para ir
embora. Portanto não pretendo sair daqui com nenhum desconhecido e perder minha
carona.
Ele estende a mão, me
interrompendo:
– Encantado, Carlos Tavares Junior, brasileiro, solteiro,
patrocinador desse evento, acabo de conhecer uma bela mulher e não abro mão de
passar momentos prazerosos ao seu lado, quanto à carona de volta para seu
destino, você decidirá qual o melhor veículo para levá-la embora.
Acaba não mundão... Apenas seguirei meu coração e minha
periquita assanhada, vou me esbaldar com este desconhecido, chamado Carlos. Até
que a razão volte a falar. Perâe! Patrocinador? Como assim patrocinador? Pelo
que sei patrocinadores tem lugares Vips para circular, e não é no meio da
arena.
− O que faz acreditar, que vou cair nessa sua história de
patrocinador do evento? – pergunto intrigada − Por um acaso acredita que isso
vai me convencer a sair pela porteira desse rodeio com você?
− Olha, apenas me apresentei e disse os motivos para estar
aqui, agora chega de enrolação e diga aos seus amigos que estamos partindo.
Que mandão gostoso!
Ligo para Marcinha, nem explico muitas coisas, não quero ficar à noite
inteira convencendo-a que não sou uma louca por estar fazendo isso. Apenas digo
que encontrei um amigo de anos e que iremos embora. Ela está tão empolgada com
o evento, que nem me faz perguntas.
Ele pega minha mão, e meu corpo dá pulinhos de alegria. Ouço
o locutor. – Seguraaaaaaaa Peãoooooo. Já
dentro da maior caminhonete, meus sentidos começam a dar sinais, de que alguma
coisa pode sair do meu controle. Meus padrões de que é certo, podem se voltar
contra mim. Eu sei que é irracional estar acompanhando um estranho. Mas ainda
assim... é o que quero agora. Amanhã é outro dia.
Ele sobe na caminhonete, eu o encaro, ele retribui o olhar e
me diz:
- Quem está preocupado agora sou eu. Tenho dentro do meu
carro a mais bela mulher desconhecida e ainda nem sei o nome dela – fala
divertido.
Faço o
mesmo que ele, talvez um pouquinho mais ousada. Escorrego no banco até chegar
próxima a ele, dou um beijo em sua face.
−
Prazer sou Patrícia Alencar Rochetty, dou um beijo no outro lado da face dele,
sou brasileira, outro beijo, solteira, e... Nada! − Ele mais uma vez me puxa em
seus braços, me põe em seu colo e invade mais uma vez a minha boca. O seu gosto
mentolado, com seu cheiro amadeirado, é a combinação perfeita.
Sempre
fui acusada de utilizar em demasia o realismo de achar uma babaquice, essa
história de contos de fadas, em encontrar o homem da sua vida, não serve pra
mim. Só que olhando para este homão, lindo, simpático... As borboletas e
passarinhos cantantes começam a rondar a minha mente.
Depois de muitos minutos em uma estrada mal iluminada, onde
só se via plantações de cana-de-açúcar, ele entra em uma porteira luxuosa com
um brasão enorme de uma grande cervejaria.
Ligo os fatos e começo a acreditar, que o que ele me disse no rodeio é
verdade.
Caraca!! Estou ao lado do homem mais lindo que já vi, o
primeiro que fez meu coração disparar e ainda por cima rico. Belisca-me, porque
estou sonhando.
Ele estaciona sua imponente caminhonete e com muita pressa
salta, parece que tem urgência de alguma coisa e logo percebo do que é, ele
abre a porta do meu lado, me pega no colo com cuidado e me desce, meu corpo vai
deslizando ao seu, a adrenalina do que vai acontecer, me deixam com as pernas
bambas.
Tudo acontece muito rápido, em instantes, sem ao menos fazer
a varredura do local, já me encontro deitada em seus lençóis. Sinto um arrepio
de satisfação. Ele sorri capturando meus lábios, faminto toma-me em seus
braços, sussurra meu nome várias vezes como um mantra, enquanto suas mãos
acariciam cada pedaço do meu corpo, nervosa porque é a primeira vez que
absurdamente o Sr. G, dá fisgadas intensas de excitação, começo a rir nervosa
da situação.
– Você não está com
medo de mim, está? – ele estreita os olhos sobre mim.
NOSSA SENHORA DOS PONTOS Gs CARENTES, ESSE HOMEM NÃO É DE
DEUS.
− Olha aqui garanhão, só me diga o que está planejando fazer
comigo – faço charminho – não aceito nada de chicotes, nem essas esquisitice
que está na moda.
− Diminuir sua sede e dar-lhe muito prazer em uma noite
minha menina – Uauu!!! Como assim minha menina, gostei desse negócio, num
assalto ao meu corpo, ele me puxa com força, tomando tudo de uma forma linda e
sexy, contorna meu rosto com sua mão, colocando meus cabelos rebeldes atrás da
minha orelha, sinto seu hálito quente sussurrar em meu ouvido.
− Desde que vi você chegando naquele rodeio, te persegui à
noite toda, somente esperando o momento certo, para te tomar em meus braços
menina da pinta charmosa − Você não imagina como me deixou louco. Vou te fuder
fundo e gostoso, até você cansar de gritar o meu nome.
Se ele sussurrar mais uma vez no meu ouvido com essa voz,
“vou te fuder gostoso"... Juro que gozo antes mesmo dele tocar em mim,
gente o que é isso, o homem nem encontrou meu amigo rebelde e o garoto, já está
fazendo minhas paredes internas sentirem contrações.
Ele começa a deslizar a mão em todo meu corpo, em toques
apertados, minha calcinha fica encharcada.
Não acredito que essa sou eu, me sinto como uma virgem sem experiência
nenhuma, perto dele sou tímida e inibida, sempre fui muito atirada, nem o dia
que perdi minha virgindade, fiquei tão muda assim, pelo que foi relatado pelo
meu descabaçador de virgens bêbadas.
O desejo de despir-me, com a verdadeira excitação, faz de
minha nudez por si só, verdadeiros significados... Sinto-me uma menina mulher,
como ele insiste em me rotular, a cada toque seu... Desabrocho vivendo a
fantasia mais intensa da minha vida... Como uma história nova, as emoções são tão intensas... Choro e sorriu
por dentro, curtindo a cada sensação lasciva que ele desperta em meu corpo.
Como descobridor das minhas vontades, o desejo com sofreguidão se rendem ao
sabor erótico de sua inteligência em me dominar. Entrego-me a sua mercê,
perdendo toda a minha sanidade, abrindo-me a ele deixando de ser uma estranha
íntima.
O beijo no meu pescoço começa lento e de repente vira chupadas
fortes, seguidas por mordidas e palavras sujas soletradas em alto e bom som,
suas mãos apertam tanto a minha carne, envolta do meu corpo, numa mistura de
dor e alivio, seu beijo urgente e sôfrego, despertam arrepios por toda a minha
pele. O beijo vai se intensificando a cada momento, junto com as roupas que vão
saindo dos nossos corpos.
− Quero seu corpo todo para mim, tomar posse de ti – molenga
como gelatina, não sou capaz de contestar nada, estou totalmente entregue a ele
que fala e eu derreto – Essa noite serei dono de suas vontades e seus desejos –
a cada palavra, meu coração dispara, esse homem, tem o poder de me fuder
mentalmente − Isso minha menina se entrega a mim − ele diz enquanto solto as alças do meu
sutiã, mostrando a ele os arrepios que essa dominação, está causando ao meu
corpo – Linda menina, exponha seu íntimo a mim – sussurra enquanto de forma
deliciosa gira os bicos dos meus seios levemente entre seus dedos longos e
grossos.
− Seu corpo é lindo, como seus olhos penetrantes. E essa
pinta sexy, perto da boca é a minha perdição! – quem diria que a minha pinta
que um dia foi motivo de chacota dos meus amiguinhos de escola, viraria uma
pinta de desejos.
Ele se
posiciona entre minhas pernas, e toma a cada seio com sua boca quente, sinto
algo escorrer entre minhas pernas, estou mais do que pronta, para recebê-lo.
Mas a tortura segue, me lambendo a cada
centímetro, até que chega próximo a minha menina. Se eu não conhecia meu corpo
até aquele momento, ele por outro lado, estava me fazendo sentir algo inédito
em toda a minha vida.
Lentamente num movimento delicado e sensual, a força de suas
mãos dobram minhas pernas até próximo aos meus seios, me deixando totalmente
exposta a ele. O calor do seu corpo próximo ao meu, faz minha pele brilhar de
suor.
A brincadeira começa a ficar séria! Percebo que a noite vai
ser longa e dura, muito dura! Ele ainda está de cueca, mas pelo volume que
vislumbro, sei que o tamanho é perfeito.
Mordendo cada lado das minhas coxas, ele sussurra entre
palavras, chupões e mordidas.
− Minha menina, vou lamber você como um gatinho, te devorar
como um leão com a minha língua, até sentir o seu mel − nesse momento sinto um desespero interno e
um medo imenso, de não conseguir atingir o que ele promete, porém, minha insegurança
dura apenas alguns segundos, até sentir ele antes mesmo de cumprir as suas
promessas, dar um tapa de leve no meu brotinho... Parece que ele percebeu que
algo não estava bem e nesse momento a ardência que sinto me faz voltar a
atenção total a ele. Posicionado bem próximo a minha vulva, sinto o calor da
sua respiração, a cada vez que ele expira, e com o alívio da ardência, sinto a
ponta de sua língua umedecer a pele ardida, passando levemente por todo meu
clitóris, assombrando a lascívia que estou sentindo.
Gemidos insanos misturados com o som de sua respiração
acelerada, vão acompanhando os movimentos de sua língua que me invade a cada
lambida que sinto, levantando o meu ventre indo de encontro a sua boca, meu
corpo pede mais e de forma nova ele beija minha vulva como se estivesse
beijando minha boca.
Enquanto ele continua saboreando "lá embaixo",
como se fosse um delicioso picolé de morango, eu aqui em cima, estou vendo
estrelas, cometas, planetas... Não tem como segurar, não se deixar levar, e ter
o melhor orgasmo em toda a minha vida. Minha nossa, é muito tesão para uma
mulher só.
Percebendo o meu contentamento, ele volta para o topo, mas
não deixando nenhum lugar sem ser beijado. E não perco a oportunidade, já que
estou aqui, tenho que dá o meu melhor.
- Agora é a minha vez, para saboreá-lo um pouquinho.
- Nada disso, hoje tudo é pra você, por você, minha menina!
Pronto! Agora já posso morrer! Descobri o homem perfeito! O
apocalipse está próximo, depois dessa!
E de forma rápida, pega um preservativo ao lado da
cabeceira, e com mestria, me muda de posição, me transformando em uma Cowgirl.
Estou em cima dele, sendo penetrada de forma delicada, calma e sem pressão,
tudo no meu tempo. Ainda bem, pois o tamanho aqui não é nada confortável para
algo mais selvagem.
Depois de acomodá-lo, começo em meu ritmo, segurando o seu
peitoral firme, a sua barriga de gominhos, que dá vontade de morder (nota
mental), me jogo neste rodeio. Sinto a respiração dele ofegante, querendo mais
ritmo, e deixo conduzir, segurando meus quadris com força. Quando penso que vou
desmoronar nesta posição, ele muda me deixando de quatro, como uma boa
potranca.
E é nesta posição que o show começa. Ele deixa todo o seu
lado calmo, e penetra com força, me guiando através dos cabelos, que são
puxados com força, mas sem dor. Eu não consigo me conter, e começo gemer mais
alto. Pois o tesão está em seu grau máximo, e quando penso que está bom, ele me
surpreende:
− É assim que gosta de ser fudida, minha menina? – lá vem
ele de novo com sua menina − Vou tê-la à noite toda, pode se preparar!
Entre estocadas rápidas como o ligeirinho, ele toca e
descobre o Sr. G, tenho vontade de gritar, Pedro Alvares Cabral, ou qualquer
outro nome de um descobridor.
− Você é gostosa pra caralho. Se depender de mim, você não
dorme!
Estas e outras palavras chulas, são proferidas por ele, que
vai aumentando todo o meu tesão, sou chegada em uma putaria na cama. Este é o
momento de palavrões, de se deixar levar, sem frescuras e medos. Neste ritmo
louco e selvagem, sinto mais um orgasmo, que ao final se transforma em uma
louca ejaculação feminina, me estremeço, simplesmente não consigo me manter
ajoelhada, estou parecendo a Alice no país das maravilhas, não me conformo no
que ele foi capaz de me fazer sentir e viver. Alguém anotou a placa do
caminhão? Já que me sinto acabada! Por longos minutos, que não consigo contar,
sinto espasmos por todo o meu corpo, que me fez arriar na cama, e sentir o
momento nunca antes experimentado. Finalmente alguém achou o meu ponto G.
Estava com medo de somente eu conhecê-lo.
− Tudo bem?
− Bem − (ofegante)... Estou sem forças, até para respirar!
− Isso é bom, consegui o que queria. − Vem cá – ele não
pede, ele manda, me acolhe em seu peito duro, fazendo carinho em meus cabelos,
enquanto o meu coração volta a bater normalmente, não, igual de uma galinha no abatedouro.
Depois de alguns minutos, me sinto preparada para continuar.
E começo a beijá-lo, com carinho, de forma delicada, e desço as minhas mãos
para reerguer o mastro da bandeira nacional. Para a minha surpresa, nem sequer
tinha adormecido, estava em pé.
− Surpresa? – pergunta divertido.
− Com certeza, pensei que teria que animá-lo, não que isso
seja uma reclamação.
− Só de vê-la ter um orgasmo avassalador, já me deixa
excitado. – Seu prazer é meu prazer minha menina.
Aconchego-me a sua frente, sentado um de frente para o
outro, voltamos para a troca de carinho, e dessa vez, eu guio do início ao fim,
no meu ritmo, encarando seus olhos.
Mal pego no sono e sou acordada com um som que já não ouvia
há anos, de um animal heráldico e pelo seu cantar, esse galo deve ser
extremamente territorialista, como canta o infeliz, tento abafar o som...
Corococó... Corococó... o infeliz não para de cantar.
Lembro-me de uma história que meu pai sempre contava dos galos e seu harém de
galinhas. Dependendo da espécie, a sociabilidade dos galos é restrita com
relação a outros machos, já chegando à idade adulta eles se isolam de seus
irmãos e procuram proximidade somente das fêmeas e, de repente, me dou conta,
que ao meu lado tem um dos mais gostosos galos que já conheci, numa varredura
pelo seu corpo, fico impressionada com a perfeição do homem ao meu lado e nesse
momento, toda a sanidade que perdi ontem à noite, toma conta da minha razão.
Sem pensar duas vezes, levanto rápido, antes mesmo, dele se mexer na cama,
assim como na minha primeira vez, fugirei para me defender de problemas
futuros. A história do galo, não sai da minha cabeça e como sou sensitiva, está
a minha deixa, para ir embora. Como vou embora, ainda não sei, mas como existe
o velho ditado, quem tem boca, vai a Roma, no meu caso vou para minha
casa.
Rindo sozinha depois das lembranças da minha noite que vem
me assombrando há dois anos, fico analisando como fui ousada na minha fuga.
Quando sai daquele quarto, deixando para trás pela primeira
vez na vida o gostinho de quero mais, tinha consciência que ele jamais me veria
novamente e com certeza, esqueceria de mim com muita facilidade, até porque
vamos combinar, o cara é um gato, tem a pegada do Manolo e ainda por cima rico,
o que não deve faltar em sua cama são mulheres levianas como eu.
Meu Deus do céu, como fui leviana e irresponsável, minha
vontade de sair dali, foi tão grande, e não me perguntem por que, pois nem eu
mesma entendo até hoje, poderia ter aproveitado, mais umas horas de puro prazer
do meu amigo Sr. G, que até hoje me castiga por isso.
Bom até que a fuga foi excitante, não como a noite que tive,
mas foi bem emocionante e o mais divertido ainda foi, a cara da Babby, quando
contei a ela.
− Como assim você fugiu? −Você acaba de me falar que estava
em uma fazenda no meio do nada? – ela pergunta horrorizada.
− Fugi mesmo!!! − Na verdade, uma verdadeira aventura... −
Quando me lembro de que ele disse que poderia escolher o veículo que quisesse,
para me trazer para casa, não imaginei que trator e charrete, estariam inclusos
no pacote.
− Patty, acho que já está mais que na hora, de esquecer o
lema de viver sozinha e se dar a chance de ser feliz.
− E quem disse a você, que só porque ele é um homem lindo,
sedutor, educado, que tem a melhor pegada selvagem que já conheci e que mexe
gostoso, pode me fazer feliz. Amiga, conto de fadas é para as fortes.
Eu sofri naquela estrada, gente do céu que mulher louca eu
sou. Porém andei de trator e charrete e isso nunca vou esquecer, só me
arrependo de não ter ouvido as palavras do Sr. do trator que encontrei pela
fazenda, isso mesmo produção, fazenda, o cara mora numa fazenda e a casa parece
essas de revistas, toda de vidro, parecendo uma casa de cristal, quando cheguei
aquela estradinha de terra e o senhor com pena de mim, perguntou se eu tinha
certeza que encararia aquela estrada.
− Oia moça, num sei não, se a dona consegue andar nesse
sarto, a estrardinha é longa – ele falou coçando a careca, onde o chapéu de
palha espetava.
− Moço obrigado, fica tranquilo, que estou acostumada, os
saltos fazem parte da minha vida – a estrada não tinha fim, as bolhas estavam
comendo meus pés, quando li numa placa enferrujada e suja de terra, dizendo que
o acesso a rodovia, ficava a 2 quilômetros,
minha vontade foi de gritar e chorar.
Mas uma vez salva pelo gongo, tinha apenas dado alguns
passos, quando eu ouvi o galope de um cavalo puxando uma charrete, carregada de
feno, nunca que eu iria recusar aquela carona até a estrada, alias não foi bem
um convite, praticamente implorei ao homem. Ele por sua vez, foi tão bondoso, que quando mencionei a ele, que
pediria outra carona até a cidade, se prontificou na hora a me levar para a
rodoviária. Agora imagina uma louca, dividindo um banco de charrete, com um
desconhecido, passando no meio dos carros da cidade, se sentindo o destaque no
carro abre alas.
Interrompida das minhas lembranças, por um toque de aviso de
mensagem no meu MAC, abro a tela e dou risada sozinha. A mensagem é de um amigo
virtual, que fiz amizade em um grupo de bate papo, sempre digo que com a
internet, não ficamos sozinhos nunca, respondo apenas a mensagem dele onde se
diz:
Mensagem:
Boa noite!!
Resposta:
Boa noite!!!
Fecho a tela do computador, sem intenção de interromper
minhas lembranças do passado, continuo no meu momento nostálgico e excitado,
ainda de olhos fechados, sinto a melodia daquelas mãos grandes deslizando em
meu corpo, a tentadora fisgada se faz presente e meu corpo todo se estremece
solto o ar preso em minhas vísceras, acordando do meu transe momentâneo.
− Saí pra lá assombração. – não vamos dar colher de chá ao
azar e relembrar o Sr. G, mas infelizmente as memórias não param.
Sr. G, é extremante ciumento e egoísta, quando ele está de
bem comigo, me leva a loucura, fazendo me desmanchar num turbilhão de sensações
deliciosas e prazerosas, a partir do dia que nos conhecemos, não passamos mais
de dois dias sem nós falar, ele desperta o que eu tenho de melhor no meu corpo.
Infelizmente ele só é conivente comigo, quando estamos a sós, com o seu
brinquedinho o estimulando.
Se falar que minha vida sexual não é ativa é mentira. Ela é
quase ativa, sinto todas as emoções e sensações que um homem pode despertar em
uma mulher, acho até que sou facinho, mas o meu amigo, nunca contribui no ápice
do momento, onde meu corpo implora por mais a cada homem que me deito. Ele se
fecha, e nem eu brigando internamente com ele, o filho da mãe, me ajuda. É uma
espécie de greve que ele faz.
Por este motivo que não gosto muito de relembrar o passado,
pois somente o Carlos Tavares Junior, foi capaz de fazer amizade com ele. Mesmo
eu agradando ele com seu brinquedinho estimulante, ele não quis falar comigo
por dois meses na época. Revoltou-se contra minha atitude de fugir daquele peão
delícia, quer dizer eu achei que era um peão delícia até ele me contar que era
o patrocinador do evento.
A cada sonho que eu tinha com o tal Carlos Tavares Junior,
imaginava que o Sr. PG, iria contribuir e sabe o que acontecia...
Nada!!!
Na época de revolta do meu amigo, cheguei até imaginar que
eu tinha me tornado um iceberg, pois fiquei sem sensibilidade alguma, nem
toques estimulantes, foram capazes de me fazer sentir viva, encontrei outros
boys magias deliciosos, que me faziam subir pela parede, mas como a história da
aranhinha, sempre vinha à chuva forte e me desmoronava. Frustação talvez seja a
palavra certa para definir o que esse amigo ingrato, causou ao meu corpo na
época.
Acho que esses são uns dos motivos pelos quais sempre questiono
a Babby, para me contar os momentos mais sórdidos das suas relações sexuais com
o Dr. delícia, fico curiosa em saber se é só comigo que acontece, a falta de
orgasmos.
Uma vez que sei que orgasmo existe e é delicioso, mas que o
teimoso do Sr.G, insisti em ser um momento só nosso, e que liberou apenas para
o Carlos Tavares Junior, e ainda por cima,
três vezes numa única noite.
Um dia fiz até uma musica a ele para provoca-lo, exatamente
no dia que reencontrei o Carlos no autódromo em Interlagos. Antes de sair de
casa, fui tomar um banho atrasada e de saco cheio, pelos transtornos sexuais
que o Sr. G, estava me causando, cantei a ele, pensando nos lindos homens que
estariam circulando pelo box do autódromo...
Quem vai querer a minha piriquita, a minha piriquita, a
minha piriquita
Quem vai querer a minha piriquita, a minha piriquita, a
minha piriquita
Uma águia passou pelo meu quintal, com vento muito forte,
querendo namorar
Acho que tá querendo a minha piriquita.
Que há muito tempo, eu tô doida pra dar.
Como ri sozinha aquele dia, me arrumei tão rapinho, que sou
capaz até hoje de lembrar que devido ao calor infernal de novembro, coloquei um
short jeans desfiado, uma regata pink e um belo salto negro, estava a
verdadeira mulher preparada para a guerra dos sexo. Se Deus realizasse um dos
meus sonhos mais sórdidos, aquele dia seria jogada em cima de um capô ainda
quente de um carro de corrida e seria possuída por um piloto delícia.
Uiiiiiiii... Que sonhar não custa nada.
De repente um misto de sentimentos, invadem meus sentidos,
com toda a lembrança, primeiro por lembrar de como a Marcinha olhava, aquele
paspalho do Thiago com tanto amor e segundo por saber que foi muito bom ser
amiga dela.
O reencontro:
Entro no carro e já sinto um clima de romance no ar, dou um
sorriso safado para a Marcinha, que fica vermelha como um tomate, essa tem a
capa dura por fora e por dentro é cheia de caroços que a vida lhe causou. O
Thiago por outro lado, está com aquela cara... De nada, nunca consegui decifrar
ele.
− Bom dia!!! – digo sorridente, sentindo uma tensão sedutora
no ambiente − não vou atrapalhar nada hoje, né
− friso os provocando – podem ficar tranquilos, pois se tudo der certo
hoje, vou adorar ser um estepe de algum piloto, caso necessitem – digo animada, sabendo da paixonite aguda da
Marcinha.
− Patty, cala a boca. Vejo que acordou com a corda toda hoje
− a voz da Márcia está trêmula... Inocente.
− Bom dia Patrícia. Como sempre tentando enxergar coisas onde
não existe – o todo poderoso do Thiago diz.
Eu direta e você grosso, poderia pelo menos ser um pouco
mais gentil com a Marcinha. Imbecil... − penso comigo.
Chegando ao estacionamento o Thiago apresenta as credenciais
e toma um susto, quando fica sabendo o valor que terá que pagar para estacionar
o seu precioso carro, no estacionamento interno do autódromo. Fica parado, esperando alguém se manifestar a
pagar e, a tonta da Marcinha, percebendo sua indireta não dita, vai tirando a
carteira da bolsa.
− Thiago, meu chefe amado! Você não está esperando a gente
pagar o estacionamento? − Está?! – pergunto indignada.
− Na verdade, eu só trouxe cartão, não costumo andar com
dinheiro e o que eu tenho aqui não sei se é suficiente.
Há tá! Conta outra... É muito mão de vaca. Se me contassem,
acho que não acreditaria nisso. Pego minha carteira o xingando internamente, o
cara juntou fortunas esses últimos anos, não duvido que faça as suas transas
pagarem até o motel. Divido com a Marcinha o estacionamento e não faço
comentário nenhum. Pelo andar da carruagem, estou achando que até a cerveja que
o avarento vai tomar, nós que vamos ter que bancar.
Uma injeção de adrenalina é a emoção de ouvir os roncos dos
motores nos boxes. Puxo a Marcinha pela mão, estou empolgadíssima querendo
explorar tudo. O cenário é deslumbrante, puro luxo, mulheres lindas, homens com
a cara da riqueza e os mecânicos gatos transitando pelos boxes então. Senhor apague as luzes!
O calor está de
matar, a única opção de bebida são produtos da... (NÃO É POSSÍVEL ISSO).
Empresa do causador da discórdia. Se os
produtos dele estão aqui exclusivos e se a cada canto que olho, o nome da
empresa dele está estampado em todos os lugares, isso significa que ele pode
estar aqui. Mas aonde nessa imensidão de gente?
− Sr. G (para os mais íntimos, se prepare)... Pois se eu
encontrar com aquele intrigueiro hoje, vou provar a você, que o motorzinho de
carne e osso dele não é a última bolacha recheada do pacote.
− Deu para falar sozinha agora Patrícia? – sou pega no
flagra pelo Thiago.
− Thiago, meu chefe querido, não costumo falar sozinha, só me
lembrei de um assunto pendente com um amigo e acabei pensei alto − Foi só isso
– digo vermelha como pimentão.
A corrida começa e a
emoção do público vibrando e gritando, me faz esquecer o meu objetivo. Confesso
que ver todos os carros passando a sei lá quanto por hora, me deixa toda
confusa e começo a prestar a atenção no som que sai das caixas do grande telão,
onde o locutor traduz as imagens em palavras, informando o que se passa na
pista.
Extrair emoção das imagens vistas de todos os carros, e
ainda entendendo tudo que está se passando, quem está na frente, quem não está,
quem está em primeiro lugar, é radiante, me sinto... A ENTENDIDA. Logo de cara
fico na torcida do carro que está liderando a prova. Já que não entendo nada de
automobilismo, que eu vibre com quem está na frente. Porém meu mundo desacelera
a hora que ouço o locutor, narrando um suposto acidente com o carro de uns dos
participantes.
− Na décima primeira volta, o piloto Carlos Tavares Junior,
gira na pista, devido a um pneu que estourou e abandona a prova, saindo da
liderança do campeonato.
Não ouço mais nenhuma informação do tal locutor. Pois o nome
Carlos Tavares Junior, que vem me assombrando a mais de dois meses, volta
presente como um murro no estômago.
Engana-se, caso alguém acredite que isso é por alguma
paixonite que ele tenha despertado, muito pelo contrário, é revolta mesmo.
Agora tenho a certeza, que ele está presente no mesmo evento que eu, mas que
nosso encontro é impossível tento relaxar e assistir o resto da corrida, meus
nervos estão à flor da pele, porém é acalmado logo, quando o locutor, mais uma
vez, diz que o piloto está bem.
A Marcinha é engraçada, mesmo com toda a vibração que os
carros fazem, na hora que passam por onde estamos ela parece hipnotizada pelo
troncho do Thiago. Se alguém perguntar a ela, o que está achando da corrida,
ela é capaz de dizer, que tem um pelo na primeira colocação... Pela análise
detalhada que ela esta fazendo, deve saber com detalhes cada pelo do bigodinho
dele.
− Marcinha, o que está achando da corrida? – pergunto
divertida.
− Ótima, estou adorando −sei sim, que está adorando.
− E quantos pelos tem no bigode do Thiago – sussurro
baixinho.
− Patty! Eu que vou saber quantos pelos tem?
− Amiga, se não está tentando contar quantos pelos tem, então
acho melhor desviar seus olhares. Porque, se eu perguntar a cor de apenas um
carro na pista, tenho certeza que você também não saberá responder.
− Tirou o dia para me encher? – pergunta vermelha.
− Não lindinha, só estou te dando um toque, porque você e a
corrida estão dando a bandeirada já.
Ela emburra a cara e eu não fico com nenhum pingo de
remorso. Ele não merece a paixão dela, a trata como escrava, com indiferença,
sabe da paixonite dela e mesmo assim é seco e grosso.
Assim termina a corrida. Não foi desta vez que consegui
realizar minha fantasia erótica, mas me dei por feliz, por todas as olhadas que
recebi dos mecânicos onde passamos. Fico só imaginando, uma oficina mecânica,
com um mecânico bonito destes, eu venderia meu carro e compraria um fusca meia
nove. Cabeça poluída acorda para vida – penso divertida.
Saindo junto à imensidão de pessoas elegantes, bonitas e
ricas do autódromo depois de ver a premiação do pódio, tenho a visão dos
infernos a minha frente.
Carlos Tavares Junior parado a dez passos de mim, com o
macacão enrolado na cintura, com peitoral e o abdome nu esculpido por Deus. E
sabe quem dá uma fisgada, me avisando que está dando pulinhos de alegria, sem
ao menos ser estimulado. Ele o ingrato do Sr. G.
De repente duas bolinhas azuis como o céu, encontram meus
olhos.
− Patrícia! – é tudo o que ele diz, enquanto dois braços
magrelos enroscam em sua cintura.
Percebo que ele tenta se soltar da paquita erótica que se
enlaçada nele, porém não sou eu que vou ficar aqui pagando paixonite aguda,
para este exibido, esculpido por Deus, pelado na parte superior, querendo se
mostrar as diversas modelos que desfilam pelo autódromo.
Puxo a Marcinha e o Thiago pela mão, decidida há dar um
basta nesta história toda do Sr. G, ele que procurasse outro homem para virar
amigo e não esse metido, que desfila a cada evento com uma mulher diferente.
Em lágrimas saudosas, disperso minha lembranças do meu
reencontro com o talzinho e choro de saudades da minha amiga Marcinha que foi
morta injustamente, por aquele monstro do Thiago.
− Amiga, porque você foi se apaixonar por ele, olha o que
ele fez com você, te levou a outro mundo e quase fez o mesmo com a Babby – falo olhando a almofada chorosa.
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