domingo, 8 de novembro de 2015

Caminhos do Coração - Capítulo 08 - Final


Um movimento em minha cama me despertou. Olhei em volta no escuro, meio adormecida, e um corpo quente se deitou ao meu lado, embaixo do cobertor, me puxando para perto. Seu perfume me embriagou e minha boca procurou a dele.

Nossas línguas de procuraram, demonstrando toda a saudade que sentíamos. Nossos corpos se procuraram, ávidos. Gemidos e sussurros cortavam o silêncio da noite.

As mãos dele percorriam meu corpo, acariciando as pequenas reentrâncias escondidas de meu sexo, descobrindo, excitando... Quando eu chegava à beira do êxtase, ele parava e me beijava a boca, apenas se esfregando em meu corpo. Repetiu isso até que implorei para que me penetrasse.

– Por favor, acabe com isso... – Gemi.

– Precisa gozar, amor?

– Preciso, preciso de você dentro de mim. Agora... Vou enlouquecer se não tiver você metendo seu pau em mim. – Eu não tinha mais controle sobre o que eu falava, só queria que aquele fogo que estava me consumindo chegasse ao ápice.

– Sou todo seu. – Ele disse , me penetrando de uma só vez.

– BETO!!! – Gritei, gozando com a invasão brusca. Ele continuou fazendo com que meu êxtase não acabasse. Um outro orgasmo avassalador se seguiu ao primeiro e me vi mole em seus braços, meu corpo estremecendo todo de prazer. Ele me seguiu e se derramou quente dentro de mim, seus dentes marcando meu ombro enquanto um rugido animalesco escapava de sua garganta...

– Eu amo você.

– É tão bom escutar isso... – Envolvi seu pescoço com os braços e o beijei de leve.

Ele rolou para o lado e me puxou, encaixando nossos corpos. 

***

O sol em meu rosto fez com que eu acordasse. 

Olhei em volta procurando por ele, mas só encontrei uma rosa e um bilhete em cima de seu travesseiro.

“Fique pronta. Ao meio-dia passamos para te buscar.”

Olhei para o relógio. Já eram onze e meia! Há anos eu não dormia tanto!

Pulei da cama, tomei um banho rápido e coloquei uma calça jeans, blusinha, um casaco e sapatilhas. Uma maquiagem leve e pronto.

Fui para a sala e estava pegando minha bolsa quando escutei uma risada de criança vindo do apartamento do lado. O apartamento dele.

Sai devagar e fui seguindo o som. Olhei pela porta e fiquei de boca aberta olhando os dois. O pequeno Luan era a cópia escrita do pai.

E o apartamento. Ah, o apartamento! Completamente decorado. Uma foto nossa, a mesma do meu relicário, estava emoldurada, enorme, na parede da sala.

Nesse momento, minha presença foi percebida pelo pequeno Luan. Beto se virou para mim.

– Filho, conheça a Luana. Amor, esse é o Luan.

– Você é a moça da foto... – Ele levou a pequena mãozinha à boca.

– Sim, eu sou. E você é muito lindo, sabia? – Fui andando em sua direção enquanto falava e me abaixei, para ficar na mesma altura que ele. – Você é muito parecido com seu pai. – Dei um beijinho em seu rosto e ele sorriu para mim.

O pequeno Luan se atirou em meu pescoço e me deu um beijo também. Ele era uma gracinha.

– Sabia que ia ser amor à primeira vista. – Beto disse, nos olhando com um sorriso bobo no rosto. – Vamos passear. Está com fome, campeão?

– Sim, papai. Quero um lanchão, beeem gandão. – Ele abriu os braços, mostrando o tamanho que queria. Rimos e saímos rumo ao shopping.

O dia foi um borrão, com passeio, lanches, brinquedos e compras. Luan não largava minha mão e me mostrava tudo o que mais gostava no shopping. Aparentemente ele vinha ali sempre que conseguia convencer o pai.

À noite voltamos para o apartamento deles, Luan parecia cansado. No apartamento não tinha nenhuma comida. 

–Beto, quer ir lá em casa pegar alguma coisa para o Luan comer? – O pequeno não me largava e agora estava deitado no sofá com a cabeça em meu colo. –Quer tomar um leitinho, Luan? Com achocolatado? – Ele confirmou com a cabeça e acariciei seus cabelos. –Pegue minhas chaves na bolsa, fique à vontade, pode pegar o que quiser.

–Certo, já volto. 

Beto caçou as chaves em minha bolsa e se foi.

–Vamos olhar seu quarto? Será que tem alguma roupa para você dormir?

–Papai disse que tem roupas na gaveta.– Luan estava esfregando os olhos e bocejando.

–Então vamos lá. Vamos tomar uma duchinha antes de tomar o leite e dormir? Você pulou o dia todo. – Fingi cheirar seu pescoço e ele riu. –Humm... Alguém precisa de um banhinho. – Ri com ele, fazendo cócegas em sua barriga.

Ele saiu correndo para o quarto e o segui. Pegamos um pijama e fomos para o banheiro. Liguei o chuveiro e comecei a dar banho nele, brincando e tomando cuidado para não molhar seus cabelos. Acabando, o enrolei na toalha e o enxuguei, coloquei seu pijama e ele me abraçou.

Coitadinho, devia sentir falta de uma mãe. Será que sentimos falta do que nunca tivemos? Abracei-o de volta, pegando-o no colo. Ele encostou a cabeça em meu ombro e o ouvi bocejando novamente. Virei-me para sair e Beto estava na porta, nos olhando com olhos marejados.

–Você não sabe quantas vezes sonhei com esse momento. – Veio até nós e acariciou as costas de Luan e me deu um beijo leve. –Vamos tomar o leite, Lu. Depois você pode dormir, tá?

–A tia Luana pode ficar comigo, papai?

Beto abriu a boca para responder, mas não conseguiu falar. Ele me olhava, incrédulo. Ri baixinho, ele havia se grudado a mim mesmo.

–Sim, eu vou ficar com você até você dormir.

Na sala, ele tomou o leite, deu um beijo de boa noite no pai e esticou a mãozinha para mim, que peguei e o segui até seu quarto. Coloquei-o na cama e fiquei acariciando seus cabelos por uns minutos. Ele estava muito cansado e adormeceu rapidinho. Da porta, Beto observava tudo. Assim que a mãozinha do Luan soltou a minha, mole pelo sono, Beto veio até a cama e me pegou nos braços. 

–Agora você é do papai aqui. – Beijou-me com tanta fome que me deixou tonta. Excitada. Meu corpo criou vida, minha pele formigou e não pensei em mais nada, me entregando às suas carícias enquanto ele me carregava para seu quarto.

***

No meio da noite, acordei e saí de seus braços devagar. Como ele havia feito, escrevi um bilhete, dizendo que tinha ido para casa, pois não seria legal se o Luan já me encontrasse em sua cama. Pedi que, quando eles quisessem, fossem até minha casa e então iríamos almoçar em algum lugar.

O restante da noite foi de sonhos tumultuados. Saber que ele estava ali, do outro lado da parede era perturbador, mas isso era necessário. Luan tinha que se acostumar comigo, mas faríamos isso aos poucos.

Pela manhã, depois de um banho, fui fazer café para eles. Logo eles estariam chegando. Mal coloquei a última xícara na mesa e a campainha tocou.Abri a porta e um pequeno tornado se agarrou às minhas pernas.

–Oi, Tia Lu, bom dia! 

–Bom dia, pequeninho. – Acariciei seus cabelos e olhei para Beto, que estava parado, encostado no batente da porta. –Bom dia, amor.

–Bom dia, moça bonita. Luan, vai se sentar para comer, vai? – Beto pediu para ele, dando um pequeno tapinha no bumbum do menino, incentivando-o.

Ele se soltou de mim e correu para a mesa. Enquanto isso, Beto me pegou nos braços e me olhou.

–Achei que acordaria com você em meus braços, mas em seu lugar só encontrei um pedaço de papel.

–Eu achei melhor que o Luan não me pegasse em sua cama ainda. Ele é criança, sabe como é.

–Obrigado por pensar nele. Te amo tanto que às vezes me esqueço desses detalhes. Sou egoísta, quero você para mim dia e noite. – Encostou seus lábios nos meus devagar, sua língua varreu minha boca e logo após invadiu. O beijo que era leve, me incendiou.

–Tia Lu, vem comer, vem pai. – A voz do pequeno chegou até nós.

–Você foi a primeira pessoa que ele procurou hoje, e agora é você quem ele chama para comer. Vou começar a ficar com ciúmes. – Beto brincou e foi minha vez de ganhar um tapinha na bunda para andar. –Ontem, eu fiquei pasmo vendo vocês dois juntos. Foi a primeira noite que ele não dormiu agarrado em mim. Ele não dorme com ninguém mais, nem minha mãe consegue o que você conseguiu em um dia. Não que seja birra dele, mas é que moramos nós dois sozinhos e ele só tem a mim.

Chegamos próximo à mesa e Luan tinha passado requeijão em uma fatia de pão de forma e colocado no prato. Parei e Beto me abraçou por trás, apoiando o queixo em meu ombro.

–Tia Lu, eu fiz um pão para você.

Beto riu e me beijou no rosto.

–Não disse? Você é uma feiticeira.

O café foi uma delícia, Luan era muito educado. Beto tinha feito um bom trabalho educando o filho. Foi um alivio ver que Luan havia me aceitado dessa maneira. Eu tinha ficado realmente preocupada com isso quando Beto veio com a ideia. Agora faltava a família dele, iríamos jantar na casa de sua mãe essa semana. Eu estava nervosa.

À tarde, fomos ao cinema ver um filme infantil. Assim que as luzes se apagaram, Beto levantou o descanso de braços da poltrona e passando um braço pelos meus ombros, me puxou para ele. Lembrei-me de nosso primeiro encontro e o encarei. Em seu rosto eu pude perceber que ele estava se recordando da mesma coisa. Sua boca se encostou na minha e sua mão escorregou para dentro do meu casaco.

–Hoje eu não vou perguntar se vamos para sua casa ou para meu hotel. Quero dormir agarrado com você a noite toda e acordar com você ao meu lado. Você é para sempre, minha moça bonita. Não terá problema em Luan nos ver juntos. Eu já falei para ele que você vai ficar com a gente todo dia. Ele perguntou se era até ele ficar grande que nem eu. Respondi que sim, e até os filhos dos filhos dele ficarem grandes. Ele adorou a ideia.

Meus olhos se encheram de lágrimas diante daquela declaração linda.

Concordei com a cabeça, incapaz de falar alguma coisa. Minha voz, presa em um nó na minha garganta. Olhei para Luan, que ria do filme e comia sua pipoca.

Quando voltamos para casa, Beto deu banho e colocou Luan na cama. Eu fiquei na sala, assistindo um filme. 

–Luana, você se importaria de vir aqui no quarto do Luan um pouquinho? –Beto perguntou, meio sem jeito. – Ele quer dar boa noite, pra você. Eu acho que ele quer que você fique lá, mas não tem coragem de pedir.

–Eu vou sim, mas você vai ficar conosco também. Se seremos para sempre, seremos nós três, juntos. – Beijei-o de leve e ele me abraçou, emocionado. Puxei-o e fomos até a cama do Luan.

Ele estava deitadinho e coberto até o pescoço.

–Boa noite, pequeninho. Sonhe com os anjinhos. – Dei um beijinho nele e afaguei seus cabelos. Sentei-me ao lado dele e ele fechou os olhinhos. Em menos de cinco minutos ele estava dormindo.

–Como criança dorme rápido, né? – Sussurrei enquanto saiamos do quarto.

Beto riu e me abraçou.

–Quer me fazer dormir? Afagar minha cabeça? – Beto se esfregou contra mim e senti seu pau duro em minha barriga.

–Só se for essa aqui. – Apalpei seu pau por cima do jeans. 

Beto gemeu e me pegou no colo, me levando para a cama.

Na manhã seguinte, acordei cedo, dei um beijo no Beto e em Luan. Eu tinha que trabalhar. 

Próximo à hora do almoço, Beto me mandou uma mensagem, dizendo que passaria em meu trabalho no final da tarde para irmos jantar. Às seis e meia, ele estava lá, com um buque de rosas nas mãos e Luan ao seu lado.

–Olha só, meus homens românticos! –Dei um beijo em cada um. – São lindas, Beto.

–Vamos? Deixe seu carro aqui, passamos depois para pegar.

–Ok. –Peguei Luan no colo e Beto segurou as rosas. – E você, mocinho? O que fez hoje?

–Fomos visitar uma escolinha. Vou estudar e ficar inteligente! – Ele disse, todo empolgado.

Olhei para Beto, surpresa.

–Eu disse que ficaríamos por aqui.

Sorri e coloquei Luan na cadeirinha, no banco de trás do carro. Fomos jantar e Luan me olhava com uma carinha sapeca. Olhava para o pai e ria. Passou o jantar todo com essa expressão no rosto. Então, quando nossa sobremesa chegou, Luan saiu de sua cadeira veio para perto de mim, Beto se levantou e se abaixou ao seu lado.

– Moça, queremos te pedir uma coisa.

– É, queremos. – Então Luan tirou uma caixinha do bolso e estendeu para mim. – Casa com a gente?

Comecei a chorar, emocionada. Peguei a caixinha e olhei para o Beto, que me observava com os olhos marejados. Abri, e dentro havia um anel com uma pedra em formato de coração, com um coraçãozinho menor ao lado.

– Estamos te dando os nossos corações. – Beto retirou o anel da caixa e o colocou em meu dedo anelar. – Casa comigo?

– Sim! – Respondi, abraçando os dois. – Eu caso com vocês! Eu te amo, Beto.

– Até que enfim! – Ele me beijou na boca e o pequeno riu, feliz.


Fim

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