Capítulo Três
Noah
Depois de
me certificar que Alyssa não entraria em coma alcoólico, pego minhas chaves,
meu celular e vou em direção a garagem. No canto esquerdo ficam as minhas
motos, tenho cinco para o meu bel prazer. Sempre fui louco por máquinas como
aquelas, posso me dar ao luxo de escolher entre a mais veloz ou a mais bonita.
Mas a essa hora, o carro é mais seguro, vou até o meu Porsche Macan e saio em direção ao clube.
O local é
discreto, um grande casarão que de fora passa a impressão de ser uma
residência, mas essa impressão vai até o hall de entrada. Entro e vou direto
para uma sala reservada e encontro Christopher olhando para o nada e bebendo
whisky.
— Boa
noite, Chris.
— Bem que
eu gostaria que fosse boa. Ben me disse que Alyssa saiu e não deu notícias... –
ele volta-se para mim.
— Ela
voltou para casa, bêbada – respiro fundo e sento em uma poltrona próxima.
— Desde
quando ela bebe?
— Não
sei. Segundo quem a trouxe para casa, o culpado fui eu – faço um sinal para o
Ramon me trazer o de sempre.
— Quer
por favor contar isso de uma vez? – Chris se ajeita na cadeira para ouvir
melhor — Quem a levou para casa?
— Aquela
ruiva que trabalha aqui no bar do clube – acabo de me dar conta que não sei o
nome da atrevida.
—
Madison? A barwoman?
— A
própria. Mal-educada, grosseira e muito atrevida para o meu gosto.
— Madison
é uma excelente pessoa e muito engraçada... – ele ri.
— Você a
conhece?
— Sim,
sempre conversamos e logo que ela chegou aqui, Ben passou um bom tempo tentando
leva-la para cama? – ele fala sorrindo.
— Benjamin
já tentou levar todo mundo para cama – Ramon se aproxima com minha cerveja e
falo — Até o Ramon.
— Boa
noite, meninos. Alyssa está bem, Noah? – Becka entra e se senta em frente a
nós.
— Está.
Eu acho.
— Ele
estava justamente me contando – Chris me interrompe.
— Ela
chegou e quem a atendeu foi Madison, quando cheguei pedi que a levassem – Becka
fala.
— Ótima
companhia – falo com sarcasmo e tomo um gole longo da minha bebida.
— Madison
é uma ótima pessoa, Noah. Uma grande amiga, ajuda-me quando as meninas estão
ensandecidas, quando tenho minhas recaídas de luto e cuidou muito bem da sua
irmã – Rebecka olha-me séria — Ela precisava desabafar e Madison é uma ótima
ouvinte.
— Que
conselhos a rainha feminista das mulheres desesperadas, vai dar para minha
irmã? Sair em praça pública e queimar o sutiã? – balanço minha cabeça.
Christopher
tem uma crise de riso e acaba se engasgando com a bebida. Becka se coloca atrás
dele e bate em suas costas. Assim que ele consegue respirar novamente, fala:
— Depois dessa, vou achar uma menina para mim.
Até.
— Sua
menina está te esperando... – Rebecka fala enquanto se senta.
— Olha
Becka, você é minha amiga, conhece Alyssa há anos. Você não a colocaria perto
de uma louca feminista que odeia homens, não é?
— Madison
será uma ótima companhia para Alyssa nesse momento. Ao contrário do que você
pensa, ela não é do tipo que odeia homens e muito menos louca – ela ajeita-se
na poltrona — Mad, só ajuda as mulheres a enxergarem que devem ser felizes
consigo mesmas, antes de saírem por aí atrás dos seus príncipes encantados. Vai
por mim, ela fará muito bem a sua irmã... – ela faz uma pausa e continua — E
acredito que Alyssa fará muito bem a ela.
— Por que
você diz isso? – essa ruiva está chamando minha atenção.
Ela mexe
em seus anéis — Ela não pode sonhar que contei isso a alguém – olha-me
esperando uma resposta e eu aceno em positivo — Madison pegou o noivo às
vésperas do casamento, na cama deles com a própria prima. Como toda mulher
normal, Madison surtou. Mudou as roupas, o cabelo e principalmente, a atitude.
Ninguém a aceitou e passaram a culpa-la pelo acontecimento. O ano passado, um
advogado esteve aqui para informa-la que os pais a deserdaram. Eu sabia que não
mantinham contato, mas aquilo foi difícil, eu vi em seus olhos a dor. No fundo,
Noah, Madison é uma menina assustada, que precisa de alguém forte para cuidar
dela
—
Desculpa, mas eu não acho que aquela mulher que esteve na minha casa, precise
de alguém para cuidar dela – sorrio debochadamente.
— Homens!
– Becka sorri — Conseguem construir uma arma de destruição em massa, mas não
conseguem enxergar o óbvio. Já ouviu que, “a
melhor defesa, é o ataque”? Então, essa é Madison.
— Boa
noite, meus amigos – nesse momento, Ben aparece com uma menina já em seus
braços — Espero que o Noah não tenha trago sua esposinha.
— Não e
não. Ela não é minha esposa e não a trouxe.
— Que
implicância você e Chris tem com a namorada dele – Becka se levanta.
— Certo,
Becka – Ben a olha e fala com ironia — Porque você morre de amores pela Carly.
— Eu não
a conheço direito. Somente a vejo na companhia de Noah, nunca tivemos uma
chance de sentarmos e conversarmos – ela passa a mão em seus longos cabelos
negros — Tive uma ideia. Semana que vem tem um feriado, que tal nos reunirmos
na casa de campo. Faz tempo que não vamos lá.
— Ótima
ideia – falo.
— Eu vou
– Ben olha entre eu e Becka, e aponta para ela — Por você, lindona. Porque esse
bastardo já provou ter dedo podre para mulheres.
— Eu que
tenho o dedo podre, sei – olho para a garota — Sem ofensas –levanto-me para ir
até um dos quartos e meu celular toca. Olho para o visor e vejo que é Carly —
Oi.
— Onde
você está, Noah? Estou há um tempão te procurando!
—
Precisava respirar. Por que? – respiro fundo, coisa que venho fazendo
constantemente nos últimos tempos.
— Volta
para casa, amor. Eu te ajudo a relaxar com uma massagem... – ela faz uma voz de
gatinha manhosa, que tem me irritado. Aliás, os últimos dias, tem sido um fardo
bem pesado.
— Eu não
quero massagem. Quero uma boa foda, Carly.
— Estarei
te esperando então...
Desligo o
telefone antes de despedir. Toda a mudança, de casa, de pessoas circulando ao
meu redor, dos chiliques caprichosos da Carly, tem me deixado extremamente
estressado. Tenho ficado pouco em casa e muito no gabinete, onde encontro paz
no meu trabalho.
Despeço-me
deles e volto para casa. No caminho, meus pensamentos voltam para um tempo onde
eu era o cara relaxado, onde meu maior objetivo era ser um profissional de
gabarito e um juiz respeitado. Bons amigos, que mais são irmãos, um clube onde
ia para beber e distrair, curtir novas amizades com mulheres deslumbrantes...
Hoje, eu
tenho uma em casa que mais parece frígida, reclama de tudo, nada está bom.
Mudei de casa, mudei de estilo, mudei tudo para ter Carly na minha vida, achando
que era certo. Aquela docilidade que tinha, a forma com que tratava a todos com
uma educação fina, simplesmente desapareceram. Eu não falo nada para os meus
amigos, porque acho que ela está passando por uma fase delicada, mas a mulher
virou uma cadela do dia para noite.
Também
pensava em Alyssa, de longe via as duas conversarem e acreditei que se eu
levasse minha relação a um nível acima, a presença de Carly seria importante
para minha irmã. Só que infelizmente, não foi o que aconteceu. E depois do que
aquela ruiva falou, só tenho a lamentar. Minha ausência e todas as mudanças
mexeram com a minha irmãzinha e nem me dei conta.
Por falar
em ruiva, que mulher é aquela? Ela trabalha no clube há um bom tempo, mas nunca
chamou minha atenção. Até porque não sou de ficar perambulando pelo lugar,
sempre entro direto para o escritório ou a sala privada, onde só o Ramon nos
serve.
Eu duvido
que aquela criatura seja tão delicada quanto a Rebecka pintou. Isso deve ser só
com ela, porque para o resto do mundo, ela é... mal-educada e muito mal comida.
Eu não me importaria de mostrar a ela a felicidade. Porque do jeito que é, não
acredito que tenha tido muitos orgasmos na vida. Se é que teve algum.
Estaciono
meu carro na garagem, entro em casa e vou direto para sala. Olho para o
relógio, vejo que já é tarde da noite e de longe vejo Alyssa sentada no sofá.
Aproximo-me e ouço a voz de Carly:
— Esse
seu comportamento pode trazer constrangimento a imagem do seu irmão. Sabe
quanto ele batalhou para ser um juiz? Sabe o grau de dificuldade que é ser um
juiz em Nova York, ainda mais quando se é jovem como ele?
— Chega,
Carly. Eu converso com ela – interrompo sua bronca desnecessária.
— Você
trata sua irmã como uma menina de oito anos, Noah e isso é prejudicial – Carly
coloca suas mãos na cintura — Olha como ela anda se comportando?
— Basta.
Pode ir para o quarto, você está me devendo um relaxamento. Logo que eu
terminar aqui, subirei – sento ao lado de Alyssa.
— Odeio
quando você me trata assim, como uma vagabunda que só está aqui para te
satisfazer – ela bate o sapato insistentemente no chão, indicando que está
esperando alguma coisa de mim.
— Você
não gostará da minha resposta para isso – passo a mão pelo meu cabelo — Por
favor, deixe-me a sós com Aly.
Minha
linda irmã, agora uma mulher linda, seus cachos dourados caindo por seus
ombros, grandes olhos verdes claríssimos, suas sardas a deixando ainda mais
angelical e seu inseparável óculos, que a deixa com cara de nerd. Viro-me para ficar de frente para
ela.
— O que
aconteceu, Alyssa? – tento ser o mais suave possível.
— Cansei
disso aqui, Noah. Depois que nos mudamos, mal te vejo. Tem essa sua mulher e os
caprichos dela. Um monte de seguranças nos rondando, para que tudo isso? – ela
tira seus óculos — Cadê aquele cara que se contentava com as coisas simples da
vida?
— Não
fuja da minha pergunta, por que te trouxeram para casa bêbada?
— Porque
eu quis. Porque cansei de ser a certinha. Porque cansei de ser invisível.
Porque cansei de ouvir tudo calada. Porque cansei de estar sozinha. Porque
cansei... – seu choro quebra nas últimas palavras.
— Eu não
sabia que estava tão ruim para você – abraço-a.
— Nem
poderia, mal nos vemos – ela me solta.
— Se
lembra de alguma coisa? – seco suas lágrimas — Como chegou em casa? Com quem
conversou?
— Lembro
de ter pego duas cervejas na geladeira e sair. Fiquei dando voltas pela
cidade...
— Dirigiu
bebendo? – pergunto indignado.
— Foi –
ela revira os olhos — Depois parei na frente do clube. Achei que nem deixariam
entrar, mas a Madison estava chegando na hora e liberou minha entrada. Fui para
o bar e pedi a bebida mais forte que tinha. Mas ela me deu vodka, eu sei que
aquilo não é mais forte. Começamos a conversar, identifiquei-me com ela
instantaneamente e depois... não sei. Como cheguei em casa?
— Madison
a trouxe e só foi embora depois que te coloquei na cama.
— Ela é
demais! Adorei conhece-la... – ela sorri.
— Eu não
acho que ela seja companhia para você – pego sua mão.
— Por que
ela não é uma boa companhia para mim? – Alyssa tira sua mão da minha — Por que
trabalha no clube?
— Não tem
nada haver com o clube – exasperado, respondo — Só achei ela um pouco...
— Deixa
eu completar, achou ela petulante – minha irmã se levanta — Se eu te conheço,
sei exatamente que pensou isso. Madison não é o seu tipo...
— E que
tipo ela é, Alyssa?
— Tipo
mulher de verdade e não uma boneca que quer estar na sua cama – Aly vai em
direção a porta e fala antes de ir — Eu vou procura-la para agradecer amanhã.
Boa noite, Noah.
Vou para
o meu quarto, onde para o bem de Carly, ela deverá estar nua. Entro no cômodo e
a encontro com uma camisola sexy preta e transparente com uma micro calcinha.
Essa mulher está cada vez mais magra, gosto de carne, bunda, peitos, coxas
grossas. Ela vem até mim e beija-me docemente, desabotoa minha camisa e abre
minhas calças. Tiro sua camisola e a deito na cama, tiro sua calcinha e abro
suas pernas para contempla-la.
— Você
deveria abrir as pernas para mim, mais vezes, Carly.
Beijo-a
com desejo, desço pelo seu pescoço, sugo seus pequenos seios. Continuo a
trilhar seu corpo com a minha boca, chegando até o meio de suas pernas. Traço
meus dedos pelo seu clitóris e fico surpreso por ela estar completamente seca.
Não costumo comer mulher sem lubrificação e sinceramente, acho que usar um
produto é decadente. Gosto de fazer as mulheres ficarem molhadas com sua
própria lubrificação, apenas com o meu toque, com a antecipação.
Desço
minha boca em cima do seu nervo do prazer e sugo, mordo e... Nada. Ela nem se
mexe, nada de movimentação, de contração, nada! O sexo só tem graça se ambas as
partes, sejam elas quantas forem, participem. Se for só para agradar a um,
prefiro nem fazer. Levanto minha cabeça e vejo impaciência em seus olhos, sem
desejo, sem luxuria, apenas ali, frios e impacientes.
Levanto-me,
tiro minha calça e vou para o banheiro, ligo o chuveiro e entro debaixo. Tem
sido assim há muito tempo, sexo por obrigação. Dispenso! Quero alguém para
comer, que quer ser comida. Tomo um banho demorado, seco-me, vou para o closet,
pego uma bermuda e camiseta. Encontro-a em pé no meio do quarto, ainda nua.
— O que
acontece, Noah?
— O que
acontece... – falo com deboche — Minha namorada que mora
comigo, que ligou para que eu voltasse para casa, simplesmente não quer transar
comigo.
— Você
não entende, Noah – lágrimas caem — Eu ando sob muita pressão, minha cabeça
está para o trabalho, para sua carreira e para os caprichos da sua irmã. Não é
todos os dias que estarei pronta para você – ah não, drama não.
— O
problema é que nunca está pronta para mim, nas últimas cinco semanas. Sobre seu
trabalho, você não vai a Washington, há semanas. Sobre minha carreira, não
lembro de você ter ido ao meu gabinete desde a sua primeira e única visita.
Agora, sobre minha irmã, fica longe dela, por favor – sento na beirada da cama
e falo em um tom baixo, tranquilo — Carly, se isso que nós temos não está bom
para você, então...
— Não!
Não termine de falar. Eu te amo, Noah. Prometo ser uma pessoa melhor. Vem para
cama, amor. Por favor.
Olho para
ela. Bom, a ideia de tê-la aqui foi minha, tenho que fazer dar certo. Acredito
que seja minha obrigação fazer funcionar. Tiro minha roupa e deito ao seu lado
na cama. Carly beija meu pescoço e me atiça novamente. Vou para cima dela,
pego-a com mais força do que de costume e ela molha. Sem muito tempo para as
preliminares, passo meu pau pela sua abertura molhada, pronta para me receber.
Penetro-a sem dó, porque preciso disso, preciso sentir-me vivo.
Mas a
mulher tem o poder de brochar qualquer um, ela não gemia, mal se movimentava.
Onde foi parar aquela mulher que fazia loucuras na cama? Se há uma coisa que
aprendi iniciando minha vida sexual muito cedo, foi que para uma mulher gozar,
ela precisa estar concentrada nisso. O prazer da mulher é basicamente no
cérebro, mas, também sei que é biológico, lugares específicos bem manipulados,
levamos qualquer uma a lua.
Coloco-a
para cavalgar em mim, tomo um mamilo em minha boca e minha mão em seu clitóris.
Logo, puxo seus cabelos e forço a penetração, ela geme alto. Estamos chegando
lá. Quando pensei em muda-la novamente, ela diz que gozou.
— Como
assim, gozou?
—
Gozando, amor – ela responde saindo de cima de mim.
— Carly
vem terminar o serviço – e mais uma vez, fico com o pau na mão.
— Sério?
Achei que já tinha terminado – ela sorri indo para o banheiro. Vou até ela.
— Se você
não colocar a porra dessa boca para trabalhar, vou sair agora e achar quem
faça. Você tem três segundos para decidir. Três... dois...
— Ok –
ela abaixa-se e me toma em sua boca. Está bom, mas lembro-me de já ter sido
delicioso — Não goza na minha boca.
Viro-me e
vou para o banheiro. Não é o fato de engolir, é tudo. Cansei. Bem que me
avisaram que, quando se casa não fode nunca mais. Eu nem casei e já estamos
assim, imagina a hora que eu colocar uma aliança no dedo dela?
Venho dia
após dia insistindo nessa relação. Eu gosto dela, éramos amigos, companheiros,
sempre a apoiei em seus ideais. Não tinha a mesma reciprocidade, mas sou forte
por nós dois. Sempre vi nela uma menina tentando ser mulher e isso puxou uma
corda do meu coração. Me vi nela várias vezes, batalhando pelo que acredita e
achei que tínhamos tudo haver. Só que nos últimos dias venho me questionando,
será que ela mudou ou sempre foi assim? Também nunca entendi porque os caras
não gostavam dela. Até esses tempos atrás, eu os repreendia. Hoje, bom, nem
ligo, não deixa de ser verdade. Só tenho que pensar até onde estou disposto a
ir com isso.
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