Madison
Nas últimas quatro semanas fiquei afundada no clube. Fizemos reformas,
novos shows, novos funcionários, novas decepções...
Depois de ficar quinze dias em Leesburg, voltei para Nova York e me
enterrei no Secret Garden. Há um mês,
venho lutando com o meu coração, vendo Noah desfilar pela passarela da vida,
como se eu nunca tivesse feito parte dela. Nos primeiros dias não foi fácil o
ver de longe, mas vê-lo ser tocado, abraçado por outras, foi a morte para mim.
Mas resisti, já fui quebrada uma vez, não darei a chance de ser quebrada a
segunda.
Quando nos esbarrávamos, ele apenas acenava e seguia em frente.
Continuei a receber alertas sobre as notícias dele que circulam pela internet,
cada vez mais lindo e desesperadamente dolorido. Com o passar dos dias foi
ficando mais fácil, mas não menos doloroso.
Hoje, resolvi sair do clube e ir fazer compras, preciso de calças novas
e só há uma loja que vende a minha marca favorita. Não é fácil encontrar calças
para mim, essas ancas largas não me ajudam, sempre tem que ajustar. Cintura
fina e quadris extremamente largos, combinação penosa essa. Pelo menos terei a
chance de me distrair olhando vitrines e fazer um lanchinho naquela confeitaria
deliciosa do centro.
Entro na loja e sou recebida pela minha vendedora favorita que me dá
ótimos descontos, porque a loja é cara. Estou há dois dias sem dormir e os
sinais de exaustão estão começando a ficar nítidos e uma sensação estranha anda
rondando meu peito, deve ser o cansaço. Vou para o provador com algumas calças
e provo cada uma. Adorei todas.
Quando estou saindo do provador, vejo Carly e mais uma mulher vindo em
minha direção. Escondo-me para que ela não me veja e eu não tenha que quebrar a
cara dela, não costumo bater em grávidas, mesmo que sejam cadelas. Sento-me no
ambiente que mais parece um quarto e espero as infelizes fecharem a porta para
que eu saia daqui. Então, ouço uma conversa muito interessante.
— Deixa eu ver se entendi, você drogou o juiz gostoso e não aproveitou
da situação para transar com ele? – a mulher pergunta.
— Tentei masturbá-lo, até o chupei, mas acho que exagerei na dose.
Fiquei com receio de que um comprimido fosse insuficiente e dei dois. Por fim,
nem o pau ficava em pé. Marquei inseminação para amanhã, seja o que Deus quiser
– Carly responde.
E eu estou chocada com o que ouço.
— Não acha arriscado demais isso? Noah acha que você já está no terceiro
mês de gestação, somente agora fará a inseminação. Como explicará uma gestação
de doze meses?
— Esperei demais para fazer essa inseminação. Achei que quando Noah
soubesse da gravidez, ele pularia de felicidade e reataríamos. Ele é todo
família, acreditei que eu me tornaria a rainha novamente, transaríamos e
pronto. Só que não aconteceu nada. Depois transei com vários caras com as
mesmas características dele, mas também não tive êxito. Por fim, procurei esse
médico que faz uns serviços sujos para o Richard, ofereci alguma grana e ele
topou me ajudar. Ele fará a inseminação, acompanhará a gravidez que durará
somente sete meses, daí ele dará um atestado de doença ou qualquer coisa do
tipo. Noah estará tão encantado com a criança que não se dará conta de mais
nada.
— Ele vale todo esse esforço? – a mulher volta a perguntar.
— O dinheiro dele vale – a safada responde sem pestanejar — Noah é
milionário.
— Não sabia que magistrados ganhavam tão bem assim...
— Eles ganham bem, só que a fortuna do Noah vem do grupo de investimentos
que ele e os amigos fundaram quando estavam na faculdade ainda. A coisa deu tão
certo, que quando se formaram já tinham fortuna para se aposentarem.
— Nossa. E como ele é na cama?
— Para quem gosta de sexo, Noah é um prato cheio – ela faz uma pausa e
continua — Ele sabe como levar uma mulher na cama e o pau é enorme. Eu é que
não sou chegada em sexo, suor, esforço. Para mim sexo é um meio de conseguir as
coisas. Meu tesão pelo Noah, acabou quando eu soube que aquela casa não veio
para o meu nome.
— Mudando de assunto, o deputado O´Donnell é o meu sonho de consumo. Se
eu pego aquele homem não sobra nada.
— Eu prefiro o Benjamin. Cerquei ele duas vezes na mansão, mas o cretino
não me deu bola. Fiel ao amigo e agora me odeia.
Eu estou estarrecida com tudo que ouvi dessa safada. A que ponto
chegamos, eu no provador ouvindo a revelação bombástica, com a mão na boca para
evitar de emitir algum som. Respiro fundo e saio, monto guarda na frente do
provador em que ela conversa com a amiga. Vamos tirar a história a limpo, Cardela.
Assim que as duas cretinas saem dão de cara comigo sentada em uma
poltrona luxuosíssima da loja.
— Olha quem eu encontro aqui, a “Vagaranha” Porter – falo sorrindo.
— Me respeita, sua infeliz. Agora me diz, o dinheiro que você ganha no
bordel dá para comprar roupas aqui, Madison? Puta de luxo, é isso?
Sorrio.
— Puta de luxo é uma boa classificação. Mas, e você? Bom, poderíamos
chama-la de “vagalouca”. Não sei, que nome você daria a uma mulher que drogou
um cara para chupá-lo? – ela empalidece — Desceu muito baixo, Carly. Dopar um
homem para poder transar com ele é o cumulo de toda vagabundagem e desespero.
Porque vamos e convenhamos, é o fundo do poço para qualquer uma, masturbar um
cara desacordado – começo a rir — E pior, nem apagado você consegue excitá-lo.
Ela tenta um sorriso, mas falha.
— N-não sei do que está falando.
— Ah, eu posso esclarecer para você. Drogou Noah, deu em cima do
Benjamin e vai fazer insemi...
— CALA A BOCA! – ela grita.
— Vamos ver o que o juiz gostoso vai achar dessa história? – pego minha
bolsa e vou em direção a porta.
Ela vem atrás gritando que eu não poderia fazer isso. Coitada, posso o
que eu quiser! Vejo que o sinal abriu e atravesso a rua correndo. Antes de
chegar do outro lado, ouço pneus cantando, viro-me e assisto o carro jogar
Carly no chão.
Ai meu Deus!
Corro para perto dela, vejo que está acordada, mas chora. Sua amiga
destrambelhada começa a gritar por socorro. Carly olha para mim, sorri
diabolicamente, coloca a mão na barriga e grita:
— Meu filho. Por favor, salvem o meu filho!
Fico indignada. A mulher acaba de ser atropelada e ainda continua com
essa história.
— Não há filho nenhum, sua louca – falo para ela.
Então, quando acho que nada mais pode me surpreender, a vida me mostra o
contrário.
— Oh meu Deus. Por que você me odeia tanto, Madison? Você queria que eu
perdesse meu filho? Deus, você é um monstro!
— Não! – tento argumentar, mas as pessoas começaram a vir para cima de
mim e as duas loucas continuam a falar que a culpa foi minha.
Duas mulheres me insultaram e um cara achou melhor eu me distanciar para
não agravar a situação. Fico tonta, como a desgraçada conseguiu virar o jogo?
Ouço a sirene da ambulância que chega rapidamente e a socorre. Fico ali
embasbacada olhando toda a situação e pensando o que fazer. Por fim, resolvo ir
até o hospital que provavelmente a levaram, não vou deixar que a cadela saia
por cima nessa história.
Chamo um táxi e sigo em direção a emergência mais próxima. Assim que
chego, pergunto onde a atropelada está e vou em direção ao leito em que ela
está sendo examinada. Observando de longe, percebo que Carly está muito bem,
ela e a amiga conversam com uma enfermeira por bastante tempo, como se
estivessem confabulando. Estranho. Sinto como se estivesse espionando a reunião
das bruxas. Um calafrio percorre meu corpo. Credo!
Assim que a enfermeira sai, vou até onde as cretinas estão e não sou bem
recebida.
— O que quer, Madison? – Carly pergunta sem paciência.
— Vim saber como pode uma pessoa ser tão cruel. Você não está grávida,
eu ouvi você conversar com a sua amiga e mesmo assim continua levando isso
adiante.
As duas se entreolham e sorriem. Carly volta-se para mim.
— E você será uma peça muito importante para que eu volte com o Noah.
— Como? – acho que fiquei surda de vez.
Carly começa a chorar e perguntar porque. Gente, a mulher enlouqueceu.
Ela continua a perguntar porque eu queria matá-la, chamando a atenção de todos
que estavam ao redor. A amiga canalha a abraça e pede para que eu tenha
compaixão de uma mulher que pode ter perdido o filho por minha causa.
— Não! – respondo desesperada.
Noah escolhe esse exato momento para chegar e vê com estranheza toda a
cena que acontece. Meu coração aperta.
— O que houve? – ele pergunta para ela, mas olhando para mim.
— Noah... – ela chora desesperadamente. A cena é chocante, a mulher
deveria ser atriz — Eu fui atropelada e acho que perdi nosso filho – Noah
empalidece.
— Meu Deus! Não há filho algum – falo antes que pudesse filtrar meus
pensamentos.
Carly grita:
— Por que você fez isso, Madison? Essa criança é tudo para mim. Por que
você nos quer tão mal assim? – ela aponta para mim — Ela me ameaçou e saí
aflita da loja, não vi os carros... – ela volta a chorar — Agora estou aqui.
Noah olha para mim.
— Você a ameaçou?
— Sim... Não! Não esse tipo de ameaça... – tudo estava tão confuso. Eu
já não sabia o que estava falando.
A amiga mentecapta se mete.
— Eu estava lá e vi quando ela ameaçou Carly, que saiu desesperada para
ficar longe e acabou sendo atropelada.
Ele volta-se para mim.
— Por que, Madison?
— Não existe criança. Eu ouvi...
A enfermeira que estava aqui antes, volta e solta a bomba:
— Infelizmente você perdeu o bebê.
Tudo ao meu redor passa em câmera lenta. O grito da Carly, a amiga
consolando-a e a dor nos olhos de Noah. Ele passa a mão pelos cabelos, vai em
direção a Carly e a abraça forte. Ele diz palavras doces para ela, prometendo
fazer de tudo para fazê-la feliz novamente.
Eu não acredito no que está acontecendo, Deus deve ter muita raiva de
mim. Acho que fui um dos pregos que o pregou na cruz, só pode ser. Ele vem em
minha direção, retira-me do quarto e tento contar o que realmente aconteceu.
— Noah, ela não estava grávida...
— Chega, Madison! Por favor, chega – ele fala em tom baixo. Noah estava
arrasado — Eu não quero acreditar que você é tão fria a ponto de não sentir
compaixão por um homem que acabou de perder um filho que nem teve a chance de
nascer.
— Noah, você precisa me dar um crédito...
A dor dele é tão grande, que chega a ser palpável.
— Dar o mesmo crédito que você me negou?
— Era diferente...
Ele ri com desgosto.
— Era diferente porque te beneficiava. Eu sei. Por favor, Madison, tenha
piedade de mim nesse momento, ok? Não vou me ater ao fato dela perder o meu
filho fugindo de você. E sim, eu te conheço e sei que sua língua pode ser
ferina.
Seguro sua camisa e falo:
— Não, Noah. Por favor... deixe-me... – seu olhar de menosprezo para mim
fez com que eu o soltasse na hora e dou um passo para trás. Ele me odeia.
Meu Deus, o amor da
minha vida, me odeia...
Saio do hospital desolada, olho para o céu e vejo que nuvens carregadas
estão fechando o tempo. Começo a caminhar e como eu, o céu também chora. A água
gelada da chuva contrasta com o calor das minhas lágrimas. Deus, o que foi que
eu fiz?
Caminho sem rumo até não ter mais lágrimas e minhas roupas estarem
completamente encharcadas. Sento em um banco no meio do parque e alguém grita
que ficar debaixo da árvore em um temporal é perigoso, um raio pode me atingir.
Sorrio, quem sabe eu não seja tão sortuda a ponto de isso acontecer? A morte
para mim agora é lucro!
Não, não mesmo! Não vou deixar aquela infeliz levar a melhor. Não é
justo que ele sofra por um filho que não existiu. Que merda, Madison! Se
lamentando mais uma vez? Vamos dar um fim no teatrinho da safada. Rebecka... A
Rebecka saberá o que fazer, eu acho...
Caminho até a casa dela, que é longe para caramba, bato a sua porta e
uma das empregadas atende. Ela me dá espaço para passar e fico esperando
Rebecka no hall, já que estou encharcada. Logo, Becka aparece.
— Madison. Oh Senhor. Está toda molhada...
— Becka, você precisa me ajudar. Noah me odeia porque matei o filho
dele. Mas não é verdade. Você tem que acreditar em mim!
Ela passa a mão na minha testa para ver se estou com febre e delirando.
— Calma, Mad. Antes de qualquer coisa, vamos tirar essas roupas.
Becka pede um chá para uma das empregadas e me leva até o seu quarto,
ajuda-me a tirar as roupas e me enfia debaixo do chuveiro quente. Quando saio,
percebo que estou tremula. Seco-me, enrolo a toalha no cabelo e visto as roupas
que Rebecka trouxe para mim.
Assim que saio do banheiro, ela está esperando-me sentada em sua
poltrona branca, com uma bandeja de chá ao lado. Sento-me de frente para ela.
— Está melhor? – ela me pergunta com doçura. Aceno que sim — Agora, com
muita calma, conte-me que história é essa do Noah te odiar?
Ela alcança-me a xícara com um chá docinho e delicioso.
— E-eu estava no provador da loja quando Carly e uma amiga entraram, me
escondi porque não queria confusão. Então, ouvi a conversa das duas – faço uma
pausa e olho para ela. Quero que Rebecka veja a verdade pelos meus olhos — Ela
disse que drogou Noah, que não transaram e fará uma inseminação amanhã já que
não está grávida. Quando elas saíram do provador, eu a estava esperando na porta
e disse que contaria ao Noah. Carly começou a gritar, correu atrás de mim e
acabou sendo atropelada.
Rebecka estava com a mão na boca.
— Por Deus, Madison...
Sorrio desolada.
— No hospital, ela gritava que eu queria matar o filho dela. Uma
enfermeira chegou e confirmou que ela perdeu o bebê que não existia. Noah
acreditou que eu tinha provocado a morte da criança e vi o ódio em seus olhos –
ajoelho-me diante dela e minhas lágrimas voltam a rolar — Rebecka, eu jamais
faria isso. Não sou um monstro. Por favor, fala que acredita em mim. Me ajuda a
tirar Noah dessa dor por um filho que nunca existiu.
Ela puxa-me para os seus braços e aperta-me forte.
— Eu acredito, minha flor. E nós vamos salvar o Noah dessa desgraçada.
Ela me levou até a cama, cobriu-me e ficou do meu lado. O sono estava
chegando e falei:
— Obrigada por acreditar em mim. O que faremos?
Ela sorri.
— Você dormirá e descansará. O resto eu resolvo. Durma, Madison e sonhe
com os anjos...
Adormeci.
Amiga, a serie é show!!! Mas vc não acha que tah se arrastando demais não?? Vc apresenta menos de dois capítulos de uma novela na tv... Desculpe, mas tah ficando demorado...
ResponderExcluirNão vai postar mais?? A série é tão boa... Passei o dia inteiro entrando no site pra conferir ��
ResponderExcluircadê o capitulo da semana???
ResponderExcluirCadê o capítulo de hj?? Já tem duas semanas que você não posta :/
ResponderExcluirVai parar de postar??
ResponderExcluirPor que parou de postar? Já era para estar no penúltimo capítulo :( essa é a história que dá mais visualizações e comentários para o blog e a senhorita nem nos responde quando perguntamos se não irá mais publicar o resto.
ResponderExcluirÉ uma pena que o livro físico seja tão caro com o frete.
Aguardo ansiosamente para o restante do livro
ResponderExcluirOlá! Já vai fazer um mês que vc não posta
ResponderExcluir...vc vai continuar com a história ou vai parar de postar?
Anna xX
Vai postar??
ResponderExcluirVai continuar?
ResponderExcluirBoa onde acho o capítulo 10?
ResponderExcluirBoa onde acho o capítulo 10?
ResponderExcluir